O Terminal Rodoviário de Lagoa da Italianinha costuma ser um ponto de encontro entre moradores de rua da cidade. Certa tarde, a mendiga Fábia chegou e pediu um lanche na lanchonete de Marlene. Ela tirou a chupeta da boca pra tomar o café.
A mendiga Andreza apareceu e se sentou na mesma mesa, mas Fábia ia saindo, e Andreza disse:
- Qualé, maloqueira? Quero fazer mal pra tu não. Oxeee, te senta.
Fábia se sentou, e Andreza disse:
- Me disseram que tu vive isolada...
- Sim. Eu não confio nas pessoas.
- Eu também não. Inclusive eu tive um namorado cabra safado que tomou tudo que era meu por isso que eu virei mendiga. Mas veja eu. Tenho grandes amigos como por exemplo o Guilherme e o irmão dele, Valdenes.
- Eu não tenho amigos.
- Eu posso ser sua amiga. Por favor, aceite.
Fábia olhava com ar desconfiado. Ela disse:
- Andreza, não sei se tu seria amiga de uma doida que anda de chupeta na boca...
- Oxe, eu sou mais doida que tu. Eu mijo nas calças pra tu que não sabe.
Fábia riu. Andreza disse:
- Primeira vez que te vejo rindo.
- É... Você me fez rir.
Fábia pegou seus centavos pra pagar o lanche, mas Andreza disse:
- Guarda teu dinheiro. Vou pagar.
- Mas...
- Eu lavei um carro agora ganhei um trocado bom!
Fábia ficou sorrindo. Andreza disse:
- Tô vendo que tu tá descalça, quer meus chinelos?
- Não, não quero. Prefiro andar descalça mesmo.
- Tá, Fábia, você é quem sabe. Bora lá pra praça. A gente vai conversando mais.
As duas mendigas saíram dali e Marlene observava de longe.
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