Gabriella volta a Lagoa da Italianinha

 

Há alguns dias, a mendiga Gabriella não foi vista nas ruas de Lagoa da Italianinha. Numa certa tarde, na rodoviária, ela chegou, descendo de um ônibus. Mesmo um pouco suja, descabelada, com blusa preta rasgada, calça jeans suja e descalça, ela foi aceita no veículo e voltou para a cidade. 

Gabriella chegou na lanchonete de Marlene, que disse:

- Onde tu esteve, Gabriella? 

- Eu estive em Vila Dourada, aqui perto, passei alguns dias nas ruas de lá. 

Marlene disse:

- E por que esse curativo na sua testa?

Gabriella disse:

- O povo de lá é cruel e mais de coração pesado pro evangelho do que aqui em Lagoa da Italianinha. Fui pregar em praça pública, me chamaram de louca porque eu disse que Cristo tá voltando, e fui apedrejada e presa como perturbadora da ordem pública. Passei apenas algumas horas presa. A única vez que fui presa foi lá em Recife, antes da conversão, quando eu baguncei no meio de uma festa. Nunca mais eu havia pisado em uma delegacia. 

- Caramba, Gabriella, que loucura. 

- Mas eu não me importo, eu sofro pelo meu Salvador, como Paulo sofreu. Eu era uma perdida no meio do luxo e da riqueza, me converti, ele me alcançou quando eu tinha perdido tudo, e hoje estou levando o nome Dele às pessoas, eu sendo uma simples moradora de rua! Não importa o que façam comigo, eu estou preparada para sofrer perseguições! 

- Gabriella, muito cuidado. Nem todo mundo tá disposto a receber as mensagens nem escutar palavras duras. 

- Somos pecadores, somos. Mas lá, a situação tá terrível, até os donos da cidade fazem coisas absurdas. Por isso que Vila Dourada parou no tempo, enquanto aqui, que foi um sítio de lá, cresceu muito mais!!!!!

- Quer lanchar, Gabriella?

- Aceito, muito obrigada. 

Gabriella tomou café e comeu um lanche, e dizia:

- Não vejo a hora de reencontrar minha irmã Hyasmin e minhas amigas de rua Suzy, Maria, Josielma e Talita...