O Natal de 1935 foi o primeiro que Tia Sandra passou sem a presença da sua sobrinha amada Lanie, que havia partido para o Brasil naquele ano. E também apesar de ter fugido algumas vezes de casa, Tia Sandra nunca havia passado o Natal morando nas ruas. Tia Sandra fugiu de casa por ser maltratada pela família, e se aventurou pelas ruas de Verona, onde morava.
Usando um vestido branco, andando descalça e sempre com uma boneca de pano na mão, Tia Sandra já tinha nessa época 44 anos, mas sempre agia como se fosse criança.
Tia Sandra passou o dia inteiro perto do Rio Ádige, admirando o local, e não parava de estar pensativa. Tratava sua boneca com carinho como se fosse uma filha.
À noite, Tia Sandra se deitou em uma calçada, mas sem cobertor. Foi quando um idoso que também estava pelas ruas cobriu-a com um cobertor, para que ela não passasse frio. Tia Sandra chamava o tempo todo por sua sobrinha Lanie, a única da família que a tratava com carinho, e que agora estava longe, do outro lado do oceano.
Esse foi o primeiro de dois Natais que Tia Sandra passaria nas ruas: no ano de 1936, ela novamente passaria o Natal no relento, antes de voltar para casa em 1937, ir para um manicômio em 1939 e para o Brasil em 1946.
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