Na década de 30, vivia pelas ruas em Vila Dourada, no agreste de Pernambuco, uma senhora chamada Valdinha, que tinha ao seu lado a sua filha Rayane. Ambas viviam nas ruas, sem família nem teto. Valdinha, que andava muito suja, com um vestido verde rasgado e sujo, e descalça, fazia de tudo para proteger sua pequena filha, que também estava maltrapilha.
Valdinha tinha o costume de pedir esmolas na porta da igreja e algumas ruas principais do centro de Vila Dourada, onde elas também costumavam dormir. Valdinha pedia esmolas sozinha e não deixava a filha fazê-lo. Não queria explorar sua pequena filha.
Valdinha nasceu em 1881, e na década de 30, ela já tinha mais de 50 anos. Dizia ela que viera de uma família rica, e já tinha até frequentado casas de famílias importantes. Valdinha dizia que quando era criança, chegou a ir a Petrópolis, no tempo do Império.
Muitos ali achavam que Valdinha tinha problemas mentais, e que ela nunca fôra rica. Ela também gostava de ir na venda de Ed, que ficava no sítio Maniçoba, onde atualmente fica a cidade de Lagoa da Italianinha. Houve quem tentasse tirá-la das ruas, a exemplo da professora Issa e da artista plástica alemã Inalda, mas ela se recusava, não querendo ser "estorvo" pra ninguém.
Nessa ocasião, Valdinha ainda era ajudada por dois amiguinhos, o pequeno agricultor Antônio Neto e sua amiguinha, a imigrante italiana Alycia. Num certo dia, eles foram levar comida para ela, e Valdinha os olhava com amor.
Valdinha sorria, dizendo:
- Vocês dariam um belo casal...
Os dois amiguinhos riram. Antônio Neto disse:
- Somos apenas amigos...
- É vero! - disse Alycia.
Apesar da grande amizade entre eles, Antônio Neto e Alycia não se casaram um com o outro, e constituíram famílias diferentes.
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