Numa noite de domingo, a mendiga Warlla, que anda vestida como madame, estava no Pátio Verona, nas proximidades da lanchonete de Quitéria. Ela via um grande número de pessoas vindo de igrejas evangélicas, e ela se aproximou de um grupo que vinha de uma igreja, e dizia:
- Aleluia!!!
Um deles disse:
- Essa moça parece estar bêbada... vestida elegante, mas muito suja e tá fedida.
- Eu já a vi dormindo nas calçadas - disse um outro.
Warlla se aproximou do pastor e disse:
- Tem uma graninha pra mim, pastor? Eu sei que hoje teve dízimo na igreja, então, me ajude, por favor...
- E tu vai beber?
- Eu não bebo.
- Mas estou sentindo um cheiro de cerveja vindo de sua boca, moça.
Quitéria viu que algo estava errado. Ela se aproximou e disse:
- O que está acontecendo?
Ela viu a mendiga Warlla, e Quitéria disse aos evangélicos:
- Com licença, eu vou resolver isso.
Quitéria pegou Warlla pelo braço, e disse:
- Tu veio incomodar os irmãos, é?
- Ai, eu nem gosto dessa gente, esse pastorzinho aí ganhou grana em dízimo e não quis me dar.
- Claro, o dinheiro é pra obra da igreja, meu irmão é pastor.
Warlla ficou rindo, e Quitéria disse:
- Warlla, tu tá com um mau cheiro terrível, por favor, saia e vai pra longe.
- Tá, eu posso ser pobre e fedorenta, mas continuo chique!
Warlla se retirou dali, e Quitéria disse aos evangélicos:
- Perdoem ela, ela é moradora de rua, mas ela se veste assim porque ela já foi rica e perdeu tudo, sabe?
O pastor disse:
- Ela é digna de nossas orações.
Warlla se deitou em uma calçada, para tentar adormecer. Ela fez da bolsa o seu travesseiro. Acabou ainda tirando seus sapatos salto alto porque estava sentindo calos nos pés.
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