Numa certa tarde, no ano de 1937, o agricultor Antônio Neto, que ainda tinha doze anos na época, chegou em casa com a mendiga Valdinha e sua filha Rayane, que viviam nas ruas de Vila Dourada, cidade a qual o sítio Maniçoba pertencia.Na casa, estavam Mônica, a mãe de Antônio Neto, e a Lucinha, a tia dele e irmã mais velha de Mônica. Mônica, ao ver a mendiga, disse:
- Mas o que significa isso?
- Ela passou pela venda de Ed pedindo esmolas e eu convidei ela pra vir almoçar aqui.
- Mas era só o que me faltava! Na minha casa, duas mulheres sujas, fedendo e esfarrapadas?
Lucinha disse:
- Mônica, deixe ela almoçar aqui.
Valdinha disse:
- Dona Mônica, eu não quero incomodar... eu sou andarilha, pobre, não tenho casa, só tenho minha filha comigo...
Mônica disse:
- Está bem, Lucinha. Mas tu que faça comida pra elas. Depois eu vou ter uma conversinha com o seu Antônio Neto.
O almoço foi feito, e se sentaram para comer. Mônica notou que Valdinha tinha bom comportamento na mesa, mesmo sendo moradora de rua. Mônica disse:
- Interessante, tu sabe pegar direitinho na faca, no garfo, na colher... nem parece ser uma pobretona.
Valdinha disse:
- Eu passei anos na riqueza, dona. Perdi tudo por minha própria incompetência. Eu fui uma pessoa errada. Estou merecendo esse castigo de viver pelas ruas.
Rayane comia com as mãos, e Valdinha disse:
- Não pegue com as mãos, filha.
Pouco depois, as mendigas saíram da casa, e Mônica deu uma bronca em Antônio Neto:
- Espero que não me traga mais indigentes pra essa casa!
- Mãe, o que tem? Elas são boas pessoas.
- Se fossem boas pessoas, não viviam nas ruas. Ela mesma disse que foi uma pessoa errada e merece esse castigo. Sabe-se lá o que ela aprontou lá atrás?
- Mas, mãe...foi ato de caridade.
- Chega. Olha, se tu quiser pegar alguma comida sua e levar pra elas, pode fazer isso. Mas trazê-las pra cá... não mais!
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