quinta-feira, 30 de novembro de 2023

A Depressão de Valdinha


Nas ruas de Vila Dourada no ano de 1945, a mendiga Valdinha, que morava nas ruas com sua filha Rayane, era bastante conhecida e querida, mas muito evitavam se aproximar dela. Já idosa, com 64 anos, Valdinha usava ainda um mesmo vestido verde já bem sujo, de anos antes, andava descalça e estava ela mesma bem suja.
Lady Andréia, em dado momento, passou por Valdinha, e cuspiu, dizendo:

- Velha fedorenta!

O padre Francisco e a irmã Renata Augusta levavam comida para Valdinha e Rayane. Num determinado dia, o padre disse para a freira:

- Dona Valdinha tá numa situação triste, ela tá com um mau cheiro e parece nem querer mais tomar banho. Só a filha dela que vejo ás vezes nadando no chafariz da praça...

- Padre, parece que ela se entregou, mesmo. Eu tentei convencê-la a dar um banho nela, mas ela não deixou.

- Então, é lamentável, mesmo.

Valdinha sempre dizia que vivia nas ruas "porque merecia" e estava pagando por pecados passados, e recebendo "castigo"por eles. Num determinado dia, a alemã Inalda foi lhe levar comida, e ela disse:

- Dona Valdinha, porque a senhora não se limpa, não sai das ruas, a senhora tá muito deprimida...

- Ara, porque eu mereço! Eu fiz muitas coisas das quais me arrependo e estou merecendo este castigo.

- Eu me preocupo com sua filha Rayane, porque ela não tem casa e sofre ao seu lado.

Valdinha disse:

- Se tu quiser levar Rayane pra tua casa, pode levar. Mas eu não quero ir. Estou velha e não quero ser estorvo pra ninguém!

Inalda voltou triste para sua casa.

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