No final de 1946, não se falava em outra coisa no sítio Maniçoba, no interior de Pernambuco, senão no julgamento de Nuremberg, um julgamento que ocorreu na Alemanha contra os criminosos do regime ditatorial que governou o país por 12 anos.
Certo dia, na sua venda, Ed recebeu a alemã Inalda, que havia ido beber. Ed disse:
- Inalda, você está sabendo do que ocorreu lá no seu país? O julgamento em Nuremberg?
Inalda disse:
- Tô, sim. E espero que todos eles paguem por seus crimes.
Ed disse:
- Bom, lá Hernan Goering foi condenado à forca, mas ele se suicidou um dia antes do veredicto. Rudolf Hess foi condenado à prisão perpétua, e ainda teve um tal de Albert Speer que foi condenado a vinte anos de prisão...
- Só isso???????
- Sim. Ele disse no julgamento que não sabia dos crimes do regime nacional-socialista.
Inalda disse:
- Mas por favor, esse homem era o queridinho de Hitler, como é que ele não sabia de nada? Ele foi muito esperto, isso, sim, se fez de inocente e os russos, americanos, franceses e ingleses caíram na lábia dele. Ele foi o arquiteto, oras, era lado a lado com o ditador.
Ed disse:
- Inalda, muitas coisas só saberemos daqui a muito tempo...
- Eu me sinto envergonhada de meu país ter colocado aquele monstro no poder. Todas aquelas imagens de campos, dos meus colegas judeus...
- Não se sinta envergonhada, Inalda. Mesmo porque ele não venceu a eleição pra presidente, ele alcançou o poder por que persuadiram o então presidente a nomeá-lo chanceler. Aí o estrago começou.
- É verdade... vou embora, vou nadar um pouco no lago.
- Vá.
Inalda saiu dali, e se jogou em uma lagoa, onde ficou nadando.
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