Em 1812, a francesa Jacilene, morando no interior de Pernambuco, no pequeno povoado que viria a ser Vila Dourada, tinha 60 anos de idade. 20 anos já haviam se passado desde que foi açoitada em um tronco, por Sinhá Adriana, por proteger a escrava Gilmara, quando morava em Vila Rica.
Mas ela ainda carregava em seu corpo a marca do açoite. Num certo dia, uma empregada ia lhe servir o café, quando ela perguntou:
- Que mal lhe pergunte, dona Jacilene, o que é isso nas suas costas?
Jacilene disse:
- Uma marca que representa o dia que defendi uma vida.
- Como assim? Desculpe a intromissão...
- Não se preocupe, filha... quando eu morava lá em Vila Rica, eu vivia na casa da Sinhá Adriana...
- A senhora já morou em Vila Rica????
- Sim, por que a surpresa?
- Pensei que a senhora tivesse vindo da França direto pra cá.
- Não, eu morei lá. Bem, havia uma escrava chamada Gilmara, e ela era muito maltratada. Eu ajudei ela a fugir, mas os capatazes de Sinhá Adriana a encontraram e ela foi castigada. Eu também levei açoites no tronco. Coitada dela, foi humilhada, muito humilhada... isso foi há muito tempo atrás, em 1792, faz 20 anos.
- Puxa, que triste...
- Nem Gilmara e nem Sinhá Adriana estão mais nesse mundo. Mas eu me lembro desse dia até hoje por conta dessa marca que vou carregar enquanto viver.
- A senhora não se arrepende?
- Jamais.
A empregada ficou impressionada com a história e a postura de sua patroa.
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