quinta-feira, 30 de novembro de 2023

A Missionária Flavinha

 


No ano de 1936, quando Lagoa da Italianinha ainda era o pequeno sítio Maniçoba, então município de Vila Dourada, a jovem Flavinha desafiou sua família e tornando-se evangélica, decidiu difundir sua fé entre as pessoas do sítio.

Flavinha era a irmã mais nova do coronel Jefferson, de Naná e da Maria José, essa, a única que a apoiou, apesar de não ter abraçado a fé de sua irmã. Na ocasião de sua conversão, por volta de 1932 - ainda antes da chegada dos italianos -, Flavinha morava com os três irmãos, além da cunhada Girlene - casada com Jefferson - e as sobrinhas Jennifer e Geovana, filhas dele.

Mas Flavinha foi expulsa de casa, e foi morar em uma casa simples perto da venda de Ed. Maria José decidiu ser solidária à Flavinha. Apesar de Maria José não concordar com o protestantismo, ela achou injusto o tratamento dado à sua irmã caçula e era contra qualquer perseguição por motivos religiosos. Naná preferiu ficar em casa, mas não se colocou contra Flavinha. 

Flavinha se tornou evangélica em um momento que naquele pequeno sítio tinha apenas católicos, com exceção da alemã Inalda, que era judia. Por isso, tal conversão causou muitas polêmicas na época. Mônica, a prima distante de Jefferson, proibiu Flavinha de pisar em sua casa, e Mônica, juntamente com Lady Andréia, desencorajava qualquer conversa de alguém com Flavinha.

O padre Francisco e a Irmã Renata Augusta ainda tentaram fazer Flavinha desistir da ideia de ser crente, mas foi em vão. Flavinha virou missionária e começou a pregar o evangelho. Mas as autoridades políticas de Vila Dourada interferiram proibindo aberturas de igrejas protestantes. 

Flavinha, apesar de ser muito perseguida, conseguiu abrir uma congregação no centro de Vila Dourada, e fazer o evangelho crescer na cidade. Flavinha viria a se casar e a formar uma família, sendo avó da atual prefeita Myllena, da juíza Suely, da atual presidente da Câmara Karoline e da empresária Ilene.

A Filha de Alycia



Em Siena, na Itália, vive dona Aurora, a filha de Alycia. Dona Aurora já tem 70 anos, e adota um filho, chamado Leonardo, que é uma criança. Alycia, que mora em Verona, tem 92 anos e visita sua filha com frequência, 

Dona Aurora é conhecida por ser muito rigorosa, e não deixa muito Leonardo sair de casa, a não ser para a escola. Leonardo, por sinal, gosta muito de sua coleguinha, Laura, mas ela não gosta dele. Aurora soube disso e ficou incomodada:

- Filhote, tu não acha que é cedo para pensar em namorar?

- Mas eu gosto dela, mãe...

- Mas não pode, filho, tu é muito novo pra pensar nisso.

Dona Aurora também adora contar histórias sobre sua mãe Alycia, sua estadia no Brasil e a cidade que homenageia Alycia - Lagoa da Italianinha -.

A Simplicidade de Inalda

 

A pintora judia alemã Inalda, que viveu no então sítio Maniçoba, atual Lagoa da Italianinha, até hoje é lembrada por sua humildade e simplicidade.

Mesmo quando morava ainda na Alemanha, Inalda esbanjava humildade e simpatia. Nascida em 1895 em família rica de Wittenberg, Inalda, quando era menina, tinha o hábito de fazer pinturas em papéis e dar flores para outras crianças, mesmo as mais pobres 

Ao chegar no Brasil em 1915, Inalda escolheu morar em um sítio no interior de Pernambuco. Ergueu uma mansão que embora não seja grande para os padrões atuais, tinha um grande destaque arquitetônico na época. 

Inalda, mesmo rica, costumava caminhar pelo sítio, e as vezes ia na venda de Ed. Algumas vezes ia na sede municipal da época, a cidade de Vila Dourada. 

Inalda ainda costumava andar de forma simples, com vestido longo, as vezes descalça e gostava de nadar em um lago próximo da sua mansão. Inalda cativou ainda amizade com uma camponesa pobre e humilde, a Maria Clara, a quem ensinou pintura e arte plástica, e que se tratavam como mãe e filha. Anos depois da Segunda Guerra Mundial, Inalda constituiu uma família, mas nunca abandonou seu jeito simples de ser. 

Cássia leva torta na cara

 


Numa certa tarde, em Lagoa da Italianinha, a Cássia estava deitada em uma calçada na praça 27 de Dezembro. Alguns pensavam que ela tinha passado mal, mas na verdade, ela estava cochilando, deitada no chão.

Quando ela se levantou, ela ia para a escola de música, quando ao chegar no local, viu Lara e seu primo Davi brigando por uma torta. Cássia se aproximou das crianças, dizendo:

- Não briguem, por favor.

Mas Lara arrancou a torta das mãos do primo, e sem querer atingiu o rosto de Cássia com a torta, de modo que o rosto e parte de sua blusa ficaram lambuzados. Lara disse:

- Me desculpe, moça, por favor, eu juro que foi sem querer, eu...

Cássia disse:

- Mas que desculpe o que??????Eu adoreeeeeeiiiii, quero levar mais.

- Mas só tínhamos essa torta, moça... - disse Davi.

- Ah, que pena. Quando tiverem uma, pode tascar no meu rosto, eu amooooo!!!!

Cássia foi pra escola de música, e Lara disse:


- Essa mulher tem uns parafusos soltos, né? Levou torta na cara, ficou suja, lambuzada e ainda achou bom...

- Lara, podemos ir ali comprar outra...

Cássia entrou na escola de música, e Valdenes disse:

- Oxe, o que aconteceu? Por que tu tá com o rosto lambuzado de torta?

- Levei torta de duas crianças, e isso me deixou feliz...

- Tu está feliz porque levou uma tortada?

- Oxe, se esqueceu que eu adoro me lambuzar, amigo? Não vou nem lavar meu rosto, de tão feliz que estou...

Cássia entrou, e Valdenes dizia:

- Essa não bate bem das cacholas, mesmo...

Marlene recebe proposta de Dani Cruel


Numa certa manhã, Marlene estava em sua lanchonete na rodoviária quando a vereadora Fafá apareceu e a chamou. Marlene deixou suas duas funcionárias Deinha e Santa, e foi acompanhar Fafá. 


Durante o trajeto, Fafá disse:

- Marlene, la na minha fazenda está a Dani Cruel. Já ouvisse falar dela?

- Sim, eu e ela já vivemos nas ruas juntas. Ela é perigosa. 

- Pois ela quer falar com você. 

Marlene disse, assutada:

- E o que ela quer falar comigo?

- Não se preocupe ela só quer te fazer uma proposta.

Chegaram na fazenda e Dani Cruel estava fumando, com os pés cruzados, com roupas curtas e descalça. Marlene disse:

- O que você deseja?

- Eu soube que tu vai se candidatar a prefeita. Vou te ajudar financeiramente na campanha. Mas tem um preço viu?

- Que preço?

- Digamos que eu quero apoio para meus "negócios". Essa prefeita atual andou mandando muito "policia" lá pra comunidade. E eu estou falando de uma grana boa.

Marlene disse:

- Dani, você tem uma liderança lá bem que ti podia ser candidata...

- Não quero. Melhor que ser política é mandar em político. Vou te dar um tempo pra pensar e aceitar a proposta. Só quero que saiba de uma coisa. Não mija fora do pinico comigo ok? E que não saia daqui essa conversa.

- Sim...

Dani Cruel ficou mais algum tempo e depois foi embora. Marlene disse:

- Tenho medo dessa mulher.

- Não precisa ter medo. É só não pisar nos calos dela... Se é que ela tem calo pois ela nem usa calçados... E ela já ajudou a eleger candidatos... Pense direitinho.

Professora Issa quer alfabetizar uma família

 


O ano era 1943. A professora Issa caminhava pelas ruas de Vila Dourada quando viu a Janaína, vendedora de frutas. Janaína era conhecida por ser muito pobre. 


Issa se aproximou de Janaína. Além de comprar algumas frutas, disse:

- A senhora sabe ler e escrever?

- Não...nunca pisei em uma escola. Nem eu, nem meu marido Jadilson nem meus filhos Jadiel e Jamile.

- Oxe, a senhora tem filhos? Eles nunca frequentaram uma escola?

Janaína disse:

- Jadiel ajuda o pai na agricultura e Jamile me ajuda em casa... Nem tivemos tempo nem dinheiro...

Issa disse:

- Que idades eles têm?

- Eles já são adultos...

Issa disse:

- Eu quero ensinar vocês a ler e escrever. Eu sou professora. 

- Bom aos filhos ne, porque eu já estou velha pra isso...

- Nada disso, senhora. Quero alfabetizar vocês quatro. Nunca é tarde pra aprender alguma coisa. 

Numa certa noite, Issa foi para a casa deles, uma cabana muito humilde. Ali, ela ensinava a família a ler e escrever. 

Silvana na rodoviária


A mendiga Silvana havia passado a noite dormindo na rodoviária de Lagoa da Italianinha e em dado momento, a mendiga Lua se aproximou e disse:


- Passasse a noite aí foi?

Silvana, que na hora estava fumando, disse:

- Passei sim. Não consegui uma esmola ontem.

- Oxe, vamos lá pra frente da Casa Lotérica tá lotada de gente.

Silvana disse:

- Ali eu não posso ir eu fui expulsa dali quando tentei roubar uma velha. Já disseram que se eu aparecer ali de novo eu vou presa. 

- Tá bom vou pedir umas esmola por lá e se eu pegar eu trago pra tu.

- Traz mesmo?

- Trago sim.

Lua foi pra Casa Lotérica enquanto Silvana ficou na rodoviária sentada. 

A Depressão de Valdinha


Nas ruas de Vila Dourada no ano de 1945, a mendiga Valdinha, que morava nas ruas com sua filha Rayane, era bastante conhecida e querida, mas muito evitavam se aproximar dela. Já idosa, com 64 anos, Valdinha usava ainda um mesmo vestido verde já bem sujo, de anos antes, andava descalça e estava ela mesma bem suja.
Lady Andréia, em dado momento, passou por Valdinha, e cuspiu, dizendo:

- Velha fedorenta!

O padre Francisco e a irmã Renata Augusta levavam comida para Valdinha e Rayane. Num determinado dia, o padre disse para a freira:

- Dona Valdinha tá numa situação triste, ela tá com um mau cheiro e parece nem querer mais tomar banho. Só a filha dela que vejo ás vezes nadando no chafariz da praça...

- Padre, parece que ela se entregou, mesmo. Eu tentei convencê-la a dar um banho nela, mas ela não deixou.

- Então, é lamentável, mesmo.

Valdinha sempre dizia que vivia nas ruas "porque merecia" e estava pagando por pecados passados, e recebendo "castigo"por eles. Num determinado dia, a alemã Inalda foi lhe levar comida, e ela disse:

- Dona Valdinha, porque a senhora não se limpa, não sai das ruas, a senhora tá muito deprimida...

- Ara, porque eu mereço! Eu fiz muitas coisas das quais me arrependo e estou merecendo este castigo.

- Eu me preocupo com sua filha Rayane, porque ela não tem casa e sofre ao seu lado.

Valdinha disse:

- Se tu quiser levar Rayane pra tua casa, pode levar. Mas eu não quero ir. Estou velha e não quero ser estorvo pra ninguém!

Inalda voltou triste para sua casa.

A ambição política de Myllena


Numa certa manhã, em Lagoa da Italianinha, a prefeita Myllena estava visitando algumas ruas da cidade e um dos populares disse:


- Myllena prefeita em 2024 e deputada federal em 2026! Desmantelo só presta grande!

Myllena deu um sorriso, mas evita falar publicamente sobre seus projetos políticos. Mas nos bastidores, a prefeita descalça sonha mesmo em alçar vôos mais altos. Ela conta isso apenas para sua filha Giovanna e sua irmã Karoline. Myllena diz:

- Tem aquele deputado lá do Espírito Santo que foi prefeito de Colatina ele vai para a Assembleia Legislativa de lá com jeans tênis , imagina eu em Brasília na Câmara dos Deputados indo descalça para lá. Ia ser massa e ia ajudar a quebrar esse tabu contra os descalços...

- Será que iam te deixar entrar? - disse Giovanna.

- Oxe, se não deixassem eu faria uma revolução.

Nos bastidores, conta-se que Myllena, caso seja reeleita prefeita, deverá não terminar seu segundo mandato, pois em 2026 renunciaria para ser deputada federal, num caminho parecido com o da sua adversária Sandra Valeria, que também saiu da Prefeitura para Brasília. Myllena tem tido muita preocupação com a escolha de um vice leal, e também tem se movimentado em outras cidades. Além do mais, ela anda querendo colocar sua filha Giovanna na política. Myllena não esconde que quer crescer na política. Quando era criança, a menina dos pés descalços chegou a dizer que queria ser "Presidente da República". 

Uma mendiga amada pelas crianças

 

A mendiga Gabriella, que tem uma história interessante, de ter sido uma pessoa muito rica, ter perdido tudo e ir morar nas ruas, além de se converter ao Cristianismo, e ser conhecida por sua extrema humildade, tem mais uma habilidade interessante em Lagoa da Italianinha: as crianças a amam. Isso porque a moradora de rua gosta de falar sobre a Bíblia na praça, com as crianças, e usa exatamente a linguagem delas.
Muitas crianças param para escutar a moradora de rua, e não são apenas as crianças mais pobres. Até mesmo Jefté, filho do deputado estadual Moab, gosta de escutar a mendiga.

Numa certa manhã, Gabriella estava na praça, e ali estavam algumas crianças, a exemplo de Jefté, das crianças nômades Lara, Luiza, Davi e Maria Júlia, entre outras. Gabriella disse:

- Vocês são o futuro da pátria, da nação, do mundo... por isso querem mexer com vocês. Mas saibam que Jesus ama as crianças, e delas é o Reino dos Céus.

Pouco depois, apareceu Danúzia, irmã de Jefté, e disse à ele:

- Mas o que tu está fazendo, menino?

- Estou ouvindo ela.

- Uma mendiga? Tu não tem juízo, não? Vamos embora, que tu tem mais o que fazer do que escutar uma mendiga suja descabelada e descalça falando fantasias!

Gabriella disse:

- Fantasias, pra você, mas a realidade é bem diferente, Danúzia. As crianças precisam escutar a Palavra!

- Perca de tempo! Temos que ganhar dinheiro, isso sim.

- Eu já fui rica feito você, Danúzia. Por isso, não te critico. Mas abra os olhos, senão pode ser tarde, e tu perder tudo por conta de prepotência a arrogância.

- Eu nunca vou perder nada, é teu sonho. Jamais. Vamos embora, Jefté.

Jefté protestou:

- Nada disso, eu quero ficar escutando ela!

- Bah! Tá bem, moleque. Depois se teu pai reclamar, não ache ruim!

Danúzia se retirou e Gabriella continuou a pregar para as crianças.

Partidos de oposição procuram gari

 

Os partidos de oposição contra a prefeita Myllena andaram procurando a gari Jessy, que é muito ativa e está liderando a Associação dos Garis de Lagoa da Italianinha. Querem que ela seja candidata a prefeita. 

O presidente do partido foi no apartamento onde ela mora, no mesmo lugar onde vivem ex-moradores de rua, no condomínio Luar do Sertão. Ele disse:

- Nós queremos que você seja candidata a prefeita!

Jessy tomou um susto e disse:

- Eu??????? 

- Sim, a senhora. 

- Mas, moço, eu mal sei ler e escrever, como vou ser prefeita aqui?

- Você tem ótimas chances para derrotar essa prefeita pé sujo, a Myllena. Inclusive, o deputado estadual Moab, meu amigo, disse que está disposta a lhe apoiar e vai convencer a deputada federal Sandra Valéria e a deputada estadual Janayna a lhe apoiar, também. Você é uma pessoa do povo. 

Jessy disse:

- Sei não, moço, sou muito amundiçada, acho difícil...

- O povo lhe quer na Prefeitura, Jessy. Por favor, não recuse a oportunidade de sua vida. Tenho aqui resultado de pesquisas que você tá muito bem brigando contra a prefeita.

- Sei não...

- Vou te dar dois dias pra responder. Pense direitinho. 

O político se retirou, e Jessy disse:

- Eu, prefeita? Acho que nem pra vereadora vou servir...

O Desabafo de Suely

 

Numa certa tarde, a juíza Suely estava no fórum, quando Ariane, sua secretária, disse:

- Tem um rapaz querendo falar com você. Um tal de Valdenes. 

- Mande ele entrar!

Valdenes entrou, e disse:

- Posso entrar descalço? 

- Claro que pode, não se importe, fique à vontade. 

Mas Valdenes estranhou o visual de Suely, sendo ela careca. Valdenes disse:

- Que mal lhe pergunte, a senhora...?

- Sim, eu tenho ótima saúde, Valdenes. Você morou nas ruas muito tempo e não me conheceu tão bem. Sou careca por opção. 

- Ah, tá... é que eu vim entregar um documento que o Eraldo, da escola de música, pediu...

- Pode deixar aí. 

Valdenes notou que Suely estava triste. Valdenes disse:

- Que mal lhe pergunte, sei que sou um pobretão pé no chão e a senhora é uma juíza importante... mas tô te notando triste. Desculpe, não gosto de ver ninguém triste. 

Suely disse:

- É que a pessoa luta, estuda Direito, entra na Magistratura com a intenção de fazer o melhor, de combater a corrupção neste país, e eu sou decepcionada. Os quatro vereadores que eu mandei prender foram soltos! Com tantas provas contra eles. 

- Puxa, eu soube. Que chato. 

Suely disse:

- Sabe o que me deixa mais chateada? É que agora está nas mãos do povo que eles fiquem sem mandato. Mas ao que tudo indica, eles deverão ser reeleitos. Um deles é sobrinho do deputado estadual. 

- Francamente, muita coisa errada nesse país... - disse Valdenes. 

- Bom, obrigada pelo documento que Eraldo mandou. 

- De nada, com licença! - Valdenes, dito isto, se retirou, e Suely seguiu na sua sala, pensativa. 

Gigi é reencontrada por sua família


Certo começo de tarde, na rodoviária, os irmãos Valéria, Vanessa, Bruna e Rafinha, além de Samuel, filho de Valéria, foram no local, pretendendo conversar com Gigi, moradora de rua.

Gigi é irmã deles, mas vive nas ruas e é viciada em drogas. Valéria, que trabalha como aeromoça e está em Lagoa da Italianinha, falou pra Gigi:

- Gigi, você está numa situação deplorável. Poxa, a gente quer o seu bem. Por que não procura um tratamento pro seu vício?

Gigi disse:

- Vou procurar...

Mas Gigi fingia que não escutava; estava descabelada, com um macacão e roupa suja, descalça e bastante suja e cheirando mal. Rafinha, que sofre de problemas mentais, ficou do lado de Bruna, pois tem medo de Gigi.

Samuel disse:

- Tia Gigi, sai dessa vida de sofrimento.

Gigi se levantou e disse:

- Com licença...

Gigi saiu dali. Vanessa disse;

- A verdade é que Gigi não quer largar o vício. E ela quer ficar morando nas ruas porque sabe que com a gente ela não estaria assim.

Vereadores são soltos

 

Depois de nove dias presos, os vereadores de Lagoa da Italianinha, Marco Aurélio, Diego, Fafá e Goy, além de Michele, assessora e irmã de Marco, receberam habeas corpus e foram soltos para responderem o processo da corrupção na Câmara em liberdade.

Os quatro vereadores concederam uma entrevista coletiva ao chegarem em Lagoa da Italianinha, jurando inocência. Danuzia, a advogada, estava do lado deles. 

Diego e Goy, que são da base da prefeita Myllena, se sentiram abandonados por ela, achando que ela não tinha feito nada em defesa deles. Mas havia uma diferença: Diego pretendia romper com Myllena e migrar para a oposição, enquanto a Goy queria, apesar de desapontada, permanecer na base aliada, pois ela sabia que Myllena é a grande favorita na sua disputa pela reeleição.

Já Marco Aurélio ingressou com um pedido de processo contra a juíza Suely, que ordenou sua prisão. Marco disse claramente que "não vai descansar enquanto a juíza careca não perder seu cargo". 

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Café da manhã pra mendigos


O ano era 1987. Em Lagoa da Italianinha, na frente da casa de Selma, dormia a mendiga Deza. Nessa época, Deza já era adulta e vivia nas ruas. O menino de rua Valdenes, que tinha apenas cinco anos, também se aproximou e disse:

- Tem café dona?

Deza respondeu:

- Ta me vendo com café aqui, pirralho?

Nessa hora, Selma estava ao lado do seu pai Arthur, que levaria as pequenas gêmeas Wellia e Malu pra escolinha onde elas estudavam. Elas eram filhas de Selma e netas de Arthur, o italiano.

Malu viu Deza e Valdenes e disse:

- Vovô, deixa eles tomar café na nossa casa. 

- Mas Malu ninguém sabe quem são eles.

Wellia disse:

- Isso é uma vagabunda e um maloqueiro.

Deza disse:

- Ela, pirralha, dobre a lingua pra falar de mim. 

Selma disse:

- Eu vou preparar café pra vocês dois.

Arthur foi levar as netas na escola, e Selma serviu o café a Deza e ao pequeno Valdenes. Pouco depois, os dois foram embora. Valdenes foi para a frente do colégio. Já Deza foi tomar banho no chafariz da praça. Detalhe: esse seria o último banho que ela tomaria até 2023. 

terça-feira, 28 de novembro de 2023

Passeio em Verona

 

Certa tarde, Alycia decidiu dar um passeio pela cidade de Verona, onde vive. Ela foi com sua bisneta Nicolly Hanna e com dois vizinhos, o Luciano e a Bela. 

Luciano, por sinal, implicou com Bela porque ela estava descalça. Luciano disse:

- Bela, ficasse doida? Andando descalça?

- Ué, deixa. Eu gosto e me sinto bem...

Alycia, com seus quase 93 anos, gozando de saúde e segurando bengala, disse:

- Deixe ela. Eu mesma aconselhei que ela faça o que a faz bem.

- Só espero que no restaurante onde vamos Bela não seja barrada. 

- Não vai ser. - disse Nicolly Hanna. - eu conheço o dono ele é super gentil.

 Chegaram no restaurante e deu tudo certo. Bela, mesmo descalça, não foi barrada. Em dado momento, Alycia disse:

- Eu quero ir no Brasil em breve, lá em Lagoa da Italianinha. Disseram que meu eterno amigo Antônio Neto é vivo e tem 98 anos já. Vim pra Itália em 2001 e não vi mais ele. Vi a Bela com os pés no chão me lembrei dele que ele também só vivia assim.

- Será que vamos poder ir com a senhora? - perguntou Bela.

- Bom, estou fazendo o possível pra levar vocês três. 

Nicolly Hanna ficou feliz. Eles lancharam ali e permaneceram passeando até a noite. 

Giovanna Victorya volta pra casa


Depois de passar várias horas entre os moradores de rua, Giovanna Victorya foi tomar um café na rodoviária ainda como "Vaninha". Ela não foi reconhecida na lanchonete de Marlene. Além de estar muito suja, com uma roupa encardida e descalça, Giovanna Victorya estava com uma peruca e tinha coloca um sinal no seu rosto.

Ela foi até a casa de uma amiga onde havia guardado seu vestido e suas sapatilhas. Giovanna tomou banho e se vestiu normalmente. Ela pegou o carro que havia guardado e foi até a Prefeitura falar com sua mãe, a prefeita Myllena.

Ao chegar lá, Myllena ficou feliz em ver sua filha novamente salva. Giovanna disse:

- Mãe, não foi fácil, e essa noite eu dormi na rua, ainda por cima uma chuva caindo. Eu consegui acordar antes dos outros e ir pra rodoviária tomar café. Marlene nem me reconheceu.

- Filha, e essas horas tu descobriu alguma coisa?

- Mãe, a Dani Cruel quer mesmo te matar. Eu a vi falando isso. Ela falou na minha frente sem saber que era eu. E essa turma do mal pratica venda de entorpecentes, imagina que eu vi uma mendiga, a Gigi, que é viciada, ela teve overdose na minha frente.

- Ninguém te reconheceu não, ne filha?

- Não. Eu me disfarcei o máximo que pude. 

- Vai fazer o que agora?

Giovanna pegou um microfone pequeno que carregava consigo e disse:

- Eu fiquei com esse microfone o tempo todo escondido. Gravei muita coisa. Vou levar na polícia. 

- Ta certo filha. Mas muito cuidado. 

- Certo. Vou pra casa descansar esse dia de ontem foi adrenalina pura. 

- Tá certo. 

Izabel entra na Sociedade dos Pés Livres


A convite de Valdenes, a Izabel foi levada para a Sociedade dos Pés Livres, grupo reduzido que reúne os "descalços" de Lagoa da Italianinha. Vanessa, a vereadora, fotógrafa e presidente provisória da Sociedade, perguntou:

- Você é uma descalça convicta ou só de vez em quando?

Izabel disse:

- Sou convicta, sou pé no chão, sou pé sujo mesmo. Não uso calçados. Primeiro foi por conta de problemas da coluna eu andava de muletas mas depois tomei gosto e já faz tempo que joguei os calçados fora. 

Vanessa disse:

- Gostei da firmeza. O bom é que você está em uma cidade menos preconceituosa com isso. Até uma descalça chegou na Prefeitura, a Myllena, e eu consegui ser vereadora.

- Ótimo.

Vanessa pegou os dados de Izabel e após assembleia rápida, ela foi aceita na Sociedade. 

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Giovanna Victórya entre os mendigos

 

No meio dos moradores de rua e usando o nome de "Vaninha", Giovanna Victórya, a filha da prefeita Myllena, segue corajosamente investigando a quadrilha que incomoda sua mãe. Era noite, por sinal, chuvosa. Giovanna estava no meio da chuva, com peruca, suja, com roupas sujas e rasgadas e descalça. Ela estava do lado das mendigas perigosas Moninha e Priscila. 

Plácido, em dado momento, perto da praça, se aproximou das três, e ele disse:

- Gigi tá ali querendo uma coisa dessas, quem vai levar?

Giovanna não quis levar. Mas Moninha disse:

- Por que tu não leva, Vaninha? 

- Eu????

- Oxe, tu dissesse que gosta de adrenalina. 

Priscila disse:

- Deixa que eu levo!

Gigi pegou a mercadoria e começou a fumar; a mendiga Gigi sofre com o vício, e em dado momento, ela quase desmaiou por conta de uma overdosa. Giovanna observava sem poder fazer nada. 

Enquanto isso, sua mãe, a prefeita Myllena, dormia em casa preocupada com Giovanna no meio da rua. Temia que sua filha sofresse algum mal. 

Um Encontro Casual


Na cidade de Filadélfia, na Pensilvânia, a jovem Paloma Kassandra, historiadora, se dedica a estudar sobre a vida do militar Ellyson, seu avô que lutou na Segunda Guerra Mundial. Sua mãe, Eliete, que é filha da Ellyson, sempre apoia a filha.

Certo dia, Paloma andava pelo centro de Filadélfia quando tombou com Márcio. Ele disse:

- Me desculpa!

- Tudo bem. Eu estou aqui fazendo umas pesquisas de História...

- Sério? Eu também sou historiador.

- Nossa. O que você pesquisa?

- Pesquiso muito sobre a biografia dos presidentes americanos, especialmente George Washington, Thomas Jefferson, Abraham Lincoln, Theodore Roosevelt, Franklin Roosevelt, John Kennedy...

- Muito interessante. 

- E você o que pesquisa?

- Na verdade minha pesquisa é mais pessoal, eu pesquiso sobre meu avô paterno Ellyson.

- Muito interessante. Vamos tomar um café juntos? Meu nome é Márcio.

- Eu me chamo Paloma Kassandra.

- Muito prazer em te conhecer.

Eles foram tomar um café e trocavam ideia sobre a História dos Estados Unidos em geral.

Frente a frente



Numa certa tarde, em Lagoa da Italianinha, duas mendigas se dirigiram ao Alto do Cruzeiro. O mendigo Plácido havia mandado-as la. Na realidade, apenas uma era mendiga: a Moninha. A outra era Giovanna Victorya, filha da prefeita Myllena. Acontece que Giovanna estava disfarçada de mendiga usando o nome de Vaninha.

Elas subiram uma escadaria e chegaram na casa de Dani Cruel, que lá estava com as comparsas Yellow e Cristiane. Dani Cruel disse:

- E aí, maloqueira? Veio buscar a encomenda?

- Sim. Plácido pediu. 

Dani Cruel deu um pacote para Moninha. Mas em dado momento, Dani Cruel disse:

- Quem é essa que veio com tu? Parece mais suja que você. 

Giovanna Victorya disse:

- Eu sou Vaninha. Eu moro nas ruas e adoro adrenalina. 

De repente, apareceu Marlene ali, que disse:

- Dani Cruel, quero falar com você. 

Giovanna, disfarçada de mendiga, ficou impressionada ao ver Marlene ali. Dani Cruel disse:

- O que tu quer?

- Precisamos conversar a sós.

- Não tenho nada pra conversar. Aliás a polícia já tá nos investigando porque eu quero acabar com a prefeita Myllena. E se tu vir aqui vai despertar mais desconfiança ainda.

Dani Cruel se aproximou das duas mendigas (ironia) e disse:

- Podem vazar!

Giovanna Victorya disse:

- Queria tomar água pode ser?

- Ara! A água aqui é ruim vou logo dizendo. Cristiane, pega água pra essa mendiga.

Cristiane serviu água e Giovanna Victorya bebia a água tentando descobrir algo de Dani Cruel. Mas não teve jeito. Ela terminou de tomar água e Dani Cruel disse:

- Saiam daqui. Agora!

Moninha e Giovanna "Vaninha" saíram dali. Yellow disse pra Dani Cruel:

- Dani, eu não fui com a cara dessa mendiga.

- Qual das duas?

- A que apareceu agora, a de saia. Essa tal de Vaninha. Achei ela estranha e não merece confiança.

- Deixa pra lá. Agora fica vigiando que vou conversar com Marlene.

Tempos Difíceis


O ano era 1990, e durante uma aula no Colégio Professora Issa, a aluna Jucilene tinha passado mal de tanta fome. Ela foi socorrida por suas colegas Myllena, Malu e Teane.

Jucilene disse a professora depois que se recuperou:

- Sou de família pobre, sofremos muito com falta de água, a gente tá sofrendo, minha irmã mais nova Celinha tá chorando muito. E meus pais estão falando em ir para São Paulo em breve...

Myllena disse:

- Poxa, vai não...

Ainda suportaram três anos. Em 1993, com o agravamento da seca no Nordeste, Jucilene e Celinha se mudaram para São Paulo, onde moram até hoje. Jucilene tem uma lanchonete, e Celinha é sócia de uma empresa. 

Convidadas para o almoço


Numa certa tarde, no sítio Maniçoba em 1937, Janaína, que vendia frutas nas ruas de Vila Dourada, chegou em sua humilde casa de taipa com a mendiga Valdinha e sua filha Rayane, também menina de rua.

Jadilson, o marido de Janaína, as recebeu bem. Já os filhos Jadiel e Jamile tiveram redações diferentes: enquanto Jadiel também foi gentil, Jamile ficou incomodada. Ela disse pra mãe:

- Poxa, mãe, como a senhora traz uma moradora de rua toda suja e fedida que a senhora nem sabe de onde é?

- Filha, mais respeito. Eu a conheço sim e muito bem!

Valdinha e Rayane almoçaram, felizes. Janaína disse:

- Desculpa se minha casa é tão pobre...

Valdinha disse:

- Oxe, dona, quem sou eu pra reclamar? Eu moro na rua! Nem casa tenho.

Jamile, apesar de incomodada, também tratou bem as mendigas. Depois do almoço, Janaína voltou pra Vila Dourada pra vender as frutas, ao lado das mendigas Valdinha e Rayane. 

Movimento na escola de música


Em dia bem chuvoso em Lagoa da Italianinha, estavam na escola de música, além de Eraldo, Valdenes, Ana Karina, Izabel, Josy e a índia Elly, a Jad, irmã de Valdenes.

Vale ressaltar que Valdenes havia acabado de chegar, e levou uma chuva forte. Estava todo encharcado. Eraldo disse:

- Tais todo molhado hein? 

Valdenes disse:

- Tem problema não. Eu tomo banho de roupa mesmo...

Izabel disse:

- Oxe tais doido? Toma banho de roupa? Tais feito esquizofrênico é?

- Oxe, eu gosto e me sinto bem.

Jad disse a Izabel:

- Meu irmão toma banho assim é o jeito dele ele gosta. Não vejo loucura nisso.

- Pois pra mim é loucura. Nem em praia eu uso roupa de banho. Já fui até em Tambaba.

- Pois nesse lugar eu nunca vou mesmo.

Izabel disse:

- Pois vou te fazer tirar a roupa pra tomar banho.

- Oxe eu te molho de vestido mesmo!

Eraldo disse:

- Oxe vão brigar por isso? Cada um tem seu jeito de ser e pronto! 

Ana Karina disse:

- Também acho que cada um tem seu jeito e vamos respeitar. 

Visita a Maria Clara


Defronte a uma pequena escola, saiu um ônibus para visitar a casa da Maria Clara, lendária camponesa descalça. O ano era 1988. A frente do educandário, um menino de rua, de apenas 6 anos, viu tudo. Era o Valdenes. Myllena, uma das alunas, disse:

- Deixe ele ir com a gente. 

- Mas ele...

- Deixa, vai...

Ali, pequenos alunos e a professora foram até a casa. Encontraram Maria Clara, com uma bengala, ainda simples e descalça. Já tinha 70 anos mas estava muito abatida desse que foi presa pelo regime militar, em 1973. 

Sua filha Leda estava ali, recebendo a professora e os alunos. Entre os alunos estavam Eraldo, as gêmeas Wellia e Malu, o Eugênio, o Joni von, as gêmeas Taline e Teane, as irmãs Josiane e Danuzia e as irmãs Myllena, Suely, Karoline e Ilene, além do menino de rua Valdenes.

Maria Clara, mesmo fraca e doente, conversou com as crianças, e até beijou cada uma delas. Maria Clara disse:

- Já fui criança como vocês hoje estou velha. Sejam sempre pessoas corretas e direitas. 

O local ainda era uma zona rural, próxima da cidade. O bairro mais próximo era o pequeno loteamento Monte Castelo, que ainda estava nascendo. No ano seguinte, no mesmo lugar, a casa foi doada para a Prefeitura, e ali se iniciou a construção do Loteamento Maria Clara. 

Wellia vê Vinícius e Malu juntos


 Numa certa manhã, Wellia pegou seu carro para ir para sua agência de publicidade. Quando estava fazendo uma compra antes de ir para a agência, Wellia viu uma cena que a deixou irritada. Viu sua irmã gêmea Malu com o Vinícius, aos beijos.

Wellia gritou e disse:

- Mas o que significa essa pouca vergonha?

Vinícius disse:

- Pouca vergonha nada! Eu amo sua irmã Malu.

- Para com isso. Você ama a mim, eu sou o amor da sua vida!

Malu disse:

- Não seja ridícula. Você nos separou, ele sempre me amou!

Wellia disse, já nervosa:

- Ah, mas isso não vai ficar assim não. Vocês não vão ficar juntos. Eu vou tornar a vida de vocês dois um inferno!

- Para com isso, Wellia. - disse Vinícius.

- Não vou parar. Não vou admitir perder meu amado ainda por cima para essa sonsa!

Wellia saiu dali, pegou o carro e saiu em alta velocidade. Vinícius e Malu se abraçaram.

Giovanna resolve se disfarçar de mendiga

Determinada a investigar a quadrilha que anda incomodando sua mãe, a prefeita Myllena, Giovanna Victorya tomou uma medida bem radical. Ao saber que alguns moradores de rua de Lagoa da Italianinha conheciam Dani Cruel, a malvada que quer eliminar Myllena, Giovanna decidiu se vestir como mendiga e passar a andar ao lado dos moradores de rua.

Apenas Myllena sabia disso, mas ficou bastante preocupada. Para disfarçar, Myllena inventou uma viagem de Giovanna. Enquanto isso, Giovanna Victorya arrumou uma blusa e uma saia sujas, uma peruca descabelada e se sujou com carvão. Até deixou suas sapatilhas de lado e andava descalça. 

O plano de Giovanna era ficar o dia inteiro pelas ruas e até passar a noite com os mendigos. 

Logo de manhã, ela estava tão disfarçada que não foi reconhecida. Ela logo se aproximou da mendiga Moninha, uma das mais perigosas. Giovanna disse:

- Ola, muita esmola hoje?

- Oxe, quem é tu, maloqueira?

- Desculpa sou nova aqui. Me chamo Vaninha moro nas ruas e gosto de umas adrenalinas...

- Hum, já me agradou. Bora vou te apresentar para uma turma. 

- Bora.

Moninha levou Giovanna para os mendigos Plácido, Sandra, Iago, Eric, Silvana, Priscila, Gigi e Lua. Sandra disse:

- Quem é essa maloqueira?

- Me chamo Vaninha. Gosto de adrenalina.

- Pois venha pra cá já que tu gosta de adrenalina tem muita coisa hoje pra aprontar aqui no centro da cidade. Tem umas carteiras pra bater... E mais tarde temos encomendas pra pegar...

- Está bem... - disse Giovanna, já um pouco assustada.

 

Cássia brincando na chuva


Voltou a chover forte em Lagoa da Italianinha e quem estava lá na rua novamente? Cássia, que ao ver a chuva cair saiu de sua casa e foi se divertir na chuva.

Ela estava com uma blusa cinza, calça jeans e tênis branco, mas que estavam meio rasgados. 

Ela viu uma queda de água em uma casa e chegou a ficar embaixo, se encharcando mais ainda. Algumas pessoas riam dela, dizendo:

- Coitada, foi chover, a doida saiu da toca. 

Mas Cássia se fazia de surda e se divertia na chuva que caía forte. 

O primeiro dia de Izabel na escola de música

 

Chegou a segunda-feira e Izabel, depois de ter sido convidada por Eraldo, passou a trabalhar na escola de música dele, onde também estavam o desenhista Valdenes, a secretária Josy e a professora Ana Karina.

Izabel, que usa um vestido preto elegante e anda sempre descalça, ficou muito impressionada com o Valdenes, o outro descalço da escola. Valdenes, por sinal, convidou Izabel para fazer parte da Sociedade dos Pés Livres, e Izabel aceitou o convite.

Em dado momento, Josy estava almoçando, Eraldo havia ido ao banco e Ana Karina ainda não chegara. Izabel e Valdenes estavam sozinhos na escola, e Valdenes desenhava em sua prancheta. Izabel disse:

- Me desenha.

- Hum... Quer que desenhe como?

- Do jeito que sou...

Valdenes disse:

- Vou te desenhar, mas coloco uns sapatos em você...

- Se me desenhar de sapatos, eu te quebro em dois. 

Valdenes riu e disse:

- To brincando eu jamais faria isso. Sou um defensor dos pés livres assim como você.

Izabel deu um abraço em Valdenes, que ficou surpreso. Mas pouco tempo depois, Eraldo chegou. Ele disse:

- Interrompi alguma coisa?

- Nada, absolutamente nada. - disse Izabel.

- Está bem...


Patrícia e Priscila brigam na rodoviária


Numa certa manhã, no Terminal Rodoviário de Lagoa da Italianinha a tranquilidade foi quebrada com a briga entre duas mendigas. Patrícia e Priscila estavam gritando uma contra a outra. Patrícia, que é corcunda e usa uma bengala improvisada, chegou a dar uma cacetada em Priscila, dizendo:

- Me respeita bandida safada eu tenho idade pra ser sua mãe. 

- Velha nojenta! Você me paga!

- Não tenho medo de você, Priscila. Se seus pais não conseguiram te educar para o bem, o mundo te educa. Você pensa que pode roubar as pessoas e fica por isso mesmo?

Priscila disse:

- Eu te odeio! E tu se mete na minha vida tu vai pagar por isso!

Marlene e suas funcionárias Santa e Deinha observavam de longe a briga. Pri também observava na lanchonete menor. A confusão havia começado por que Patrícia flagrou Priscila tentando roubar uma pessoa idosa, e a impediu que ela praticasse tal ato. 

domingo, 26 de novembro de 2023

Izabel é convidada pra escola de música


Depois de terem chegado da Cachoeira Sol Nascente e de terem almoçado em suas casas, Eraldo foi com Valdenes visitar sua vizinha Izabel, que mora no Loteamento Maria Clara. O motivo é que ele pretendia convidá-la para que ela fosse para sua escola de música. 

Chegaram na casa de Izabel, e ela disse:

- Bem vindo, amigo Eraldo. Quem é esse seu amigo?

- Ele se chama Valdenes, mas ele pode entrar? Ele está descalço. 

- Oxe, pode sim, eu só vivo descalça, também. 

Eraldo e Valdenes entraram, e Izabel serviu um café para os dois. Eraldo disse:

- Izabel, fiquei sabendo que você enfrentou muitas lutas muitas barras, mas você é ótima em dança e instrumentos de percussão. Eu quero você na equipe lá da escola. 

- Mas... por que eu????

- Porque você é talentosa, precisávamos de alguém como você. 

- Obrigada, mesmo. Aliás, eu posso ir descalça pra lá, não posso?

- Mas claro que pode. Valdenes também vai assim pra escola. 

Izabel disse:

- Quem é você, Valdenes?

Valdenes disse:

- Eu morei nas ruas até o ano passado, mas hoje moro aqui no Loteamento Monte Castelo, eu sou neto de um pracinha que lutou na guerra, que é um nordestino da gema, uma italiana e também sou filho de índia. 

- Eu também sou descendente de índios. - disse Izabel. 

- Interessante. 

Izabel disse:

- Quando posso começar, Eraldo?

- Amanhã, mesmo. 

- Eu irei com o maior prazer. 

- Já sabe onde fica a escola?

- Sim, sei, perto da Câmara de Vereadores. 

- Ótimo. 

Izabel ficou feliz ao ser convidada. No meio do caminho, Eraldo disse:

- Essa mulher é uma guerreira, passou muito mal pedaço. Mas ela é vitoriosa. 

- Percebi, ela me parece ser muito simples e aguerrida - disse Valdenes. 

- Com certeza. 

Karine vira empregada doméstica

 

Apesar de odiar e abominar o dinheiro, a missionária Karine não pôde evitar se render a necessidade dele, pois suas contas começaram a apertar dramaticamente.

Karine viera de uma família rica de Caruaru, mas ao se converter ao Cristianismo, jogou tudo para o alto. Como consequência, foi deserdada pela sua família. 

Apesar disso, Karine não se arrepende da decisão que tomou. Mas ela precisava de um trabalho. Foi quando falou com Natália, a filha do deputado estadual Moab. Por coincidência, a empregada de Moab havia pedido dispensa para trabalhar em Natal.

Foi quando Natália disse:

- Você sabe fazer comida, limpar casa, essas coisas?

- Sei sim!!!!

- Então vou falar com meu pai pra tu trabalhar lá em casa. Tem um horário e você é trazida de carona pra pensão onde tu tá morando.

- Eu topo!

Karine, em pleno domingo, foi apresentada ao Moab. Apesar do político ter tratado bem a missionária, ela se deparou com uma família complicada. Além do Moab, seus filhos: a depressiva Josiane, a malvada Danuzia, a rebelde cadeirante Cíntia, a própria Natália, que é crente mas foi deserdada pelo pai por isso, e o pequeno Jefte. Ainda na mesma casa três irmãos do deputado: o Andy, a divertida Nininha e a desequilibrada Ana Patrícia.

Karine fez um almoço delicioso que todos aprovaram. Moab aprovou e resolveu contratar Karine.

Mas Karine de cara teve que ouvir desaforos de Danuzia, que a chamou de "maloqueira" e "descalça suja". Mal sabia Danuzia que Karine vinha de uma família muito rica...

Pri e Ellen


 A ex-moradora de rua Ellen estava na rodoviária, solitária. Em dado momento, Pri, que trabalha na lanchonete menor, saiu e deu um café a ela, dizendo:

- Toma aí Ellen, é por conta da casa. 

- Obrigada!

Pri disse:

- Ellen, não é por nada não... Já morei nas ruas feito você. Mas por que tu não toma banho? Tu anda assim tão suja...

- Oxe, eu gosto de ser suja.

- Mas lá no prédio onde moramos reclamam de você.

- Se eu souber quem fica falando mal de mim, eu faço cocô na porta dele. Ora a vida é minha e ninguém tem o direito de se meter

- Bom, você é quem sabe... Mas fica a dica.

Domingo na Cachoeira

 

Um domingo muito ensolarado e as pessoas de Lagoa da Italianinha lotavam a Cachoeira Sol Nascente, na saída para Vila Dourada. Nessa manhã, apareceram ali Eraldo, sua esposa Judilane, Jaíne, Valdenes, Ana Karina e a jornalista Luz. 

Jaíne disse:

- Milagre é ver Valdenes de sapatos, ele que só "veve" descalço...

- Mas é porque ele vai pra cachoeira, quando tu ver ele de sapatos, é pra tomar banho mesmo... - disse Judilane. 

- Oxe, esse maloqueiro é doido, toma banho com roupa, sapatos...e anda descalço por aí - disse Jaíne. 

Todos ali com seus trajes de banho, menos Valdenes, entraram na água e foram se divertir na cachoeira. Apenas Ana Karina estava com um vestido. Luz viu Valdenes nadando e disse pra Ana Karina:

- Oxe, ele com roupa social, sapatos, nadando?

- Ele é assim mesmo... 

Apesar de na cidade alguns terem o hábito de se banharem vestidos, Valdenes levava nome de "matuto" e "maluco" de alguns que ali estavam, mas ele se fazia de surdo. 

Pouco depois, apareceram as freiras Irmã Alcineia e Irmã Elvira, que foram fazer uma visita no local. Irmã Elvira disse:

- Esse local é muito bonito, madre. 

- Aqui a Irmã Renata Augusta gostava de contemplar a natureza e meditar. Mas na época, nem existia essa cachoeira ainda. 

Nessa manhã, as três vendedoras de picolés - Leila, Faby e Janielle - foram vender sorvetes por ali. Leila, que tinha pego uma carona, disse:

- Aqui hoje é dia de ganhar dinheiro, muita gente aqui. 

- Verdade. Tá lotado! - disse Faby. 

As irmãs gêmeas Taline e Teane também apareceram por ali. Teane estava encantada com o local. Taline disse:

- Oxe, olha aquele maloqueiro doido, do Valdenes, nadando de roupa na água...

- Deixe ele, tu implica demais, viu...

Pouco depois, chegaram os hippies Edneide, Ise, Emerson, Rejane e Amandinha, para se divertirem ali. Edneide, por sinal, ficou feliz ao ver Valdenes: ambos são amigos de longas datas. 

Depois de saírem da água, Eraldo e Valdenes foram jogar xadrez. O rebuliço ficou ainda maior quando chegou a juíza Suely. Apesar de estar enfrentando ameaças, ela quis se divertir um pouco ali. A juíza careca foi logo para a água, e se divertir na queda d'água. Eraldo disse:

- Essa juíza é corajosa mesmo, porque andam procurando ela...

- Bota coragem nisso... - disse Valdenes. 

Um pouco depois, Taline se acidentou em uma pedra, mas Teane conseguiu salvar sua irmã gêmea a tempo. Ali havia uma equipe de prontidão para prestar socorro. Taline disse:

- Estou bem, foi só um susto, escorreguei na pedra, quase bati a cabeça. 

- Vamos pra casa, Taline - disse Teane. 

- Não, vamos ficar aqui mesmo. Estou bem. 

E durante o dia, a cachoeira continuou lotada. 

A mendiga Juliana

A mendiga Juliana costuma perambular pelas ruas centrais de Lagoa da Italianinha, pedindo esmolas, não só no centro como também na rodoviári...