sexta-feira, 31 de maio de 2024

A Generosidade de Alice


Muitos se admiram em Lagoa da Italianinha como a jovem Alice pode ser tão diferente de sua mãe Wéllia. Principalmente aqueles que sabem que Horácio, o pai, também tem caráter duvidoso. Ao contrário da sua mãe, a publicitária arrogante Wéllia, a Alice é muito humilde e generosa. Nos dias mais recentes, ela anda circulando pelas ruas de Lagoa da Italianinha com uma bolsa carregando comidas para moradores de rua. 

Alice ama sua mãe Wéllia, mas fica triste com as maldades dela. Mas Alice é mesmo mais ligada à sua tia Malu, a irmã gêmea de Wéllia. Alice gosta tanto de Malu que torce para ela ficar com o médico Vinícius, a contragosto de sua mãe, que também quer ficar com ele. 

O melhor amigo de Alice é Samuel, o filho da aeromoça Valéria, a quem por sinal, Wéllia odeia, pois acha ele "muito maluco", "parafusos soltos" e "sem juízo". No que Alice responde:

- Amo os loucos, eles têm algo muito bom que me encantam...

Alice também, feito sua tia, é despojada em sua forma de se vestir, ao contrário de sua mãe, tida como "elegante". Alice usa uma blusa, saia longa estilo hippie e costuma andar de chinelos ou de sandálias - muito raramente anda de sapatos. 

Numa certa tarde, Samuel e Alice estavam na praça 27 de Dezembro, aí Samuel disse:

- Tu não tem vontade de nadar no chafariz, não?

- Ter, tenho... mas se minha mãe me ver, ela me mata!

- Oxe, tua mãe é complicada, pois a minha nem se importa, ela até gosta, também...

Samuel entrou no chafariz, e Alice, depois de hesitar, entrou também. Mas Wéllia apareceu e ao ver sua filha ali, disse:

- Mas o que significa isso?

- Mãe! 

- Vá  pra casa agora, e troque de roupa! Mais tarde, conversaremos!

Alice saiu da fonte e foi para sua casa. Wéllia disse ao Samuel:

- E tu, moleque, não se aproxime da minha filha!

Samuel, dentro do chafariz, olhava Wéllia com olhar de raiva. 

O Aniversário de Aurineide

 

Corria o ano de 1866, em Fortaleza, o barão Almir preparou uma festa para Aurineide, a filha caçula. Aline e Alvanir, as irmãs mais velhas de Aurineide, estavam ansiosas para curtir a festa. Aurineide era a mais recatada das três, sendo a mais caseira. 

Delma, a mãe, chamou os melhores copeiros e garçons para a festa. As escravas Socorro e Adriállina serviam às mesas. Os convidados eram muitos. Estavam ali as irmãs Denise e Armanda - as primas de Aurineide - , além do Sr. Thomas, da Irmã Isabela e da dona Vanderléa. 

Armanda disse:

- Quero te dar meus parabéns, você é uma pessoa tão boa, eu adoro você.

- Obrigada, prima. 

Armanda saiu de perto, e Alvanir disse:

- Caia na dela, não, Aurineide, isso aí é mais falsa que Judas Iscariotes!

- Eu já sei disso.

Muitos homens que estavam na festa tentavam dançar com a aniversariante, mas ela não aceitava. Aurineide dizia:

- Só dançarei com meu pai, e depois que eu casar, com meu marido! 

Sr. Thomas lhe perguntou:

- Que mal lhe pergunte, moça, quantos anos você está completando?

- 20!

- Muito bonita, está no começo da vida, eu já estou mais pra lá que pra cá, já estou com 90 anos, você tem muito que viver ainda. Seu pai conseguiu lhe criar muito bem, ele é neto da minha grande e inesquecível mãe adotiva Brenda, que eu tive o prazer de conviver com ela lá em Minas Gerais. 

- Eu conheço a história. Meu pai sempre lhe pede pra te tratar como nosso avô. 

- É uma honra. Se eu fosse mais jovem, eu dançaria com você. 

- Bom, pode ser, eu abro uma exceção, o senhor nos presenteia com seus lindos ensinamentos. 

Sr. Thomas começou a dançar com Aurineide, após a permissão do pai dela. Armanda disse:

- Veja que coisa ridícula, um velho já no fim da vida dançando com uma moça que tem idade pra ser bisneta dele!

- Deixe de besteira, Armanda, ele é querido pela família! - disse Denise. 

Depois, todos os convidados comeram e beberam, e estiveram muito felizes. 

Mary Anna chega na cidade

 

Numa certa tarde, em um bueiro no centro de Lagoa da Italianinha saiu uma jovem que poucos conheciam. Ela foi até a escola de música de Eraldo, onde estavam ele e Valdenes. O nome dela é Mary Anna. Ela chegou lá e disse:

- Quero falar com vocês!

Eraldo disse:

- Certo, pode falar... 

- Não quer chegar perto?

- Vosmicê tá com um mau cheiro de esgoto! - disse Eraldo. 

- Sim, eu moro lá. Cheguei aqui faz poucos dias. Moro lá com minhas amigas Tatiane e Cybhia. 

Valdenes disse:

- Tanto lugar pra tu morar, tu escolhe logo o esgoto? 

- Eu adoro a nojeira. Mas não vim falar disso. Vim saber sobre o deputado estadual Moab. 

Eraldo disse:

- Olha, ele deve estar em Recife hoje. 

Valdenes disse:

- Que mal lhe pergunte, por que esse interesse no deputado?

- Depois, vocês saberão! 

Mary Anna saiu, e Eraldo disse:

- Passa um perfume aqui dentro, aqui ficou uma catinga de bueiro. 

- Moça esquisita essa...

Mauricélia toma posse como vereadora

 

Depois da renúncia da vereadora Fafá, Mauricélia foi chamada para assumir o lugar que era dela, na qualidade de primeira suplente. Karoline, a presidente, conduziu a sessão com a presença de todos os vereadores: Karoline, Kátia, Diego, Josimar, Alba Valéria, Ari, Goy, Maria Isabel, Wilon, Kauan, Fagner, Flávia Andréia, Marco Aurélio e Vanessa, além da Fafá, que renunciara. 

Do lado de fora da Câmara, estavam ambientalistas, alguns índios, a exemplo de Elly e Pedro, e moradores da floresta: Danielle, Rafaela, Adriana e Eduardo. Noemi, a bióloga que vive na aldeia, estava com apitos, comemorando a renúncia de Fafá, gritando palavras de ordem contra ela, já que Fafá queria derrubar a floresta e fazer sua fábrica de perfumes. 

Fafá disse à Karoline:

- Quero esses bagunceiros longe daqui!

- Não posso fazer isso, Fafá. 

- Mas eles estão me desrespeitando!

- Só tô vendo um protesto normal!

Mauricélia, por sua vez, fez o juramento, assumindo seu mandato e reafirmou que permanece ao lado da prefeita Myllena, aumentando a bancada governista. Em seguida, Mauricélia posou para uma foto ao lado de Karoline, Alba Valéria, Maria Isabel, Josimar, Flávia Andréia e Vanessa, para reafirmar seu compromisso com a base da prefeita descalça. 

Myllena ainda mandou um recado dando "boas-vindas" à nova vereadora. Fafá deixou a Câmara antes do fim da cerimônia, e saiu dizendo que não vai ser candidata novamente. 

Neide, a amiga dos animais

 

No século XVIII em Vila Rica, costumava perambular pelas ruas a jovem Neide, que tinha um grande amor pelos animais. Trajando um vestido simples e um par de sandálias, Neide vivia em uma cabana de palha, construída por ela mesma com a ajuda de um amigo. Ela nascera em 1745 e sempre teve uma vida humilde. Dedicava-se a ajudar animais abandonados, especialmente cachorros e gatos. 

Por volta do ano de 1782, Neide fez amizade com Brenda, que vendia comida pelas ruas da cidade, e com o garoto Thomas, menino órfão que havia sido adotado por Brenda há pouco tempo. Neide, que segurava um gato na mão, disse:

- Quem é esse menino lindo?

- É Thomas, ele tem esse nome em homenagem ao estadista Thomas Jefferson, que foi o autor principal da declaração de independência das treze colônias, seis anos atrás. 

- Nome bonito. 

- Pois é, ele perdeu seus pais em um incêndio...

- Verdade???

Thomas disse:

- Sim...

Neide disse:

- Não tenho dúvida que a Sinhá Adriana aquela mulher ruim foi quem provocou esse incêndio! Ela detestava seus pais!

- Mas será?

- Você ainda duvida?

Thomas foi lanchar ali perto, e pouco depois passou uma carruagem com a Sinhá Adriana, que estava do lado da francesa Jacilene, que havia chegado recentemente do seu país. Sinhá Adriana apontou para Brenda e Neide de longe, e disse:

- Tais vendo, Jacilene? Evite amizade com as pessoas sujas feito aquelas duas ali! 

Jacilene não gostou muito do tom de Sinhá Adriana, mas apenas fingiu concordar:

- Sim, senhora...

Patrícia na Câmara


A Câmara Municipal de Lagoa da Italianinha recebe pessoas necessitadas todos os dias pedindo ajuda de vereadores. Mas também alguma pessoas aproveitadoras passam por ali pedindo "ajuda" inventando as mais diversas histórias.

A sofrida mendiga Patrícia, que vive nas ruas há muito tempo, certa manhã, entrou na Câmara. Estava com vestido sujo, descalça e carregando bengala improvisada - é corcunda e sofre as limitações da idade. 

Na Câmara, alguns torceram o nariz para a idosa, achando que ela ia pedir dinheiro. Mas Patrícia disse:

- Quero só um copo com água. Estou morrendo de sede. 

Serviram água para Patrícia, que disse:

- Não gosto de pedir esmolas. Não me sinto bem com isso. Eu nasci no Alto do Cruzeiro e conheço todos os vereadores daqui.

- Onde a senhora mora? - perguntou o segurança.

Patrícia disse:

- Não tenho casa, não. Moro nas ruas mesmo. Mas já estou acostumada. Não me vejo debaixo de um teto. Sou solteira, não tenho filhos e não quero ser estorvo pra ninguém. Estou velha e cansada. 

- Mas a senhora poderia ir para um abrigo um quartinho...

- Bondade sua mas não posso. Muito obrigada pela água moço. 

- Espere, tome um trocado. 

- Mas eu não pedi trocado.

- Mas tome assim mesmo. Pra comer alguma coisa pelo menos.

Patrícia aceitou a contragosto e saiu com o trocado no valor de dez reais. Ela foi lanchar na lanchonete da rodoviária.

Os planos malignos de Danuzia

 

Segunda filha do deputado estadual Moab, a maléfica Danuzia sonha em entrar para a política, mas acabou desistindo da ideia de ser candidata a vereadora, devido a alta rejeição que tem em Lagoa da Italianinha - Danuzia, por exemplo, não esconde seu ódio pelos pobres. 

Sabendo da péssima fama de sua filha, Moab desestimulou a candidatura dela. Danuzia ficou aborrecida, mas decidiu obedecer ao pai devido a vida de ostentação que leva. 

Mesmo desistindo temporariamente da política, Danuzia continua tramando suas maldades. Ostenta roupas, calçados, jóias caríssimas - que não tira nem pra tomar banho. 

Mas como Danuzia não quer perder dinheiro, ela mantém negócios ilegais tendo Dani Cruel - a bandida do Alto do Cruzeiro - como sua aliada. Dentro da família, ainda trama contra seus irmãos - querendo ser a única herdeira de seu pai -, seus alvos principais são a irmã mais velha Josiane e a irmã cadeirante Cíntia, que essa sim deverá ser herdeira política de Moab. Natália, outra irmã, já foi deserdada por virar evangélica e Jefte Melk, o caçula, ainda é menino. 

Outro alvo de Danuzia são os moradores de rua, sendo que ela várias vezes fez maldades ou incentivou maldades contra eles. Patrícia, Renata, Guilherme, Andreza, Gilson, Gabriella, Juliana e Deza são os mendigos que ela mais odeia. Flávia e Valdenes, que já foram moradores de rua e sofreram nas mãos dela, têm também atrapalhado os planos da megera.

Durante o dia, Danuzia costuma ficar em casa, seja na piscina ou banheira, toda vestida e tramando maldades. Só sai de casa quando necessário.


Andreza reencontra Hamilton


 Numa certa manhã, no Terminal Rodoviário de Lagoa da Italianinha, a mendiga Andreza - que havia passado a noite ali mesmo - estava tomando café e fumando, quando apareceu Hamilton - seu ex noivo - e ele disse:

- Nossa cadê aquela modelo linda que eu via desfilar nas passarelas de Caruaru? Hoje tu está um farrapo mesmo hein?

- O que tu quer aqui, seu cabra safado?

Hamilton disse:

- Calma. E ainda tu tá com uma catinga insuportável de mijo e mau hálito da gota hein... E olha toda grudenta, acho que não toma banho há dias! E ainda tá fedendo a sovaco, credo!

- É melhor assim pra afastar gente da pior espécie feito você!

O mendigo Guilherme chegou ali e disse:

- O que está acontecendo aqui?

- Esse safado do meu ex noivo torrando minha paciência!

Hamilton disse ao Guilherme:

- Não sei como tu aguenta beijar ela com a catinga de boca que ela tá.

- Isso não é da sua conta. - disse Guilherme - vaza, antes que eu chame a polícia!

Hamilton disse:

- Quer saber? Vocês se merecem mesmo. Andreza hoje poderia estar ganhando muito dinheiro mas é burra demais eu só estava com ela pra tomar grana dela e...

Guilherme deu um soco em Hamilton, que caiu por terra. Hamilton disse:

- Isso não vai ficar assim...

- Claro - disse Guilherme - vai ficar banguela!

Hamilton disse:

- Vocês me pagam!

Andreza disse:

- Sai da minha vista!

- Vou sair mesmo, não quero correr o risco de pegar seu mau cheiro. 

Hamilton se afastou e Guilherme abraçou Andreza. 

O rato de Maria Clara


No sítio Maniçoba - atual Lagoa da Italianinha - a camponesa descalça Maria Clara era tida como esquisita. Filha de índios, ela tinha hábitos simples e morava em uma cabana.

Mas em 1939, ela dormia no chão de sua cabana - sim, ela recusava camas -, quando apareceu um pequeno rato por ali. Em vez de gritar de medo, Maria Clara deu uma comida pra ele. 

Logo ela acabou ficando com ele, já que estava solitária. Certo dia, ela foi na casa da pintora alemã Inalda com ele, e Inalda levou um susto, dizendo:

- Credo! Tu cria um rato?

- É meu camundongo de estimação. Ele se chama Romeu. 

- Que loucura.

- Não se preocupe, ele não vai te fazer mal. 

- Bem, depois que Hitler assumiu o poder lá no meu país, eu passei a ter mais medo dos humanos de que de animais...

segunda-feira, 27 de maio de 2024

Diógenes e Tainá


Não foi somente a índia Jaci quem viveu um amor com um rapaz de fora - no caso, o Dr. Henrique - . A índia Tainá, que ironicamente, criticou Jaci por por gostar de alguém de fora da aldeia, também acabou se apaixonando por um jovem que trabalhava no cartório de Vila Dourada. 

Diógenes, certo dia, caminhava pela floresta nas proximidades do sítio Maniçoba, e ele acabou se encantando pela beleza da índia. O ano era 1941 quando eles se conheceram. 

Tainá, adotada pela índia Deisilene, não pensava em ter um casamento. Mas acabou se agradando do rapaz. Assim como a Jaci, Tainá também acabou se casando com Diógenes, formando com ele uma linda família. 

Depois do casamento, foram morar em Vila Dourada, assim como Jaci fez ao lado de Henrique. Apenas a Serena se casou com um índio e permaneceu na aldeia pra sempre. 


Casal no Chafariz


 Numa segunda-feira em Lagoa da Italianinha, quem passou no horário da tarde pela praça 27 de Dezembro viu Valdenes e Aline Débora se banhando juntos no chafariz, onde se divertiam bastante; abraçavam-se, beijavam-se e até jogavam água um no outro. 

Em dado momento, o policial Júnior passou por ali, e disse:

- Aqui não é lugar de banho!

- Desculpa, guarda! - disse Valdenes. 

Os dois saíram da fonte, mas quando ele se afastou, eles dois pularam novamente na fonte. Eraldo estava na escola de música, quando Judilane chegou e disse:

- Eraldinho, tu não sabe de uma coisa, sabe o que eu vi?

- O monstro da meia-noite!

- Não. Valdenes e Aline Débora juntos no chafariz!

- Sério???? Mas que malucos!

- Pois é, Eradinho, esse teu amigo tem uns parafusos soltos... e achou outra igual a ele. 

- É o jeito dele, Judilane. Deixe pra lá, ele nem ia ter trabalho hoje aqui mesmo. Vamos tomar um café juntos! 

domingo, 26 de maio de 2024

Leila e suas aventuras


Leila, a jovem sertaneja que vende picolés pelas ruas de Lagoa da Italianinha, não deixa de trabalhar nem mesmo no domingo e até recebeu mensagens de sua família no sertão do Pajeú. Como Leila não sabe ler nem escrever, as mensagens foram em áudio.

Querida na comunidade do Alto do Cruzeiro, onde mora, Leila só não é bem vista por Dani Cruel, a bandida da comunidade. Leila tem se envolvido com as questões sociais da comunidade.

A "Barbie descalça" como Leila é conhecida, por sempre usar roupa rosa e andar descalça o tempo todo, também está aprendendo a ler e a escrever. Mesmo discriminada na escola onde estuda, ela não baixa a cabeça. E sobre ser vendedora de picolés, ela se orgulha muito do seu trabalho.

Leila também tem amizade com alguns mendigos, pois ela chegou a dormir na rodoviária e também dormir nas ruas nos primeiros dias que chegou na cidade. Até de vez em quando, gosta de se banhar no chafariz da praça. 

sábado, 25 de maio de 2024

As Preocupações de Tainá

 

Ano de 1942 e o Brasil havia entrado na Segunda Guerra Mundial. A vida no pequeno sítio Maniçoba, interior de Pernambuco, havia mudado da água para o vinho, já que ali moravam famílias de imigrantes italianos e alemã, nações que faziam parte do grupo que o Brasil combatia.

Numa aldeia ali perto, a índia Tainá recebeu ordens para fazer algumas compras para Deisilene, sua mãe adotiva. A índia Serena estava caçando naquela hora. Tainá escutou conversas na venda de Ed sobre a guerra. 

Na volta, veio falando sozinha, pensando:

- Guerra, guerra... será que vai chegar até aqui? Tenho medo de meu povo ser dizimado.

Eis que nesse momento, apareceu Edja, que disse:

- O que você tem? 

- Nada. 

- Pode falar, Tainá. 

- Como tu sabe meu nome?

- Eu vi que você tem dúvidas sobre essa guerra. 

- Sim. 

Edja disse:

- Olha, não vai chegar aqui, fica tranquila... o mais próximo que vai chegar é que tem um rapaz aqui que vai ser chamado para combater na guerra. E sem contar que aqui temos duas famílias italianas e uma família alemã. Mas eles não sofrerão muito. 

- Tu parece saber de tudo. Por que essa guerra?

- Por que homens malignos que pensam que são poderosos resolveram desafiar a tudo e a todos. Mas de uma coisa tu tenha certeza. A vez deles vai chegar. E não vai demorar muito. 

- Já fico tranquila...

Tainá virou o rosto, e ao olhar, viu que Edja tinha desaparecido. Ela disse:

- Moça, moça!

Tainá voltou para a aldeia e não contou nada para Deisilene. Ela começou a questionar se Edja era uma anja. 

Diversão na Piscina

 

Numa tarde de sábado, Eraldo convidou algumas pessoas para sua casa, com direito a um banho de piscina. Sua esposa Judilane, sua cunhada Jaíne, além de Fabíola - irmã de Eraldo - e Thiago, o marido dela, a Izabel, além de Valdenes, Aline Débora e sua irmã Cyntia Fernanda estiveram nessa tarde na piscina da casa dele no Loteamento Maria Clara. 

Todos colocaram seus trajes de banho para entrar na piscina, menos Valdenes e Aline Débora, que entraram com roupa e tudo. Valdenes estava de camisa social e calça, e Aline Débora, de vestido. Fabíola disse para Eraldo:

- Depois a doida sou eu, olha aí seu amigo e a namorada dele entrando com roupa e tudo na piscina. 

- Deixe eles, Fabíola! 

Cyntia Fernanda disse:

- Minha irmã achou um par maluquinho feito ela...

- Ridículo isso! - disse Izabel. 

Fabíola, por sua vez, preferiu não entrar. Ela estava com um traje tipo da década de 50, o que faziam alguns rirem dela. Fabíola, como se sabe, pensava estar nos anos 50. Ela até dizia:

- Acho que vou escrever um conto sobre esses dois malucos aí que entraram vestidos na piscina, em minha máquina de escrever. 

Jaíne disse:

- Na era do celular e do notebook, tu usa máquina de escrever?

- Claro, é a modernidade de hoje!

Eraldo se aproximou de Jaíne e disse:

- Não brigue com ela, é melhor concordar com ela. 

Enquanto chamavam a atenção, Valdenes e Aline Débora mergulharam na piscina e trocavam beijos. Judilane disse:

- Já estou imaginando o casamento desses dois. Eles descalços e na lua de mel, indo para o mar com a roupa que usaram na cerimônia do casamento. 

- Essa eu pago pra ver... - disse Eraldo. 

Quando já estava anoitecendo, Eraldo e Valdenes chegaram a jogar xadrez. Fabíola, em determinado momento, pra chamar a atenção, pulou na piscina, fingiu estar se afogando, e Thiago pulou e a tirou da água, lhe fazendo respiração boca a boca. 

O momento ainda terminou com um jantar, e depois cada um voltou para sua casa.


Moradores da floresta e índios festejam renúncia de Fafá

 

A notícia da renúncia de Fafá ao mandato de vereadora foi recebida com festa tanto na floresta Vale dos Gatos como na aldeia indígena. Na floresta, Danielle, Rafaela, Eduardo, Adriana e Lulu comemoraram muito, já que Fafá há anos luta para derrubar a floresta e abrir sua fábrica de perfumes no local. 

Danielle disse:

- Finalmente, essa fazendeira não é mais vereadora! 

- Realmente, mas ela ainda é forte - disse Rafaela. 

Adriana disse:

- A fofoca que escutei é que a prefeita pagou ela pra renunciar, e entrar uma aliada no lugar dela. Mas sei lá, Myllena é honesta demais pra fazer isso...

- Será que tem gente honesta nesse meio? - indagou Eduardo. 

Já entre os índios, o clima foi de comemoração quando a bióloga Noemi trouxe a notícia. A índia Elly e o índio Pedro se juntaram aos outros para uma festa. Até a índia Dayane, inimiga ferrenha de Elly, se juntou à ela pra comemorar. Eunice e Edson, outros dois índios, também eram só felicidade. 

Mauricélia vira vereadora


Com a renúncia de Fafá, a Mauricélia, sua primeira suplente, vai assumir o mandato de vereadora. Ela estava em sua casa, no Loteamento Maria Clara, quando recebeu uma visita da vereadora Karoline, presidente da Câmara. Karoline disse:

- Estás sabendo da novidade?

- Que novidade? Acabei de chegar em Vila Dourada agora. 

- Fafá renunciou ao mandato, ela não é mais vereadora. A vaga é sua. 

Mauricélia disse:

- Mas por que ela renunciou? 

- Não sei. Mas ela já oficializou pra mim, ela não quer mais ser vereadora. E você, espero que ao assumir, continue ao lado da prefeita Myllena. 

- Claro que eu vou continuar com ela. Serei mais uma vereadora a batalhar pela reeleição dela. 

- Certo, espere só receber a intimação da Justiça Eleitoral e você tomará posse na data que será marcada. 

Mauricélia foi procurada e entrevista por rádios, e além de confirmar que vai assumir o mandato, reafirmou seu apoio à prefeita Myllena, que voltará a ter sete vereadores em sua base. 

Fafá renuncia ao mandato de vereadora


A fazendeira Fafá surpreendeu Lagoa da Italianinha com uma decisão. Ela, que ja foi vice-prefeita no mandato de Moab de 2009 a 2012, decidiu renunciar ao mandato de vereadora.

Depois de ter passado um tempo presa, e ser solta, Fafá ainda chegou a apoiar Marlene, mas agora se desentendeu com ela.

Fafá procurou a Rádio Auriverde para comunicar seu afastamento da política. E já preparou sua carta-renúncia.

- Tô de saco cheio da política, de tanta gente na minha porta pedindo favores, não tenho saco pra isso não. Quero cuidar de meus cavalos e de minha fazenda, tem mais futuro. - disse Fafá a interlocutores. Mas publicamente, disse que vai se afastar por "motivos pessoais". 

A notícia da renúncia de Fafá surpreendeu a cidade. Ela anunciou que rompeu com Marlene, pré candidata a prefeita, e não quer mais conversa com ela. Mas não anunciou se vai apoiar a prefeita Myllena, a Kátia ou a Mimi. "Só não voto em Marlene, prefiro votar em Dani Cruel, a bandida do Alto do Cruzeiro, do que em Marlene". 

sexta-feira, 24 de maio de 2024

A luta de Danielly


Muito mais do que sua prima, a pintora alemã Inalda, a Danielly sofreu muito na ditadura que se instalou no seu país em 1933. Inalda já morava no Brasil nessa ocasião, mais propriamente no interior de Pernambuco, no humilde sítio Maniçoba, então pertencente a Vila Dourada, que viria a se tornar a cidade de Lagoa da Italianinha, fundada pelos imigrantes italianos. 

Danielly, que nasceu em 1887, se mostrou desde cedo talentosa para música, além de um grande carisma. Mas sabia que ser cantora somente não iria ser suficiente. Logo, ela abriu uma loja, já no ano de 1927, aos 40 anos. 

Mas Danielly começou a se preocupar com a situação política no seu país, que ameaçava em breve ser governado por radicais. Ela acompanhava a ascensão de Hitler e ela mesma ficava com medo, pois era judia, e o via discursando destinando ódio contra judeus. 

Sua prima Inalda lhe escrevia cartas frequentemente. Inalda amava sua prima mais velha como se fossem irmãs. Ela pedia encarecidamente à Danielly que deixasse a Alemanha antes que algo muito ruim acontecesse. 

Em 1933, Adolf Hitler foi nomeado chanceler, dando início à sua ditadura. Danielly teimou em permanecer morando em Berlim, apesar das ameaças. A cantora manteve adiante sua loja. Mas em 1938, aconteceu a "Noite dos Cristais", sendo que sua loja foi atingida. Desesperada e com muito prejuízo, Danielly saiu de Berlim e foi morar em Wittemberg, sua terra natal. Ela só deixaria a Alemanha em 1939, quando teve início a Segunda Guerra Mundial, e foi para o Brasil, onde foi morar com sua prima Inalda. No sítio Maniçoba, conquistou a amizade dos moradores locais, dos imigrantes italianos e da cantora portuguesa Mary Dee. Outro grande amigo seu foi Ed, o dono da venda. 

Danielly só voltaria a visitar a Alemanha (então Alemanha Ocidental) em 1977, quando já tinha 90 anos. Mas foi uma visita rápida. 

Irmã Alcinéia fazendo desenhos

 

A freira Irmã Alcinéia esteve outro dia na escola de música de Eraldo, querendo se matricular para aulas de desenhos com o Valdenes. Ela disse pra ele:

- Eu queria aprender a desenhar, sempre gostei, mas parei por conta da vida religiosa. 

- Pois é, Valdenes é quem dá essas aulas. 

- Gente boa, ele. Valdenes só é meio esquisito, vive andando descalço por aí e toma banho de roupa... mas é gente boa. 

- Mas é o jeito dele, irmã. 

Valdenes chegou, e disse:

- Posso ajudar?

- Quero aprender desenhos com você. 

- Sim, claro. 

Irmã Alcinéia deu todos os seus dados, e já naquele instante, entrou na sala, onde começou a fazer desenhos. Valdenes lhe ensinava as técnicas. 

Ana Rowena é atormentada por Belinha

 

Um certo dia, a Ana Rowena, ser malvada das trevas, estava sendo atormentada por não conseguir fazer maldades em Lagoa da Italianinha e Vila Dourada. Nessa hora, enquanto Ana Rowena, deitada perto do fogo, se contorcia, apareceu outra ser malvada, a Belinha, e disse:

- Tu não consegue fazer nada direito, quem vai ficar no seu lugar sou eu!

- Não me atormente! 

Belinha riu e disse:

- Beatrix já conversou comigo, sou eu quem vou fazer todo inferno na vida das pessoas de bem nessas duas cidades. Tu não consegue nada! 

Ana Rowena se levantou nervosa e disse:

- Cai fora, suma!!!!!

Belinha ficou dando risadas maldosas.

A revolta de Andreza


Numa certa tarde, a mendiga Andreza estava no Terminal Rodoviário de Lagoa da Italianinha, sentada e fumando. Ali apareceu seu amigo, o mendigo Guilherme, e lhe disse:

- Andreza tava te procurando. Onde tu estava?

- Dormi aqui na rodoviária e depois fui caminhar pela rua, eu até deitei numa calçada e fiquei fumando um pouco...

- Daqui a pouco vou tomar banho no chafariz. 

- Aproveita, Guilherme. Eu não entro mais lá. 

Guilherme disse:

- O pessoal anda falando de você, porque tu tá mais suja, cheirando mal...

- E desejo continuar assim. Tô me lixando para o que falam de mim. Quando eu fui modelo e desfilava nas passarelas e servia de máquina de fazer dinheiro pra um bocado de gente safada, encontrei muito tipinho desses...

Andreza estava descabelada, com uma blusa amarela rasgada e suja, calça jeans rasgada e muito suja, e descalça. Ela se levantou e disse ao Guilherme:

- Só assim pra afastar essas pessoas...

Mesmo com Andreza cheirando mal, Guilherme continuou ali ao lado dela. 

Suely pede afastamento temporário das funções de juíza


Sofrendo de uma grande estafa, a juíza Suely decidiu dar um tempo no seu trabalho. A juíza careca pediu um afastamento temporário das funções no Fórum de Lagoa da Italianinha. 

Sara, sua filha, disse:

- Mãe, a senhora trabalha muito enfrentando gente perigosa muitas vezes. É bom dar uma descansada mesmo.

- Nem fala, filha. O médico até me alertou. Nesses dias quero descanso, o único trabalho que quero ter é de raspar minha cabeça de quatro em quatro dias. 

- Ah, mãe, eu te ajudo. 

Suely andou aborrecida principalmente depois que quatro vereadores que ela havia mandado prender - Diego, Fafá, Goy e Marco Aurélio - foram soltos. Ainda ficou incomodada com a briga entre sua irmã, a prefeita Myllena e a vereadora Kátia, de quem Suely é amiga de longas datas. 

Suely recebeu a resposta, e foi decidido que ela continua exercendo novamente sua função enquanto um substituto temporário não chega. 

Cássia mergulha no rio


Numa sexta-feira, Cássia foi até uma passagem molhada e via a água do rio corrente. Cássia pulou no rio e começou a se divertir na água. Usava blusa, calça jeans e tênis, mas nem se importava.

Cássia passou mais de uma hora se divertindo no rio, enquanto alguns passavam e riam dela. Depois, ela saiu, e ao chegar em casa, sua irmã Lúcia disse:

- Cássia! Onde tu estava?

- No rio!

- Sua doida, tu não tem jeito né?

Cássia disse:

- Lúcia, eu te prometi que não ia mais cagar nem mijar nas calças, mas não prometi que não ia mais me divertir no rio, no chafariz, na chuva ou na lama. Isso aí eu pretendo continuar fazendo pra sempre!

- Vai tomar um banho e se trocar, antes que tu fique gripada!


Os mistérios de Alana


Nova em Lagoa da Italianinha, a mendiga Alana pouco fala de sua vida. Certa noite, ela dormiu na calçada da escola de música de Eraldo, e quando ele, junto com Valdenes e Izabel, foram abrir o comércio, a acordaram. Alana acordou assustada e disse:

- Prometo que vou sair, moço desculpa eu sentei aqui e peguei no sono...

- Calma, não queremos te assustar. 

Valdenes disse:

- Eu já morei nas ruas mas não lembro de você. 

- Faz pouco tempo que tô aqui na cidade.

Izabel disse:

- Como tu se chama?

- Alana.

Eraldo disse:

- Vou abrir minha escola, a Izabel vai fazer um café. 

Alana foi convidada para entrar na escola. Valdenes disse:

- Que mal lhe pergunte, moça, de onde tu vem?

Alana disse:

- Bem, eu sou solitária, mesmo. Passei por vários lugares agora estou aqui nessa cidade. Sou uma andarilha, e gosto muito de animais. 

- Hum... Interessante.

Izabel serviu café para Alana tomar. Ela ainda fez um lanche. Pouco depois, ela se despediu e foi perambular pelas ruas. Eraldo disse:

- Achei ela meio esquisita...

- Eu nem confiei nela. - disse Izabel.

Valdenes disse:

- Querem saber? Eu fiquei um pouco aqui conversando com ela. Ela parece ser meio sofrida e é uma pessoa boa. Ela só não quis contar como virou andarilha. 

quinta-feira, 23 de maio de 2024

A Solidão de Tia Sandra

 


Durante os anos que esteve internada em um hospício em Milão, na Itália, entre os anos de 1939 e 1946, Tia Sandra se sentiu muito só nesse período. Tida como "estorvo" em sua família de Verona, a única parente que a amava de verdade era sua sobrinha Lanie, que estava no Brasil. Lanie sonhava em levar Tia Sandra para morar com ela, no interior de Pernambuco. 

Tia Sandra, mesmo já adulta, sempre agiu como criança, e não largava de sua boneca de pano. Várias vezes fugiu de casa, e principalmente depois de 1935 - quando Lanie partiu com sua família para o Brasil -, a situação se agravou, e chegou a morar nas ruas de Verona por dois anos, de 1935 a 1937. Sempre com vestido branco, descalça e sem largar de sua boneca de pano. 

No manicômio, embora fosse calma e meiga, tinha momentos de nervosismo, principalmente por conta dos bombardeios - o mundo estava vivendo a Segunda Guerra Mundial -, o que fazia necessitar de usar uma camisa-de-força, pois embora ela não maltratasse ninguém, poderia quebrar objetos. 

Em uma certa noite de 1940, com camisa-de-força, Tia Sandra ficava pensando:

- Meus parentes me detestam... nenhum vem me ver... só Lanie me ama... apenas ela. Mas ela está tão longe daqui, lá no Brasil...

Tia Sandra saiu do hospício em 1946 e foi para o Brasil, levada por Lanie. 

Resultado de enquete esquenta política de Lagoa da Italianinha



Uma enquete publicada em um blog de Vila Dourada para prefeito de Lagoa da Italianinha chamou muita atenção na cidade. Foram apresentadas quatro pré-candidatas a prefeita - Myllena, Kátia, Mimi e Marlene -. A enquete foi muito divulgada pelas quatro pré-candidatas, e o resultado foi o seguinte:

A prefeita Myllena teve 596 votos. Kátia ficou em segundo, com 341 votos. Mimi veio em terceiro, com 340 votos, apenas um voto a menos que Kátia. Já Marlene ficou longe na quarta e última posição, obtendo apenas 36 votos. 

O resultado foi comemorado pela prefeita Myllena e seus aliados, que postaram em suas redes sociais. Enquanto isso, Kátia, Mimi e Marlene questionaram a enquete, alegando que o blog havia sido "comprado pela prefeita" e que "não representava verdadeiramente o resultado das ruas". 

O deputado estadual Moab, que apoia Mimi, a chamou para uma conversa, e os dois começaram a planejar uma forma de levar Kátia e Marlene para o grupo deles, numa tentativa de unir a oposição para derrotar Myllena. A deputada federal Sandra Valéria e a deputada estadual Janayna também se uniram a Moab e Mimi para tentar unir a oposição em torno de Mimi. 


Margarete esnoba Waldo


 Numa certa tarde em Berlim, o jovem artista Waldo caminhava pelas ruas, próximo à Catedral Luterana, quando viu de longe sua amada Margarete. Ele teve uma coragem como poucas vezes de chegar perto da garota, e disse pra ela:

- Você está indo para casa?

- Estou!

- Posso te acompanhar?

- Não dá! 

- Deixe eu te acompanhar, amiga. 

Margarete disse:

- Eu não quero, tá? Fica em paz. Eu prefiro ir sozinha pra casa. 

Margarete se afastou, e Waldo ficou um tanto triste. Quando ela chegou em casa, mal-humorada, sua mãe Agnes perguntou:

- O que você tem, filha?

- Aquele chato do Waldo me enchendo de novo. Aquele carinha já tá abusando da minha paciência! 

Joseph, o pai, escutava a conversa, e disse:

- Deixe pra lá, filha. Ele não lhe faz nenhum mal. 

- Faz, sim, viver no meu pé. 

O irmão Manfried disse:

- Isso vai terminar em casamento...

Margarete disse:

- Nem que ele fosse o único homem na Alemanha ou no mundo inteiro eu me casava com ele. 

Margarete se retirou para seu quarto. Enquanto isso, Waldo chegou em casa e não contou nada para seus amigos Fritz, Egon e Félix. Sabia que ia escutar bronca deles. 

Uma atitude surpreendente de Cássia


Numa certa tarde, chegaram na rodoviária as irmãs Lúcia e Cássia, e foram tomar um café na lanchonete de Marlene. Em dado momento, Cássia se aproximou de Marlene e disse:

- Eu tô apertada, onde é o banheiro?

Marlene, supresa, disse:

- É ali. 

- Licença!

Cássia foi usar o banheiro. Marlene disse:

- Lúcia, eu vi isso? Cássia foi ao banheiro? Ela cagava e mijava nas calças! 

- Sim, mas ela começou a agir assim desde ontem. Acho que de tanto que puxei a orelha dela... agora ela usa sanitário. 

- Mas e as outras loucuras?

- Isso, ela continua fazendo, hoje mesmo ela tava tomando banho de chuva. Ainda quer se sujar de lama, nadar no rio, se banhar vestida, se lambuzar com comida e comer besteiras... mas pelo menos esse negócio de fazer xixi e cocô nas calças ela largou! 

- Que bom, porque ela ficava até com um cheiro ruim fazendo isso...

Cássia chegou e continuou lanchando. Depois, Lúcia e Cássia voltaram para casa. 

O médico e a índia


No ano de 1942, em Vila Dourada, viera do Rio de Janeiro o jovem Henrique, médico conceituado. Ele havia voltado para sua terra para cuidar de sua mãe Hilda, que estava doente. Aproveitando o ensejo, ele abriu um consultório na cidade. 

O dr. Henrique também atendia no sítio Maniçoba, e acabou fazendo amizade por ali com todos, incluindo os imigrantes italianos, alemães e portuguesa que ali residiam. Ele também gostava de dar assistência, tendo chegado a ir numa aldeia indígena. A índia Deisilene estava meio doente, e ele cuidou dela sem cobrar um centavo. 

Serena, a índia filha de Deisilene, havia mandado chamá-lo. As índias Tainá - filha adotiva de Deisilene - e Jaci observavam o trabalho dele. Mas em dado momento, Henrique começou a demonstrar interesse por Jaci. Ele se encantou com a beleza e a simplicidade da índia. 

Quando ele voltou pra casa, Tainá disse pra Jaci:

- Parece que o homem branco aí gostou de tu. 

- Que conversa, Tainá...

- Nossa tribo não ia gostar muito de ver índia casando com homem branco...

Mas Henrique realmente se interessou por Jaci. De início, a índia resistiu bravamente, mas depois, ela começou a amar o médico. Serena e Tainá ficaram surpresas quando Jaci disse a elas que estava gostando do médico. 

Mas a maior oposição veio mesmo de Hilda, a mãe de Henrique. Ela não suportava a ideia de ser sogra de uma índia e foi sempre colocando defeitos nela. Hilda fez de tudo pra evitar que o filho viesse a se casar com a índia, mas sem sucesso. 

A valentia de Maria Clara


Maria Clara, a camponesa descalça filha de índios, que vivia no sítio Maniçoba - atual Lagoa da Italianinha - sempre foi conhecida por seu jeito meigo e doce. Mas engana se quem pensa que ela era só isso. 

Brava e valente, Maria Clara, além de trabalhar no campo, costumava caçar e pescar. 

De hábitos simples - usava apenas um vestido, andava sempre descalça e gostava de dormir no chão -, conseguiu até mesmo convencer seu futuro marido, o ex-soldado italiano Fausto a adotar esses mesmos hábitos.

Maria Clara ainda ensinou algumas dessas coisas pra sua filha Leda, que cresceu, passou alguns tempos sendo hippie e depois virou beata. 

Izabel volta de viagem


 Izabel passou alguns dias fora de Lagoa da Italianinha, e ao voltar, chegou na escola de música onde estavam Eraldo e Valdenes. Em dado momento, Eraldo disse:

- Que bom te ver de volta, Izabel. Por onde tu andou?

- Eu estive na praia de Tambaba!

Eraldo disse:

- Sério????? 

- Claro. Valdenes era pra ter ido comigo. 

Valdenes disse:

- E por que?

Izabel disse:

- Nessa praia as pessoas se banham sem nada, peladas, do jeito que vieram ao mundo.

Valdenes disse:

- Perdão eu jamais iria a essa praia. Eu só nado com roupa. 

- Oxe isso é negócio de doido.

- Deixe eu ser doido mesmo. - disse Valdenes. 

Eraldo disse:

- Valdenes tem o jeito diferente dele tem que respeitar. Tu mesma anda descalça desde 1984, faz quarenta anos e você rejeita todas as pessoas que querem te forçar a usar calçado.

- Lógico ando descalça sim igual meu amigo Valdenes.

- Então aceite ele como ele é. 

Izabel ficou observando, enquanto Valdenes estava fazendo desenhos. 

Fábia e Andreza brigam na rodoviária


Numa certa manhã, as mendigas Fábia e Andreza, que haviam passado a noite nas proximidades do Terminal Rodoviário, acabaram pegando uma briga. 

Na hora que estavam tomando café perto da lanchonete de Marlene, as duas começaram a trocar provocações. Andreza disse para Fábia:

- Tu com a idade que tu tem tu ainda usando chupeta hein?

- Pelo menos não sou suja e fedorenta feito você. 

- Oxe mas tu não fica atrás, visse? Tu tá mais suja que ficha de político em mira de CPI!

As provocações chegaram a ponto delas se agredirem fisicamente, trocando tapas e rolando no chão da rodoviária. Marlene chamou a polícia, e os policiais Junior e Ana Clécia chegaram. Acalmaram os ânimos e nenhuma delas foi pra delegacia. Junior disse pra Marlene:

- Elas não são más pessoas, apenas não se gostam e elas duas tem problemas de loucura. Fábia age como criança e Andreza é muito suja...

quarta-feira, 22 de maio de 2024

Francesco e Lune


 Na conservadora cidade de Vila Dourada, na década de 40, os habitantes se recuperavam de um escândalo ocorrido vinte anos antes, quando Francielly, a filha do Jorge Villegagnon, se envolvera com o motorista Leandro, causando a expulsão de casa, inclusive.

Mas nessa época, novamente, Vila Dourada se assustou com outro caso amoroso inusitado.

Sobrinha de Jorge, a bailarina Lune chegou da França, terra natal do seu tio. Ela foi acolhida na casa por volta de 1940. 

No ano de 1946, com o fim da Segunda Guerra Mundial, Francesco deixou a Itália e foi pra Vila Dourada, em busca do seu amigo Fausto, que estava morando ali. Fausto havia sido soldado.

Francesco era professor de piano e teve Lune como sua aluna. Mas nasceu um amor entre os dois. Acontece que Francesco era 28 anos mais velho que Lune: ele tinha 62 anos, e ela tinha 34. Francesco ja era viúvo de sua primeira esposa, que morreu na Itália.

Claro que pela diferença de idade entre os dois, o amor dos dois foi mal recebido em Lagoa da Italianinha. Mas Lune não chegou a enfrentar a situação com a mesma intensidade que sua prima Francielly. Isso porque Jorge, o patriarca da família, já havia falecido em 1942. Joana, a matriarca, estava morando no Piauí com Beatriz, a outra filha. 

Carlos, o mais velho entre os homens vivos - Arnaldo havia morrido na guerra -, foi quem tentou impedir o romance, bem como sua irmã Dalva. Os outros irmãos - Estevão, Gustavo e Helena - nada fizeram contra. 

Mesmo enfrentando preconceitos em Vila Dourada, conseguiram se casar. Mas tão logo se casaram, decidiram sair da cidade e se transferiram para Nova Humaitá, cidade um pouco distante, que ficava nas proximidades de Limoeiro. Lá, formaram uma família feliz.

A mendiga Alana


 Numa certa tarde, no Terminal Rodoviário de Lagoa da Italianinha, apareceu uma jovem maltrapilha e descalça, chamada Alana, pedindo café na lanchonete de Marlene. Ela olhou e disse:

- De onde tu vem, moça? 

- Eu estou aqui há alguns dias. 

- Qual seu nome e de onde tu é?

- Eu me chamo Alana e não tenho casa, eu moro pelas ruas , mesmo...

- Aqui na cidade tem umas pessoas que vivem assim feito você nas ruas... 

- Sim, eu sei... Não tenho casa, família... Sou solitária mesmo. Mas tenho meus amigos. 

- Sei...

Alana tomou um café e Marlene disse:

- Você já almoçou hoje?

-  Não...

- Sente-se faça um lanche. 

- Mas eu só tinha dinheiro pro café...

- Deixe de coisa, sou eu quem tô mandando, eu sou a dona aqui. Pode sentar.

Alana se sentou e Marlene lhe serviu um lanche. Depois, Alana se levantou e foi andar pela rodoviária. Por ali passaram os amigos Eraldo e Valdenes, e Alana chegou a pedir esmolas pra eles. Quando ela se afastou, Eraldo disse:

- Tu conhece ela?

- Eraldo, acho que ela é nova na cidade. Mas eu a vi dormindo na calçada justamente da sua escola de música domingo passado.

Enquanto isso, Alana foi para a praça.

Jefte ajuda mendigo e incomoda Danuzia


Era hora de saída da escola e o menino Jefte Melk, filho caçula do deputado estadual Moab, pegou sua mochila e foi para o lado de fora, onde aguardava Danuzia, sua irmã, para buscá-lo. 

Num dado momento, ele viu o mendigo Gilson, e lhe deu uma esmola. Danuzia chegou exatamente nesse momento, e não gostou.

Quando Jefte entrou no carro, Danuzia disse;

- Não gostei de você dar esmola para aquele pobretão barbudo fedorento!

- Mas ele é pobre, coitado, ele precisa de ajuda...

- Cuidado, não se aproxime dessas pessoas. 

Chegando em casa, Jefte deixou a mochila em seu quarto, e Moab lhe disse:

- Filho, vai tomar banho pra almoçar.

- Agora mesmo!

Jefte correu para o banheiro, ligou o chuveiro, e entrou na ducha com farda, calça jeans e tênis. Enquanto isso, Danuzia disse pra Moab:

- Acredita que eu cheguei lá e ele tava dando esmola pra um mendigo?

- Deixe ele, Danuzia. Tu implica com tudo.

- Porque pobre é raça ruim! 

Quando Jefte saiu do banho, tirou sua farda, sua calça e seus tênis e estendeu do lado de fora, e pôs roupa seca, e em seguida, foi almoçar.

terça-feira, 21 de maio de 2024

Uma difícil chegada


Num final de tarde no ano de 1935, no interior de Pernambuco, estavam duas famílias italianas e uma cantora portuguesa que haviam deixado seus países por conta de perseguição política.

Jadiael, sua esposa Lanie e seus dois filhos pequenos, Alycia e Arthur - esse ainda bebê nos braços de sua mãe -, vinham de Verona, na Itália. Moysés, primo de Lanie, também estava ali. 

Outro italiano, Hélio, sua esposa Suzana e os filhos Bianca e Kayque vinham junto com eles, também de Verona. Além deles, estava Mary Dee, a cantora portuguesa que se juntara aos italianos durante a viagem no navio.

Jadiael, ao chegar em Recife, havia comprado uma fazenda no sítio Maniçoba, meio distante da capital. Pegaram um carro para irem para lá. Mas na vila de Lajedo, o carro pifou. Não deu outra. Foram caminhando a pé de Lajedo para o sítio Maniçoba. Não era muito longe, mas andaram bastante. 

O sol estava se pondo e eles ainda caminhavam. Já passava das seis horas da noite quando enfim chegaram na casa nova que haviam comprado. Hélio ficou com sua família em uma casa próxima.

E ali se estabeleceram. Onde futuramente cresceria a futura cidade de Lagoa da Italianinha.

Sara é questionada por Marlene


Numa certa manhã, a modelo careca Sara, filha da juíza Suely, foi fazer um lanche no Terminal Rodoviário de Lagoa da Italianinha, na lanchonete de Marlene. Apesar de ser rica - sua mãe é juíza e Sara tem uma loja própria também - é muito simples e carismática.

Marlene perguntou:

- Sara, você é tão bonita, poderia deixar seu cabelo crescer...

Sara disse:

- Eu e minha mãe somos carecas convictas já prometemos nunca mais deixar nossos cabelos crescerem. Quando ela raspou a cabeça eu achei que ela tava louca. Mas eu pensei em fazer o mesmo pra ela não passar vergonha sozinha. Mas gostei tanto que se ela não quiser mais ser careca, eu continuarei sendo!

Marlene disse:

- Eu já fui careca, já raspei minha cabeça com máquina zero, passei alguns meses assim mas não me adaptei. Sofri muito preconceito também. Isso foi antes de eu morar nas ruas, inclusive. Eu era nova quando fui careca. 

- Pois falem o que quiserem. Eu nem ligo.

Sara cumprimentou Marlene, pagou o lanche e voltou pra sua loja.

Myllena vai a luta


A perda de alguns aliados, como a vereadora Kátia e a vice prefeita Marcella não abalou a prefeita descalça Myllena. Em Lagoa da Italianinha, ela anda em todas as comunidades, sempre ao lado de sua filha Giovanna Victorya, que também é sua pré candidata a vice prefeita.

Myllena vai as comunidades acompanhada dos vereadores aliados Josimar, Vanessa, Maria Isabel, Alba Valeria, Flávia Andréia e Karoline.

Num sítio, Myllena foi muito festejada e chegou até mesmo a entrar debaixo de um chuveiro no quintal, de roupa e tudo. Ela gravou um vídeo nessa hora e disse:

- Eu estou bem, estou firme e forte e aqui ao lado do povo que amo!!!! E com a água lavando minha alma!

O vídeo da prefeita descalça se molhando na ducha do quintal do sítio com roupa e tudo acabou viralizando na cidade. Alguns oposicionistas a acusaram de querer "promover um espetáculo".

Marcella decide apoiar Kátia


Em Lagoa da Italianinha, a vice-prefeita Marcella decidiu romper com a prefeita Myllena e se aliar com a vereadora Kátia. Marcella, que havia decidido não disputar eleição, foi uma das avalistas do nome de Kátia para vice na chapa de Myllena, que vai tentar a reeleição. Mas Myllena optou por escolher sua filha Giovanna Victorya como sua vice, o que desagradou Kátia.

Marcella se afastou da gestão depois do fato, e tem falado pouco com a prefeita. Mas ao ser convidada por Kátia e Antonielle, decidiu apoiar a vereadora. Alguns espalharam o boato que Marcella seria vice com Kátia, mas Marcella desmentiu:

- Não serei candidata a nada e nem pretendo ser secretária municipal. Estou com Kátia e trabalhando apenas nos bastidores. Apenas decidi apoia la depois da injustiça que ela sofreu. 

segunda-feira, 20 de maio de 2024

Gabriella prega na rodoviária


A mendiga Gabriella ganhou recentemente uma bolsa escolar e nele carrega uma Bíblia. 

No fim de tarde na rodoviária, alguns que ali estavam viram a jovem mendiga com blusa preta, calça jeans rasgada e descalça, com a bolsa nas costas e uma Bíblia na mão, dizendo:

- O mundo está um caos, vamos buscar Jesus agora enquanto podemos. Cada vez o amor está se esfriando, aceitem Jesus enquanto é tempo! Eu mesma fui rica, perdi tudo mas ganhei a salvação porque eu era idolatra do dinheiro. Hoje eu moro nas ruas, mas sinto paz!

Alguns escutavam Gabriella, mas outros zombaram dela, alguns diziam:

- Quem essa mendiga suja pensa que é?

Gabriella falava alto, para todos escutarem, e alguns queriam dizer pra ela se calar. Mas Gabriella disse:

- A paz do Senhor seja convosco!

Gabriella terminou sua pregação e foi se sentar ali perto para ler a Bíblia. 

Uleuda na Câmara


Em dia de reunião na Câmara Municipal de Lagoa da Italianinha, a Uleuda, moradora de rua que se veste feito madame, foi pedir dinheiro aos vereadores. Quando um chegava, ela abordava pedindo um trocado. Uleuda disse para a vereadora Karoline, a presidente:

- Eu sei que não parece mas eu moro na rua, não tenho casa. Mas não é porque sou pobre que tenho que ser suja e fedida. Quero apenas um trocado...

- Não tenho! - disse Karoline. 

Na Câmara, alguns não acreditavam que Uleuda era tão pobre, principalmente por ela trajar uma camisa social, paletó, calça e sapatos salto alto - roupa que estava um pouco suja. 

A vereadora Kátia disse aos que ali estavam:

- Ela é de rua mesmo eu conheço ela. Mas é bem problemática e parece que nunca quis aceitar que não é mais rica. Mas eu já a vi várias vezes dormindo nas calçadas mesmo. 

Durante a sessão, Uleuda foi assistir. Mas em dado momento, durante um discurso do vereador Marco Aurélio, ela disse:

- Tudo ladrão! Tudo ladrão!

A presidente Karoline mandou a mendiga se calar, mas ela retrucou:

- Oxe aqui não é a casa do povo não?

Karoline chamou a polícia e chegaram ali os policiais Junior e Ana Clécia, que levaram Uleuda para a delegacia. Constataram que ela é realmente uma moradora de rua, e como ela só tinha perturbado uma reunião na Câmara, o delegado Oliveira liberou Uleuda, que foi para a praça 27 de Dezembro. 

O radicalismo de Andreza

 


Numa certa tarde, no Terminal Rodoviário de Lagoa da Italianinha, a mendiga Andreza estava sentada por ali, sozinha. A ex modelo que virou mendiga ao ser roubada, estava em estado de loucura total. Ela estava bastantes suja, descalça, descabelada e até com a calça suja com urina e fezes.

Andreza foi pegar um café na lanchonete de Marlene. Deinha a funcionária estava ali e disse:

- Andreza, tu me desculpa, mas tu tá com um cheiro, acho que tu tá sem tomar banho há dias...

- Deixe eu ficar como eu quiser ninguém tem nada com isso.

O mendigo Guilherme passou ali e disse:

- Andreza bora pro chafariz?

- Quero não. 

- Mas por que isso agora?

Andreza disse: 

- Eu estou bem assim.

- Oxe tu está bem andando suja? Ser pobre tudo bem mas ser sujo é demais...

- Pois se quiser continuar sendo meu amigo, aguente meu mau cheiro. Se não pode procurar outra amizade. 

- E os tênis que você usava onde estão?

- Doei pra outra pessoa. Não vou mais usar nada nos pés. 

Andreza se levantou dali e foi fumar um cigarro. Guilherme disse:

- Puxa que coisa...

- Quer ou não quer continuar sendo meu amigo?

- Quero sim.

Andreza disse:

- Pois assim será. Quanto mais suja e fedida eu tiver, mas afasto os interesseiros da minha vida. 

- Tu não acha que está exagerando?

- Não. 

- Está bem...

Andreza ficou ali sentada, pensativa, enquanto Guilherme foi para o chafariz.

Jacilene relembra seus avós


 Antes de ir para o Brasil em 1782, Jacilene, na França, sempre costumou homenagear seus avós paternos Pierre e Catarina. Ela, como violonista, homenageou os avós diversas vezes nas composições.

Jacilene contava que os avós viveram um amor proibido. Quando eles ainda eram jovens em Paris, por volta de 1720, eles se encontravam escondidos por seus pais serem de classes diferentes.

Louis e Amélie, país de Pierre, eram ricos poderosos da alta sociedade de Paris, enquanto Thierry e Charlotte, os pais de Catarina, eram de família mais humilde. 

Os pais reprovaram o romance, mas Thierry cedeu logo, enquanto Louis ficou mais tempo sem aceitar o romance. Acabaram se casando as escondidas. Formaram uma família e geraram um filho que viria a ser o pai de Jacilene. 

Mesmo Jacilene sendo a neta, eles a mimavam, pois sonhavam em ter um casal de filhos, mas nasceu apenas um homem. Devido a isso, Jacilene guardou tantas lembranças carinhosas de seus avós. Mesmo quando ela foi para o Brasil, morando primeiro em Vila Rica, Minas Gerais, e depois, já na velhice, em Vila Dourada, Pernambuco, ela sempre se lembrava deles. 

Diversão na cachoeira


Mesmo sendo um dia de segunda-feira, Valdenes e Aline Débora foram para a cachoeira Sol Nascente, que fica na saída pra Vila Dourada.

Os dois mergulharam de roupa e tudo na água, e se divertiam. Mas já planejavam casamento inclusive. Aline Débora disse:

- Minha mãe Lia quer que você se case comigo...

- Eu também quero. Nem sei como ela gostou de mim, sou um maluco oxe. 

- Ela te achou boa pessoa. 

Valdenes disse:

- Eu pensei que ela ia me criticar porque tomo banho de roupa, por exemplo...

- Não. E ela já disse que se tu mudar seu jeito de ser, te dá uma pisa que tu perde o caminho de casa. Já sabe quando estivermos casados e tu chegar em casa do trabalho, vai pro chuveiro com roupa, senão tu dorme no sofá! 

Os dois riram, e continuavam nadando. 

A índia Tainá


Nos tempos primórdios quando Lagoa da Italianinha não existia como cidade, na década de 30, já havia uma aldeia indígena no então município de Vila Dourada. Uma índia que ali vivia, Tainá, havia sido criada como filha pela índia Deisilene. 

Serena, a índia filha biológica de Deisilene, sempre tratou bem sua irmã adotiva, mas Tainá não tinha a mesma reciprocidade. Não eram poucas as vezes que Serena e Tainá brigavam ou entravam em discussão.

Tainá sempre foi muito reservada e pouco deixava a aldeia. Mas era bastante conhecida por ser brava e valente. Só que enquanto Serena gostava de caçar, Tainá costumava ficar na oca ajudando a mãe adotiva.

Ao contrário de Serena, que passou a vida inteira na aldeia, Tainá chegou a ir morar em Vila Dourada quando já era mais velha. 

A situação de Kátia


A vereadora Kátia, que resolveu se candidatar a prefeita de Lagoa da Italianinha e enfrentar a prefeita Myllena, de quem foi aliada até pouco tempo atrás, anda ganhando muitas adesões a sua pré candidatura. Antonielle, ex-secretaria de saúde da prefeita Myllena, foi uma das primeiras que deixou a gestão para apoiar Kátia. 

Nas pesquisas, Kátia ja tem o segundo lugar, a frente inclusive de Mimi, que tem mais apoio político. Mimi inclusive tenta negociar a ida de Kátia para seu grupo.

Irmã da prefeita Myllena, a vereadora Karoline anda oferecendo dinheiro para aliados de Kátia para que abandonem a vereadora para se aliarem a prefeita descalça.

Kátia, por sinal, apesar de toda sua vontade, anda decepcionada com a política. Ela até já teria cogitado renunciar ao mandato de vereadora e se retirar da política. 

O Aniversário de Maria da Glória

 

Na casa de recepções mais badalada de Vila Dourada, a deputada federal Sandra Valeria e o deputado estadual Moab se fizeram presentes na festa de aniversário de Maria da Glória, que completou mais um ano cercada de amigos e aliados. Entre eles, Magda Rosângela, sua mais fiel escudeira.

Na ocasião, Maria da Glória se dispôs a disputar a Prefeitura de Vila Dourada, querendo rivalizar contra a Nelma, de quem já foi secretária. 

Sandra Valeria e Moab prometeram dar todo apoio para a eleição de Maria da Glória. Já Magda Rosângela fazia de tudo para ser escolhida como candidata a vice. Disse para Maria da Glória:

-  Espero ser vice na sua chapa. Lembre-se de nossa lealdade.

- Claro que você vai ser a vice, eu não confio em outra pessoa se não em você. 

Mas haviam empresários e políticos graúdos de olho nesse cargo...

Almir e Delma


Na sua infância e adolescência, o barão de Fortaleza, neto de Brenda, e que se chama Almir, veio de uma família aristocrática na capital cearense. Ainda por volta de 1837, enquanto o Brasil vivia o período regencial, ele conheceu a jovem Delma e se casou com ela alguns anos mais tarde.

Não foi, porém, sem percalços. Delma também vinha de família rica e houve muitas exigências por parte dos pais dela para que Almir pudesse ficar ao seu lado.

Mas Almir conseguiu conquistar os exigentes sogros ao se mostrar trabalhador, empreendedor e esforçado. Logo, comprou uma fazenda onde ele viveria. Embora possuísse escravos, era abolicionista, mas escondia isso da família escravocrata. 

Almir e Delma se casaram, tiveram filhos e viveram felizes. 


quarta-feira, 15 de maio de 2024

Cássia volta a fazer loucuras


Depois de alguns dias de molho, Cássia voltou novamente a fazer suas loucuras. Ela ficou doente e passou alguns dias sem poder sair de casa.

Na rodoviária, Cássia passou por lá suja de lama, e Lúcia, sua irmã, a viu. Ela se aproximou de Cássia e disse:

- Tu não toma jeito, menina?

- Deixe eu ser feliz eu gosto de ser assim...

- E esse cheiro esquisito? Cagasse nas calças de novo? 

- Claro!

- Tu tinha parado com isso. Tu não é normal, Cássia. 

Cássia disse, olhando para Lúcia:

- Foram os que se dizem "normais" quem mais me prejudicaram. 

Cássia saiu dali, e Lúcia ficou pensativa. 

Kátia implacável contra Myllena


Depois que rompeu com a prefeita Myllena, a vereadora Kátia tem sido implacável contra a prefeita descalça. Qualquer pequeno erro da gestão é motivo de denuncia por parte da vereadora. 

Kátia já chegou a ser processada por membros da gestão, que acusam Kátia de ser vingativa por ter sido preterida ao cargo de vice em favor de Giovanna Victorya, a filha da prefeita, e que formará a chapa com sua mãe. 

Kátia se defende, dizendo em entrevistas que esse fator de Giovanna foi apenas uma "gota d'água" mas já se sentia já há algum tempo escanteada pela prefeita descalça, que nunca demonstrou confiança nela e nem atendia seus pleitos. Kátia acusou Myllena de abandonar o Loteamento Maria Clara, onde Kátia mora. 

Até a deputada federal Sandra Valeria, inimiga declarada de Myllena, já chamou a atenção da vereadora, para ela "maneirar" nas críticas que tem sido agressivas. Kátia rebate, dizendo "que será sempre a favor do povo".

Kátia ainda é pré candidata a prefeita em Lagoa da Italianinha, e mesmo tendo recebido propostas para apoiar Mimi, a outra pré candidata da oposição, Kátia recusa e segura sua postulação.

O orgulho da "mendiga chique"

  A mendiga chique Warlla, que vive pelas ruas de Lagoa da Italianinha desde 2022, segue chamando atenção por sua pose de elegante. Warlla n...