sábado, 17 de fevereiro de 2024

Joana chora a perda de um filho na guerra


O ano era 1945, e o centro de Vila Dourada, no agreste de Pernambuco, estava em festa para receber de volta os pracinhas que lutaram na Segunda Guerra Mundial. Ed, o dono da venda do sítio Maniçoba, foi presenciar o evento, ao lado de Maria Clara. Tal foi a emoção de Mônica quando recebeu seu filho Antônio Neto, que apesar dos momentos de alegria, estava atordoado pelo que passara nos campos de batalha no norte da Itália. Juntamente com Mônica, estava a italiana Giuliana, que trabalhava na casa dela. 

Maria Clara também ficou emocionada em rever seu amigo, depois de alguns meses nos campos de batalha. Pouco depois, a família Villegagnon foi chamada ao evento. Joana Villegagnon estava ali, com seus filhos Beatriz, Carlos, Dalva, Estêvão, Gustavo e a adotada Helena. Joana, nessa ocasião, já era viúva - seu esposo, o francês Jorge, havia morrido em 1942 -, além de ter perdido a filha Francielly dez anos antes, em 1935. 

Joana, já com 75 anos, estava na expectativa de rever seu filho mais velho Arnaldo, que havia partido para a guerra, também. Mas o militar lhe deu uma medalha, apenas. Joana disse, já ansiosa:

- Cadê meu filho?

- Ele morreu na guerra, durante a tomada de Monte Castelo. Por isso, estamos lhe dando essa medalha. 

Joana ficou chocada, ela começou a chorar, dizendo:

- Não é possível. Eu perdi já uma filha, agora vocês me levam o meu filho mais velho???? Seus monstros, seus monstros! Seus assassinos!!!!!

Joana praticamente se descontrolou, e teve que ser acalmada por sua filha Beatriz. Quando soube que Arnaldo havia morrido nos braços de Antônio Neto, ela se aproximou dele, e lhe deu um tapa, dizendo:

- Idiota, foi incapaz de salvar meu filho!

Mônica disse:

- Epa, no meu filho, a senhora não bate!

- Calma, mãe, calma - disse Antônio Neto. 

Joana foi embora para casa chorando muito, ao lado de seus filhos. Ed disse para Maria Clara:

- Veja isso, uma mãe chorando a perda de um filho que nada tinha a ver com uma briga entre os homens do poder. Ainda bem que o outro voltou com vida. 

- É verdade Ed... e eles poderiam brigar entre eles, não envolver os outros...

- Aprenda uma coisa, Maria Clara: a Humanidade está cada vez mais desumana. 

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