Na década de 30, quando Lagoa da Italianinha era apenas o pequeno sítio Maniçoba pertencente ao município de Vila Dourada, no agreste de Pernambuco, a camponesa Maria Clara era conhecida por seu temperamento forte e seu jeito simples, morando em uma cabana e amando dormir no chão e andando sempre descalça. Era filha de índios e costumava colher frutos nos campos.
Mas havia um outro lado que muitos hoje em Lagoa da Italianinha não falam: Maria Clara sempre foi muito desastrada. Ela chegou a trabalhar por um tempo na venda de Ed, e não foram poucas as vezes que Ed teve prejuízos com ovos quebrados, copos quebrados, pratos quebrados, etc. Isso porque Maria Clara - sem intenção nenhuma - acabava se atrapalhando e quebrando. Apesar de ficar irritado, Ed não demitia a funcionária, pois gostava muito dela.
Numa certa tarde, em 1937, enquanto Maria Clara estava aprendendo a pintar quadros na casa da alemã Inalda, ela tropeçou num dos potes de tinta e acabou caindo em cima dos quadros, derrubando-os no chão. Inalda escutou o barulho na cozinha, e disse:
- Mas o que aconteceu, que barulho foi esse?
- Desculpe, dona Inalda, derrubei sem querer.
Inalda viu seus quadros no chão, e disse:
- Seja mais cuidadosa. Ainda bem que esses quadros eram apenas rascunhos, os meus quadros principais eu guardo no meu ateliê.
- Posso vê-los?
- Não, por favor, ali ninguém entra.
- Tá, desculpe...
- Tá bem, Maria Clara, vou te ajudar a juntar tudo isso pra colocar no lugar.
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