Karola quer namorar com Waldo

 

Recém chegada em Berlim, a bela jovem Karola se encontrou com seu amigo Waldo, com quem estudou na sua infância em Hamburgo. Solteira e sozinha, Karola está morando com seus pais.

Inteligente, culta e amante das artes e da cultura, Karola foi contratada por Wilhelm para trabalhar em seu escritório. Certo dia, Fritz, um dos amigos de Waldo, ficou encantado por ela, e lhe chamou atenção um detalhe: o carinho que ela tem por Waldo. Ela disse a ele:

- Waldo está mais bonito, ele é inteligente, eu gosto muito de pessoas inteligentes. Meu sonho é estar sempre do lado dele.

Acontece que Waldo está apaixonado perdidamente por Margarete, que o rejeita de forma contundente. Fritz disse para Waldo:

- Essa moça que chegou de Hamburgo é apaixonada por você, eu notei os olhos dela brilhando quando falava de tu, enquanto tu fica feito besta quadrada atrás daquela patricinha prepotente.

- Mas, eu não mando no coração. Karola é maravilhosa, mas...

- Sei que não mandamos no coração, mas larga a mão de ser tonto, homem. Tu fica perdendo tempo no Portão de Brandemburgo pra ver ela e ela nem te dá atenção, e a moça aí te dando moral e tu não dá moral a ela. Cresce! Ela não vai ficar te esperando a vida toda não, ela se valoriza, se ela se sentir rejeitada ela vai atrás de outro. Acorda!

Waldo ficou calado sem ter o que dizer. 

Diálogo de Guerreiros

O americano Ellyson: (olhando para o horizonte, com a farda suja e o olhar cansado) Antônio, às vezes me pergunto como chegamos a este ponto. Tudo isso parece surreal, não é mesmo?

O brasileiro Antônio Neto: (sentado ao lado de Ellyson, limpando sua metralhadora) É verdade, meu amigo. A guerra nos transforma de maneiras que nunca poderíamos imaginar. Mas estamos aqui pelo nosso país, pela liberdade, e pela esperança de um mundo melhor.

Ellyson: (suspirando) Às vezes, penso na minha família em casa. Minha mãe, meu pai… Será que eles estão bem? Será que sabem o que estamos enfrentando aqui?

Antônio Neto: (colocando a mão no ombro de Ellyson) Eu também sinto falta da minha família no Brasil. Mas precisamos nos concentrar no que está à nossa frente. A luta contra o Eixo, a busca pela vitória. Eles entenderão quando voltarmos.

Ellyson: (olhando para o céu) Você já parou para pensar em como as estrelas parecem diferentes aqui na Europa? Tão distantes, mas tão próximas ao mesmo tempo.

Antônio Neto: (sorrindo) Sim, Ellyson. As estrelas são como pequenas luzes de esperança. Elas nos lembram que não estamos sozinhos nesta escuridão. E que, mesmo em meio ao caos, há beleza e algo maior do que nós mesmos.

Ellyson: (pegando seu capacete) Vamos, Antônio. Temos uma missão a cumprir. O norte da Itália nos espera, e depois, o oeste da Alemanha. Juntos, enfrentaremos o que vier pela frente.

Antônio Neto: (levantando-se) Juntos, Ellyson. Pela liberdade, pela paz e por todos aqueles que não podem lutar ao nosso lado. Vamos fazer história.

E assim, sob o céu estrelado e o som das bombas ao longe, Ellyson e Antônio seguiram adiante, unidos pela coragem e pela amizade em tempos de guerra.

Fausto descreve sua amada Maria Clara

Em 1946, assim que chegou em Pernambuco, Fausto, com olhos atentos e um coração inquieto, descreveu Maria Clara, a camponesa descalça, com palavras que dançavam entre a realidade e a poesia.

"Ela é como o próprio solo que pisa: firme e humilde. Seus pés descalços, marcados pelas trilhas da vida, são como raízes que se entrelaçam com a terra. Maria Clara carrega o peso do mundo em suas mãos calejadas, mas seus olhos… ah, seus olhos são como janelas para um universo de sonhos.

Seu vestido simples, desgastado pelo tempo e pelo trabalho árduo, envolve-a como um abraço acolhedor. Os cabelos negros, emaranhados pelo vento 

, são como fios de esperança que se entrelaçam em sua alma.

Quando ela sorri, é como se o próprio sol nascesse dentro de mim. Seus lábios, ressecados pelo Calor escaldante, guardam segredos que só a natureza conhece. E sua voz… ah, sua voz é como o canto suave dos pássaros ao amanhecer

Maria Clara é a essência da simplicidade e da força. Ela não precisa de adornos ou riquezas para brilhar. Seu coração é um campo fértil, onde flores de esperança desabrocham mesmo nos dias mais sombrios.

Eu, Fausto, o italiano que cruzou oceanos e guerras, encontro nela algo que transcende fronteiras e idiomas. Maria Clara é a beleza da vida que floresce mesmo nos campos mais áridos. E, ao vê-la pela primeira vez, percebo que talvez tenha encontrado minha própria salvação."

Diversão na Cachoeira

Por algum motivo, em um dia de semana e em pleno horário de trabalho, Valdenes e Aline Débora preferiram ir juntos para a cachoeira Sol Nascente, que fica na saída de Lagoa da Italianinha para Vila Dourada.

Os dois se divertiram bastante na cachoeira, e até jogavam água um no outro. Mergulharam e nadaram bastante.

Eis que era quase meio dia quando se deram conta de voltar a cidade. Os dois, descalços e com as suas roupas molhadas, tiveram dificuldades para pegar um carro. Mas conseguiram pegar uma condução.

Valdenes chegou na escola de música, e Eraldo disse:

- Oxe, onde tu tava, homem? Choveu onde tu tava?

- Não. 

Mas Aline Débora, na floricultura, levou a maior bronca de Cileide. Vendo Aline Débora em apuros, Valdenes assumiu a responsabilidade, dizendo que a culpa era dele. Cileide disse:

- Olha, Aline Débora, dessa vez, passa. Tu ainda tá meio molhada, volta pra casa, amanhã tu vem trabalhar.

Cássia e seu amor pela chuva

 Voltou a chover forte em Lagoa da Italianinha, e Cássia, que já se recuperou da doença que a acometeu no período do Carnaval, não pensou duas vezes e foi brincar na chuva. Ela estava no Terminal Rodoviário tomando café quando viu nuvens cinzentas e carregadas. Cássia disse para Marlene, a dona da lanchonete:

- Meu grande amor já tá chegando.

- Quem?

- A chuva!

- Oxe. Que conversa é essa?

Cássia disse:

- A chuva é o grande amor da minha vida...

A chuva começou a cair e Cássia correu para brincar na chuva. Marlene observava e dizia:

- Quando chove assim, ela fica parecendo uma criança...

Josiane volta para Lagoa da Italianinha

Depois de um tempo na casa de Fada Luz em Gramado, no Rio Grande do Sul, Josiane retornou para Lagoa da Italianinha, para alegria de seu pai Moab. Ela tomou um vôo de Porto Alegre para Maceió, e de lá, foi com o motorista de seu pai, cruzando com a divisa com Pernambuco e saindo em Lagoa da Italianinha depois de passar por Quipapá, Canhotinho e Jurema. 

Ao chegar em casa, Moab recebeu sua filha com alegria. Mas quem não gostou muito foi Ana Patrícia, a irmã mais nova do deputado e sobrinha de Josiane. Ana Patrícia disse:

- Não te deu vontade de ficar lá em Gramado, não?

- Ali é muito lindo, mas amo minha casa!

- Ah, tá...

Nininha, a tia mais velha de Josiane, estava feliz, e depois ela disse pra Josiane:

- Não liga pra Ana Patrícia, não. Ela sempre foi assim, deu muito desgosto pra nossa mãe Jennifer. 

- Não ligo, não. 

Mais tarde, o deputado Moab chamou seus outros filhos, Danúzia, Cíntia, Natália e Jefté, além dos irmãos Nininha, Andy e Ana Patrícia. Apenas Danúzia, Ana Patrícia e Cíntia não estavam felizes com a volta de Josiane. 

Mimi animada pela disputa eleitoral

A ex-sem-terra Mimi anda muito animada com o crescimento de sua pré-campanha para prefeita. Recebeu através do deputado estadual Moab a notícia que já tem sete pontos a mais que a prefeita Myllena em nova pesquisa. 

No dia que se lançou pré-candidata a prefeita, Mimi ainda recebeu o apoio do deputado federal Arinaldo e do vereador Ari, sendo que agora Mimi soma o apoio de todos os ex-prefeitos de Lagoa da Italianinha - Arinaldo, Aenson, Moab, Jurandyr, Sandra Valéria (atualmente deputada federal) e Janayna (atualmente deputada estadual) -, além dos vereadores Marco Aurélio, Wilon, Kauan, Fagner e Ari. 

Ilene, que por sinal, é irmã da prefeita Myllena, está rompida com sua irmã e está como pré-candidata a vereadora do lado de Mimi. 

Mimi tem conseguido ainda outros apoios. Uma das grandes possibilidades de ser sua companheira de chapa é a empresária Jane, sobrinha do ex-prefeito Aenson. Mas em outro momento, cogita-se Ari como vice de Mimi. A imprensa local fala em "brigas" dentro do grupo, mas Mimi garante a harmonia. 

Mimi também mudou seu visual: ela, que antes se vestia como hippie e andava com o pé direito calçado e o pé esquerdo descalço, agora, usa um vestido elegante e sapatos nos dois pés. No entanto, continua careca, deixando claro que não abre mão de ter sua cabeça raspada e não quer nunca mais deixar o cabelo crescer. Ela até brinca dizendo que Lagoa da Italianinha vai trocar a "prefeita descalça" (Myllena) pela "prefeita careca". 

Marlene insiste na candidatura

A cantora Marlene, dona da lanchonete do Terminal Rodoviário, já deixou claro que vai continuar sendo pré-candidata a prefeita de Lagoa da Italianinha, apesar de ir mal nas pesquisas. Ex-aliada da prefeita Myllena, Marlene rompeu com ela, e desde então, se tornou sua crítica mais feroz. Andou tentando apoio de nomes da oposição, a exemplo da deputada federal Sandra Valéria e dos deputados estaduais Moab e Janayna, mas eles acabaram preferindo Mimi, o que deixou Marlene revoltada.

Marlene conta com o apoio dos vereadores Diego, Goy e Fafá, e promete que vai com tudo. Marlene ainda foi alvo de um boato, de que ela estaria sendo paga por Myllena para manter sua pré-candidatura e assim, atrapalhar a pré-candidatura de Mimi. Mas Marlene negou, dizendo:

- Não recebo nada dessa prefeita desclassificada. Fui, sim, aliada dela, mas ela não tem palavra, é prepotente e arrogante. Mantenho minha pré-candidatura porque sou a pessoa certa para essa cidade, e nem ela, e nem a outra ex-sem-terra merecem sentar naquela cadeira. 

Apesar disso, Marlene tem sofrido pressão até dentro de seu grupo para a retirada de sua pré-candidatura. O deputado estadual Moab anda mesmo procurando a cantora, oferecendo dinheiro e cargos para que ela retire o seu nome da disputa e apoie a sua candidata Mimi. Apesar de sua insistência em manter sua pré-candidatura, Marlene declarou que caso ela viesse a desistir, preferiria votar em Mimi do que na prefeita Myllena, a quem demonstra ódio e desprezo. 

Resta saber até quando Marlene irá resistir em manter sua pré-candidatura. 

As preocupações de Myllena

Depois do lançamento da pré-candidatura de Mimi, sua adversária, a prefeita Myllena anda trabalhando redobrado. Tem realizado diversas inaugurações ao lado da vice-prefeita Marcella, dos vereadores Karoline, Kátia - que é pré-candidata a vice na chapa de Myllena -, Josimar, Maria Isabel, Alba Valéria, Flávia Andréia e Vanessa, além dos pré-candidatos a vereadores Giovanna Victórya, Flávia, Valdenes e Mauricélia. 

Myllena, ao menos, pôde comemorar que sua secretária de Educação, Aurystella, permaneceu ao seu lado, mesmo com seus parentes, o deputado federal Arinaldo e o vereador Ari terem rompido com a prefeita e passado para o campo de oposição. 

Myllena tem monitorado sua situação política com a ajuda de Giovanna, sua filha. Mas as notícias não foram boas: em um primeiro momento, Mimi já aparecia na frente, com dois pontos. Agora, a informação que chega de Recife é que a diferença pró-Mimi aumentou para sete pontos. 

Em dado momento, Giovanna disse:

- Mãe, eu tô preocupada, o que a senhora vai fazer se perder a eleição?

Myllena disse:

- Nada, eu aceitarei a vontade do povo, e voltarei para o meu comércio, eu me afastei demais dos meus negócios desde que entrei para a política. Mas não vou desistir, não. Eu espero que Marlene continue sendo candidata, senão a situação pode piorar muito. 

- Mas, mãe, a senhora tinha 85% de aprovação, como pode ser isso?

- Aprenda uma coisa, filha. Aprovar é uma coisa, votar é outra. Tem gente que não me suporta, reconhece que faço uma boa gestão, mas não quer votar em mim, tudo por ideologia idiota. 

Ainda espalhou-se o boato que Myllena iria desistir de tentar a reeleição, mas a prefeita descalça negou veemente, e confirmou que irá, sim para a disputa. 

O radicalismo de Karine

 A missionária Karine, que não é ligada especificamente a alguma denominação, anda causando preocupação em Lagoa da Italianinha pelo seu radicalismo especialmente contra a riqueza material. Karine, que costuma pregar em praça pública e na rodoviária, tem dito que dinheiro é do mal, e que riqueza é pecado. 

Quem não gostou muito foi seu patrão, o deputado estadual Moab, para quem Karine trabalha como empregada doméstica. Moab ficou ainda mais irado quando descobriu que Karine era de uma família rica de Caruaru que resolveu largar tudo e virar nômade. Instigado ainda por sua filha Danuzia e sua irmã Ana Patrícia, Karine foi despedida.

Apesar de ter perdido o emprego, Karine diz não se arrepender de suas pregações. Ate mesmo a mendiga Gabriella - uma ex-patricinha que perdeu tudo e virou mendiga -, discorda de Karine, pois Gabriella acha que o ser humano não deve idolatrar o dinheiro, mas não fazer do dinheiro um objeto maligno. 

Sílvia continua recusando pretendentes

Sílvia, a maluca sobrinha da deputada federal Sandra Valeria, segue sendo cortejada por vários homens em Lagoa da Italianinha. Apesar de usar uma roupa simples e andar descalça o tempo todo, ela chama atenção por ser muito bonita. Costuma ir para o Terminal Rodoviário geralmente pela manhã.

Um dos pretendentes é muito rico, de família tradicional da vizinha cidade de Vila Dourada. Mas ele ainda fez uma série de exigências:

- Você vai casar comigo, você tem que andar como madame pelas ruas, uma mulher elegante, vou te comprar uns sapatos...

- Pois guarde seus sapatos pra tu, cafajeste, eu sou desajeitada e sou pé sujo mesmo e não vou mudar porque tu quer, não. 

Sílvia recusou mais um pretendente, e a mãe Maria Bonyta entrou em desespero, pois achava o rapaz um excelente partido para Sílvia.

Joana chora a perda de um filho na guerra

O ano era 1945, e o centro de Vila Dourada, no agreste de Pernambuco, estava em festa para receber de volta os pracinhas que lutaram na Segunda Guerra Mundial. Ed, o dono da venda do sítio Maniçoba, foi presenciar o evento, ao lado de Maria Clara. Tal foi a emoção de Mônica quando recebeu seu filho Antônio Neto, que apesar dos momentos de alegria, estava atordoado pelo que passara nos campos de batalha no norte da Itália. Juntamente com Mônica, estava a italiana Giuliana, que trabalhava na casa dela. 

Maria Clara também ficou emocionada em rever seu amigo, depois de alguns meses nos campos de batalha. Pouco depois, a família Villegagnon foi chamada ao evento. Joana Villegagnon estava ali, com seus filhos Beatriz, Carlos, Dalva, Estêvão, Gustavo e a adotada Helena. Joana, nessa ocasião, já era viúva - seu esposo, o francês Jorge, havia morrido em 1942 -, além de ter perdido a filha Francielly dez anos antes, em 1935. 

Joana, já com 75 anos, estava na expectativa de rever seu filho mais velho Arnaldo, que havia partido para a guerra, também. Mas o militar lhe deu uma medalha, apenas. Joana disse, já ansiosa:

- Cadê meu filho?

- Ele morreu na guerra, durante a tomada de Monte Castelo. Por isso, estamos lhe dando essa medalha. 

Joana ficou chocada, ela começou a chorar, dizendo:

- Não é possível. Eu perdi já uma filha, agora vocês me levam o meu filho mais velho???? Seus monstros, seus monstros! Seus assassinos!!!!!

Joana praticamente se descontrolou, e teve que ser acalmada por sua filha Beatriz. Quando soube que Arnaldo havia morrido nos braços de Antônio Neto, ela se aproximou dele, e lhe deu um tapa, dizendo:

- Idiota, foi incapaz de salvar meu filho!

Mônica disse:

- Epa, no meu filho, a senhora não bate!

- Calma, mãe, calma - disse Antônio Neto. 

Joana foi embora para casa chorando muito, ao lado de seus filhos. Ed disse para Maria Clara:

- Veja isso, uma mãe chorando a perda de um filho que nada tinha a ver com uma briga entre os homens do poder. Ainda bem que o outro voltou com vida. 

- É verdade Ed... e eles poderiam brigar entre eles, não envolver os outros...

- Aprenda uma coisa, Maria Clara: a Humanidade está cada vez mais desumana. 

Guilherme sofre por um amor platônico

 Nas ruas de Lagoa da Italianinha, o mendigo Guilherme, um dos irmãos de Valdenes, anda sempre lado a lado com a mendiga Andreza, por quem nutre um amor platônico. Apesar de Andreza gostar muito dele, ela não o via como um futuro namorado, mas sim como amigo. Por um motivo simples: Andreza não quer mais se casar. 

Porém, quando Guilherme voltou a falar do assunto, Andreza ficou incomodada, e não andava mais com ele. A mendiga Patrícia soube disso e disse para ela:

- Guilherme gosta muito de tu, ele tá sofrendo. 

- Mas eu vou ficar longe dele, se ele insistir com essa ideia de casar comigo!

- Por favor, dê uma chance a ele - disse Patrícia. 

Andreza disse:

- A senhora é como uma mãe pra mim, mas não vou lhe escutar. 

Depois de muita insistência de Patrícia, no Pátio Verona, elas se encontraram com ele. Andreza disse:

- Vou te perdoar, Guilherme, e andar com você como andei com seu irmão quando ele vivia nas ruas. Mas quero que se esqueça dessa ideia de namorar comigo!

Guilherme apenas disse:

- Tudo bem...

Interrogatório no almoço

Certo dia, o casal Severino e Lia, recém-chegados de Surubim, estavam no sítio Mandacaru, com as filhas Aline Débora e Cyntia Fernanda. Convidaram Valdenes para almoçar. Não demorou muito e Valdenes chegou ali. 

Lia, já na mesa, começou a fazer muitas perguntas ao Valdenes:

- Tu trabalha?

- Sim, eu sou desenhista e estou trabalhando na escola de música do Eraldo. 

- Tu já morou nas ruas, não foi?

- Sim, até 2022, depois disso, fui morar no apartamento lá no Monte Castelo, perto da saída pra Jurema. 

- Aline me disse que tu anda descalço e toma banho de roupa feito ela, é verdade???

- Sim, senhora. Como pode ver, estou descalço nesse momento...

Lia disse:

- Olha, mocinho, espero que realmente tu seja um rapaz bom, visse?

- Claro que ele é, mãe. - disse Cyntia Fernanda. 

Severino disse:

- Eu gostei dele. 

Aline Débora disse:

- Ele é trabalhador, carinhoso e prestativo. 

Aline Débora estava sentada ao lado de Valdenes, eles quase se beijavam, mas Lia disse:

- Epa, vamos com calma! 

Apesar da aparente tensão, tiveram uma conversa alegre e feliz. Valdenes voltou para o centro da cidade no meio da tarde. 

O Filho de Mary Dee

Vivendo em Porto, Portugal, com sua filha Fátima, o idoso Manuel já tá pra fazer 95 anos, mas mesmo com a idade avançada, é um homem forte e costuma até mesmo participar de festas com danças típicas portuguesas. 

Manuel é filho da cantora Mary Dee, mas ele não conseguiu conviver direito com a mãe. Quando ele tinha apenas 6 anos, ela fugiu para o Brasil por conta do salazarismo, se instalando em Pernambuco, e ele ficou com os avós. Mas depois do fim da guerra, ele foi ao encontro de sua mãe, e viveu no Brasil até ela morrer. 

Fátima, que é viúva, passou a morar com o pai, também viúvo, e cuida dele. Fátima já passou dos 70 anos, mas mesmo assim, é uma mulher fina e elegante. Fátima também fala com orgulho de sua avó Mary Dee, a quem chegou a conhecer quando era bem jovem. 

Manuel e Fátima gostam de passear juntos pelas ruas de Porto. No caminho, Manuel gosta muito de relembrar de suas memórias, principalmente dos anos que passou no Brasil e também da sua mãe Mary Dee. 

As lutas de Suely

 Em Lagoa da Italianinha, o jeito excêntrico a corajosa juíza Suely costuma chamar atenção na cidade. Já faz uns dez anos que Suely decidiu raspar sua cabeça, e desde então nunca mais deixou seus cabelos crescerem, raspando-o de dois em dois dias. Com esse ato, Suely acabou inspirando algumas outras mulheres da cidade a fazer o mesmo e serem carecas. 

Suely, depois que se tornou juíza, passou a morar longe de suas irmãs - Myllena, Karoline e Ilene -. Morava sozinha até alguns dias atrás, quando sua filha, a também careca Sara, passou a morar com ela. Quando sua mãe ficou careca, Sara achou que sua mãe estava louca, mas mudou de ideia e decidiu também renunciar aos seus cabelos e ser careca feito ela. 

Suely se veste de forma elegante, com roupa azul elegante e sapatos, mas muitas vezes também anda descalça, inclusive nas ruas, quando não está trabalhando. Recentemente, inaugurou uma piscina em sua casa, onde costuma nadar. Suely é conhecida por sua coragem, tendo chegado até mesmo a mandar quatro vereadores para a cadeia recentemente. Ela enfrenta críticas por seu visual excêntrico e ameaças, mas Suely não se intimida. 

Não faz muito tempo que o deputado estadual Moab pediu a um desembargador para que Suely fosse exonerada do cargo de juíza por "ter traços de loucura". Mas o desembargador não atendeu ao pedido, e ainda se disse admirador da jovem juíza. 

Valendo lembrar que Suely também é cantora e gosta de cantar louvores. Evangélica, ela canta na igreja, embora alguns irmãos lhe torçam o nariz por conta do visual dela. 

Jean Pierre e Rosicler

Descendente de Jacilene, que viveu na época da Revolução Francesa, o jovem Jean Pierre parecia herdar ideias revolucionárias. Nascido em Lyon, mas crescido em Paris, Jean Pierre, nos anos 80, se encantou pela bela Rosicler, que viera de Nice. 

Para conseguir se casar com Rosicler, Jean Pierre enfrentou a oposição da família da moça. Com tudo isso, ele precisou tirar ela de casa para poder conseguir se casar com ela. 

Curiosamente, apesar da reprovação inicial, os pais de Rosicler, atualmente, se dão bem com o genro. Eles tiveram duas filhas: a rebelde Rosmar e a amorosa Audrey, que se tornou bailarina. Audrey gosta de dançar balé em lagos, nos arredores de Paris. A sua maior inimiga é a invejosa Eloysa, que faz de tudo para infernizar a vida não só da bailarina, mas da família dela. 

Juntos, Jean Pierre e Rosicler se orgulham da filha caçula Audrey, mas vivem tendo dor de cabeça com a filha mais velha, Rosmar, que é rebelde, e até se tornou amiga da maléfica Eloysa. Rosmar vive desafiando os pais e até namora um rapaz que é motivo de desgosto para Jean Pierre e Rosicler. 

De Pernambuco para Alagoas

Um certo dia, em Lagoa da Italianinha, Josinete, em sua barraca, lia emocionada uma mensagem de seu filho Jonas,que deixou a cidade desde 2016. A notícia que ele contou é que acabara de assumir o cargo de vereador na cidade de Serra das Ameixas, que fica relativamente perto, mas que já fica no norte de Alagoas. Trata-se de uma pequena cidade perto da divisa com Pernambuco, bastante antiga e florescida por duas famílias rivais, uma inglesa e outra espanhola. 

Jonas nasceu em Vila Dourada, mas cresceu em Lagoa da Italianinha, mais propriamente na comunidade do Alto do Cruzeiro, com sua mãe Josinete e sua irmã Morango. Jonas sempre foi muito humilhado, até por sua irmã mais nova, que é uma pobre com mente de rica. 

Por volta de 2013, Jonas se apaixonou por Nuzy, a filha da atual vereadora Kátia, mas ela a rejeitou cruelmente, chegando até mesmo a humilhá-lo várias vezes. Quando levou um fora humilhante dela, Jonas não se sentiu mais bem para ficar em Lagoa da Italianinha. 

Ele conheceu a bela alagoana Iolanda pelas redes sociais, e ela se demonstrava interessada nele. Foi quando Jonas partiu para Serra das Ameixas, cruzando a divisa entre Pernambuco e Alagoas. Jonas conseguiu pouco tempo depois um trabalho em uma rádio local.

O pai de Iolanda, o ex-vereador Arlindo, a princípio, não se agradou do romance de sua filha com o pernambucano, pela origem pobre dele. Mas começou a vê-lo com outros olhos quando ele demonstrou talento para a política. 

Não demorou muito para que Jonas ganhasse o carinho e simpatia do povo. Em 2020, ele se lançou candidato a vereador contra o favorito na eleição para prefeito, César. Jonas foi bem votado, mas ficou na primeira suplência. Mas com a renúncia do vereador titular por motivos de saúde, Jonas assumiu um lugar na Casa. E o jovem quer ir mais longe: seu sonho é ser prefeito da cidade que o acolheu. 

Angélica chega em Verona

Em Verona, a jovem jornalista Angélica chegou chamando atenção na cidade. Vinda da Toscana, ela já de cara despertou o interesse de seu colega de profissão Mário.

Angélica recebeu de cara a missão de entrevistar Alycia, a idosa de 93 anos que mora em Verona. Angélica se demonstrou interessada na história dela sobre os anos que ela passou no Nordeste do Brasil, em Pernambuco, quando seus pais fugiram do país durante a Era Mussolini.

Com a ajuda de Luciano, Angélica conseguiu alugar um apartamento para morar. Angélica se disse tão encantada com Verona que decidiu se estabelecer ali de vez. 

Cássia de molho

Durante os dias de carnaval, Cássia não foi vista pelas ruas de Lagoa da Italianinha. É que na realidade a maluquinha estava de molho, pois havia ficado doente e chegou até mesmo a ser internada.

Já recuperada, Cássia estava em casa, e foi consultada por Klebson, que disse pra Lúcia, a irmã dela:

- Cássia já tá recuperada. Mas espero que ela não invente mais de nadar em água poluída do rio, e ainda nem tirar a roupa depois desses banhos...ela precisa se reeducar.

- O problema é que Cassia é teimosa feito uma mula.

Enquanto isso, Niedja, a outra irmã, disse para Cássia:

- Olha, tu vive levando chuva, nadando em água suja no rio e no chafariz, se sujando de lama, fazendo xixi e cocô nas calças... Espero que agora tu não faça mais essas coisas.

- Pois eu continuarei fazendo tudo isso. Coisas piores fizeram comigo em 2002, traição. E eu nem quero falar disso.

- Você é quem sabe..

Tão logo pôde sair de casa, Cássia foi brincar na lama. 

A Preocupação de Myllena

 

As recentes notícias do campo político em Lagoa da Italianinha não agradaram a prefeita Myllena. Sabendo do lançamento da pré-candidatura de sua adversária Mimi, a prefeita descalça não perdeu tempo e marcou uma reunião urgente com alguns aliados: os vereadores Karoline - sua irmã e presidente da Câmara -, Kátia - futura candidata à vice-prefeita -, Josimar, Maria Isabel, Alba Valéria, Flávia Andréia e Vanessa. Mas não só eles. Foram chamados quatro pretensos candidatos a vereadores: Giovanna Victórya - filha da prefeita -, Mauricélia, Flávia e Valdenes, que foi convidado mas ainda não deu resposta. Marcella, a atual vice-prefeita, também estava na reunião. 

Myllena estava bastante irritada por duas notícias: uma dava conta de que ela perdeu o primeiro lugar para Mimi em uma pesquisa que estava para ser publicada. Myllena tem 85% de aprovação, e parecia ter a reeleição certa, mas com a entrada de Mimi, foi definhando. 

A outra notícia foi a saída do vereador Ari e de seu pai, o deputado federal Arinaldo, de sua base política, sendo que os dois agora apoiam Mimi. Myllena disse:

- Agora, mais do que nunca, eu preciso de vocês, não podemos esmorecer, agora vou avisando, quem quiser cair fora, caia logo agora, porque eu preciso de pessoas leais ao meu lado. Não vamos perder essas eleições, senão a deputada Sandra Valéria, aquela coronela, vai deitar e rolar! 

Todos ali juraram fidelidade à prefeita descalça. Em dado momento, ela chamou Mauricélia, Flávia e Valdenes em particular, para saber se eles aceitariam ser candidatos a vereadores. Os três aceitaram. 

Mimi lança pré-candidatura a prefeita

 

Em uma noite muito festiva, a Mimi foi lançada pré-candidata a prefeita de Lagoa da Italianinha em um salão de festas no centro da cidade, na praça 27 de Dezembro. O evento foi uma verdadeira pompa, trazendo pessoas do sítio, inclusive, mesmo sendo à noite. Estiveram presentes a deputada federal Sandra Valéria, os deputados estaduais Moab e Janayna, os vereadores Marco Aurélio, Wilon, Fagner e Kauan, mas a surpresa ainda estava reservada para o momento do evento. 

Mimi, pessoalmente, apresentou dois novos aliados: o vereador Ari e seu pai, o deputado federal Arinaldo. Eles haviam rompido com a prefeita Myllena, e decidiram, através de uma articulação do ex-prefeito Aenson, apoiar a ex-sem-terra careca. 

Mimi estava bem elegante, com um longo vestido vermelho, e sapatos caros, mas continuava careca, havia inclusive raspado a cabeça pouco antes de ir para o evento. Moab destacou que Mimi agora "tem apoio de todos os ex-prefeitos vivos de Lagoa da Italianinha": Arinaldo, Aenson, Moab, Jurandyr, Sandra Valéria e Janayna. 

No evento, foram muitas críticas à prefeita Myllena, a quem acusaram de "abandonar a cidade". Além deles, a empresária Jane, provável candidata a vice, também estava no evento, e ela chegou a dizer:

- Eu conversei com o presidente de um instituto de pesquisas do Recife, e ele me contou que na semana passada, Mimi estava apenas dois pontos atrás da atual prefeita. Mas hoje estive conversando com ele, e ele me disse que Mimi já passou a atual prefeita! 

Aplausos, e a plateia foi ao delírio. Sandra Valéria confirmou essa conversa, o que animou a militância. Mimi falou por último, e disse:

- Eu ia largar da política, eu tinha decidido largar. Mas convocada pelo povo a combater esse desmando que está essa atual gestão da prefeita descalça, eu decidi colocar meu nome à disposição do povo, e tenho certeza que estarei sentada a partir de 1 de janeiro de 2025 naquela mesma cadeira onde se sentaram Arinaldo, Aenson, Jurandyr, Moab, Sandra Valéria e Janayna, todos aqui presentes, cadeira agora que está sendo usada por uma arrogante, prepotente e anti-povo! Vamos à luta e à vitória!!!!!

Mimi foi muito aplaudida, depois, ela foi fotografada ao lado de seus aliados, e ainda posou para várias fotos, se tornando a estrela da noite. 

O Aniversário de Inalda

Ano de 1937, a artista plastica alemã Inalda, a judia, completava mais um ano de vida. Morando no Brasil desde 1915, Inalda vivia sozinha em uma mansão no sítio Maniçoba, interior de Pernambuco. Nessa época, Inalda já andava angustiada pela situação política do país onde nasceu.

A camponesa Maria Clara preparou para ela um simples bolo, e lhe levou. Inalda, emocionada, disse:

- Bom saber que alguém gosta de mim aqui...

- Aqui muitos gostam da senhora. 

- Sei não... Depois daquela situação política lá da Alemanha, as pessoas fecharam a cara pra mim. Só você, o Ed da venda e os italianos falam comigo. 

- Triste... Eu queria te dar um presente, mas sou pobrezinha...

- O maior presente que eu queria você não pode dar, aliás ninguém pode. Mas eu quero ver novamente a Alemanha respirando o ar da liberdade, e que o povo judeu, do qual faço parte, possa ser respeitado em todas as partes do mundo! 

- Que assim seja...

As duas se abraçaram, emocionadas.

Aline Débora é questionada

 Numa certa tarde, Aline Débora estava na floricultura onde trabalhava quando apareceram seus pais Severino e Lia, que vieram de Surubim. Aline disse:

- Que bom ver vocês!!!

Ela os abraçou, mas Lia disse:

- Nós ficamos sabendo que você anda aí com um tal de Valdenes, queremos saber quem é esse rapaz.

- É um amigo meu, mãe. 

- Mas essa amizade tá muito colorida pelo que me contaram. Ele trabalha? Faz o que da vida?

De repente, naquela hora chegou Valdenes, e Lia disse:

- Você que é o tal de Valdenes?

- Sim, sou eu.

- Eu sou a mãe de Aline Débora, sou neta de Giuliana, a italiana...

- Eu também sou neto de uma italiana, que bacana. 

- E porque tu anda assim descalço, moço?

- Oxe, eu gosto! 

- Me disseram que tu vive nas ruas. 

- Não, quem vive nas ruas é meu irmão que é teimoso feito uma mula. Eu moro num conjunto residencial Bella Ciao.

Lia disse:

- Quais suas intenções com minha filha?

- As melhores possíveis!

- Acho bom, porque o último que fez minha filha sofrer dei uma lição nele. Tenho sangue nordestino e sangue italiano correndo nas veias. 

Severino disse:

- Eu falei com Aline Débora, esse rapaz parece ser boa pessoa... olha, vamos ficar alguns dias aqui e teremos mais oportunidades pra falar com ele, Lia.

- Está bem!

Os pais de Aline Débora saíram dali, e Valdenes disse:

- Eita que ela fez muita pergunta.

- Ela me ama, é minha mãe. É natural dela!

O Casal de Verona

Uma das netas de Alycia, a jovem Ieza morava sozinha em um apartamento em Verona. Queria ficar perto da sua avó depois da ter passado tanto tempo em Veneza.

Mas pouco tempo depois, chegou um jovem de Trento, chamado Alessandro. Tão logo chegou em Verona, onde pretendia se estabelecer, acabou esbarrando com Ieza nas proximidades da ponte antiga. 

Durante algum tempo, Alessandro já estava interessado em Ieza, mas ela resistia por saber pouco da vida dele, já que ele viera de Trento. Alycia soube disso e aconselhou a neta a primeiro procurar saber a respeito dele para depois tomar uma decisão.

O tempo foi passando, e Alessandro tomou coragem e se declarou para Ieza. Ela já não resistia mais e aceitou o namoro. Ieza levou-o para conhecer a avó dela. Alycia disse:

- Sou daqui de Verona e morei no Brasil, lá em Pernambuco, e hoje tenho mais de 90 anos, mas sou forte e posso te dar uma pisa se tu fizer minha neta sofrer. 

- Nada disso, eu quero fazê-la feliz! - respondeu Alessandro.

Com o tempo e as bençãos de Alycia, Alessandro e Ieza se casaram e hoje são um casal feliz, e moram em Verona.

Izabel na rodoviária

Numa certa manhã de domingo, Izabel chegou na rodoviária, com uma muleta e o pé esquerdo enfaixado. Ela pediu um café, e Marlene perguntou:

- O que tu tem, Izabel?

- Torci o pé. Agora tenho que ficar com esse troço por um bom tempo.

- Vixe, deve ser chato isso....

- A dor me incomoda, e também o fato de eu ter algo no meu pé. Odeio sentir isso, eu gosto de andar sempre descalça, sem nada me prendendo, por isso nem tenho calçados. Mas pelo menos meu pé direito tá livre. 

Izabel contou com a ajuda de Marlene para se sentar e fazer o lanche. Ela disse:

- Mas acho que logo logo tiro isso. Tô até me sentindo melhor. 

- Tomara, Izabel, tomara...

Izabel passou um tempo ali tomando café. Veio Rúbia lhe pedindo esmola, e Izabel disse:

- Não tenho. Agora tu não está morando num apartamento, tu é até vizinha de Valdenes?

- Eu continuo pobre, querida. 

- Oxe, tu não me engana, não. 

Marlene viu a cena, e mandou Rúbia embora:

- Saia, não incomode minha cliente!

Rúbia saiu dali, irritada. Marlene disse:

- Ela é muito esperta sai assim suja pelas ruas pra dizer que ainda é mendiga e despertar pena no povo. 

- Uma malandra...

O Talento de Jacilene

 Em um tempo que as mulheres ainda não ocupavam os espaços que hoje ocupam, no final do Século XVIII, a francesa Jacilene se destacou tocando violino. Antes mesmo de se aventurar no Brasil, Jacilene participou de concertos na França e em lugares vizinhos, como o Sacro Império Romano Germânico.

Jacilene começou jovem a mexer com música, com apenas 15 anos, em 1767. Ela, porém, deixou de viver da música quando se transferiu para o Brasil, apenas tocando violino algumas vezes por hobbie. Estava mais preocupada com as agitações políticas da época - Revolução Francesa e Inconfidência Mineira - do que com sua carreira artística. Ela ainda retomaria sua carreira no começo do século XIX. 

Passeio na Praia dos Carneiros

Num certo domingo, Cyntia Fernanda foi dar um passeio na Praia dos Carneiros, sul de Pernambuco. Levou consigo sua irmã Aline Débora. Mas a pedido de Aline, Valdenes foi também para esse passeio.

Ao chegar lá, Valdenes - que usava roupa social -, queria entrar no mar, e disse pra Aline:

- Se eu entrar de roupa social na água, sua irmã vai achar que tenho parafusos soltos, não?

- Oxe ela nem liga. Vai na fé.

Valdenes caiu logo no mar. Cyntia Fernanda disse:

- Nadando de roupa social, vê só. 

- É o jeito dele...

Cyntia Fernanda disse:

- Eu gosto de pessoas que são diferentes e não vão agir como a maioria. Nem estou criticando ele, estou elogiando.

- Valdenes ainda se preocupa muito com o que os outros pensam, oxe. Ai dele se ele fosse inventar de tirar a roupa pra tomar banho e ser igual a maioria. Ele vai descalço pro trabalho e fica as vezes imaginando que alguém tá dizendo que ele é doido. 

- Ser autêntico é muito bom. Ele tem que ser feliz por isso. 

Aline Débora entrou - de vestido - e foi nadar junto com ele. Apenas Cyntia Fernanda usava traje de banho mesmo. Passaram o dia nadando ali. Por volta das 3 da tarde, depois de muito se divertirem, pegaram um carro de volta a Lagoa da Italianinha.

A Golpista Dardina

 

A mendiga Dardina é muito conhecida em Lagoa da Italianinha por ser uma golpista de marca maior, e que gosta de aprontar muito. Ela já andou com os mendigos Patrícia, Andreza, Guilherme, Renata e Gílson, além de Valdenes, que na época, ainda morava nas ruas. Dardina acabou sendo expulsa do grupo, e se tornou grande inimiga deles. 

Por vezes, Dardina é vista principalmente na rodoviária, onde fica pedindo esmolas para as pessoas que ali estão, sejam comerciantes, turistas ou transeuntes. Já foi presa várias vezes por estelionato. 

Apesar de ser considerada uma vilã, ela não goza da confiança de outros mendigos do mal, a exemplo de Sandra, Plácido, Iago, Eric, Moninha e Gigi. 

Dardina certa tarde, estava na rodoviária, pedindo esmolas na lanchonete de Marlene, quando Marlene disse:

- Ei, sai daqui. Não incomode os clientes!

- Oxe, dona, só quero uns trocados!

- Vaza, vaza!

Dardina saiu dali, com muita raiva. 

Margarete esnoba Waldo

Em Berlim, onde mora, a Margarete é o alvo do coração do jovem escritor Waldo, um dos quatro jovens que vieram morar recentemente na capital alemã. Mas Margarete não tem nenhum tipo de amor por ele, mas sim um sentimento de desprezo. 

Margarete trabalha no escritório de Wilhelm, o empresário de Milady e Ludmylla. Ela é trabalhadora, estudiosa e esforçada. Talvez tenha sido essas qualidades que tenham conquistado Waldo. Mas ela o trata com bastante frieza. 

Diariamente, ele costuma ficar nas proximidades do Portão de Brandemburgo, esperando pela sua amada vir do trabalho. Waldo, ao vê-la, sente muita ansiedade, e o coração batendo acelerado. E Margarete não lhe dá atenção nenhuma. 

Waldo se aproximou dela e disse:

- Tais bem?

Margarete disse, sem lhe olhar nos olhos:

- Tô. 

Waldo disse:

- Pois é, tava por aí, fazendo uns trabalhos, acho que daqui a pouco, vou dar uma chegada em Hamburgo...

Margarete disse, baixinho:

- Tomara que vá e fique por lá mesmo...

- Como disse?

- Nada. Olha, tô apressada, tá? Tchau!

- Tchau...

Waldo não gostou muito da forma de Margarete tratá-lo. Mais tarde, ele contou ao seu amigo Fritz, que lhe disse:

- Homem, tu nem tá sabendo se portar, deixe de tua besteira, essa moça nem olha nos seus olhos!