O dia amanheceu em Lagoa da Italianinha. Na parte da calçada do Terminal Rodoviário, estava deitada a mendiga Fábia, com chupeta na boca. Fábia tinha dormido ali naquela noite. Ela entrou na rodoviária e ficou sentada perto da lanchonete de Marlene, que tinha aberto 4 horas da manhã. Fábia estava bem descabelada, suja, descalça e com uma blusa amarela suja e uma bermuda jeans azul.
Santa e Deinha, as duas funcionárias, estavam ali. Marlene serviu um café para Fábia. Em dado momento, Marlene perguntou:
- Que mal lhe pergunte, tu tem família, não?
- Não. Sou sozinha.
- Mas... e por que tu usa chupeta? Tu deve ter uns 20 e poucos anos...
- Tenho 44!
- Hã????? Tu parece ter muito menos!!!!!
Fábia disse:
- Por que sou uma eterna criança... amo crianças porque sou uma...
- E amigos? Você não tem amigos?
- Não... não confio em seres humanos. São muito falsos.
- Nem todos são assim, Fábia.
Fábia entregou o copo vazio do café que tinha tomado, colocou a chupeta de novo e foi caminhar para o centro. Marlene disse:
- Tadinha, não tem amigos nem mesmo entre os mendigos...
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