domingo, 31 de dezembro de 2023

A Virada do Ano em Lagoa da Italianinha

 

Lagoa da Italianinha vinha se preparando para mais uma virada de ano. A prefeita Myllena mandou comprar fogos do tipo que não fazem barulho, em respeito aos que são sensíveis aos barulhos de fogos. E assim, a prefeita ganhou mais ponto de aprovação perante o povo. 

Os fogos ilumariam a parte de cima do Alto do Cruzeiro, em vista da cidade inteira. Várias famílias ficariam vendo o espetáculo durante alguns minutos, se despedindo de 2023 e saudando 2024 - menos Fabíola, que iria se despedir de "1953" para entrar em "1954". 

Algumas pessoas iriam se reunir na Praça 27 de Dezembro. Ali, por exemplo, iriam Vinícius e sua noiva Malu. Já Wéllia, a irmã gêmea de Malu, iria ficar em casa, com sua mãe Selma e sua filha Alice. Apesar da festa, Wéllia anda revoltada, principalmente com o fato de sua irmã Malu estar com Vinícius.

Eraldo e Judilane decidiram passar a virada de ano no sítio Mandacaru. Valdenes havia sido convidado por Aline Débora, que pediu para convidar a todos. Jaíne, a irmã de Judilane, foi também. Em dado momento, Eraldo disse para Valdenes:

- Essa Aline Débora tá amarrada em você. Agarre a oportunidade!

Valdenes deu um sorriso, e apenas disse:

- Fica tranquilo...

Cyntia Fernanda também estava ali. O sítio estava repleto de pessoas. No meio da cidade, várias pessoas já esperavam a virada de ano. O deputado estadual Moab estava em casa, com suas filhas Josiane, Danúzia, a cadeirante Cíntia, Natália e Jefté. Os irmãos do deputado - Nininha, Andy e Ana Patrícia - também estavam lá. 

Já a deputada federal Sandra Valéria estava somente com sua irmã Maria Bonyta e a sobrinha Sílvia, pois os demais parentes tinham viajado. Mas elas iriam na casa de Moab, assim como Mimi, que também ia passar o reveillón por ali. 

A prefeita Myllena estava ao lado de sua filha Giovanna Victórya. E a deputada estadual Janayna estava com seus filhos em sua casa. 

Meia-noite, começou o espetáculo. O céu ficou iluminado com os fogos, e todos se abraçavam desejando "Feliz Ano Novo". 

Mas ali, alguns mendigos estavam perto, na praça: Patrícia, Renata, Gílson, Guilherme e Andreza. Patrícia se levantou, mesmo sendo corcunda, e com a ajuda de sua bengala, foi olhar de perto. Em dado momento, Patrícia disse:

- Não sei pra que tanta festa para comemorar a mudança de um ano, se as pessoas continuam as mesmas..

Tia Sandra e Cássia

 


Em Lagoa da Italianinha, conhece-se a história da Tia Sandra, a italiana que vivia no começo do Século XX e que tinha mente de criança. Tia Sandra era a tia de Lanie, a esposa de Jadiael e mãe de Alycia e Arthur, a família italiana que fundou a cidade em pleno agreste de Pernambuco.

Alguns descendentes acabaram herdando a loucura de Tia Sandra, como por exemplo, as netas de Arthur, que são Rita de Cássia - que também tem mente de criança -, além de Valquíria, filha mais nova de Arthur. Também uma neta de Alycia tem problemas de loucura, que é Cássia.

E é justamente Cássia quem é mais comparada com Tia Sandra. Embora o problemas de ambas não seja o mesmo - Tia Sandra tem mente de criança e Cássia, esquizofrenia - elas se parecem nas atitudes com as pessoas. Em sua época, Tia Sandra, que chegou a fugir de casa várias vezes dormindo nas ruas de Milão, tinha atos de bondade extrema. Tida como pura e bondosa, ela sempre foi querida por sua sobrinha Lanie, que conseguiu trazê-la para o Brasil em 1946, após o fim da guerra.

Alycia, a filha de Lanie e avó de Cássia, enxergou na sua neta traços parecidos com os de sua tia-avó: atos de bondade e muito amor. Cássia também é tida como pura e bondosa nos dias de hoje. As comparações que os mais velhos fazem de Cássia com a Tia Sandra não são poucas. Claramente, para muitos, Cássia herdou a bondade e a pureza de Tia Sandra, sua tia-bisavó.

Cássia novamente no rio

 


Numa certa manhã de domingo, Quitéria estava em sua lanchonete, enquanto escutava umas pessoas conversando, e uma delas disse:

- Eu vinha agora lá pelas bandas do bairro Mary Dee, e vi quando uma maluca pulou no rio, ela estava de blusa cinza, calça jeans e tênis branco...

Quitéria disse:

- Oxe, é minha irmã Cássia!

Quitéria disse para Flaviana, sua funcionária:

- Flaviana, segura aqui que vou precisar resolver um assunto.

- O que aconteceu, dona?

- Depois eu explico.

Quitéria saiu correndo e foi até a ponte, e viu Cássia se divertindo no rio. Quitéria disse:

- Cássia, sai desse rio, sua doida.

Cássia gritou:

- Deixe eu me divertir!

- Ah. isso não vai ficar assim, eu mesma vou entrar no rio e vou tirar Cássia dali.

Algumas pessoas filmavam e tiravam fotos de Cássia. Quitéria entrou no rio, e pegando Cássia pela blusa, disse:

- Vem embora.

- Me deixa, por favor.

- Cássia, olha as pessoas te filmando, te fotografando, tu tá virando motivo de gozação.

- Quero que eles se explodam.

Cássia deu um mergulho, e Quitéria conseguiu pegar sua irmã pelos pés. Cássia disse:

- Quitéria, quero me divertir.

- Aqui não é o lugar, vamos embora. Por favor, confia em mim.

Quitéria conseguiu convencer Cássia a sair do rio. Uma das pessoas que filmava disse:

- Uma pena, tava engraçado, acabou a piada...

Quando chegaram na lanchonete, Quitéria disse:

- Cássia, vai trocar de roupa e de tênis, estás molhada...

- Não, não quero me trocar.

Cássia subiu para a casa, que fica no primeiro andar da lanchonete. Quitéria disse pra Flaviana:

- Flaviana, vou só tirar esse meu vestido molhado e me trocar, já volto. Não leva 10 minutos.

- É bom tomar um bom banho, também, a senhora estava naquele rio sujo, né?

- Tem razão. Vou fazer isso. Já volto. 

Lara é novamente incomodada por Lu


 Numa certa manhã, a menina Lara, que vive em um acampamento montado, passava pela praça 27 de Dezembro, quando a ciclista Lu parou, e pegou-a pelo braço, dizendo:

- Agora tu vai me dizer quem são seus pais!

- Me deixa em paz!!!!

- Não deixo, não! Agora tu vai me contar e vou te levar até eles... olha uma menina despenteada, suja, descalça, tu tais feito mendiga... vou acabar com isso!

De repente, alguém gritou:

- Solte ela!!!!!

Lu olhou e viu que era Valdenes, que passava por ali. Lu disse:

- Não se meta, minha conversa é com essa pirralha!

- Eu já disse que solte ela!

Lu soltou Lara, que correu para se abraçar com o Valdenes, e ele disse:

- Não vou permitir que você continue incomodando essa menina e os amiguinhos dela.

- Olha só, que maravilha - disse Lu, em tom de ironia - parece que os dois descalços se entendem muito bem... eu seria capaz até de jurar que são pai e filha...

Valdenes disse:

- Eu adoraria que Lara fosse minha filha, mas não é. Ela anda de pé no chão, feito eu, toma banho de roupa, feito eu... portanto, seria uma ótima filha. Além do mais, uma excelente aluna de desenhos que eu tenho orgulho de ter. Mas não é ela minha filha. Com licença! E se tu voltar a incomodar essa menina, serei obrigado a acionar a polícia e a justiça contra a senhora.

- Obrigada, Valdenes! - disse Lara.

Valdenes e Lara saíram de perto, e Lu ficou desconfiada.

Mônica recebe visita de padre

 


Numa certa tarde no ano de 1936, Mônica estava em sua casa, quando um carro parou à sua porta, e ela viu que era o padre Francisco, que viera visitá-la. O padre desceu do carro, e disse:

- Posso falar com a senhora?

- Entra, padre!

O padre entrou, e Mônica se sentou em sua cadeira de balanço, e disse:

- Sente-se.

O padre se sentou no sofá, e disse:

- Bom, minha amiga, vou direto ao assunto. Faz tempo que a senhora não comparece à missa, e ainda não levou seu filho Antônio Neto mais. Como quer que ele cresça nos caminhos do Senhor?

- Padre, o Antônio Neto é muito respondão e rebelde, depois que chegou esses italianos, ele parou de me respeitar, fez amizade com uma pirralha italiana, logo eles, que vivem querendo tomar as terras do meu primo Jefferson.

- Bom, eu não vejo mal algum nessas famílias italianas que aqui chegaram...

- Como ousa me contrariar, padre? Olha, eu não estou bem com esse pessoal, e ainda ando doente. Tudo por conta de aborrecimento.

- Onde está seu filho?

- Está no mato, capinando, cultivando terra. Ele adora pegar a enxada.

O padre disse:

- Eu gostaria que a senhora fosse na missa amanhã, o padre de Vila Dourada vai vir celebrar a missa aqui no sítio Maniçoba, tem uma comunidade inteira e até nessas bandas de Lajedo de Canhotinho, Jurema, Cupira de Panelas, deve vir gente.

- Me esforçarei pra ir, padre.

- Muito bem. Eu vou indo.

O padre se retirou, e Mônica na sua cadeira de balanço, falava sozinha...

- Não gosto muito desse padreco... depois que ele defendeu os italianos, perdeu meu respeito.

Brenda defende a Inconfidência Mineira


 Ano de 1789. A jovem Brenda, bastante humilde, costumava vender comidas pelas ruas de Vila Rica. Mesmo sendo muito pobre, ela tinha estudo e sabia dos principais fatos ocorridos na ocasião. Brenda desafiou uma sociedade retrógrada na época, tentando mudar o mundo.

Brenda, uma certa tarde, passava perto da igreja de Vila Rica, onde algumas pessoas estavam. Mas o clima era de agitação. Ela estava com Thomas, o menino que ela criara desde que ele ficou órfão quando seus pais morreram em um incêndio. Ela deu um lanche pra ele, dizendo: 

- Pegue essa lanche pra você.

Thomas se deliciava do lanche, e Brenda disse:

- Tu me contou que nascesse no mesmo ano da independência dos Estados Unidos e lhe deram o nome em homenagem a alguém de lá, não foi? 

- Sim, eu nasci em 1776, meu pai me botou o nome de Thomas em homenagem a um tal de Thomas Jefferson, que foi o autor da Declaração da Independência dos Estados Unidos.

- Hummm... independência essa que estamos tentando conquistar. Aqui tem um movimento que está tentando separar o Brasil de Portugal, e eu estou apoiando esse movimento. O problema é que faz dias que Tiradentes não é visto aqui.

- Quem é Tiradentes?

- Joaquim José da Silva Xavier, ele tem esse apelido porque é dentista. Mas ele vai trazer novidades, assim espero.

De repente, algumas pessoas começaram a correr. Brenda perguntou:

- O que está acontecendo?

Um dos homens se aproximou dela e disse:

- Tiradentes foi preso no Rio de Janeiro, pegaram ele e vão trazer ele pra ser julgado aqui!

Brenda ficou desesperada, e chorava. Thomas disse:

- O que foi, dona Brenda?

- Acabou nosso sonho. Os portugueses botaram a mão em Joaquim!

A Imaturidade de Waldo


Na cidade de Berlim, o jovem Waldo se mostrava, apesar de seus 20 anos, bastante imaturo. Apaixonado perdidamente por Margarete, sendo odiado por ela, Waldo não se cansava de persegui-la, na esperança de tê-la ao seu lado como esposa.

Mas Margarete se mostrava bastante incômoda com as investidas do rapaz. Isso porque por diversas vezes, Waldo a esperava vindo do trabalho, e muitas vezes, ele não ia ao seu encontro por medo da reação dela. Ele costumava ficar diariamente perto do Portão de Brandemburgo, quando ela passava do trabalho pra sua casa.

Nas poucas vezes que Waldo conseguia falar com ela, Margarete demonstrava-se mais fria que o clima da Noruega; ela não olhava nos olhos dele. Seus amigos Fritz, Egon e Félix já estavam bastante preocupados com o amigo.

Fritz disse certa vez pra Egon e Félix:

- Waldo tá cego por aquela tal de Margarete, que detesta ele. Dão conselho pra ver se ele acorda, ele tem uma amiga, a Karola, que dá a ele a atenção que ele merece e ele fica bancando o otário.

- Olha, a gente já falou, mas ele tá cego de paixão por ela... - disse Egon.

Uma cuidadora pra Tia Sandra


No ano de 1947, quando Antônio Neto já tinha voltado da guerra, a italiana Giuliana, que cuidava de Mônica, a mãe de Antônio Neto, foi dispensada, mas ganhou de cara outro serviço. No pequeno sítio Maniçoba, no interior de Pernambuco, Giuliana foi chamada para trabalhar na casa de Lanie, a sua conterrânea. Para cuidar da Tia Sandra, a tia de Lanie que tinha mente de criança.

Jadiael disse para Giuliana:

- Tia Sandra é tia da minha esposa, ela já tem 56 anos, mas tem a mente de uma criança, ela brinca com boneca e ursinho de pelúcia. É importante que você possa cuidar bem dela.

- Sim, eu passei esse tempo com a dona Mônica enquanto o filho dela estava na guerra, e agora, pude vir pra cá, e eu sou italiana como vocês, sou de Napoli!

- Mas um motivo pra termos te chamado. E sabemos que tu é valente e destemida.

- È vero!

Jadiael levou Giuliana ao quarto onde estava Tia Sandra, abraçada com seu ursinho de pelúcia. Giuliana disse:

- Olá, eu sou Giuliana, vim cuidar de você...

- Poxa, pensei que tinha vindo brincar...

- Bom... eu sono italiana, também, sou de Napoli.

- Eu sono de Verona. - disse Tia Sandra.

Giuliana levou Tia Sandra para o lado de fora, e Tia Sandra se sentou em uma cadeira de balanço. Nessa ocasião, Alycia e Arthur, já adolescentes, estudavam, enquanto Lanie algumas vezes trabalhava fora, assim como Jadiael.

Suely se destaca como cantora

 


A juíza Suely vem revelando ter um talento que muitos desconheciam. A juíza careca vem cantando com frequência, e ela grava vídeos cantando várias músicas, principalmente músicas evangélicas.



Suely se apresenta como cristã evangélica mas não está em nenhuma igreja porque as que ela conhece a recusaram por ela ser careca. Como ela não abre mão do seu visual, ela no momento se mantém fora.

Lagoa da Italianinha, que já tem cantoras como Thayze, Gaby, Jaine e Marília do Acordeon, além da italiana Rosário, tem se dobrado ao talento da juíza Suely como cantora. Eraldo chegou a procurar a juíza convidando-a a gravar um disco.

Paralelamente a tudo isso, Suely exerce sua função de juíza mas também tem recebido propostas para entrar na política, mas ela tem resistido a elas. 

Robson quer se aproximar de Janielle


Numa certa manhã em Lagoa da Italianinha, Robson estava no Terminal Rodoviário, e em dado momento, ele viu Janicleide, que também se abrigava ali. Ele disse:


- Oi, carequinha, queria falar com você.

- Pode falar!

- É que estou interessado na sua irmã Janielle, a muda. Como faço pra conquistar ela?

Janicleide disse:

- Oxe eu não sei nem como faço pra conquistar homem pra mim... Sou tão burra que nem sei dessas coisas.

- Olha eu pretendo dar presente a ela.. por exemplo eu vejo ela descalça sempre eu tô pensando em dar uns sapatos pra ela...

Janicleide disse:

- Se tu der sapatos pra ela, ela tasca na tua cara, moço. Ela odeia calçados assim como eu também. Não usamos e nem temos calçados em casa. 

- Que esquisito. Eu posso dar o que a ela? 

- Não sei...

- Tu é irmã dela e não sabe?

- Realmente não sei lamento te falar... Vou indo.

Janicleide saiu correndo na chuva enquanto Robson ficou pensativo.

A estratégia de Ana Rowena


 Ana Rowena, a ser perversa do outro mundo, tenta levar consigo o maior número de pessoas para a destruição da qual ela mesma participará. Ela, caminhando pelas trevas, entre o escuro e o fogo, meio atormentada, dizia:

- Eu gosto da fazer aparecer dinheiro para as pessoas consumirem cigarros e bebidas alcoólicas. Mas se elas não querem consumir nada disso, deixo que falte dinheiro pra elas...

Curiosamente, na rodoviária de Lagoa da Italianinha, era constante até mesmo mendigos com dinheiro para comprar cigarro ou bebida alcoólica. E o dinheiro parecia nunca acabar.

Uma das "vítimas" é Wêdja, que bebe excessivamente e passa muitas vezes o dia todo em um final de semana se embriagando. Ana Rowena passa ao lado dela, e ri das situações embaraçosas que Wêdja passa quando está bêbada.

Maria Clara cuida de Inalda

 

Como se sabe, antes de Lagoa da Italianinha ser uma cidade, quando era apenas o sítio Maniçoba, a camponesa Maria Clara tinha aulas de pintura com a artista plástica alemã Inalda, que ali vivia. Maria Clara era a aluna favorita de Inalda, que a tinha como uma filha.

No ano de 1935, Maria Clara vivia sozinha em uma casa pobre que ficava em um terreno que hoje fica no loteamento que leva seu nome. Maria Clara costumava se deslocar para a casa de Inalda, para aprender aulas de pintura, mas não só isso. Algumas vezes, quando Inalda ficava doente, Maria Clara ia para lá para ajudá-la nas tarefas domésticas.

A camponesa descalça sabia fazer as comidas mais deliciosas, e isso encantava Inalda. Em um certo dia, Inalda estando doente, ela lhe serviu um almoço. Inalda foi à mesa e comeu, e ela disse:

- Maria Clara, tu tem as mãos de fada. Comida deliciosa...

- Dona Inalda, eu vivo sozinha... aprendi a fazer tudo isso... eu vivo de agricultura, sabe? E aprendi a cozinhar, também.

Inalda deu um abraço em Maria Clara, dizendo:

- Você é uma filha para mim.

- Eu também tenho a senhora como uma mãe. 

Antônio Neto leva mendigas para almoçar em sua casa


 Numa certa tarde, no ano de 1937, o agricultor Antônio Neto, que ainda tinha doze anos na época, chegou em casa com a mendiga Valdinha e sua filha Rayane, que viviam nas ruas de Vila Dourada, cidade a qual o sítio Maniçoba pertencia.

Na casa, estavam Mônica, a mãe de Antônio Neto, e a Lucinha, a tia dele e irmã mais velha de Mônica. Mônica, ao ver a mendiga, disse:

- Mas o que significa isso?

- Ela passou pela venda de Ed pedindo esmolas e eu convidei ela pra vir almoçar aqui.

- Mas era só o que me faltava! Na minha casa, duas mulheres sujas, fedendo e esfarrapadas?

Lucinha disse:

- Mônica, deixe ela almoçar aqui.

Valdinha disse:

- Dona Mônica, eu não quero incomodar... eu sou andarilha, pobre, não tenho casa, só tenho minha filha comigo...

Mônica disse:

- Está bem, Lucinha. Mas tu que faça comida pra elas. Depois eu vou ter uma conversinha com o seu Antônio Neto.

O almoço foi feito, e se sentaram para comer. Mônica notou que Valdinha tinha bom comportamento na mesa, mesmo sendo moradora de rua. Mônica disse:

- Interessante, tu sabe pegar direitinho na faca, no garfo, na colher... nem parece ser uma pobretona.

Valdinha disse:

- Eu passei anos na riqueza, dona. Perdi tudo por minha própria incompetência. Eu fui uma pessoa errada. Estou merecendo esse castigo de viver pelas ruas.

Rayane comia com as mãos, e Valdinha disse:

- Não pegue com as mãos, filha.

Pouco depois, as mendigas saíram da casa, e Mônica deu uma bronca em Antônio Neto:

- Espero que não me traga mais indigentes pra essa casa!

- Mãe, o que tem? Elas são boas pessoas.

- Se fossem boas pessoas, não viviam nas ruas. Ela mesma disse que foi uma pessoa errada e merece esse castigo. Sabe-se lá o que ela aprontou lá atrás?

- Mas, mãe...foi ato de caridade.

- Chega. Olha, se tu quiser pegar alguma comida sua e levar pra elas, pode fazer isso. Mas trazê-las pra cá... não mais!

O Transtorno de Andreza

 


A mendiga Andreza passou a noite dormindo na rodoviária, só saindo dali no dia seguinte, quando o dia já estava amanhecendo. O caso de Andreza é muito comentado em Lagoa da Italianinha. Na cidade, já se sabe que ela foi uma modelo em Caruaru, considerada uma das mais belas jovens na década de 90. De família rica e abastada, desfilou por muitas passarelas e estampou capas de revistas de moda.

Mas ao perder tudo, roubada por seu então noivo, acabou adquirindo problemas mentais. Foi parar nas ruas, virou mendiga e desde então - já são 7 anos - vive nas ruas. Conheceu Valdenes, que ainda morava nas ruas, fez amizade com ele, e com Guilherme, o irmão dele, outro mendigo.

Mas em 2022, Valdenes saiu das ruas e foi morar em um prédio no loteamento Monte Castelo. Ele convidou Andreza, mas Andreza não aceitou, querendo mesmo ficar nas ruas. Mesmo com essa mudança, a amizade entre os dois se manteve normalmente. Atualmente, eles se vêem com frequência porque Andreza lava carros na frente da escola de música onde Valdenes trabalha. Vale ressaltar que Guilherme, assim como ela, optou por ficar nas ruas. 


O visual de Andreza em nada lembra a bela modelo na década de 90: já perto dos cinquenta anos, está bastante suja, com roupas meio encardidas, chega até mesmo a fazer necessidades nas calças. Exala um cheiro forte de urina, por urinar nas calças com frequência. Às vezes, anda descalça, às vezes usa sapatos velhos. Apesar de ser muito suja, Andreza toma banho, sim, no chafariz da praça.

Andreza diz que quer ficar velha, sozinha, feia e dormir nas ruas para sempre. Para muitos, Andreza criou um bloqueio mental, de modo que é uma "defesa para possíveis interesseiros". Além do mais, Andreza não quer mais casar nem ter filhos. No final da tarde, Andreza é vista pelas ruas falando sozinha, em voz alta. O radicalismo de Andreza é criticado até por outros mendigos que optaram por ficar morando nas ruas, como Patrícia e Renata.

Para muitas pessoas, Andreza é tida como uma pessoa do bem, honesta e trabalhadora. Ganha a vida lavando carros e ajuda alguém que precisa quando tem algum trocado a mais. Mas para essas pessoas, Andreza somente "não tem amor próprio"...

A mente contemplativa de Gabriella


Numa certa manhã, a mendiga Gabriella estava tomando café no Terminal Rodoviário em Lagoa da Italianinha. Ela observava as pessoas que estavam ali sentadas e sem rumo. Em dado momento, outra mendiga, a Maria, apareceu e disse:


- Gabriella por onde tu andou? Nunca mais te vimos.

- Eu estava orando esses dias dormi em algumas ruas longe do Centro. Precisava me isolar.

Gabriella olhava as pessoas que estavam na rodoviária e disse:

- Olha isso, Maria. Essas pessoas a gente vê que estão perdidas sem rumo. Eu digo isso porque eu mesma passei por isso quando fui rica. Hoje estou sem nada materialmente falando mas não troco a paz que hoje tenho por dinheiro nenhum. Veja elas. Sentadas, pensando na vida, se afundando em vícios...

- A gente poderia evangelizar elas...

- Bom, esses eu já falei de Jesus. Mas estão muito acomodados com o mundo. Eu acho que esse mundo não vai durar muito nos estamos vendo as profecias se cumprindo. Nós vivemos nas ruas mas sabemos de tudo isso.

- É verdade...

Gabriella tinha alguns trocados e pagou café para Maria também. Depois as duas mendigas foram andar pelas ruas.

Uma virada de ano difícil

 

Foto ilustrativa

A virada do ano de 1944 para 1945 não foi fácil para o agricultor Antônio Neto. Do interior de Pernambuco, ele havia sido convocado pela Força Expedicionária Brasileira para ir lutar na guerra. Já faziam alguns meses de sua partida do Sítio Maniçoba para os campos da Toscana. 

Era sua primeira virada de ano longe de sua mãe Mônica, a quem tinha muito amor, apesar dela ser muito rigorosa. Ele estava ao lado dos pracinhas Gabriel, Mateus e Rodrigo, que também sofriam longe de suas famílias. Gabriel vinha de Minas Gerais, Mateus vinha do Rio Grande do Sul e Rodrigo vinha do Rio Grande do Norte. 

Em dado momento, Gabriel disse:

- Antônio Neto, tá difícil, virada de ano longe da família...

- Verdade. Minha mãe é muito apegada a mim, imagino como ela tá sofrendo. 

- Nem fala, meus pais choraram muito quando eu parti lá de Porto Alegre - disse Mateus. 

- Eu também vi minha família sofrendo muito... - disse Rodrigo. 

Outro que também estava ali, longe de sua família era o Arnaldo Villegagnon, militar. Ele era de Vila Dourada, conterrâneo de Antônio Neto. O ano anterior de 1943 é que acabaria sendo o último ao lado de sua mãe Joana, pois no início de 1945, ele morria durante a tomada de Monte Castelo. 

Outro que também estava longe de sua família, era o americano Ellyson, que era da Pensilvânia. E essa virada de ano foi de muito trabalho, já que os alemães estavam ocupando a parte norte da Itália. 

O encanto de Aline Débora


A jovem florista Aline Débora, que mora no sítio Mandacaru, e é bisneta da italiana Giuliana, chama atenção por sua simplicidade, mas também por seu gênio forte. Ela mora com a irmã Cyntia Fernanda, e trabalha na floricultura de Cileide. Usa vestido azul, e anda sempre descalça; curiosamente, só usa sapatilhas em casa...

Aline Débora gosta de nadar em uma lagoa próxima, e colher flores no campo. Recentemente, ela conheceu o Valdenes, com quem nutre uma proximidade grande, sendo que ela pretende se casar com ele. O detalhe é que ela o conheceu quando ele ainda morava nas ruas, e isso causou uma reação por parte da igreja que ela frequenta. 

Aline Débora acabou trocando de igreja após o episódio. Agora, ela almeja formar uma família do lado dele. Sua grande rival em Lagoa da Italianinha é a Josiane, que foi um amor passado do Valdenes, que acabou sendo proibido pelo fato do pai de Josiane, o deputado estadual Moab, ser contra o romance. Como Josiana ainda insiste em querer ficar com ele, Aline Débora a tem como uma grande rival. 

Atualmente, Valdenes, que já saiu das ruas, vive em um apartamento no Conjunto Bella Ciao, com suas irmãs Vitória e Juju Doida. Aline Débora já esteve lá. 

Cyntia Fernanda é incentivadora do romance entre Valdenes e Aline Débora; ela quer vê-los casados e constituindo família. 


sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Uleuda na rodoviária

 

Já fazia alguns dias que a Uleuda estava circulando pela rodoviária. Vestindo um paletó, blusa, calça e sapatos de salto alto, apesar da pose, é uma moradora de rua. Ela costuma ficar pela rodoviária, além de dormir lá algumas noites. 

Era manhã cedo, quando ela tomou um café. Marlene disse:

- Na boa, tu mora na rua mesmo?

- Claro. Acham que não, porque tenho esse visual, né? Mas eu não tenho casa, mesmo! 

Uleuda, mesmo vestida desse jeito, pedia esmolas, o que gerava dúvidas das pessoas sobre se realmente ela vivia pelas ruas da cidade. 

Uleuda ainda carregava consigo uma bolsa, e usava algumas vezes óculos escuros. Apenas uma leve sujeira na sua roupa denunciava sua condição de mendiga. 


O estoicismo de Valdenes

 

Num certo dia de sábado, antes de ir para a escola de música do seu amigo Eraldo, Valdenes quis dar uma volta em uma lagoa na saída da cidade, no caminho para o sítio Mandacaru. 

Desde que saiu das ruas, Valdenes adotou um estilo alternativo: roupas sociais, mas sempre de pés descalços. 

No meio do caminho, Valdenes desceu em uma lagoa grande, onde inclusive se permitia tomar banho; ele entrou e começou a nadar, sem tirar roupa alguma. 

Na descida do sítio, passavam as irmãs Cyntia Fernanda e Aline Débora, que o viram nadando na lagoa. Elas estavam de carro. Cyntia disse:

- Esse não é aquele rapaz que tu gosta dele?

- Sim, ele mesmo. E como estou contente vendo ele ser autêntico...



Depois de uma hora nadando, Valdenes saiu da lagoa e foi caminhando para o centro da cidade, que não ficava muito distante. Quando ele chegou na escola de música de Eraldo, a professora Ana Karina disse:

- Eita, estavas onde?

- Fui nadar um pouco. Eraldo já tinha saido avisado. 

Na escola, estavam Eraldo, sua esposa Judilane e a cunhada Jaíne. Judilane disse:

- Oxe, Valdenes, porque tais encharcado?

- Eu estava nadando. 

Jaíne disse:

- Eraldo, esse teu amigo não gira bem, mesmo. 

Eraldo disse:

- Deixe ele ser verdadeiro, ele tá praticando o estoicismo! 

- O que raios é isso? - perguntou Jaíne.

- Depois eu te explico! 

Aline Débora estava na floricultura de Cileide, e ao ver Valdenes, lhe deu um abraço. Ele disse:

- Eu ainda estou um pouco molhado!

- Mas isso me deixa feliz, tá? 

Mas a lagoa não era o único ponto de diversão de Valdenes; alguns lugares, como chafariz e rio, além da cachoeira Sol Nascente, também são frequentados por ele aos sábados. E Valdenes havia definido a ideia de fazer o que gosta sem se importar com críticas alheias, ou de ser acusado de "louco". 

A Luta de Sara


Desde que chegou em Lagoa da Italianinha, Sara, a modelo careca, tem se dado muito bem. Passou a fazer comerciais de lojas na cidade, além de possuir uma pequena loja. 

Apesar disso, Sara às vezes sofre algumas discriminações, assim como sua mãe, a juíza Suely, que também optou por ser careca. Apesar de algumas mulheres na cidade serem carecas, elas não são bem vistas na sociedade conservadora de Lagoa da Italianinha. 

Suely, paralelo ao cargo de juíza, também é cantora e costuma louvar. Mas é recusada em algumas igrejas por conta do seu visual. Suely e Sara, porém, foram acolhidas na igreja onde o pastor André comanda, apesar da resistência de algumas irmãs. 

Suely e Sara, algumas vezes, até cantam juntas, e suas vozes ecoam de forma positiva, de modo que ambas chamam atenção. 

Sara foi entrevistada na Rádio Auriverde, onde contou tudo sobre a vida que leva, os preconceitos que sofre por seu visual. Mas ela foi enfática:

- Serei sempre dessa forma, não mudarei meu jeito de ser pra agradar ninguém...

Depois da entrevista, Sara recebeu um convite para comandar um programa na emissora. 

Cássia quer morar sozinha


Cássia, a maluquinha que sofre de esquizofrenia, andou metendo na cabeça a ideia de sair da casa onde mora para ir morar sozinha. Ela reclama que se sente controlada, principalmente por sua irmã Lúcia. Certo dia, ela procurou Valdenes e lhe perguntou:

- Valdenes, tem algum apartamento lá nos prédios onde tu mora pra mim morar, não?

Valdenes disse:

- Olha, eu acho que não... mas por que?

- Porque eu quero morar sozinha, ficar livre. Minha irmã Lúcia quer me controlar...

Valdenes disse:

- Mas Lúcia te ama e se preocupa com você. Ela quer o seu bem. 

Cássia disse:

- Imagina que ela quer me proibir de me lambuzar, de me sujar, de mijar e cagar nas calças, e eu me sinto sufocada com isso, amigo. Ela implica quando vou tomar banho na chuva, no rio, no chafariz...

- Mas, Cássia, é tudo pro seu bem...

- Não quero isso, não... se eu não achar casa, vou morar no rio ou no chafariz, mesmo...

Cássia saiu dali, e Valdenes ficou pensativo. Cássia foi para o rio, e ali ficou bastante tempo. 

Tatiane quer ser vereadora

 

Mesmo sendo uma moradora do esgoto, Tatiane meteu na cabeça que quer ser vereadora. Ela quer em especial derrotar Vanessa, uma das atuais vereadoras, de quem é inimiga desde a infância. Tatiane anda procurando espaço na oposição para ser candidata. 

O problema é que ela é vista como "suja" e "malcheirosa", e parece não pretender abandonar esse jeito de ser. Tatiane ainda gosta de espalhar lixo pelas ruas, e sujar a cidade. Mas mesmo assim, Tatiane jura que consegue ser eleita vereadora. 

No esgoto, Cybhia disse pra ela:

- Tu acha que tu consegue ganhar?

- Oxe, claro que eu ganho! 

- Talvez tu teria mais chances se rato votasse...

- Mas vou ganhar. 

Ao saber que Tatiane pretendia ser vereadora, Vanessa deu apenas uma risada e disse:

- Avisa pra Tatiane que ratos não votam! 

O Deboche de Wéllia


 Alguns dias se passaram, e Selma estava em casa, quando a campainha tocou. Quando a beata atendeu, levou um susto: era sua filha Wéllia, que havia desaparecido desde a noite de Natal. Ela, em tom debochado, disse:

- Mãe, estou tão cansada...me sirva alguma coisa. 

Selma disse:

- Wéllia, como é que tu some assim, deixa sua família preocupada, eu quase morri. 

- Ah, mãe, eu apenas quis ficar um pouco sozinha... como me fez bem. 

Selma se recusou a fazer comida para a filha, e saiu. Foi avisar à sua outra filha Malu que a irmã gêmea dela tinha voltado. Malu ficou surpresa e disse:

-Wéllia some, e volta assim como se a gente nem tivesse se preocupado com ela...

Malu avisou ao seu noivo Vinícius que sua irmã havia voltado, e em seguida foi em casa rever a irmã. Wéllia, ao ver Malu, disse:

- Oxe, o que tu quer? 

- Por onde tu andasse esse tempo todo?

- E pra que tu quer saber? Eu estava por aí. E quer saber, foram dias maravilhosos! 

- Wéllia, a gente ficou preocupada...

Wéllia disse:

- Preocupada? Tu beijou meu homem na minha frente, tu é uma falsa nojenta, tu queria que eu tivesse morrido. Mas quer saber? O mais satisfatório de tudo é que eu mandei tocar fogo no consultório do Vinícius, para ele aprender que eu sou a mulher da vida dele!

- Hã????? Como assim???? 

- É, se ele me quisesse, eu apoiaria ele... mas ele não me quer, prefere você, né? Aguente as consequências. Mas foi tão divertido ver as chamas consumindo o consultório dele...

- Você está doente, Wéllia, você precisa se tratar! 

- Olha, quer saber, sua hippie chata? Suma da minha vista, preciso descansar minha beleza. 

Malu saiu dali, atordoada, e foi até a escola de música de Eraldo, onde estavam ele, Vinícius e Valdenes. Malu disse:

- Vinícius, foi Wéllia quem tocou fogo no teu consultório. Ela mesma me disse! 

Vinícius ficou arrasado. Valdenes disse:

- Dessa bruxa, pode-se esperar daí a pior. 

Eraldo disse:

- Ela é tão debochada que fala isso na cara dura, podendo ser prejudicada...

- Mas ela se confia na lei brasileira, e na advogada que ela tem, a Danúzia, filha do deputado Moab - disse Vinícius.

Enquanto isso, Wéllia, em sua casa, fumava e bebia, além de dançar.  

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Diversão no Chafariz

 

Numa certa manhã de muito calor, na Praça 27 de Dezembro, Valdenes e Aline Débora estavam passando juntos por ali, e admiravam o chafariz da praça jorrando água. De repente, Valdenes disse:

- Me deu vontade de entrar na fonte, igual nos tempos que eu morava nas ruas...

- Sério????

- Sim. Eu gosto, e até sinto falta de nadar no chafariz. 

Valdenes, que estava de roupa social e descalço, tratou de entrar logo, e Aline Débora, que estava de vestido, ficou olhando no começo, surpresa com a coragem dele. 

Valdenes nadava na fonte, e disse:

- Puxa, Aline, tá tão bom, entra também! 

Aline Débora sorriu, e ela também entrou no chafariz. Os dois se divertiam ali. Pouco depois, passava por ali a Cyntia Fernanda, irmã de Aline Débora, e levou um susto quando viu os dois no chafariz. Ela disse:

- Oxe, tão malucos, é? Nadando no chafariz?

- Oxe, é muito bom, venha, irmã. 

- Oxe, tenho coragem, não. 

Passaram uns vinte minutos nadando e mergulhando no chafariz, e depois, os dois saíram. Alguns os olhavam com olhares de zombaria. Aline Débora chegou na floricultura onde trabalha, e sua patroa Cileide disse:

- Oxe, porque tu tá molhada?

- Por um momento muito bom que eu tive agora...

- Esepera teu vestido secar, e depois, venha trabalhar. 

Valdenes também chegou molhado na escola de música, e Eraldo disse:

- Oxe, que raio foi isso? Nem está chovendo!

- Fui pro chafariz! 

- Oxe, ficou maluco? 

- Me deu vontade e eu nadei, e farei isso quantas vezes for preciso! 

Valdenes entrou na sua sala de desenhos. Judilane, a esposa de Eraldo, estava ali, e disse pra ele:

- Esse teu amigo é gente boa, mas tem uns parafusos soltos...

Mimi abre seu escritório político


Levando a sério sua pré-candidatura a prefeita de Lagoa da Italianinha, Mimi deu mais um passo: alugou um ponto no centro da cidade e ali abriu seu escritório político.

Mimi não teve dificuldades para alugar o escritório, pois teve o apoio do deputado estadual Moab, que anda sendo avalista da candidatura da ex-sem-terra. 

No dia que foi inaugurado o escritório político, estavam presentes Moab, a deputada federal Sandra Valeria, a deputada estadual Janayna e os vereadores Marco Aurélio, Wilon, Kauan e Fagner, além de outras lideranças da oposição. A empresária Ilene também marcou presença. Ilene é irmã da prefeita Myllena, mas Ilene rompeu com Myllena por falta de espaço na política e agora trabalha para tirar a própria irmã da Prefeitura.

Mimi, por sua vez, mostrava se mais "comportada" no seu jeito de se vestir: agora usava uma blusa, saia e sapatos nos dois pés, diferente do estilo hippie e de uma sandália em apenas um pé que ela sempre adotou. Apenas se mantinha careca. Não abria mão dessa característica. 

Logo no primeiro dia de funcionamento, o escritório ficou lotado com pessoas que a procuravam, desde pessoas humildes até grandes empresários. Muitos comerciantes que antes torciam o nariz para a "comunista" Mimi passaram a lhe dar apoio convencidos por Moab, que ainda exerce grande influência política em Lagoa da Italianinha.

A mendiga Juliana

A mendiga Juliana costuma perambular pelas ruas centrais de Lagoa da Italianinha, pedindo esmolas, não só no centro como também na rodoviári...