quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Café da manhã pra mendigos


O ano era 1987. Em Lagoa da Italianinha, na frente da casa de Selma, dormia a mendiga Deza. Nessa época, Deza já era adulta e vivia nas ruas. O menino de rua Valdenes, que tinha apenas cinco anos, também se aproximou e disse:

- Tem café dona?

Deza respondeu:

- Ta me vendo com café aqui, pirralho?

Nessa hora, Selma estava ao lado do seu pai Arthur, que levaria as pequenas gêmeas Wellia e Malu pra escolinha onde elas estudavam. Elas eram filhas de Selma e netas de Arthur, o italiano.

Malu viu Deza e Valdenes e disse:

- Vovô, deixa eles tomar café na nossa casa. 

- Mas Malu ninguém sabe quem são eles.

Wellia disse:

- Isso é uma vagabunda e um maloqueiro.

Deza disse:

- Ela, pirralha, dobre a lingua pra falar de mim. 

Selma disse:

- Eu vou preparar café pra vocês dois.

Arthur foi levar as netas na escola, e Selma serviu o café a Deza e ao pequeno Valdenes. Pouco depois, os dois foram embora. Valdenes foi para a frente do colégio. Já Deza foi tomar banho no chafariz da praça. Detalhe: esse seria o último banho que ela tomaria até 2023. 

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