Na década de 30, na pacata cidade de Vila Dourada, no agreste de Pernambuco, vivia uma família rica e poderosa. O francês Jorge Villegagon, descendente da francesa Jacilene, era casado com Joana, que era pernambucana, e tiveram oito filhos, sendo sete biológicos e uma adotada: Arnaldo, Beatriz, Carlos, Dalva, Estêvão, Francielly, Gustavo e a adotada Helena.
No fim da década de 20, a Francielly, que era a filha preferida de Jorge, se envolveu ás escondidas com Leandro, o motorista da casa. Apenas Edvânia, empregada que trabalhava para a família, sabia dos encontros. Além das diferenças sociais, Leandro era vinte anos mais velho que Francielly, sendo que em 1929, quando tudo começou, Leandro tinha 49 anos, e Francielly, 29.
O escândalo veio à tona por volta de 1932, quando Lady Andréia, amiga da família, flagrou os dois juntos. Não se falava em outra coisa na cidade, pelo fato da família Villegagnon exercer liderança política na cidade, a ponto do patriarca Jorge "mandar" e "desmandar" nos prefeitos.
Francielly decidiu manter seu relacionamento com Leandro e acabou sendo expulsa de casa por Jorge, que a deserdou. De filha preferida e "mais bonita", passou a ser a mais odiada. Leandro perdeu o emprego, e Edvânia, que confessou saber dos encontros, foi demitida, e foi morar com sua filha Adélia.
Em 1933, Leandro e Francielly se casaram em um cartório de Vila Dourada, e ela gerou um filho, a quem deu o nome de Augusto. Sentindo-se malvistos na cidade, foram para uma casa nas proximidades do sítio Maniçoba, atual Lagoa da Italianinha. Em 1935, Francielly morreu em uma queda de cavalo, e Leandro teve que criar o filho sozinho, sendo que o menino Augusto foi renegado pela família de sua mãe.
No começo da década de 50, surgiram as primeiras lutas pela emancipação de Maniçoba, que havia crescido muito mais depois da chegada dos imigrantes italianos. Vila Dourada sufocava essa luta, e Carlos Villegagnon, que havia assumido a liderança da família, bem como a liderança da cidade, chegou a ameaçar de morte os que lutavam pela emancipação. Em 1955, Leandro estava no leito de morte e fez Augusto prometer que ele "separaria Maniçoba da opressora Vila Dourada, da opressora família Villegagnon". Augusto, já rapaz, decidiu enfrentar seu tio e a família de sua mãe, até que em 1963, Maniçoba se separou de Vila Dourada, adotando o nome de Lagoa da Italianinha.
Atualmente, todos os membros da família Villegagnon tem seus nomes em ruas de Vila Dourada, menos Francielly, que em compensação, nomeia uma das principais ruas de Lagoa da Italianinha.
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