sábado, 30 de setembro de 2023

As Exigências de Armanda


Quando Armanda chegou em Fortaleza em 1865, foi recebida por seu tio, o barão, o pai das irmãs Aline, Alvanir e Aurineide. Armanda disse:

- Eu espero ser tratada aqui como rainha!

- Claro que vai, minha sobrinha querida! - respondeu o barão.

Armanda jogou as malas do lado, e disse para as escravas Socorro e Adriállina:

- Bora, negrinhas, levem as malas pro meu quarto!

Alvanir disse:

- Não é assim que se fala com elas, Armanda.

- Oxe, e como eu falo com objetos, hã? Elas são escravas, não tem vida, são objetos a nosso serviço!

Denise, a irmã mais velha de Armanda, também não gostou da forma que ela tratou as escravas, que ficaram revoltadas. Adriállina disse:

- Não levaremos, senhora!

- Oxe, olha pra isso. Quer me desafiar, é?

Alvanir disse:

- É melhor levar...

- É melhor mesmo, porque se não levar, eu mando as duas para o tronco! Eu tenho moral aqui!

Socorro disse:

- Só vou levar porque Sinhá Alvanir pediu...

Denise disse:

- Armanda, porque tu trata elas assim?

- Ai, não enche, também. Eu tô cansada! Esperar essas duas negras pé sujo colocar minhas malas no meu quarto e eu vou tomar um banho e dormir... estou exausta.

Armanda subiu para o seu quarto, sob os olhares da irmã Denise e das primas Aline, Alvanir e Aurineide.

Mary Dee é salva de afogamento

 


Uma certa tarde no ano de 1943, a cantora portuguesa Mary Dee passou a tarde na venda de Ed, e em dado momento, ela estava bêbada. Ed se aproximou dela e disse:

- Moça, não acha que já chega de beber?

- Nada disso, quero mais. Coloca mais um copo de pinga!

- Mas tu já bebesse 22 copos, mulher!

- Quero mais, coloque, vamos!

Ed disse:

- Sinto muito, não posso te servir desse jeito!

- Tu é um fraco! Vou embora!

Ed viu ela saindo, e disse:

- Ainda bem que ela já pagou antecipadamente, pelo menos...

Mary Dee andava bêbada pelo sítio Maniçoba, no agreste de Pernambuco, em direção da sua casa. Em dado momento, ela passou pela lagoa, e inventou de entrar na lagoa. Entrou de roupa e tudo e começou a nadar, mas em dado momento, ela estava se afogando.

Naquela hora, os italianos Jadiael e seu filho Arthur capinavam os matos, quando viram Mary Dee gritando por socorro. Arthur, mesmo só tendo 9 anos, pulou na lagoa e salvou Mary Dee de morrer afogada. Jadiael disse:

- Cuidado, Arthur!!!!!!

Mary Dee disse:

- Quero ir pra casa!

- Mamma mia, vamos levá-la na casa dela!

Foram para a casa dela, e ajudaram ela a entrar, mas Mary Dee logo disse:

- Obrigada, quero ficar sozinha...

- Mas tu precisa se trocar, tu tais molhada...

- Minha roupa seca, ora pois! Quero dormiiiirrrrrrr

Jadiael e Arthur saíram e fecharam a porta. Mary Dee se deitou no chão da sala e adormeceu, enquanto passava sua ressaca.

Inalda e Tia Sandra


O ano era 1948. A artista plástica alemã Inalda foi chamada para ir na casa da família de Jadiael, a família italiana. Inalda disse para a camponesa Maria Clara:


- Vamos comigo lá na casa dos italianos.

Pegaram um carro e passando por outro caminho sem ser pelo povoado de Maniçoba no interior de Pernambuco, chegaram na casa dos italianos. Estavam ali Jadiael, sua esposa Lanie e os filhos Alycia e Arthur, que já eram praticamente adultos. Mas além deles estava a italiana Sandra, a tia de Lanie, que mesmo já tendo 57 anos, tinha a mente de criança. Ela não largava de sua boneca de pano e de seu ursinho de pelúcia. 

Inalda foi chamada para ensinar arte plástica para Tia Sandra. E para surpresa da alemã, Tia Sandra mostrou intimidade com a pintura. Ela chegou a pintar alguns quadros. Maria Clara também ficou encantada com as telas de Tia Sandra.

Depois da aula, Inalda e Maria Clara lancharam na casa dos italianos. Em seguida, voltaram para a casa dela. Inalda estava encantada com sua nova aluna.

O Piano de Cássia

Recém-chegada em Lagoa da Italianinha, a jovem Cássia, que tem problemas de loucura, recebeu um presente de sua avó Alycia, que reside em Verona, na Itália: um piano que já pertenceu à própria Alycia no seu auge como pianista e cantora, quando ela residia em Pernambuco. 

O presente foi entregue, e Cássia ficou emocionada, dizendo:

- Puxa, eu amo tocar piano, eu tava doida por isso!!!!

Quitéria, sua irmã, disse:

- Pois agora, você tem o piano, querida. Desfrute dele. 

Cássia disse:

- Eu ainda quero tocar na Ópera de Viena, é meu grande sonho!

- Se você acreditar, nada é impossível!

Cássia não largava do piano e passou a noite tocando por ali. 

Sílvia volta para Lagoa da Italianinha


Depois de uma temporada em Alagoas, a maluca Sílvia, sobrinha da deputada federal Sandra Valeria, voltou para Lagoa da Italianinha. 


Na praça 27 de Dezembro, Sílvia chegou até mesmo a entrar no chafariz e se banhar na fonte. Os policiais Júnior e Ana Clécia passaram por ali e Júnior disse:

- Não pode tomar banho aí, moça.

Sílvia disse:

- Oxe e porque não pode? Tá escrito em alguma placa?

Ana Clécia disse:

- Temos ordens de tirar a força qualquer pessoa que vá entrar no chafariz.

Sílvia disse:

- Oxe, eu sou sobrinha da deputada e vim de Alagoas agora e lá cheguei até mesmo a tomar banho no Rio São Francisco. 

Os dois policiais tiraram Sílvia a força do chafariz, e ela disse:

- Vocês vão ver... Vou processar a Prefeitura. 

Sílvia saiu dali e foi a pé para a fazenda, onde foi entrar dentro de seu barril.  

Silvana e Lua tentam provocar Deza

 

Numa certa noite em Lagoa da Italianinha, a rodoviária estava deserta, apenas com a mendiga Deza por ali, fumando muito e falando sozinha. 

Em dado momento, apareceram ali as mendigas Silvana e Lua, que começaram a provocar Deza. Silvana disse:

- Olha aí a catinguenta! 

Deza as olhava com raiva. Lua disse:

- Essa daí é tão fedida que nem quem passa longe aguenta a catinga dela. 

Deza se levantou e começou a bater nas duas, de modo que elas saíram correndo. Deza disse:

- Eu sou suja, mas não sou ladra! 

Silvana e Lua correram para o pátio do bairro Nova Itália, e Silvana disse:

- Tô fedendo a bosta!

- Claro, a Deza fez cocô nas calças, não viu como ela estava? Eu também tô fedida. Bora pro chafariz, mas essa velha me paga!

Silvana e Lua foram tomar banho no chafariz da praça, mesmo sendo de noite. 

Um Amor Platônico

 

Há pouco tempo morando em Berlim, quatro amigos alugaram um apartamento. São quatro artistas que desejam fazer sucesso na capital da Alemanha: o músico Fritz, o desenhista Waldo, o cineasta Egon e o escritor Félix. 

Waldo, porém, pode colocar seus planos a perder. Excessivamente tímido, ele está apaixonado por uma jovem vizinha chamada Margarete, que é conhecida pelo seu gênio bastante difícil, apesar de ser muito bela. Waldo tem pouca ou nenhuma coragem de se aproximar da garota. 

Apesar do clima desfavorável, Joseph, o pai de Margarete, gosta do rapaz e já chegou a dizer que faria gosto que ele fosse seu genro. Mas Margarete não admite nem mesmo a possibilidade de ser sua amiga, muito embora o cumprimente uma vez ou outra. 

Waldo costuma ficar algumas horas no Portão de Brandemburgo, esperando por Margarete, que vem do colégio, mas ela não lhe dá nenhuma atenção. Certa manhã, ele chegou a ficar por ali entre 9 da manhã e 1 da tarde. Algumas vezes, Margarete passa sozinha, e outras, passa com a sua amiga Ava. 

Fritz, porém, fica muito preocupado com Waldo, e já conversou diversas vezes com, Egon e Félix. Fritz até anda incentivando Waldo a investir em outra garota, recém-chegada de Hamburgo, chamada Karola, que tem um apreço por ele. 

Leonardo e Laura

 

Em Siena, na Itália, vive a dona Aurora, que é filha de Alycia, que vive atualmente em Verona. Dona Aurora mora em Siena desde que se casou, e há anos já ficou viúva. Aurora já tem 73 anos e tem um pequeno filho adotivo, chamado Leonardo, um garotinho esperto. 

Leonardo estuda em uim colégio, e na mesma sala, estuda uma menina chamada Laura, por quem Leonardo é apaixonado. Porém, Laura não corresponde ao amor de Leonardo, e isso traz problemas na classe onde ele estuda, e a professora Filomena tendo que controlar toda essa situação. 

Uma outra colega de sala, chamada Alessandra, é apaixonada por Leonardo, mas ele não lhe corresponde. Por outro lado, um menino chamado Matteo gosta de Laura, e ela parece lhe dar moral. A professora Filomena fica meio desesperada com isso tudo, já que se tratam de crianças, e ela desencoraja qualquer tipo de sentimento amoroso entre elas. 

Alycia, a avó adotiva de Leonardo, por incrível que pareça, anda aconselhando ele a lutar por Laura. Leonardo é fascinado pelas histórias que sua avó adotiva conta de quando ela viveu em Pernambuco, no Brasil. Mas a dona Aurora se sente bastante contrariada com as histórias que sua mãe conta. 

sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Cangaceiros em Vila Dourada

 

Na década de 30, quando o cangaço reinava no Nordeste, Vila Dourada, que se localiza em pleno Agreste de Pernambuco, não escapou dos temidos cangaceiros. O famoso Biu Ipojuca e seu bando, formado por Linho, Carlinhos e Débora Eduarda, aterrorizaram em especial esse município, que ainda tinha o sítio Maniçoba, a atual cidade de Lagoa da Italianinha, como sua parte. 

Uma mulher que fazia parte desse bando, a Débora Eduarda, era tida como brava e corajosa, e se envolveu com o cangaço. Eles tinham uma rixa grande com a família do Jefferson, o fazendeiro cearense que era chamado de "coronel". Por várias vezes, Jefferson solicitou polícia para enfrentar os temidos cangaceiros. 

Quando os imigrantes italianos ali chegaram em 1935, mudaram as relações entre Jefferson e o bando de Biu Ipojuca. Jefferson passou a pagar Biu Ipojuca para que eles pudessem infernizar os imigrantes, em especial o Jadiael, rival de Jefferson, com quem travava uma contenda por posse de terras. 

Em 1938, o bando inteiro foi desbaratado e preso. Lanie, a italiana esposa de Jadiael, passou a visitar Débora Eduarda na prisão. Débora passou alguns tempos presa, até ser solta em 1945. Depois que saiu da cadeia, tornou-se amiga de Lanie, e não quis mais saber de cangaço. 

A mágoa de Andreza

 

A mendiga Andreza estava sozinha na praça, e logo em seguida, apareceu a mendiga Gabriella, que se sentou pra conversar com ela. Gabriella disse:
- Você está bem, Andreza?

- Não estou, não. Quando me lembro de certas pessoas, eu fico sentindo náuseas!

- Você se refere ao noivo que você tinha que lhe roubou e fez você perder tudo?

Andreza disse:

- Não, Gabriella! À minha irmã que eu me recuso até mesmo a pronunciar o nome dela! Ela participou de toda a tramóia, ela sempre teve inveja de mim quando fui modelo!

- Andreza, você não pode deixar o ódio lhe corroer...

- Pois é o que ela merece!

Gabriella disse:

- Quando eu era rica, eu também tinha uma péssima relação com minha irmã Hyasmin. Mas hoje, somos juntas aqui nas ruas, a gente anda junta pregando a Palavra, a gente é inseparável.

Andreza disse:

- Mas Hyasmin se arrependeu, e você também... mas minha irmã nunca se arrependeu de nada.

- Tu garante isso, Andreza?

- O lixo do meu ex-noivo sabe que eu moro nas ruas, ela com certeza sabe, também. Eles sempre fizeram em pareia um com o outro na ruindade!

Gabriella disse:

- A mágoa, Andreza, é como uma brasa que você segura em suas mãos achando que outra pessoa vai se queimar.

Andreza se levantou e disse:

- Eu já estou destruída, sem teto, morando nas ruas, mesmo. Deixe destruir o que falta.

Andreza se retirou, e Gabriella dizia:

- Preciso orar muito por ela...

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

O Aniversário de Ana Karina

 

Dia de festa na escola de música de Eraldo. Isso porque a professora Ana Karina, que é professora de História, completou mais um aniversário. Ana Karina é bisneta da professora Issa, famosa professora de Alycia e Antônio Neto no antigo sítio Maniçoba na década de 30. 

Eraldo, Valdenes, Judilane e Jaíne prepararam uma comemoração. Ana Karina ficou muito lisonjeada e disse:

- Muito obrigada, meus amigos, eu fico tão feliz por ser importante pra vocês...

Eraldo disse:

- Não só você é importante como quero você aqui ensinando História quando não estiver no colégio onde tu trabalha. 

- Sério????

- Sim, aqui Valdenes já ensina desenhos, e seria bom você ensinar História. 

- É uma honra! - respondeu Ana Karina. 

A Camponesa Descalça

 

Uma solitária camponesa que andava com vestido de cores vivas e sempre descalça viveu no sítio Maniçoba, atual Lagoa da Italianinha, e chamava atenção por sua vida simples. Morava em uma cabana e pouco se sabia de onde ela viera. Maria Clara nascera em 1918, e alegava ser descendente de índios. Sempre costumava ir colher flores e frutas. 

Maria Clara sempre gostou muito também de pintar, tanto que teve aulas de pintura com a artista plástica alemã Inalda, que vivia naquele sítio no Agreste de Pernambuco. Maria Clara ainda deu apoio à amizade entre Antônio Neto e a imigrante italiana Alycia, que era um amizade proibida por conta das brigas entre as famílias. 

Maria Clara sempre foi solteira, chegando a gostar de um italiano que vivia no local, o Kayque. Mas ela se casou mesmo foi com um ex-soldado que combateu na guerra pelo lado italiano e alemão, que havia sido rendido por Antônio Neto e que acabou vindo morar no Brasil. Maria Clara tornou-se mãe de Leda, que hoje tem quase 80 anos e é conhecida como uma beata. Da pequena cabana onde Maria Clara morou sozinha, nasceu um pequeno bairro vizinho ao Loteamento Monte Castelo, que foi batizado como Loteamento Maria Clara. 

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

A força das mulheres em Lagoa da Italianinha

 

Em Lagoa da Italianinha, as mulheres estão comandando o governo municipal de uma forma bem ampla. Além da prefeita ser uma mulher, a Myllena, e a vice-prefeita, outra mulher, Marcella, algumas das secretárias mais importantes da gestão também são mulheres: entre elas, Flor, que é secretária de Cultura, Antonielle, que é secretária de Saúde, Aurystella, que é secretária de Educação, Flávia, que é secretária de Ação Social, e principalmente, Ilene, que é secretária de Governo. Ilene é a irmã da prefeita descalça, e é tida como "primeira-ministra" da gestão. 

Myllena ainda apoiou sua outra irmã, Karoline, que é vereadora, para a Presidência da Câmara, com a vereadora Kátia como primeira-secretária e Diego, o único homem na Mesa Diretora, como segundo-secretário. Na Câmara, dos 15 vereadores, a maioria são mulheres: Karoline, Kátia, Goy, Fafá, Vanessa, Maria Isabel, Alba Valéria e Flávia Andréa, sendo um total de oito, enquanto sete são homens: Diego, Marco Aurélio, Fagner, Wilon, Kauan, Ari e Josimar. 

As principais lideranças de oposição também são mulheres: a deputada federal Sandra Valéria e a deputada estadual Janayna, que têm forte liderança, inclusive comparados com o deputado federal Arinaldo e o deputado estadual Moab. 

Nos últimos dez anos, Lagoa da Italianinha ainda vem sendo governada por mulheres: entre 2013 e 2018, a prefeita foi Sandra Valéria, sendo sucedida por Janayna, que governou de 2018 a 2021, e Myllena, que a sucedeu, é prefeita desde 2021. As chapas eleitas foram todas femininas: em 2012, foi eleita Sandra Valéria prefeita e Myllena vice (eram aliadas na época). Em 2016, foram eleitas Sandra Valéria prefeita e Janayna vice; e em 2020, a chapa eleita foi Myllena prefeita e Marcella vice. 

Encontro na Praça


Numa certa noite, na Praça 27 de Dezembro, estavam as irmãs Josiane e Danúzia, passeando por ali. De repente, apareceu ali o Valdenes, e Josiane não parava de olhar pra ele. Danúzia disse:

- Tu gosta desse maluco de pé descalço, é? Esse idiota pé sujo?

- Ele é muito legal e simples. 

Valdenes passou por elas, e Josiane deu um sorriso. Danúzia disse:

- Nosso pai não vai gostar disso! 

Josiane se aproximou de Valdenes e disse:

- Eu voltei de Maceió. 

- Que bom, fico feliz que você tá bem. 

Mas pouco depois, apareceu a Aline Débora, que não gostou de ver Valdenes conversando com Josiane. Danúzia disse:

- Eita que agora vai ter briga...

Aline Débora disse para Valdenes:

- Quem é essa?

- Essa é a Josiane. 

- Ah, essa é a princesinha de Alagoas, é? 

Danúzia disse pra Josiane:

- Olha a qualidade de homem que tu tá gostando dele, um descalço pobretão e olha aí que essa é da laia dele, uma descalça igual a ele. 

- Eu não ligo pra isso, Danúzia! 

Valdenes disse:

- Vamos parar com isso aqui, não quero brigas. 

Valdenes saiu dali, e Aline Débora disse para Josiane:

- Tira os olhos dele. 

Aline Débora saiu dali, e Josiane disse:

- Não vá ficar falando pra nosso pai, viu?

- Eu nem vou falar, não quero irritar ele - disse Danúzia. 

A mendiga Valdinha


Na década de 30, vivia pelas ruas em Vila Dourada, no agreste de Pernambuco, uma senhora chamada Valdinha, que tinha ao seu lado a sua filha Rayane. Ambas viviam nas ruas, sem família nem teto. Valdinha, que andava muito suja, com um vestido verde rasgado e sujo, e descalça, fazia de tudo para proteger sua pequena filha, que também estava maltrapilha. 

Valdinha tinha o costume de pedir esmolas na porta da igreja e algumas ruas principais do centro de Vila Dourada, onde elas também costumavam dormir. Valdinha pedia esmolas sozinha e não deixava a filha fazê-lo. Não queria explorar sua pequena filha. 

Valdinha nasceu em 1881, e na década de 30, ela já tinha mais de 50 anos. Dizia ela que viera de uma família rica, e já tinha até frequentado casas de famílias importantes. Valdinha dizia que quando era criança, chegou a ir a Petrópolis, no tempo do Império. 

Muitos ali achavam que Valdinha tinha problemas mentais, e que ela nunca fôra rica. Ela também gostava de ir na venda de Ed, que ficava no sítio Maniçoba, onde atualmente fica a cidade de Lagoa da Italianinha. Houve quem tentasse tirá-la das ruas, a exemplo da professora Issa e da artista plástica alemã Inalda, mas ela se recusava, não querendo ser "estorvo" pra ninguém. 

Nessa ocasião, Valdinha ainda era ajudada por dois amiguinhos, o pequeno agricultor Antônio Neto e sua amiguinha, a imigrante italiana Alycia. Num certo dia, eles foram levar comida para ela, e Valdinha os olhava com amor. 

Valdinha sorria, dizendo:

- Vocês dariam um belo casal...

Os dois amiguinhos riram. Antônio Neto disse:

- Somos apenas amigos...

- É vero! - disse Alycia. 

Apesar da grande amizade entre eles, Antônio Neto e Alycia não se casaram um com o outro, e constituíram famílias diferentes. 

Wéllia tenta contratar Vitória

 

Num certo dia em seu escritório de publicidade, Wéllia recebeu na sua sala a jovem Vitória, a qual ela tinha mandado chamar. Vitória disse:

- Mandou me chamar?

- Mandei, sim, eu tô te chamando para trabalhar comigo. 

Vitória riu e disse:

- Não posso aceitar, por três razões... 

- Posso saber quais?

Vitória disse:

- Primeiro, que eu odeio trabalhar, quero é casar com um homem rico. Segundo, meu irmão Valdenes não vai gostar de saber que estou trabalhando com você. Terceiro, com certeza tu vai implicar porque eu só ando descalça, eu não vou deixar de andar de pés no chão se você implicar...

Wéllia disse:

- Oxe, deixe de fuleragem! Acho uma nojeira esse seu hábito, mas estou disposta a deixar. Quanto ao seu irmão, ele não tem que gostar, quem tem que gostar é você. E quanto a você não gostar de trabalhar, nem se preocupe, tu só precisa fazer anotações aqui, apenas isso. Não vai ter muito o que fazer. 

Vitória disse:

- Está bem, mas eu preciso pensar...

- Pense direitinho e quero resposta já amanhã! 

Vitória saiu dali, e Wéllia dizia:

- Valdenes vai ficar nervosinho por ter chamado a irmã dele pra trabalhar comigo... e é isso que eu quero, mesmo! 

As Crianças do Acampamento

 

Em Lagoa da Italianinha, quatro crianças de uma mesma família vivem nômades pelas ruas da cidade, sendo as irmãs Luiza e Lara e os primos Davi e Maria Júlia. Dessas, Lara é a mais conhecida, por ser a mais esperta e a mais corajosa. Lara gosta muito de tomar banho de chuva e não tem medo de animais perigosos. 

Uma mulher chamada Lu é a "pedra no sapato" dessas crianças. Ciclista e solitária, Lu mora sozinha em um primeiro andar, e vive infernizando a vida das crianças, principalmente para tentar descobrir quem são os pais delas. Lara, que é muito corajosa, já enfrentou Lu diversas vezes. 

No Loteamento Maria Clara, moram dois irmãos, Arthur e Benício, que são filhos da jornalista careca Catherine. Vez por outra, os dois irmãos também se juntam aos amiguinhos do acampamento, e Benício, por sinal, gosta muito de Lara, pois ele também é aventureiro e excêntrico, e se considera "maluquinho", se identificando muito com o jeito de Lara de ser. Benício costuma proteger Lara das maldades de Lu, muitas vezes. 

Tia Sandra nas ruas de Verona


Apesar de ser de uma família rica, Tia Sandra costumava passar noites pelas ruas de Verona, entre as décadas de 10 e 30. Isso porque ela se sentia maltratada por sua família. Tia Sandra tinha problemas mentais, e ela agia sempre como criança, apesar de ja ser adulta. Apenas Lanie, sua sobrinha, a amava de verdade. Depois que Lanie foi morar no Brasil, Tia Sandra se sentiu mais abandonada e chegou a morar nas ruas dois anos seguidos, entre 1935 e 1937.

Numa certa noite em 1936, Tia Sandra estava em um beco de Verona, com um cobertor. Estava suja, descalça, com vestido longo branco rasgado e sujo, e não largava de sua boneca de pano. Ela já tinha 45 anos nessa época. Um idoso que ali estava também na rua a viu deitada na calçada, e ela estava um pouco assustada. Tia Sandra deu seu cobertor a ele, e ele disse:

- Tá muito frio, eu estou mais acostumado.

- Não, moço, fica com o cobertor... - disse Tia Sandra, que logo se deitou na calçada. 

No dia seguinte, ela passeava pelo centro de Verona quando viu seus irmãos. Ela fugiu deles. 

terça-feira, 26 de setembro de 2023

Wellia implica com Samuel


Numa certa noite, na praça 27 de Dezembro, estavam os amigos Samuel e Alice, conversando muito. Os dois estudam juntos e se dão muito bem. Pouco depois, apareceu Valéria, uma aeromoça que trabalha na rota Brasil-Alemanha, e é a mãe do Samuel. 

Mas pouco depois, apareceu Wellia, a mãe de Alice, dizendo:

- O que tu tá fazendo conversando com esse maloqueiro?

Valéria disse:

- Ela, maloqueiro, não! Respeita meu filho!

- Ele só vive de roupão e chinelos pra mim é um maloqueiro mesmo!

Samuel reagiu:

- Dona, eu gosto de andar assim e a senhora não tem nada com isso. Nem minha mãe se importa!

- Mas que menino sujo impetulante!

Alice disse:

- Chega, mãe. Não admito que maltrate meu amigo!

- Vai pra casa, Alice precisamos conversar!

Alice se despediu de Samuel e foi pra casa. Wellia disse:

- Alice não é pra ser amiga de certas pessoas...

Wellia se retirou, e Samuel ficou triste. Valéria disse:

- Não ligue pra ela, filho. Essa mulher pensa que é a bala que matou Kennedy ela pensa que é grande coisa!

segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Dani Cruel sai da cadeia

 

Chegou o dia que uma das criminosas mais perigosas de Lagoa da Italianinha, Dani Cruel, deixou a cadeia. Ela havia sido presa acusada de diversos crimes. Dani já foi moradora de rua e atualmente mora na comunidade do Alto do Cruzeiro, onde lidera seu bando. 

Ao chegar na sua comunidade, a "bandida descalça" se encontrou com seus comparsas, entre eles, a Yellow, uma moça que tem esse apelido por sempre usar uma roupa amarela. Uma outra pessoa que estava ali era Danúzia, a filha do deputado estadual Moab, que foi advogada de Dani Cruel. 

Em dado momento, Dani Cruel disse:

- Eu estou feliz, estou livre novamente e vou tocar o terror aqui... eu já sei quem me denunciou, e essa pessoa que fez isso irá pagar com a própria vida! 

Danúzia disse:

- Não foi tão difícil te tirar da cadeia, as leis do Brasil ajudam muito...

Dani Cruel ascendeu um cigarro e começou a fumar, dizendo:

- É verdade, aqui é um país bom pra gente que gosta do crime. 

Yellow disse:

- Minha querida, que bom te ver solta novamente, agora podemos com certeza, colocar os negócios em dia...

- Claro. E Danúzia vai nos ajudar muito. 

- Com certeza! 

Dani Cruel, Danúzia e Yellow tramavam os planos malignos. 

Deza, a mendiga misteriosa


Uma das moradoras de rua de Lagoa da Italianinha è conhecida por ser muito misteriosa. Conhecida como Deza, é muito calada e um tanto brava e maluca. Usa roupas encardidas, vive descalça, descabelada e é muito suja. Deza costuma perambular no centro da cidade, na rodoviária e no bairro Nova Itália, falando sozinha e assustando as pessoas. 

Deza é brava e costuma correr atrás de crianças quando elas zombam dela. 

Outro mistério que envolve Deza é sua idade. Alguns mais antigos contam que ela já morava nas ruas por volta de 1987 a 1988, sendo que na época ela ficava nas filas dos aposentados em agências bancárias ou no INSS.

Deza é procurada constantemente por psicólogos para se tratar, mas ela não aceita. Quando a Prefeitura construiu um conjunto para ex mendigos, Deza foi a primeira a ser procurada, e ela não aceitou sair das ruas. O mais interessante é que nas poucas vezes que ela fala, ela se expressa bem. A relação dela com outros mendigos é um tanto difícil, já que ela tem um gênio forte.

domingo, 24 de setembro de 2023

Cássia no chafariz

 

Numa certa tarde, Quitéria estava em sua lanchonete, quando sua irmã Lúcia apareceu e lhe disse:

- Quitéria, tu não sabe o que aconteceu. 

- O que?

- Nossa irmã Cássia saiu de casa sem nos avisar e me contaram que ela tá na praça, tomando banho de roupa e tudo no chafariz da praça. 

- Misericórdia, a gente precisa tirar ela de lá. 

Quitéria pediu pra sua funcionária Flaviana para ficar no seu lugar, e ela e Lúcia foram para a praça, onde Cássia estava tomando banho na fonte. Quem costumavam se banhar ali eram os mendigos. 

Lúcia gritou:

- Cássia, sai daí, sua maluca. O povo fica te olhando, tirando onda. 

Cássia gritou:

- Podem falar o que quiserem, quero me divertir aqui!!!!!

Quitéria entrou no chafariz e tirou Cássia à força. Cássia disse:

- Me solta, me deixa!

- Nada disso, essa água tá suja! Vamos embora! Tu vai ter que trocar essa roupa e tirar esses tênis molhados, sua doida! 

Quitéria segurava Cássia, levando-a para casa, e as pessoas zombavam ela. Lúcia disse às pessoas:

- Vão procurar o que fazer, não tem o que fazer, não? 

O Recomeço de uma trajetória

 

Quando no ano de 1935, Jadiael e sua família partiram da Itália, deixaram para trás uma história inteira construída por lá, em especial, em Verona, onde residiam. Alguns anos antes, Jadiael, militante de partido socialista, se casara com a jovem Lanie, contra a vontade dos pais dela, de família nobre veronesa. Nasceram-lhe dois filhos: a Alycia, em 1930, e o Arthur, em 1934. 

Eles não foram sozinhos: quando se sentiram acuados pela ditadura na época, outra família se uniu a eles: Hélio, sua esposa Suzana e seus filhos Bianca e Kayque partiram junto. Hélio também militava na política, mas no campo da centro-direita, sendo um democrata cristã. Anteriormente, eles eram rivais, mas o combate ao fascismo acabou os unindo. 

Foram até Nápoles, de onde tomaram um navio rumo ao Brasil. No meio do caminho, ainda pararam em Portugal, onde subiu uma portuguesa, chamada Mary Dee, que também estava deixando seu país por questões políticas. Foi Mary Dee quem acabou convencendo as duas famílias italianas a optarem pelo Nordeste, ao contrário da maioria dos conterrâneos deles, que geralmente povoaram o Sul e o Sudeste do Brasil em décadas anteriores. 

Quando o navio chegou no Recife, Mary Dee, de tão feliz, chegou a pular de roupa e tudo no mar, para comemorar. Inicialmente, queriam ficar na capital de Pernambuco, mas acabaram indo para o interior, onde Jadiael comprou a fazenda no sítio Maniçoba, que era município de Vila Dourada na época. Eles ali se estabeleceram, e o sítio ficou muito mais movimentado a partir de então. Hélio e sua família, e a portuguesa Mary Dee também se fixaram no local, se juntando como estrangeiros à alemã Inalda, que ali já vivia há tempos. Em 1944, outra italiana se estabeleceria ali: a jovem Giuliana, vinda de Nápoles. O sítio cresceu, se emancipou de Vila Dourada e virou a cidade de Lagoa da Italianinha. 

Almoço no Restaurante

 

Era um domingo à tarde, quando Eraldo convidou alguns amigos pra almoçar em um restaurante novo que havia sido aberto no centro de Lagoa da Italianinha. Eraldo quis convidar seu amigo Valdenes. Já Judilane, a esposa de Eraldo, quis levar sua irmã Jaíne e mais uma jovem simples que vive no sítio Mandacaru, chamada Aline Débora. 

Ao entrarem no restaurante, foram recebidos logo pela dona, chamada Paula. Eraldo disse:

- Olha, viemos almoçar, mas venha cá, Valdenes e essa moça, Aline Débora, estão descalços, eles podem entrar?

- Claro que podem, aqui não discriminamos, não. 

Foram se servir, e se sentaram em uma mesa. Aline Débora olhava para Valdenes, e em dado momento, Judilane perguntou:

- Você conhece ele?

- Não, nem sei quem é...

Valdenes disse:

- Bom, eu me chamo Valdenes, eu sou amigo de Eraldo. 

- Bom, moço, acho que te vi dormindo nas ruas um dia desses.. - disse Aline. 

- Não, ali é meu irmão Guilherme. Eu já morei nas ruas, mas estou hoje morando lá no loteamento Monte Castelo. Meu irmão é quem é teimoso feito uma mula e quis ficar no relento. 

- Ah, entendi...

Em dado momento, Eraldo e Valdenes se afastaram para pegar refrigerantes, e Eraldo disse:

- Valdenes, acho que essa matutinha tá de olho em tu...

- Oxe, que conversa é essa? 

- Ah, Valdenes, pensa que eu não sei? Foi assim que eu e Judilane nos conhecemos. 

- Oxe, fuleragem... nenhuma mulher vai se interessar em mim, não. 

Mas apesar de ter dito isso, Valdenes também olhava para Aline Débora. Após terminarem o almoço, ainda foram dar voltas na Praça 27 de Dezembro e depois, no pátio no bairro Nova Itália, vizinho ao centro. 

sábado, 23 de setembro de 2023

Irmã Elvira chega em Lagoa da Italianinha

 

Num certo sábado de manhã, na sede do Colégio de Freiras Irmã Renata Augusta, em Lagoa da Italianinha, a madre superiora Irmã Alcinéia, recebeu uma nova freira, vinda de uma cidade vizinha. Irmã Alcinéia viu-a com a sua irmã, que também viera da mesma cidade. Irmã Alcinéia disse:

- Qual seu nome?

- Eu sou a Irmã Elvira, eu vim de Ibirajuba, aqui pertinho. 

Irmã Alcinéia olhou a irmã da Irmã Elvira, que estava bastante estranha: cabelos despenteados, roupa preta quase cobrindo todo o corpo e uma medalha com um crucifixo gigante. Irmã Alcinéia lhe perguntou:

- Qual seu nome?

- Eu sou Cidinha, a irmã dela, mas saiba que sou uma santa, odeio pecados e pecadores. 

Irmã Elvira se levantou e disse para Irmã Alcinéia:

- Desculpe, é o jeito dela, ela é meio... fanática. 

- Entendo, e ela vai morar aqui também? Lá no convento só pode ficar você, e não ela. 

- Não, ela vai morar em um daqueles prédios onde moram uns ex-mendigos, que a prefeitura fez um tempo desses. 

- Está certo. Venha comigo conhecer o colégio. 

Enquanto andavam pelas dependências do colégio, Irmã Alcinéia dizia:

- Aqui o colégio é batizado em homenagem à Irmã Renata Augusta, uma alemã que veio morar no Brasil ainda pequena, mas que quando estava para casar, decidiu abandonar tudo e seguir a vida religiosa. Nessa época, ela morava no Recife, e quando entrou para um convento, veio para cá, na época ainda um sítio, com o padre Francisco. Espero que assim feito ela, você esteja disposta também a abandonar tudo. 

- Sim, é claro que estou!

- Muito bem. Você já pode começar a trabalhar por aqui, e à noite, sempre irá para o convento que fica a alguns metros daqui. 

- Sim, senhora. 

Enquanto isso, Cidinha, a irmã da Irmã Elvira, foi morar no conjunto Bella Ciao, onde moram alguns ex-moradores de rua, mas foi tida como antipática pelos novos vizinhos. 

Uma brasileira na Alemanha

 

Natural de Lagoa da Italianinha, sendo uma das irmãs da vereadora Vanessa, a Milady, já há alguns anos, deixou a sua cidade no interior de Pernambuco para se aventurar em uma carreira artística na Alemanha. Na ocasião, ela foi sozinha, com a cara e a coragem. 

Milady atualmente vive em um apartamento com a Ludmylla, outra cantora, que é alemã, com quem é parceira em trabalhos artísticos diversos. Mas antes desse clima de amizade, as duas, nos primeiros anos de Milady em Berlim, foram inimigas ferrenhas. Ludmylla chegou a sabotar shows de Milady por diversas vezes. Darlling, uma jovem que fazia parte da banda de Milady, traiu Miladuy e se aliou com Ludmylla. Não foram poucas as vezes que Milady se sentiu ameaçada pela união entre Ludmylla e Darlling. 

Mas a pandemia mudou tudo, e Ludmylla e Darlling perderam tudo, de modo que foram parar nas ruas da capital alemã. Ludmylla arrependeu-se sinceramente de todas as suas maldades contra Milady, e lhe pediu perdão. Milady relutou, mas convencida pelo empresário Arthur, pela madame Geane e pela professora Carol, ela perdoou, e ainda ofereceu abrigo para Ludmylla. 

Passados três anos, Milady e Ludmylla fazem parcerias de sucesso, e as duas nutrem uma amizade real e verdadeira. Mas ao contrário de Ludmylla, Darlling jamais se arrependeu e jura vingança contra Milady, e agora também contra Ludmylla, a quem chama de "traidora". Darlling segue morando nas ruas, ainda cheia de ódio. 

Atualmente, Milady e Ludmylla, juntas, ainda enfrentam alguns desafios, além das maldades de Darlling, tentam decolar novamente a carreira no período pós-pandemia. 

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

A Vereadora Vaqueira


Lagoa da Italianinha é uma cidade que virou um celeiro de artistas, especialmente para os cantores de músicas nordestinas e italianas. Kátia, uma cantora, se destacou na cidade, entrando até mesmo para a política. Neta de Antônio Neto, famoso pracinha que lutou na Segunda Guerra Mundial, Kátia é conhecida por seu estilo vaqueira, usando chapéu, blusa, calça e botas. Sempre foi aliada de Sandra Valéria, chegando a ser mesmo assessora dela. 

Kátia disputou a primeira vez uma eleição para vereadora em 2016, sendo derrotada, ficando na primeira suplência. Acabou assumindo em 2018, com a renúncia inesperada da vereadora Adriana, que decidiu largar a psicologia e a vida pública pra ir morar na floresta. 

Perto das eleições de 2020, Kátia não se agradou de Janayna, a sucessora de Sandra Valéria, principalmente por Janayna defender ideias de esquerda, e rompendo com ela, aliou-se imediatamente à Myllena, que viria a ser eleita prefeita naquele ano. Kátia disputou novamente as eleições para vereadora, desta vez, saindo vitoriosa, como a mais votada. 

Em 2023, Kátia ganhou um cargo na Mesa Diretora, sendo a primeira-secretária, enquanto Karoline, a irmã de Myllena, é a presidente da Câmara, e Diego, o segundo-secretário. Mas vale ressaltar que o crescimento de Kátia na política anda despertando ciúmes no próprio grupo da prefeita. Ilene, a irmã da Myllena e secretária de Governo, tida como a "primeira-ministra" na gestão, não gosta de Kátia. A filha de Kátia, Nuzy, e a irmã de Kátia, Suziane, também trabalham na gestão. O avô delas, Antônio Neto, o ex-pracinha, tem atualmente 98 anos de idade e vive na mesma casa onde passou sua infância, uma antiga fazenda que atualmente se localiza em plena zona urbana. 

Além do mais, Kátia, que mora no Loteamento Maria Clara, tem um grupo grande em suas mãos, e sonha futuramente com a Prefeitura de Lagoa da Italianinha. 

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

A talentosa Inalda

 

No sítio Maniçoba, onde atualmente se localiza Lagoa da Italianinha, antes mesmo da chegada dos italianos e da portuguesa Mary Dee, já havia uma estrangeira morando naquele pequeno sítio no agreste de Pernambuco. A artista plástica Inalda viera da Alemanha, sua pátria natal, em 1915, quando da época da Primeira Guerra Mundial. Inalda tinha 20 anos nessa época. 

Inalda nasceu em Wittemberg, a famosa cidade da Reforma Protestante, em 1895, e desde criança, já amava pintar, tendo chegado a expor quadros na Alemanha e na Áustria. Quando veio para o Brasil, passou algum tempo morando no Recife, até se transferir para o interior, nas proximidades de Canhotinho, onde ficava o sítio Maniçoba. 

No período em que a Alemanha estava assistindo à ascensão do nazismo ao poder, Inalda temia pela vida de sua prima Danielly, que ainda vivia na Alemanha, e pela sua própria vida, pois Inalda também era judia. O temor dela aumentou mais ainda quando Olga Benário, judia e alemã, foi deportada pra sua terra natal, onde morreu em um campo de concentração. 

Inalda era muito querida na localidade. Ela dava aulas de pinturas, especialmente para Maria Clara, a "camponesa descalça", que vivia em uma cabana e era pobre. Isso sem cobrar um centavo. Mas havia quem não gostava dela: a malvada Lady Andréia, madame rica de Vila Dourada, por várias vezes ameaçou denunciar Inalda no período que o Brasil estava em guerra contra a Alemanha, após 1942. 

Quando a guerra começou, em 1939, Inalda finalmente conseguiu trazer Danielly para morar com ela. Inalda vivia em uma mansão, mas apesar disso, era bastante simples. Gostava também de nadar em um lago algumas vezes e fazia compras pessoalmente na venda de Ed. Sentiu um grande alívio em 1945 quando finalmente o nazismo foi derrotado, e ela pôde respirar aliviada. Apesar disso, não voltou a morar na sua pátria, permanecendo para sempre em Pernambuco. Mas ela chegou a visitar a Alemanha e também Israel alguns anos mais tarde. 

A Força de Janayna


Uma das filhas do italiano Arthur, Janayna é uma jovem conhecida por sua militância política no campo da esquerda em Lagoa da Italianinha. Janayna sempre fala com orgulho de seu avô Jadiael, socialista italiano que chegou a lutar contra a ditadura fascista e acabou vindo para o interior de Pernambuco, onde foi um dos fundadores de Lagoa da Italianinha.

Janayna começou ainda jovem sendo assessora e militante da vereadora Sandra Valeria, eleita em 1992, sendo que Janayna assumiu a assessoria ainda em 1995. O pai de Janayna já havia sido prefeito, derrotando o coronel Pontes Florêncio, em 1968,  em plena época da ditadura. Além de atuar na política, Janayna é jornalista e chegou a fazer um jornal atacando a gestão do ex presidente Moab.

Em 2000, Janayna foi candidata a vice de Sandra Valeria, mas perdeu. Em 2004, foi eleita vereadora a primeira vez, ao lado de sua amiga Myllena, de modo que ambas comemoraram juntas. Janayna e Myllena foram muito amigas, mas se afastaram por divergências políticas, sendo que Myllena se tornou conservadora de direita. Janayna ainda teve dois mandatos de vereadora, sendo eleita em 2008 e 2012. Em 2016, foi novamente candidata a vice de Sandra Valeria, a quem tinha voltado a apoiar depois de três anos afastada. Dessa vez, Janayna foi eleita vice, ao lado de Sandra, que foi reeleita prefeita. Mas Sandra Valeria não completou o mandato: renunciou em 2018 pra ser deputada federal, passando a prefeitura para Janayna, que tinha uma plataforma especialmente voltada para os moradores de rua e chegou a começar a construção de dois prédios para os mendigos saírem das ruas, mas que foram inaugurados por sua sucessora.

Em 2020, Janayna liderou a cidade no combate a pandemia, tomando medidas drásticas de evitar a proliferação da COVID. Janayna mandou fechar repartições que não fossem essenciais e incentivou testes, além de construir um hospital próprio para pacientes do coronavirus e trouxe a vacina.

Janayna liderava as pesquisas, mas perdeu as eleições para sua ex-amiga Myllena, muito prejudicada pelo seu próprio grupo e pelas críticas as medidas contra a pandemia. Mas Janayna deu a volta por cima em 2022, se elegendo deputada estadual.

Janayna vive em uma casa com os filhos Nikolle, João Vitor, Plínio, David e Arturzinho, esse chamado em homenagem ao avô. Nikolle é tida como a futura sucessora de Janayna na política.

Josiane chega em Lagoa da Italianinha

 

Numa certa manhã, o deputado estadual Moab foi na padaria de Claudinês, e ela o recebeu, perguntando:

- Bom dia, deputado, o que manda?

- Bom dia. Eu queria saber se seu filho Aleff pode me fazer uma fineza. 

- Pode falar. 

Moab disse:

- Minha filha Josiane tá chegando de Maceió e ela vai passar por Lajedo, e Aleff poderia pegar ela por lá e trazer pra nossa mansão. Eu pagarei bem a ele. 

- Claro que sim. 

Moab é uma liderança política forte em Lagoa da Italianinha; filho do ex-prefeito Coronel Pontes Florêncio e neto do coronel Jefferson, Moab foi vice-prefeito e prefeito da cidade por três vezes, nesse tempo rivalizando com Sandra Valéria. Entretanto, quando ela foi eleita derrotando ele em 2012, Moab se uniu à ela, e os dois são aliados até os dias de hoje, inclusive ambos fazem oposição contra a atual prefeita Myllena.

Moab tem cinco filhos - Josiane, Danúzia, a cadeirante Cíntia, Natália e Jefté - e ainda mora com três irmãos seus: Nininha, Andy e Ana Patrícia. 

Josiane chegou horas mais tarde em casa, e Moab a recebeu. Josiane é uma jovem bela, mas depressiva, usa apenas um vestido branco, sapatos brancos, e não costuma sair de casa. É dependente de remédios e sofre de depressão e ansiedade. Natália, sua irmã mais nova, é quem mais cuida dela, sendo que na família, alguns não gostam dela: as irmãs Danúzia e Cíntia e a tia Ana Patrícia. 

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

A Barbie Descalça


No âmbito do sucesso de um filme sobre Barbie, em Lagoa da Italianinha temos uma "Barbie" humilde. Leila é fã da referida boneca e só se veste de rosa. A "Barbie" de Lagoa da Italianinha anda sempre descalça, pouco sabe ler e escrever, vende picolés pelas ruas, mora numa casa alugada na comunidade do Alto do Cruzeiro e veio do Sertão como retirante.

Ela, numa certa noite, pegou um ônibus no sertão que se dirigia a Maceió, para se aventurar pelo mundo, cansada de passar fome. Mas o dinheiro que ela tinha só permitia que ela fosse até Lajedo, onde ela acabou descendo. Conseguiu uma esmola para ir para Lagoa da Italianinha, cidade próxima, para onde foi. No momento que ela chegou na rodoviária, passou dias e dias ali. 

Leila chegou a dormir nas ruas algumas noites antes de alugar a casa. Corajosa, trabalhadora e honesta, Leila é querida e respeitada na cidade. Sofre preconceito pelo seu trabalho, mas ela se encarrega de exibir sua profissão com orgulho, pois ela trabalha honestamente. 

Leila guarda consigo uma boneca Barbie que ganhou quando criança. Seus pais com dificuldades, viram que a filha gostava da boneca e lhe compraram. Ela guarda até hoje, mesmo nas noites que passou nas ruas. 

Leila tem como melhores amigas a surda-muda Janielle, que também vende picolés, e a Faby, que mora em uma casinha em cima de uma árvore e também vendo picolés pelas ruas. 

Uma Família Humilde


Na década de 30, nas proximidades do sítio Maniçoba, atual Lagoa da Italianinha, vivia uma família muito humilde. Numa cabana de taipa o chefe da família Jadilson, um simples agricultor, casado com Janaína e pai de dois filhos: Jadiel e Jamile.

Jadilson nascera em 1882, e Janaína em 1888, ambos durante a monarquia brasileira, no sertão de Pernambuco. A pobreza extrema não os impediu de viver um amor verdadeiro, casando-se numa paroquia de Vila Dourada, gerando dois filhos, o Jadiel, nascido em 1913, e a Jamile, nascida em 1917.

Nenhum era alfabetizado, sendo que apenas na década de 30, Jadiel e Jamile aprenderam a ler e escrever com a professora Issa. Jadilson e Jadiel trabalhavam na agricultura, e Janaína vendia frutas no centro de Vila Dourada, cidade ao qual o sítio Maniçoba pertencia na época. Janaína usava um vestido vermelho velho, sujo e surrado, e usava sandálias. Ela mesma aparecia descabelada e um pouco suja.

Jamile, por sua vez, inconformada com a vida de pobreza, tentava nutrir amizade com a Jennifer, filha do Coronel Jefferson, mas Jennifer a esnobava. Apesar das reprovações dos pais e do irmão, Jamile insistia que pensava em tirar a família da pobreza o mais rápido possível.

Apesar de faltar quase tudo, a família ainda era unida, e se propunham a lutar juntos para superar todas as barreiras. 

Suely, a juíza valente


Em Lagoa da Italianinha, uma juíza é muito respeitada na cidade, de modo que ela é tida como séria e honesta, além de ser corajosa.

Suely chama atenção também por seu visual excêntrico, pois ela é careca, por opção. Ela decidiu raspar a cabeça e acabou inspirando algumas outras mulheres da cidade a fazer o mesmo.

Uma das irmãs da prefeita Myllena e da vereadora Karoline, Suely não mede esforços para fazer cumprir a lei independente de parentesco ou partido.

Antes de ser juíza no fórum de Lagoa da Italianinha, Suely foi juíza na vizinha cidade de Vila Dourada, onde enfrentou até mesmo grupos de extermínio e chegou a receber ameaças, sendo obrigada a andar com seguranças até hoje. 

Um dos maiores inimigos de Suely é o deputado estadual e ex prefeito Moab, cuja família foi a mais processada pela jovem juíza. Não faltam convites para que Suely entre na política e seja prefeita, inclusive. Além de ser juíza, a jovem careca tem ainda outro dom: gosta de cantar e sonha em gravar hinos evangélicos.

Cássia na rodoviária

 

Na lanchonete de Marlene na rodoviária de Lagoa da Italianinha, estavam os amigos Eraldo e Valdenes almoçando, quando apareceram as irmãs Lúcia e Cássia. Eraldo cumprimentou Lúcia e disse:

- Essa é sua irmã Cássia?

- Ela mesma, esta aqui agora morando com a gente.

Cássia tinha um olhar envergonhado e parecia estar vermelha. Valdenes disse:

- Ela parece que tá com vergonha.

- Não, moço... - disse Cássia.

Depois em dado momento, Eraldo disse:

- Que cheiro esquisito é esse?

Lúcia olhou Cássia e disse:

- Não me diga que tu cagasse nas calças, sua doida.

- Sim... - disse Cássia, com um sorriso amarelo.

Lúcia disse ao Eraldo e ao Valdenes:

- Vocês me desculpem vou ter que me retirar, vamos embora, Cássia.

As duas se retiraram, e Valdenes disse:

- Essa tal de Cássia...tão bonita mas não bate bem das cacholas...

- Bom, meu amigo descalço, vamos indo porque temos muito o que fazer na escola.

Eraldo e Valdenes pagaram o lanche e foram embora.

Alvanir e Armanda


Na cidade de Fortaleza, no século XIX, vivia uma família nobre e distinta. O barão, que era neto de Brenda, tinha três belas filhas: Aline, Alvanir e Aurineide. O ano era 1865, e o barão ainda recebeu na casa dele as duas sobrinhas Denise e Armanda. Acontece que Armanda nutria ódio especialmente contra sua prima Alvanir. 

Duas escravas que ali trabalhavam, Socorro e Adriallina, serviam a elas. Socorro também era revoltada com a vida, enquanto Adriallina era tida como honesta e correta.

Armanda costumava pagar Socorro para tentar matar Alvanir. O vizinho delas, o idoso Sr. Thomas, que havia conhecido pessoalmente a Brenda, avó do barão, - sendo que Brenda o criara quando ele perdeu os pais em um incêndio criminoso - também se tornou alvo das maldades de Armanda, visto que ele defendia a jovem Alvanir, que também era cantora, pianista, escritora e militante abolicionista.

Alvanir só teve mais sossego em sua vida quando em 1888, os escravos foram libertados, e quando em 1889, Armanda foi internada em um hospício, de onde não saiu mais. Já velha e viúva, no começo do Século XX, Alvanir se mudou para Pernambuco, onde comprou uma casa com suas filhas Lucinha e Mônica, no mesmo local que daria origem a futura cidade de Lagoa da Italianinha.

O agricultor que se tornou guerreiro


Na vida simples do interior de Pernambuco na década de 30, o jovem Antônio Neto, que vivia no sítio Maniçoba, jamais imaginava um dia viajar para um outro país ainda mais da forma que tudo aconteceu.

Antônio Neto cresceu sendo criado com rigor pela sua mãe Mônica, a beata rigorosa. Na maioria do tempo, vivia sem camisa e descalço, sendo alvo de broncas de sua mãe por isso. Na ocasião, ainda fez amizade com a imigrante italiana Alycia, o que desgostou sua mãe.

Em 1939, começou a Segunda Guerra Mundial, e Antônio Neto pouco conhecia essa realidade. Em 1942, o Brasil entrou na guerra contra Itália, Alemanha e Japão, mas em 1944, veio o choque na vida do jovem: ele foi convocado para a Força Expedicionária Brasileira.

Sua mãe, claro, ficou inconformada. Mas para não ser acusado de desertor, teve que partir. Acostumado a usar apenas uma calça e andar sem camisa, tinha que agora usar uma farda pesada. Acostumado a ficar de pés descalços, ele agora teria que usar botas pesadas. Acostumado a usar a enxada, teria que mexer em metralhadoras, bombas, canhões e rifles. 

Mônica temia pela vida do filho, que foi lutar nos campos da Toscana, participando da batalha de Monte Castelo. Voltou com vida para o Brasil. Mas isso tudo lhe rendeu um amor: Antônio Neto se casou com uma italiana que conheceu durante a guerra. Dessa união nasceram dois filhos: o mais velho foi pai da atual vereadora Kátia e da Suziane, enquanto o mais novo foi pai de Jad, Guilherme, Valdenes, Vitória e Juju Doida. 

Uma Família Problemática

 

No centro de Lagoa da Italianinha, vive Selma, uma beata que costuma ficar pelas ruas conversando sobre vidas alheias. Ela é filha de Arthur, um dos italianos que chegou ao Brasil na sua infância, com sua irmã Alycia e seus pais Jadiael e Lanie. Selma, em uma certa manhã, estava tomando café com todos os que moravam com ela: irmã, filhas, neta e sobrinhas. 

Selma tem duas filhas gêmeas: Wéllia e Maria Luísa, mais conhecida como Malu. Wéllia é uma publicitária, enquanto Malu é uma veterinária. As duas são diferentes no gênio, pois Wéllia é gananciosa, esnobe, prepotente e arrogante, enquanto Malu é bondosa, humilde e generosa. 

Wéllia, por sinal, vive maltratando sua prima Rita de Cássia, que tem problemas mentais, por Rita tem 40 anos, mas tem mente de uma menina de cinco anos, e até carrega consigo uma boneca, a quem ela chama de Dalila. Rita de Cássia tem muito medo de Wéllia, mas é muito protegida por Malu. Ainda Wéllia tem uma filha, chamada Alice, mas que é diferente da mãe, por isso mesmo é mais ligada à sua tia Malu. Wéllia ainda tem problemas com surtos frequentes, devido ao seu alto nível de estresse. 

Selma tem uma irmã mais nova, chamada Valquíria, que desde 2012, anda vestida de noiva, com um vestido de cor preta, desde que ela foi abandonada no altar naquele ano no dia que seria seu casamento. Valquíria tem a mania de sempre perguntar a algum homem se quer se casar com ela. 

Por fim, na mesma casa, vivem outras duas primas, a Anna Paula, também apaixonada por animais e parceira de sua prima Malu na clínica veterinária, e Wêdja, uma malvada preguiçosa que vez por outra está às turras com Wéllia. Wêdja ainda bebe muito, e vive causando problemas por conta de seu alcoolismo. 

Na cidade, a família tem fama de ser "louca", e alguns mais antigos remetem à Tia Sandra, tia avó de Arthur, que também tinha problemas de loucura, como se fosse alguma herança. 

A mendiga Juliana

A mendiga Juliana costuma perambular pelas ruas centrais de Lagoa da Italianinha, pedindo esmolas, não só no centro como também na rodoviári...