quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Wéllia reclama dos amigos de Malu

 

Numa certa manhã, na rodoviária de Lagoa da Italianinha, estavam Malu, Valdenes e Marcella, conversando, quando apareceu Wéllia, a irmã gêmea de Malu, que não aceitava vê-la com "pobres". Wéllia disse:

- Malu, tu não tem juízo mesmo, andando com essa pobraiada ridícula, esse imbecil do pé sujo e essa vendedora de comidas. 

Malu disse:

- Larga a mão de ser desagradável, Wéllia, tu pensa que porque tu está com roupas limpas e sapatos tu é melhor que nós, é? 

- Claro que sou. 

Valdenes disse:

- Mas quando vou fazer necessidades, uso o banheiro. 

Wéllia disse:

- O que tu quer dizer com isso, maluco? 

- Nada, nada demais.

Malu disse:

- Vá embora, Wéllia, que é o melhor que tu faz! 

- Eu vou. Pra não me contaminar com essa gentinha!

Marcella disse:

- Tu se acha muita coisa, Wéllia. Mas pelo menos, durmo a cabeça no travesseiro e durmo com a consciência tranquila. 

- Grande porcaria. De que adianta ter consciência tranquila e viver de bolso vazio? 

Wéllia saiu dali, e Malu disse:

- Desculpem pela minha irmã, ela é desagradável. 

Marcella disse:

- Valdenes, o que tu quis dizer quando tu disse que usa o banheiro pra fazer necessidades?

- Wéllia é uma amostrada, ela exibe pose de madame ricaça poderosa e limpa, mas pergunta ao Horácio que foi casado com ela, que tu vai saber que até a mendiga Esvalda, perto dela, é limpa! 

- Oxe, misericórdia. - disse Marcella. 

Malu disse:

- Deixa pra lá, Valdenes...

- Deixa pra lá, nada. Não aguento ver sua irmã humilhando pessoas feito a gente. Tem que passar a verdade na cara dela, mesmo! 

Aventuras de Vernon


Morando em Goldenville, uma pequena cidade, Vernon, o fotógrafo, gosta de se envolver em diversas aventuras por ali. Costuma caçar tesouros e passear pelo rio, louco para capturar algumas imagens. 

Vernon, certo dia, foi para o rio, e lá entrou, tirando apenas sua mochila, e se divertindo por ali. Um homem passou por ele e perguntou:

- Doido, é? Tomando banho com roupa????

Vernon nem ligou. Depois de passar algumas horas por ali, ele tirou algumas fotos e voltou para Goldenville, onde mora sozinho. No entanto, ele é um pouco nômade, pois pode mudar de endereço com muita facilidade. 

Ele pegou o celular e contou suas aventuras para Paloma Kassandra, que mora na Filadélfia, que disse:

"Eita, tu é mais maluco do que eu". 

Vernon disse:

"Claro, eu te disse". 

A amiga dos animais

 

Em Vila Rica, a jovem Neide sempre foi reconhecida como defensora dos animais. Neide, que nasceu em 1745, viveu no meio pobre, chegando a construir sua cabana com suas próprias mãos. Vendia comida pelas ruas de Vila Rica durante algum tempo. Tinha como amigas a Brenda e a Fabiana, duas outras mulheres pobres da cidade. 

Aos mais tarde, Neide tornou-se uma madame respeitada na sociedade, e costumava cuidar de animais. No começo do século XIX, já com seus 60 anos, mantinha uma casa de adoção de animais, incluindo cães e gatos. Diferente de Brenda, que foi pro Ceará, e Fabiana, que foi para os Estados Unidos, Neide passou o resto de sua vida em Vila Rica, cidade que sempre amou. 

Na sua casa, recebia ajuda também da francesa Jacilene, que estava morando em Pernambuco, além de Regina, Glebson e Milena, três amigos que haviam permanecido em Vila Rica. 

Marcella se diverte na cachoeira

 

Num certo dia, Marcella, a jovem que vende comida pelas ruas de Lagoa da Italianinha, foi se divertir na cachoeira Sol Nascente. 

Ela foi também vender comidas ali, mas em dado momento, deixou sua cesta ali perto e mergulhou na água da cachoeira. 

Alguns a viam de longe, e conheciam. Uns diziam:

- Essa moça é pobrezinha, mas é bem corajosa. Ela é ambulante na rua da cidade. 

Quando Marcella se sentou em um local esperando suas roupas secarem, uma menina aproximou-se com um sorriso. Marcella se encantou tanto que deu um lanche pra ela. A menina disse:

- Quanto é, moça?

- Nada, pode levar. 

A menina levou a comida, agradecida. Marcella percebeu que a menina era muito pobre, e estava por ali pedindo comida e dinheiro. 

Vernon e Brielle

 

Não faz muito tempo, apareceu em Goldenville um jovem vindo da Filadélfia, chamado Vernon. Ele se interessou pelo lugar depois de conhecer a jovem Brielle, de família rica local. Vernon cresceu na Filadélfia, mas depois de uma grande decepção amorosa que teve com Briana, uma jovem que ele amava, se desencantou e quis se aventurar nesta pequena cidade. 

Vernon é fotógrafo e é primo de Paloma Kassandra, que vive na Filadélfia. Ele é descendente direto do patriota americano Wrialle, que chegou a morar em Vila Rica, no Brasil, no século XVIII depois de participar de Revolução Americana, além de ser neto de Ellyson, militar que combateu na Segunda Guerra Mundial no norte da Itália. 

Vernon marcou seu encontro com Brielle depois de uma conversa na rede social. Filha de Nevin e Valerie, Brielle não costuma sair muito de casa, ao contrário de suas irmãs mais novas Ashley e Riley. 

Vernon não perdeu tempo, e como gosta muito de aventuras, se instalou em Goldenville, onde passou a morar. Embora Nevin, o pai de Brielle, seja muito exigente, Vernon acabou fazendo amizade com ele. 

Além do mais, Vernon frequenta uma igreja protestante reformada, enquanto Brielle é de uma igreja protestante pentecostal, o que cria mais um conflito, uma vez que o pastor não permite casamento de seus membros com pessoas de outras igrejas. Vernon nutre interesse de conquistar Brielle, mas tem que superar muitos obstáculos. 

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

A aula da professora substituta


Um certo dia, uma professora substituta foi na sala de aula do colégio em Vitalba. Ali, estavam alguns alunos, como Ettore, Joni, Jolanda, Vitório, Raschele, Enzo, Winnie e Amália. Ela estava substituindo uma professora que estava doente. Ela percebeu Vitório descalço e disse:

- Por que estás descalço?

- Eu só vivo assim. 

Enzo disse:

- Isso é um maluco! 

- Fica quieto, Enzo. - disse Amália. 

A professora disse:

- Tá bom, tu não pode se calçar, Vitório?

- Não, os calçados estão em casa. 

- Viesse descalço pra escola?

- Vim, sim. 

A professora disse:

- Está bem, deixa pra lá. Vamos pra aula. História! 

- Eita, nessa Vitório é fera! - disse Winnie. 

- Quero só ver. Vitório, vamos falar de primeiros-ministros da Itália. Quem foi o primeiro a ocupar esse cargo e qual ano foi?

- Camillo Benso di Cavour, de março a junho de 1861. 

- Nossa, tu sabe mesmo. Me diz aí qual primeiro-ministro demorou mais tempo no cargo. 

- Benito Mussolini, 21 anos, de 1922 a 1943. 

- Responde mais essa. Qual primeiro-ministro foi o último da Monarquia e o primeiro da República? 

- Alcide de Gasperi, de 1945 a 1953. 

- Vitório, me responda, tu sabe quais foram os primeiros ministros desde o último mandato de Sílvio Berlusconi até hoje?

- Mário Montti, Enrico Letta, Matteo Renzi, Paolo Gentiloni, Giuseppe Conte, Mário Draghi e a atual, Giorgia Meloni. 

- Impressionante, garoto, tu sabe tudo, mesmo. - disse a professora. 

Raschele disse:

- Agora, em compensação, é burro em Matemática. 

- Não agita, Raschele! - disse Joni. 

Jolanda disse:

- Pergunta matemática pra Raschele, quero ver se ela é boa, mesmo. 

- De matemática, eu também sei, além de música - disse Ettore. 

A professora disse:

- Está bem, uma matéria de cada vez. Vamos ter ordem na sala, por favor...

A aula continuava. A professora disse:

- Vamos pra aula de Geografia. Quem pode responder quais países fazem fronteira com a Itália?

Vitório disse:

- França, Suíça, Áustria e Eslovênia, e ainda tem os enclaves do Vaticano e de San Marino. 

- Menino, tu sabe Geografia também? 

Jolanda disse:

- Ele desenha mapas, professora, um dia desses, desenhou o mapa da Toscana. 

A professora disse:

- Quem vê esse menino assim descalço não imagina como ele é inteligente...

O aniversário de Danúzia

 

A filha do deputado estadual Moab, Danúzia, fez mais um aniversário e convidou seus amigos da alta sociedade de Lagoa da Italianinha. A maquiavélica madame fez questão só de convidar os mais ricos. Ela não queria nem mesmo suas irmãs na festa. 

Alguns amigos também vieram de Vila Dourada, Nova Humaitá e Serra Grande do Agreste. Depois dos parabéns, Danúzia teve uma ideia inusitada: 

- Vou entrar agora na piscina, e quem quiser entrar comigo, entre. E de roupa e tudo, feito eu faço. 

- De roupa???? - perguntou uma amiga.

- Claro, sou chique até embaixo d'água!

Ela entrou, até de sapatos, e ia nadando. Alguns amigos e amigas tiveram coragem e também entraram na piscina. 

Danúzia, na água, dizia:

- Vocês estão diante da madame de Lagoa da Italianinha, a futura prefeita da cidade. 

Ela foi aplaudida por alguns amigos. Ela ainda dizia:

- Se eu for eleita, vou proibir trajes de banho, nos banhos, só pode entrar com roupa e tudo, feito eu faço!

As manifestações ali foram diferentes. Um dos amigos que estava na piscina disse:

- Ela exagerou na bebida...

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Regina abriga Jacilene em sua casa

 

Durante alguns anos, a pianista Regina, a dama de Vila Rica, abrigou a francesa Jacilene em sua casa. Esta era sua segunda casa na cidade mineira, depois de ter vindo da França. 

Jacilene viveu na casa da Sinhá Adriana entre 1782 e 1792, exatamente dez anos. Mas os conflitos da francesa, que tinha ideias iluministas, com a ultraconservadora Sinhá Adriana fez com que as duas entrassem em rota de colisão permanente. Além do mais, a filha de Sinhá Adriana, Mariana, nunca confiou em Jacilene, que inclusive, protegia Gilmara, a escrava de Sinhá Adriana, que sofria muitos maus tratos. 

A gota d'água foi quando Jacilene ajudou Gilmara a fugir. Quando a escrava foi recapturada, Jacilene confessou que tinha ajudado-a a fugir, o que a fez levar chicotadas no tronco ao lado da escrava fugitiva. Sinhá Adriana deu apenas três dias para Jacilene deixar sua casa. Sinhá Adriana pretendia também matar Jacilene, mas deixou-a viva por consideração ao seu irmão, que morava na França, que tinha indicado a francesa para morar com ela dez anos antes. 

Regina, ao saber do que tinha acontecido, convidou a francesa para ir morar com ela pelo tempo que fosse necessário. As duas tinham desenvolvido uma forte amizade, de modo que Regina enxergava Jacilene como uma filha, enquanto Jacilene tinha Regina como uma segunda mãe. Jacilene não queria incomodar Regina, mas acabou aceitando o convite. 

Jacilene permaneceu morando na casa de Regina até o fim da década, quando se casou com um pernambucano e foi morar em Pernambuco, onde passaria o resto de sua vida. 

A depressão de Sophia

 

Durante treze anos, mais precisamente entre 1862 e 1875, a bela jovem Sophia viveu a pior fase de sua vida. Ela, mesmo sendo muito rica, estava afundada em um estado depressivo. 

No ano de 1862, perdeu seu então noivo Michael, de forma trágica, tendo ele caído de um cavalo. Na realidade, a morte dele foi provocada por Tereza, a mãe de Sophia, que mandou matar o rapaz por nunca aceitar o relacionamento dele com sua filha. 

Sophia pouco saía de casa, e era tratada como "estorvo" pela sua mãe. Mesmo despertando interesse da maioria dos homens da alta sociedade de Fortaleza, Sophia nunca aceitou nenhum deles, já que nunca se desligou completamente de seu falecido noivo. 

Seu irmão Mauro e seu pai Raul tentavam ajudá-la, mas não conseguiam. De fora, o maior apoio vinha de sua amiga Alvanir. Mas Tereza conseguia destruir a filha por dentro, chamando-a de "estorvo" e acusando-a de ser "cheia de frescura". 

A morte de Raul, seu pai, em 1872, piorou ainda mais o estado de Sophia, que tirou sua própria vida se afogando no mar de Fortaleza em 1875. Era uma bonita jovem de apenas 40 anos que se recusara a aceitar a perda do grande amor de sua vida e que foi controlada com mão de ferro por aquela que deveria mais amá-la. 

Depois da morte de Sophia, Tereza foi quem caiu em depressão, até morrer em 1882. E Mauro, depois disso tudo, virou médico e foi morar em Natal, onde viveu até 1910. 

Tia Sandra nas ruas de Verona

 

Numa rua de Verona em 1936, Tia Sandra, que cresceu em uma mansão rica, estava ainda um pouco assustada com a vida nas ruas. Ela havia fugido de casa por se sentir rejeitada pela sua família. Embora ela já tenha dormido nas ruas de Verona várias vezes, foi entre os anos de 1935 e 1937 a maior sequência da Tia Sandra dormindo na rua. 

Em 1936, ela já tinha 45 anos, mas a mente de criança. Ela carregava sempre sua boneca de pano. Nessa época, fez amizade com a mendiga Ruth, que a enxergava como filha, dando-lhe o amor que sua família havia negado. Sua única parente que lhe oferecia amor era Lanie, sua sobrinha, que havia partido para o Brasil com sua família. 

Tia Sandra, porém, se adaptou logo, e costumava dormir em ruas mais desertas para não ser pega pelos seus familiares. Lanie, no Brasil, não sabia que Tia Sandra estava morando nas ruas, pois seus familiares esconderam isso dela. Apenas em 1946, quando Lanie foi mandar tirar Tia Sandra do manicômio em Milão para levá-la ao Brasil, é que ela ficou sabendo dos dois anos que ela havia passado ao relento, sofrendo com o frio da região do Vêneto. 

Família visita o clube de lazer inusitado de Josenilda


Numa certa tarde de domingo, no clube de Josenilda, Jad levou sua filha Maria Rita, e ainda foi acompanhada com os seus irmãos Valdenes, Vitória e Josy, para tomar um banho de piscina. Todos entraram de roupa e tudo na água, como o clube permitia.

Maria Rita havia passado uns tempos em Vila Dourada, e retornara à Lagoa da Italianinha. Ela se divertia na piscina ao lado de sua mãe e seus tios. 

Maria Rita disse:

- Que massa, aqui pode entrar com roupa e tudo????

- Sim, filha! - retrucou Jad. 

- Ah, eu quero, vou entrar até de paletó. 

Josenilda não estava no clube naquela tarde, mas o clube estava aberto. Esse clube chamava atenção pelo fato de permitir que seus membros entrassem completamente vestidos na piscina. Mas apesar da característica peculiar, também autorizava o uso de trajes de banho. 

Por outro lado, eles se sentiam muito bem ali, pois aquela realidade para eles era distante até um tempo atrás: eles moravam nas ruas até 2022, quando se mudaram para Conjuntos Residenciais. Jad vive no Conjunto Residencial Luar do Sertão com Maria Rita e também com sua irmã Juju Doida, que não foi nesse dia para o clube. Josy mora com seu filho Joaquim no Conjunto Residencial Bella Ciao, e Valdenes vive com sua irmã Vitória no mesmo conjunto. Eles passaram uma tarde divertida e agradável, só voltando para suas casas perto do anoitecer. 

A Solidão de Cida

 

Nas ruas desertas de Lagoa da Italianinha, a mendiga Cida estava dentro do seu barril, se preparando para dormir. 

Ela se lembrava do seu filho Jefté, que mora na casa do deputado estadual Moab, que o adotou como filho. Mesmo separados, Jefté, vez por outra, visita sua mãe no tonel onde ela se abriga. 

Durante o dia, Cida vende cartelinhas de jogos de loteria para sobreviver, pelas ruas da cidade. Algumas vezes, quando o corpo começa a doer, ela dorme numa calçada ou do lado de fora da rodoviária da cidade - o terminal fica fechado à noite, não sendo possível ninguém entrar lá durante a madrugada. 

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Marcella enfrenta a gestão de Lagoa da Italianinha

 

Numa certa tarde, no movimentado Pátio Verona, no centro de Lagoa da Italianinha, uma mulher bem simples estava discursando ali chamando atenção das pessoas. Marcella, que vende comida pelas ruas e mora numa casa simples na Vila Lusitânia, havia tido suas mercadorias tomadas por fiscais da Prefeitura. 

Marcella disse:

- Até quando a Prefeitura vai impedir o povo de trabalhar? Não infrinjo leis, não faço nada errado, eu só uso uma cesta, e nem fico parada no canto, eu mesma odeio ficar num lugar só, gosto de circular, de andar. Mas os fiscais da gestão chegaram até mim, me ameaçando, me intimidando. Eu posso ser uma mulher pobre, mas não me dobro a ninguém. Não tenho sobrenomes importantes, não nasci nem cresci em família rica, mas aprendi a ser honesta, trabalhadora e de caráter. E eu quero aqui, sei que tem baba ovo da prefeita aqui me escutando, mas não é nem tanto contra ela, visse? Quero aqui falar quem realmente anda me perseguindo: Karoline, a nobre ex-vereadora que hoje é Secretária de Finanças, porque outro dia, fui vender lanches perto da joalheria dela, desde então, ela vive me perseguindo! Podem gravar, eu não tenho medo dela! 

Haviam algumas pessoas gravando seu discurso, e Karoline soube disso. Ela disse ao seu assessor:

- O que essa pobretona pé sujo tava falando de mim?

- Disse que tu persegue ela, veja o vídeo. 

Karoline viu o vídeo, e disse: 

- Isso é uma louca. 

- Quer que eu faça o que?

- Nada, deixe ela falar. As mercadorias dela já foram apreendidas, só pode ser liberada com muito dinheiro. E eu duvido que ela tenha dinheiro. 

Mas Marcella conseguiu que suas mercadorias fossem liberadas: os irmãos Eraldo, Fabíola e Luana, além de Ana Karina, Valdenes, Branquinha e a veterinária Malu fizeram uma vaquinha e conseguiram pagar para a mercadoria dela ser liberada. Até a vereadora Flávia, mesmo sendo aliada da prefeita Myllena, se uniu à causa. E a prefeita Myllena, ao saber disso, desautorizou Karoline a mexer com Marcella. 

Marcella Virgínia rejeita retorno à política

 

A ex-vice-prefeita de Lagoa da Italianinha, Marcella Virgínia, anda sendo procurada por políticos e partidos para tentar uma candidatura. Ela foi vice no primeiro mandato de Myllena, de 2021 a 2024, mas abdicou da reeleição, abrindo caminho para Giovanna Victórya lhe substituir. Ela nem sequer completou o mandato, tendo renunciado no Natal, faltando alguns dias para a posse de Giovanna. 

Marcella Virgínia foi secretária nas gestões de Sandra Valéria e Janayna, mas no apagar das luzes em 2020 mudou de lado e passou a apoiar Myllena, e logo virou vice dela. Muitos não entenderam essa mudança de lado dela na época, já que ela não tinha tido nenhum atrito com o grupo do qual fizera parte anteriormente. 

Em 2024, Virgínia surpreendeu novamente a todos, renunciando ao seu mandato de vice-prefeita, preferindo se dedicar só à iniciativa privada. Ela alega ter votado em Myllena, mas não participou ativamente da campanha.

Marcella Virgínia, apesar disso, tem ainda peso eleitoral e anda recebendo visitas de políticos dos dois lados. Alguns até a convidaram para ser candidata a deputada. Mas a sra. Virgínia está negando todos os convites. 

Circula na cidade que Marcella Virgínia está decepcionada com a política e estaria sabendo ali dentro de muitas coisas que não pode falar, e não queria tomar parte em tantas "nojeiras". Ela jamais deu entrevistas sobre sua decisão.  

Uma educação rigorosa

Nascido em 1925, quando sua mãe Mônica já tinha 45 anos, Antônio Neto cresceu na vida simples no sítio Maniçoba, no interior de Pernambuco. Ele arava as terras, e nas horas vagas estudava. Mas era alvo de uma criação bem rigorosa de sua mãe, Mônica. 

Ao contrário de sua avó Alvanir, que era mais liberal, Mônica não puxara sua mãe, e ela tinha pensamentos mais conservadores. Católica praticante, chegando a ser beata, Mônica era vista quase sempre com um terço em sua mão. 

Mônica costumava controlar Antônio Neto nas horas dele sair e de chegar. Se ele chegasse em casa mais de 15 minutos após a hora prometida, já era um motivo para ele levar uma sonora bronca. 

Outro motivo do conflito entre os dois era o fato dele andar muito descalço. Sua mãe, que vivia de sapatos até dentro de casa, vivia reclamando com o filho por ele não usar calçados. Antônio Neto, algumas vezes, quando ia para a escola, saía de sandálias pra disfarçar, mas tirava-os e colocava-os dentro da bolsa, só recolocando-os quando já estava perto de voltar pra casa. 

A amizade dele com a pequena imigrante italiana Alycia também chegou a ser motivo de conflito entre os dois. É que Alycia é filha de Jadiael, o imigrante italiano que lutava contra o coronel Jefferson, sobrinho de Mônica, por posses de terra na região. 

Durante os meses que Antônio Neto esteve na guerra, Mônica ficou triste e abatida. Ele, porém, voltou vivo e mesmo depois de casado, não saiu do lado da mãe, chegando anos mais tarde a ir morar com ela no interior do Ceará, ao lado de sua esposa Roberta e os filhos Lenildo, Lúcio e Leonardo.

Vários anos se passaram, e Antônio Neto, já idoso, conseguiu recomprar a casa onde morou na infância com sua mãe Mônica. Hoje, aos 100 anos, ele mora com sua neta Suziana na mesma casa onde cresceu ao lado de sua amada e inesquecível mãe. 


Briga de casal no escritório

 

Num certo dia, em seu escritório, a juíza Suely e seu ajudante Valdenes receberam um casal que estava discutindo bastante um com o outro. Suely disse:

- Ei, querem se portar aqui? O que está acontecendo? 

A mulher disse:

- Eu peguei esse safado me traindo!

Valdenes disse:

- Eita, agora vai ter briga aqui!

O homem disse:

- Ela é muito histérica, doida, não tem noção das coisas. 

- Seu safado, tu não vale nada. - disse a esposa. - eu quero o divórcio!

- Nunca vou te dar o divórcio! Se tu não fica comigo, não fica com mais ninguém!

Suely disse:

- Epa, moço, isso é ameaça, sabia? Tu pode ser enquadrado!

- Fica quieta, louca doente, que não estamos falando com a senhora. 

Valdenes disse:

- Ei, velhinho, vê lá como fala com a doutora Suely. 

- Uma doutora careca, olha pra isso, e ainda por cima, os dois descalços. É esse tipo de escritório que  minha mulher anda procurando? Olha, vamos pra casa agora, chegando lá a gente vai conversar!

- Vai me bater é? 

Valdenes disse:

- Oxe, e tu bate e mulher, é? 

- Isso não é da sua conta, moço, fica na tua!

- Cara que bate em mulher é um covarde, quero ver bater em macho!

O homem ia agredindo Valdenes, mas ele o derrubou no chão, de modo que Suely separou os dois. Suely disse:

- Tu vai sair daqui pra cadeia, moço!

- O que???? Mas que brincadeira é essa? 

- Tu mesmo confessou aqui que bate nela e ainda a ameaçou! 

Chegaram alguns policiais e levaram ele, e ele dizia:

- Isso não vai ficar assim. Vocês me pagam! 

A mulher estava chorando, e Valdenes pegou um copo de água. Suely disse:

- Mulher, não deixe esse homem te bater. Não deixe ele te humilhar. 

Valdenes disse:

- Eu tô vendo uma marca aqui perto da tua orelha, moça. 

- Sim, foi ele que me bateu ontem. 

- Esse canalha tem que pegar uns bons anos de cadeia. Caruaru, Limoeiro, Canhotinho, seja lá onde bixiga for. 

Suely disse:

- Valdenes, tu pode nos deixar a sós um pouco? Quero conversar a sós com ela. 

- Certo, doutora. Qualquer coisa, tô lá na escola de Eraldo. 

- Ok. 

Valdenes se retirou e Suely orientava a mulher. 

Izabel volta a Lagoa da Italianinha

 

Há poucos dias atrás, voltou para Lagoa da Italianinha a Izabel, que mora no Loteamento Maria Clara. Izabel é ligada à música, sendo uma baterista talentosa. 

Izabel é, porém, tida como exigente. Ela é uma das que anda sempre descalça, mesmo na rua. Conta-se que ela gosta de Valdenes, o ex-mendigo, mas ela não aceita que ele tome banho com roupa. Izabel é adepta do nudismo, tendo frequentado inclusive uma praia desse porte na Paraíba, a famosa Tambaba. 

Certo dia, Izabel disse ao Valdenes:

- Vamos pra Tambaba? 

- Que lugar é esse?

- Uma praia, na Paraíba. 

- Eu gosto de praia. 

Izabel disse:

- Mas lá tem que tomar banho do jeito que veio ao mundo, nem trajes de banho as pessoas usam. 

- Oxe, tô fora. 

- Mas é tão bom...

- Não, eu não gosto. Se for pra mim não ir de roupa, eu nem quero ir. 

- Puxa, não sabes o que está perdendo...

Izabel, porém, por outro lado, anda sempre descalça e quer fazer parte da Sociedade dos Pés Livres, da qual Valdenes também faz parte - essa é a única sintonia entre eles. 

domingo, 30 de novembro de 2025

Paloma Kassandra, a mulher que busca conhecimento


Descendente direta do patriota americano Wrialle, que lutou na revolução americana no fim do Século XVIII, e neta do militar Ellyson, que lutou na Segunda Guerra Mundial no norte da Itália, a jovem Paloma Kassandra é uma historiadora e pesquisadora. Ela gosta de História e é apaixonada pela saga dos seus antepassados. 

Paloma vive na Filadélfia, com sua mãe Eliete, filha de Ellyson, e também costuma dar aulas para as crianças. 

Paloma Kassandra nutre um dia um desejo de conhecer Lagoa da Italianinha, em Pernambuco. Quer se encontrar com o ex-pracinha Antônio Neto, de quem seu avô Ellyson falava muito. Além do mais, Paloma nutre um carinho pelo Brasil já que ela mesma tem sangue brasileiro: o seu antepassado Wrialle havia se casado com a brasileira Fabiana, no fim do século XVIII. 

A eterna criança

 

Com apenas 15 anos de idade, em 1906, Tia Sandra chamava atenção numa família rica de Verona por agir como criança e não largar sua boneca de pano. Lanie, sua sobrinha, ainda não havia nascido - só nasceria em 1907 -, e ela morava com seus pais.

Depois de um exame detalhado, foi constatado que Tia Sandra tinha mente de criança, e ela carregaria isso para o resto da vida. Os pais ficaram inconformados, e Tia Sandra passou a receber cuidados especiais. 

Mesmo já crescendo e sendo adolescente, ela costumava brincar com as crianças nas ruas de Verona. Tia Sandra passou por uma vida tumultuada: viveu rica, chegou a morar nas ruas de Verona por dois anos, passou seis anos internada em um hospício e depois, aos 55 anos, se mudou para o Brasil, onde estava sua sobrinha Lanie. 

Wiviane e Jane, duas irmãs em conflito


 A cantora Wiviane é irmã mais nova da empresária e vereadora Jane, mas as duas têm um certo conflito. Wiviane é acusada pela sua irmã mais nova de ser muito "fora dos padrões de madame". Wiviane costuma usar roupas simples e chinelos, e sonha em ser cantora, sendo que costuma tocar violão nas ruas principais de Lagoa da Italianinha. 

Jane queria que sua irmã Wiviane se interessasse por negócios e política. Mas Wiviane diz que "não tem saco pra isso". 

Mesmo com os conflitos, as duas irmãs se dão, em geral, muito bem. Wiviane costuma tocar nos eventos promovidos por sua irmã Jane, que agora é vereadora, e embora não costume cobrar, Jane lhe paga um cachê. 

Jane vinha crescendo na política e ia ser candidata a vice-prefeita de Mimi, mas cedeu a vaga para Kátia, então vereadora, que havia rompido com a prefeita Myllena. Jane saiu candidata a vereadora e foi eleita, enquanto a chapa Mimi-Kátia perdeu a eleição. 

Kátia, depois das eleições, se aliou com Myllena novamente, e Jane decidiu também passar a apoiar a prefeita. Wiviane, porém, não gostou, e continua na oposição. 

O Castigo de Warlla

 

Chamando atenção por sua pose de madame em Lagoa da Italianinha, a mendiga Warlla, que vive nas ruas há três anos, e é conhecida como "mendiga chique", perambula pelas ruas da cidade, pedindo esmolas, mas mantendo a pose. 

Certo dia, ela queria comer e foi procurar comida na lata de lixo. Escondida, entrou dentro da lata para ver se tinha algo para comer. 

Ela foi vista de longe por dois homens, pai e filho, que conversavam, ela porém, não os viu. Um deles disse:

- Tá vendo aquela mulher ali dentro da lata de lixo? Ela tá pagando, colhendo o que plantou. 

- Como assim, pai? 

O homem respondeu:

- Essa mulher estudou comigo, ela já foi muito rica, é descendente da alemã Inalda, que viveu aqui no começo do século passado. Mas ela sempre foi arrogante, prepotente, nunca respeitou os pais, sempre gostava de criar brigas... se lembra de uma vez que eu e sua mãe te contamos que passamos mais um ano intrigados? 

- Sim. 

- Foi ela quem causou isso. Imagina se eu não tivesse me casado com sua mãe por causa dessa mulher. Ela é tão perversa que nem a família quer ela por perto, pois sabe que ela gosta de arrumar encrencas e plantar discórdias. 

- Mas porque ela foi parar nas ruas?

- Depois que brigou com os pais, perdeu tudo, foi irresponsável, gastando dinheiro com cigarro e bebida, agora está aí na sarjeta. E ela é tão orgulhosa e prepotente que ainda se veste como madame mesmo morando nas ruas. Mas tá com essa mesma roupa faz três anos. 

- Nossa, ela é muito complicada, então. 

Warlla saiu da lata de lixo, comendo um pedaço de pão que havia encontrado, e se retirou dali. O homem disse:

- Filho, nunca seja feito ela. 

- Claro que não, pai. Jamais. 

A roupa nova de Esvalda

 

No domingo de manhã, a mendiga Esvalda chamou atenção na rua de Lagoa da Italianinha, por estar trajando uma nova roupa depois de mais de vinte anos usando a mesma roupa. Por um momento, pensava-se que ela tinha tomado um banho. 

Mas não foi. Esvalda ganhou essa roupa nova, e apenas a vestiu. Ela disse:

- Agora, só daqui a vinte anos que eu tiro essa roupa...

Alguns zombaram da mendiga, e diziam:

- Coitada dessa roupa, vai ver grude, mijo, bosta...

Esvalda nem ligou para seus críticos. 

Os pretendentes de Candoca


 Vivendo em Santana do Pajeú, sertão de Pernambuco, com seus dois irmãos, Zeca, o mais velho, e Chiquinho, o mais novo, Candoca atrai a atenção de admiradores por sua beleza. Mesmo simples e humilde, Candoca desperta corações apaixonados.

Não são poucos os admiradores que lhe enviam cartas, emails e mensagens no telefone, sendo que ela prefere não ter Whatsapp. 

Zeca, seu irmão mais velho, é muito ciumento e não quer ver sua irmã se casar tão cedo. Para ele, "ela ainda é muito nova". Como os três são órfãos de pai e de mãe, cabe ao Zeca, já com idade adulta, cuidar de seus dois irmãos mais novos como se fossem seus filhos. 

Zeca não permite nem mesmo que Candoca trabalhe, pois segundo ele, "há muito macho querendo colocar os olhos nela se ela for estar saindo de casa". Apesar de ser famoso por suas travessuras, Chiquinho, o irmão mais novo, tenta arrumar um namorado para a irmã, e age como aliado dela nessa batalha. Candoca quer casar e formar família. 

Débora se diverte na cachoeira

 

Era um domingo como outro qualquer, e Débora saiu de casa sem avisar às suas irmãs Luciana e Paula para onde iria. 

Pegou um ônibus e foi para a cachoeira Sol Nascente, e passou a manhã toda ali. Alguns banhistas riram dela, porque ela estava dentro da água de blusa, calça jeans e chinelos. Ela dizia:

- Tão olhando o que? Vão cuidar de suas vidas, procurar uma lavagem de roupa!

Uma das banhistas disse:

- É mesmo, e a sua já está sendo lavada, né? 

Débora mergulhou na água, e se divertia mais e mais, não se importando com a crítica dos que ali estavam. Um dos banhistas foi falar com o zelador da cachoeira, e este respondeu:

- Essa moça não está fazendo nada errado, aqui não se tem nenhuma proibição com relação a trajes de banho. Aqui só não se pode fazer topless e ter nudismo, só isso é proibido. Mas entrar de roupa, qual o problema, o que tem isso? 

Débora saiu da cachoeira e foi andando de volta para a cidade, enquanto sua roupa secava. Chegou em casa, e suas irmãs Luciana e Paula já estavam preocupadas com ela. Débora disse:

- Fui só dar um passeio, me divertir...

Vitório e sua rotina de domingo

 

Num certo domingo, depois de chegar da missa, onde ajudava o padre como coroinha na igreja matriz em Vitalba, Vitório se trancou em seu quarto para fazer seus desenhos. Primeira coisa que fez foi tirar os sapatos, que era obrigado a usar na igreja, e que o chateava muito. Maria, sua mãe adotiva, havia ido com ele para a missa e voltara para casa para fazer o almoço.

Vitório desenhou sua amada Alessandra, e também alguns amigos seus mais próximos, como Jolanda e Joni. Começou a ler os gibis de Walt Disney e Maurício de Sousa, além do blog Rompendo Distâncias, de Valdenes Guilherme. Tudo isso ia desenhando nele seu desejo de futuramente ainda ser um artista. 

Quando o almoço já estava pronto, Maria chamou:

- Vitório!!!!!!

Vitório se preparou para ir para a cozinha, e almoçar. Maria viu alguns desenhos e disse:

- Quem são esses desenhados aqui?

- São meus amiguinhos Alessandra, Jolanda e Joni, que estuda comigo e é coroinha na igreja, também. Desenhei também personagens dos outros: Mickey Mouse, Pato Donald e Pateta, do Walt Disney, que é lá dos Estados Unidos, Mônica, Magali, Cascão, Cebolinha e Chico Bento, do Maurício de Sousa lá do Brasil, e também as gêmeas Malu, Wéllia, a Fabíola, o Valdenes, o Joni Von, a Rita de Cássia, a Josiane e a Marcella, que é do Valdenes Guilherme, lá do Brasil também, sendo que tem muita história ambientada aqui na Itália. 

- Hum... quero ver se isso vai te dar futuro. Estude pra crescer na vida, isso tu pensa depois. 

Vitório não gostou muito do que escutou, preferindo continuar almoçando. 

Warlla tenta extorquir Luana


 Certo domingo, na rodoviária de Lagoa da Italianinha, a mendiga "chique" Warlla estava desesperada atrás de dinheiro, pois queria fumar e beber. Ela viu a Luana, lendo um livro, se aproximou dela e disse:

- Posso falar contigo? 

- Pode. 

Luana via com surpresa o estilo da mendiga; usando roupas muito chiques, mais ao mesmo tempo, sujas. Sua aparente elegância contrastava com a sujeira, a miséria e a vida que ela levava. Warlla disse:

- Queria comer, tô morrendo de fome, sabe?

Luana, já conhecendo quem era Warlla, disse:

- Olha, se tu quiser comer, vai ali na lanchonete de Marlene, pegar o que tu quiser. Eu pago. 

- Poxa, não pode dar uma grana, não?

- Ué, tu não quer comer? Eu estou dizendo que tu pode ir ali que eu pago, criatura. 

- Oxe, é que... 

- É que... o que? - disse Luana. 

- Poxa, tu ficaria mais sossegada, lendo, não sabe? Eu pego a grana, vou lá e compro o que for, e...

Luana disse:

- Warlla, eu te conheço, tu não quer comer nada. Tu quer pegar cigarro pra fumar e se embriagar. Se for isso, não conte comigo, eu não alimento vício de ninguém.

Warlla se ajoelhou, dizendo:

- Não é, eu quero comer, me dê uma grana, por favor. 

- Warlla, ou faz desse jeito que eu te falei ou não te dou nada. Vai lá na lanchonete de Marlene, diga que eu pago, meu nome é Luana, ela me conhece. 

Warlla se levantou, com ódio e disse:

- Sua abusada. Fica com teu dinheiro!

Warlla saiu dali, nervosa. Luana disse: 

- Bem que eu desconfiei...

Um pouco depois, Luana foi na lanchonete de Marlene, e contou o que havia acontecido. Marlene disse:

- Fizesse bem em não dar dinheiro, é uma trambiqueira. Ela realmente vive nas ruas, mesmo vestida de madame, mas não vale o peido de um gato. Ela já pegou trocado e veio pra cá beber. 

- Bem que eu percebi, ela tava com catinga de cachaça e de urina. Ela deve ter mijado nas calças. 

- Exatamente. 

Warlla ainda tentava algum trocado para comprar cigarro e bebida. 

Jacilene e sua velhice em Pernambuco

 

Nos primeiros anos do Século XIX, a francesa Jacilene, casada com um pernambucano, se mudou para o interior de Pernambuco, e se estabeleceu em um pequeno sítio, perto de uma serra, por ser melhor para sua saúde. Ela acabou batizando o local de "Vila Dourada", por trazer uma lembrança sobre Vila Rica, cidade onde viveu desde 1782, quando veio da França, sua nação de origem. 

Em 1817, aos 65 anos, Jacilene ainda mantinha os mesmos ideais de sua juventude. Chegou a doar vários colares, brincos e vestidos para a causa da Revolução Pernambucana, que acontecia naquele ano. O marido disse:

- Jacilene, são muitos valiosos!

- Mas o sonho de um  mundo melhor é muito mais valioso... - dizia Jacilene

Jacilene, porém, viu com tristeza a derrota da Revolução que chegou a separar Pernambuco do Brasil por alguns dias. 

Mesmo assim, Jacilene plantou uma semente naquele estado, ajudando a fundar Vila Dourada, que se emanciparia mais de um século depois, em 1928. 

Jacilene ainda viveu o suficiente para ver o Brasil se tornar independente de Portugal em 1822. 

Wéllia tenta humilhar Malu e seus amigos

 

Num certo domingo, na rodoviária de Lagoa da Italianinha, Wéllia viu sua irmã gêmea Malu conversando com Valdenes, a vintage Fabíola e a Marcella, que vende comidas pelas ruas da cidade. Wéllia os olhou com desprezo, e Malu disse:

- O que tu tem? 

- Olha esses tipos de amizade com quem tu anda. Um boboca descalço, uma louca que quer ser velha e uma pobretona pé sujo que vende comidas por aí...

- São todos honestos e de bem - disse Malu. 

Marcella disse:

- Tu se acha muita coisa, né, Wéllia? Não te dou uns tabefes por respeito à sua irmã Malu. 

Fabíola retrucou:

- Não briguem, por favor. Você, Wéllia e a Malu parecem mais os americanos e soviéticos atualmente...

Malu disse:

- Como assim?

- Ué, nunca ouviram falar da guerra que tá acontecendo agora, Estados Unidos contra União Soviética? 

Valdenes disse:

- Sim, essa guerra existiu, faz muito tempo, a União Soviética acabou em 1991. 

- Deixe de ser paspalho, Valdenes, ainda estamos muito longe de 1991. 

Wéllia riu e disse:

- Olha isso, Malu, é esse tipo de gente que é sua amiga... 

Valdenes disse:

- Tu não pode falar nada, que eu já sei de algumas coisas suas...

- Que coisas?

- Oxe, Horácio me contou tudo...

- O que???? Horácio está aqui????

Valdenes disse:

- Sim, e o que ele me disse, caramba, fiquei muito chocado. Tu faz coisas que faz até a mendiga Esvalda parecer mais higiênica que você. 

Marcella disse:

- Oxe, o que ela faz de tão nojento? Esvalda não toma banho há anos. 

Wéllia disse:

- Seja o que for, é tudo mentira. Seus idiotas! Vou embora que não vou perder tempo com essa gentalha. Inclusive, Malu é uma gentalha, também. 

Wéllia saiu dali, e Marcella disse:

- O que é, Valdenes, que ela faz de tão anti-higiênico? 

- Oxe, isso vai estourar logo, logo, tu vai ver... nem prefiro contar. 

Malu ficou preocupada com a conversa, pois ela sabia mais ou menos do que se tratava. Fabíola só fazia rir. Wéllia se trancou em seu escritório, e dizia:

- O que aquele bandido do Horácio falou para aquele maloqueiro do pé sujo? 

sábado, 29 de novembro de 2025

Vitório tenta ajuda de sua amiga Fabiane

 

Num certo dia, caminhando pelas ruas de Vitalba, Vitório viu sua colega de classe Fabiane, de quem se aproximou para conversar. Vitório sabia que Fabiane é amiga de Alessandra, sendo ambas colegas de uma agência de modelos na cidade. 

Vitório contou que está apaixonado por Alessandra, e queria a ajuda de Fabiane. Mas Fabiane disse:

- Vitório, tu gosta dela, mas ela não gosta de você. 

- Puxa, sabia que tu ia jogar areia...

- Não é jogar areia, amiguinho, é só falar a verdade...

- Sei, não sou um bom par pra ela...

Fabiane disse:

- Vitório, tu é uma gracinha, eu até gosto desse seu jeito de andar descalço por aí... mas infelizmente ela não gosta. Mas sabe? Jolanda gosta de você. 

- Sinceramente, ás vezes eu queria conseguir gostar de Jolanda como ela gosta de mim. 

- Por que não tenta? Eu ficaria muito feliz que vocês ficassem juntos...

Eles foram conversando, até que Fabiane entrou numa biblioteca. Vitório queria entrar, mas não pôde por estar descalço. 

Jaciara oferece jantar para Magaly

 

Numa certa noite, em Vila Dourada, Jaciara, dona do restaurante com culinária francesa e nordestina, visto que Vila Dourada fica no interior de Pernambuco e Jaciara é descendente da francesa Jacilene, estava conversando com uma mulher humilde, chamada Magaly, que fazia bicos pelas ruas da cidade. 

Jaciara disse:

- Magaly, tu já jantou?

- Ainda não.

- Venha jantar. Minha filha Amanda pagou um jantar pra tu. 

- Puxa, obrigada. 

Magaly jantou, e comia muito. Jaciara disse:

- Tais parecendo aquela personagens de gibis que é tua xará...

- É, minha mãe me deu esse nome por causa dela. 

- É verdade???

- Sim, eu me divirto demais. 

Em dado momento, Magaly perguntou:

- Dona Jaciara, porque tem tanta coisa da França aqui?

- Essa cidade foi fundada por uma francesa, Jacilene, lá no fim do século XVIII, ela morou em Minas Gerais, na atual Ouro Preto, antes de vir pra cá. Conta-se que ela deu o nome à essa cidade por causa de Vila Rica, que era o antigo nome de Ouro Preto, e ambas têm conotação parecida...

- Interessante... mas vem muita gente aqui???

- Vem, sim, até de fora, de Lagoa da Italianinha, Serra Grande, Nova Humaitá, Limoeiro, Caruaru, Recife, Bezerros, Gravatá, Cumaru, Passira, Riacho das Almas...

- Que legal... eu trabalharia em um lugar assim. 

Magaly se deliciou do jantar, e depois, se despedindo de Jaciara, se retirou. 

O aniversário de Matheus

 

Num sábado à noite, a prefeita Myllena, em Lagoa da Italianinha, deu uma festa para seu filho Matheus, que estava fazendo mais um aniversário. Na festa, estavam a prefeita, Matheus e sua outra filha, a vice-prefeita Giovanna Victórya. 

No local, apareceram vários convidados, para cumprimentar o menino, que estava bem elegante, mas descalço, igual sua mãe, sendo que os dois compartilham esse mesmo hábito. Apenas Giovanna Victórya estava de sandálias. 

Matheus recebeu seus amigos de colégio, e a Alice, filha de Wéllia, também foi convidada, e acabou indo na festa com sua mãe. Wéllia disse:

- Esse menino seria um par pra tu muito melhor do que aquele filho da aeromoça, mas o defeito desse menino é viver descalço. 

- Sim, igual a mãe dele, né? 

Alice se aproximou de Matheus e deu um abraço, lhe dando os parabéns e deu um presente pra ele, uma gravata. Alice disse:

- Gostou do presente, amiguinho?

- Claro, eu só detestaria se fosse calçados. 

- Eita, se tu recebesse calçados, tu faria o que?

- Eu já recebi, mandei doar para algum pobre. Eu não uso calçados, igual minha mãe. 

Myllena estava radiante, e dizia para os convidados:

- Amo minha filha, vai ser minha sucessora, mas esse menino é demais, puxou a mim, anda descalço do jeito que eu ensinei e quero. Pena que minha filha não é assim...

Giovanna disse:

- Pelo visto, mãe, parece que a senhora gosta mais dele que de mim...

- Claro que não, amo os dois igualmente. Mas ele pegou meu hábito, já você com essa sua mania horrível de usar calçados... mas tudo bem, eu te amo do mesmo jeito. 

Cantaram os parabéns, serviram o bolo e a festa foi muito concorrida. 

Débora e seu sonho de ser cantora

 

Em Lagoa da Italianinha, a maluquinha Débora chama atenção pelo seu estilo despojado e seu carisma pessoal. Ela costuma ficar na rodoviária ou no Pátio Verona, e gosta de conversar com desconhecidos. 

Débora é bisneta da portuguesa Mary Dee, que chegou no local juntamente com os italianos na década de 30. Ela mora com suas irmãs Luciana e Paula. Outra irmã dela, Mimi, mora no sítio Mandacaru, e vende lanches na feira. Vez por outra, Débora lancha por lá. 

Curiosamente, Débora não trabalha com nenhuma das suas três irmãs: nem na própria pensão onde vive, com Luciana, nem no restaurante com Paula e nem na barraca de feira com Mimi. Gosta de fazer pinturas e rabiscos, e até quer ser cantora como sua bisavó. Luciana, sua irmã mais velha, já foi cantora, mas abandonou a carreira. 

Débora chegou a se inscrever para concursos de calouros, mas sua timidez a impediu de fazer boa apresentação, embora sua voz seja muito bonita. Mas ela tenta vencer a timidez para realizar seu sonho. 

sexta-feira, 28 de novembro de 2025

O menino que gosta de desenhar mapas

 

Em Vitalba, na Toscana, Vitório, o menino descalço, tem entre seus hobbies um em especial, desenhar mapas. 

Com muito sacrifício, ele conseguiu desenhar um mapa da região da Toscana, destacando Vitalba, além das cidades de Florença, Siena, Luca e Pisa. 

Maria, sua mãe adotiva, te chamou para jantar:

- Vitório, venha jantar. 

- Espere um pouco, tô terminando aqui, mãe...

- Deixe isso, menino, e venha jantar!

Vitório, mesmo contrariado, foi jantar. Depois do jantar, ele mesmo lavou a louça, e voltou para seu quarto. Além desse mapa da Toscana, ele tinha a planta de Vitalba, de Florença, de Siena e o mapa da Itália. E sabia das localizações dos lugares diversos de cabeça. 

Sílvia rejeita pretendente

 

Toda vez que aparece um pretendente interessado em se casar com ela, Sílvia sempre acha uma forma de rejeitá-los. Sílvia não quer formar família. 

Certo dia, na praça em Lagoa da Italianinha, um rapaz pediu ela em namoro. Mas Sílvia só fez rebolar e mostrar a língua. Ela disse:

- Desculpe, moço, mas sou louca varrida, doente mental, durmo dentro de um barril, ando descalça sempre e sou louca por cavalos. 

- Mas, não exagere...

- Mas é a realidade. Não sirvo pra você. 

Quando se afastou dele, Sílvia começou a gritar sozinha na rua, e até trombando com alguns pedestres. Ele pensou:

- Credo, ela é doida varrida. Tô fora!

Warlla na rodoviária

 

Após passar o dia inteiro na rodoviária de Lagoa da Italianinha, Warlla, a mendiga chique, estava sentada e sozinha. Bastante suja e cheirando mal, ela ficou isolada das pessoas. 

Marlene, em sua lanchonete, disse para sua funcionária Deinha Life:

- Percebeu que Warlla tá uma catinga? Credo, dá até pra sentir daqui. 

- Ela tá muito suja. Ela toma banho, mas fica com essa mesma roupa que ela usa desde 2022. 

- E os sapatos, então, quando ela tira, derruba até avião. Ela não tira os sapatos dela nem pra tomar banho nem pra dormir. 

Warlla percebeu que falavam dela, e se aproximou da lanchonete, dizendo:

- Tão falando de mim, né? 

- Oxe, e o mundo gira em torno de tu, Warlla? - disse Marlene. 

- Eu sei que eu chamo atenção, sou uma dama. - disse Warlla. 

Deinha Life disse:

- Warlla, mete na sua cabeça. Tu é uma moradora de rua, querida. Tu dorme nas calçadas. 

- Eu sei, querida. Mas não é por isso que eu vou ser uma suja fedida feito os outros que vivem nas ruas. 

Marlene disse:

- Pois eu se fosse tu, tomava um belo banho, porque tu tá com uma catinga insuportável, veio até clientes aqui reclamar. 

Warlla pegou alguns reais que tinha, e disse:

- Me vendam água, por favor. 

Warlla comprou uma garrafa de água, e saiu dali, dizendo:

- Morram de inveja do meu estilo... eu sou chique. Mesmo sendo moradora de rua, mas sou chique. 

Warlla se sentou ali perto, e Marlene e Deinha se olhavam, estarrecidas.

Uma pequena boa ação que faz a diferença

 

Anoitecia em Lagoa da Italianinha e a mendiga Fábia, conhecida como "mendigata", estava com bastante fome, pois não havia comido durante o dia, pois estava sem nenhum trocado. 

Ela estava perto da lanchonete de Quitéria, sendo que em cima, moravam ela, sua filha e alguns irmãos, uma delas, Cássia, a maluquinha. 

Cássia viu Fábia de longe pela janela, separou uma comida, desceu e foi entregar à mendiga. Fábia disse:

- Minha nossa, como tu imaginou que eu tava com fome?

- Não sei, eu senti...

- Muito obrigada, Cássia, nem sei como te agradecer.

Cássia ainda lhe deu 20 reais, e disse:

- Isso é pra tu jantar mais tarde, e tomar café amanhã. Qualquer coisa, eu falo com Quitéria. 

- Obrigada, mesmo. 

Cássia voltou feliz, por ter ajudado quem precisava, enquanto Fábia se deliciava da comida, bastante feliz. Fábia até dizia:

- Dizem que ela é doidinha, mas o que ela tem de doida, tem de coração bondoso...

O vai-e-vem de Kátia na política

 

Se a atual vice-prefeita Giovanna Victórya e a atual secretária de Ação Social Kátia se dão muito bem e são amigas hoje, há um ano atrás, elas disputaram o mesmo cargo uma contra a outra na cidade. Kátia perdeu seu mandato de vereadora por conta de um grande vai-e-vem na política.

Kátia foi candidata a vereadora em Lagoa da Italianinha em 2016, mas ficou na suplência. Assumiu em 2018, quando a vereadora Adriana renunciou. Em 2020, foi candidata à reeleição apoiando a então prefeita Janayna, e dessa vez foi eleita. Mas Janayna foi derrotada por Myllena. 

Kátia logo passou a ser aliada de Myllena. Chegou a ser líder do Governo na Câmara. 2024 se aproximava e a prefeita descalça pretendia ser candidata à reeleição, e Kátia queria ser sua vice. Ela alegou em entrevistas que havia tido essa promessa da prefeita descalça de que ela seria sua vice. 

Mas o barco político navegou para outro porto, e os aliados de Myllena defendia que Giovanna Victórya, filha da prefeita, fosse sua vice. Giovanna acabou sendo a escolhida. Inconformada, Kátia rompeu com Myllena e passou a fazer oposição raivosa contra a prefeita. 

Kátia chegou a se lançar pré-candidata a prefeita, mas acabou aceitando ser vice na chapa de Mimi, a principal adversária de Myllena. A atual vereadora Jane, então aliada de Mimi, chegou a ser cotada como vice de Mimi, mas renunciou em favor de sua amiga Kátia. 

A chapa de mãe e filha formada por Myllena e Giovanna Victórya venceu o pleito, derrotando a chapa formada por Mimi e Kátia. Sendo assim, Kátia só seria vereadora até o fim de 2024. 

Mas algo surpreendente aconteceu: Myllena resolveu nomear Kátia para ser secretária de Ação Social. E Kátia, que não seria mais vereadora, aceitou o convite. Mimi, que foi candidata da oposição e teve Kátia como sua vice, ficou desapontada. 

Myllena deverá ser candidata a deputada estadual e Giovanna passará a ser prefeita em Lagoa da Italianinha. Nos bastidores, comenta-se que Kátia poderá ser a vice de Giovanna quando esta for candidata em 2028.  

quinta-feira, 27 de novembro de 2025

A misteriosa Lidyanny

Irmã de Eraldo, Luana e Fabíola, a cantora Lidyanny é conhecida por seu gênio difícil. Ela não se dá muito bem com os irmãos, mas mesmo assim, mora em um apartamento com Luana. Mas a irmã com quem mais ela tem atritos é a Fabíola, a vintage que pensa estar na década de 50 em pleno ano de 2025. 

Lidyanny sempre sonhou em ser cantora, e é vista sempre com uma estrela na sua testa. Mas embora sonhe com a fama, tem pouca atenção com as pessoas e com o público. É convidada com uma certa frequência para fazer shows, mas quando os termina, pega logo o carro e vai embora. 

Como ela usa sempre roupas pretas, existem alguns boatos maldosos envolvendo Lidyanny, contando-se até que ela seria uma "vampira". Lidyanny não se preocupa em desfazer tais boatos, pois ela gosta de ser vista como uma pessoa "fora do normal", "diferente" ou "misteriosa". 

Vitório sofre restrição de alguns colegas do colégio


 No colégio onde estuda, em Vitalba, Vitório é alvo de críticas da maioria dos alunos por andar descalço para todos os lugares, inclusive na sala de aula. Numa certa hora, no recreio, Vitório estava sentado, pensativo, enquanto alguns alunos o olhavam com olhares atravessados. Achavam o costume dele muito "pobre" e até "anti-higiênico".

Maria, sua mãe adotiva, briga com Vitório por ele andar descalço. Ele possui calçados, mas pouco os usa. Vitório diz claramente que não se sente bem com calçado no pé. Algumas vezes, ele sai de casa de chinelos, pra disfarçar, mas tira no meio do caminho e coloca na sua bolsa. 

Alguns de seus amigos, Jolanda - que também é apaixonada por ele -, Joni e Winnie pregam o respeito à escolha dele, e não o abandonam. Já Wilma é a mais venenosa, que tenta de tudo para convencer os alunos da sala a isolar Vitório por considerá-lo um "mau exemplo". 

Em casa, sua mãe Maria chegou a perguntar:

- Vitório, me contaram que na escola, tu anda descalço, é verdade?

- Mãe, eu saio de chinelo, óbvio que tiro lá um pouco...

- Filhote, acaba com isso. É muito feio sair por aí descalço. 

- Mas eu gosto, mãe...me sinto bem assim. Sentir o chão, a terra...

Maria não gostou da resposta de Vitório, que foi para o quarto. 

A loucura de Sílvia

 

Mesmo sendo rica e sobrinha da deputada federal Sandra Valéria, Sílvia gosta de perambular pelas ruas de Lagoa da Italianinha aprontando loucuras. Para se ter uma ideia, não foram poucas as vezes que ela chegou até mesmo a tomar banho no chafariz da praça. 

Sílvia é conhecida por gostar de cavalos e por viver em dentro de um barril na fazenda onde mora. Sílvia não pretende ter quartos e fica ali dentro do barril perto do curral. 

Mas não é só isso: Sílvia não quer casar e rejeita todo pretendente. Sua mãe Maria Bonyta e sua tia Sandra Valéria tentam desesperadamente arrumar um marido para ela, mas ela se recusa de todas as formas, chegando a fazer até coisas que espantam os homens de sua presença. Sílvia diz que "não quer virar escrava de homens". 

Na cidade, o comentário é de que Sílvia tem problemas de loucuras, e até toma remédios. 

A rotina de Marcella

 

Cansada depois de um dia inteiro vendendo comida pelas ruas de Lagoa da Italianinha, Marcella volta para sua casa, na humilde Vila Lusitânia. Ela, às vezes, faz alguns lanches na lanchonete de Quitéria ou na lanchonete de Marlene, na rodoviária. 

O apurado de Marcella varia, dependendo do dia. Em alguns dias, dá pra pagar suas contas. Mas em outros, mal dá pra comprar alguma comida. Sem contar que Marcella ainda é conhecida pelo seu coração generoso, visto que costuma doar algumas comidas para alguns moradores de rua. 

Chegando em casa, mal tem tempo para descansar. Depois de jantar e dormir, acorda-se de 4 da manhã para preparar mais comida para ir vender nas ruas. Costuma sair ás 6 da manhã, ficando até quando as comidas acabam. Mas quando não acabam, 16 horas à tarde é o limite. 


Cidinha na cachoeira


Irmã da freira Irmã Elvira, a Cidinha é uma beata radical, que mora no Conjunto Residencial Bella Ciao. Ela, certo dia, foi passear na Cachoeira Sol Nascente, no bairro do mesmo nome. Ela entrou na água com a roupa que estava usando até com as botas. Embora o hábito de tomar banho de roupa seja praticado por algumas pessoas em Lagoa da Italianinha, a exemplo de Josiane, Danúzia e Valdenes, a maioria rejeita esse hábito e zomba dos que o praticam. 

Cidinha, toda vestida dentro da água era motivo de zombaria dos banhistas que ali estavam. Cidinha disse:

- Estão rindo do que? Eu não sou pecadora feito vocês, não. Não ficarei nua pra vocês me verem não!

Um dos banhistas disse:

- Oxe, quem é que quer te ver pelada? Tais se achando, hein, beata? 

- Pensem como quiser, pecadores e pecadoras. Mas vocês vão queimar no inferno!

Uma banhista disse:

- Oxe, olha pra doida. 

Cidinha mergulhou várias vezes na água, e depois de muito tempo, ela finalmente saiu da água. Um banhista disse:

- Vai-te embora, bruxa!

Cidinha ia falando sozinha, dizendo:

- Cambada de pecadores. Agora vou pegar meu dinheiro e comprar meu pão. 

Mas ela lembrou de algo, e arregalou os olhos:

- Eita, o dinheiro está no bolso da minha calça! 

Como ela havia entrado na água usando a calça, o dinheiro que estava no bolso estava molhado...

Myllena pune médico que não ia ao posto de saúde

 

Durante uma manhã em um posto de saúde no Loteamento Maria Clara, em Lagoa da Italianinha, houve um tumulto porque o médico do posto levou uma verdadeira bronca da prefeita Myllena. 

Tudo começou quando Myllena recebeu uma denúncia de que o médico não aparecia no referido posto de saúde, aparecendo apenas para marcar ponto e sair sem atender os pacientes. Myllena mandou investigar se a história era real, e ao saber da veracidade do fato, a prefeita descalça, inconformada, foi ao posto sem avisar, e o encontrou lá. 

O médico disse:

- Bom dia, senhora prefeita, não te esperava aqui. 

- Não esperava porque eu já descobri sua safadeza. 

O médico, surpreso, disse:

- Mas, prefeita, não tô entendendo. 

- Eu já estou sabendo que tu só aparece aqui pra assinar ponto e nem atende os pacientes. 

- Mas quem contou essa inverdade?

- Não adianta me enganar, moço. Eu já averiguei e descobri que era verdade. 

O médico, percebendo que havia sido desmascarado, disse:

- Prefeita, vamos conversar... olha, na próxima eleição, eu voto na senhora, e...

- Doutor, eu não estou preocupada com seu voto, eu estou preocupada que tu faça o teu serviço direito. Esse povo daqui da localidade chega 4, 5 da manhã e tu não atende as pessoas, por puro orgulho. 

- Prefeita, prometo que isso não vai mais acontecer. 

- Claro que não. Pois esse homem que veio comigo também é médico e vai ficar no seu lugar. Tu pode pegar suas trouxas e desapareça daqui!

- Prefeita, não faça coisas que pode se arrepender depois...

- Não adianta me ameaçar. Vamos, lavra logo daqui, eu não tenho o dia todo. 

O médico demitido pegou seus pertences e saiu do posto, vaiado pelos pacientes que ali estavam. A prefeita foi muito aplaudida pelas pessoas, e sua postura foi elogiada até por integrantes da oposição. O médico demitido, inconformado, dizia:

- Essa louca do pé sujo vai me pagar. 

Suely e as filhas Sara e Diná


Certo dia, em seu escritório, a juíza Suely recebeu suas duas filhas Sara e Diná. Suely havia dispensado seu ajudante Valdenes naquele dia, permitindo que ele viesse apenas no dia seguinte. 

Sara é empresária, vereadora e modelo, e Diná, uma jovem adolescente estudante. Quando Suely passou a ser careca, as duas estranharam, mas depois, decidiram adotar o visual da mãe. Sara e Diná, desde então, se mantém carecas, por opção, assim como a mãe, Suely. 

Naquela tarde, Suely soube que Diná havia sido vítima de bullyng por conta de seu visual. Sara contou isso para a mãe, e esse foi o motivo das três se reunirem pra conversar. Suely disse:

- Essa conversa é tão importante pra mim que eu dispensei Valdenes hoje, amanhã ele volta. Sara, é verdade que te esculhambaram na escola? 

- Sim, mãe. 

Sara disse:

- Ela me contou até quem foi. Foi a tal de Léa, sobrinha do deputado Moab. 

- Perguntaram até se eu estava doente. - disse Diná. 

Suely disse:

- Me perguntam isso direto. Eu ainda enfrento mais preconceito, porque além de ser careca, ainda vivo descalça, isso vocês duas preferiram não me imitar. Mas quero que saibam de uma coisa. Se quiserem deixar seus cabelos crescerem, podem deixar. Mas eu mesma quero continuar careca. 

- Não, mãe, eu também quero continuar assim. - disse Sara. 

- Eu também. - disse Diná. 

- É, isso pode até ser uma força para as que estão, por exemplo, doentes. É uma forma delas não se sentirem sozinhas. 

- É verdade. - disse Sara. 

Diná disse:

- Mãe, o que pretende fazer com a pessoa que praticou bullyng? 

- Depois vou conversar com o deputado sobre esse assunto, ele é tio dela. Mas se isso persistir, eu sou juíza e posso tomar as providências. Mas não quero usar o meu cargo em favor de parentes meus. Só se for necessário. 

Os avós de Jacilene

No início do Século XVIII, Paris testemunhou um romance proibido entre dois jovens de duas famílias inimigas. Catarina, nascida em 1695, era filha do casal Thierry e Charlote, enquanto Pierre, que nasceu em 1692, era filho do casal Louis e Amélie. 

Na época, o reinado era de Luís XIV, mas os primeiros questionamentos ao regime absolutista já existiam. Eis aí a razão das duas famílias se odiarem. Thierry e Charlotte eram contrários ao absolutismo, enquanto Louis e Amélie eram admiradores do Rei Luís XIV. 

Mas Pierre e Catarina desafiaram essa inimizade, e passaram a se encontrar ás escondidas. Em 1720, o caso acabou se tornando público. Como os pais de Catarina não aceitaram o genro, ela precisou fugir de casa para viver seu grande amor. 

Pierre e Catarina se casaram, e tiveram um único filho, que viria a ser o pai de Jacilene, que nasceu em 1752. Eles chegaram a conhecer a netinha, e ficaram encantados com ela. Ao longo da vida deles, com o abolutismo cada vez mais questionado, as duas famílias outrora inimigas haviam se reconciliado. 

Pierre e Catarina amavam muito a neta Jacilene, porém ambos faleceram antes que ela saísse da França e fosse morar no Brasil, então colônia portuguesa, em 1782. 

Sufoco durante um passeio na cachoeira


Numa certa tarde, seis amigos foram se divertir na Cachoeira Sol Nascente: Eraldo, Eugênio, Valdenes, Joni Von, Rodolfo e Cici. Era uma tarde quente e ensolarada, e eles quiseram aproveitar a hora do almoço para se divertir por ali. A idéia foi de Joni Von. 

Como Valdenes entrou de roupa e tudo, logo foi alvo de piadas dos outros cinco. Colocaram outro paletó em Joni Von, quando foram tirar foto. 

Joni Von e Rodolfo aproveitavam para aprontar mais. Mas em dado momento, um dos zeladores da cachoeira chegou aos amigos e disse:

- Roubaram as roupas de vocês!

- O que???? - disse Eraldo. 

- Mas e agora? - disse Eugênio. 

Valdenes disse:

- Olha aí, riram de mim porque entrei de roupa e tudo, não levei esse prejuízo, ok? 

- Tu tem muita sorte, Valdenes! - disse Cici. 

Eugênio disse:

- Vamos sair e procurar o meliante que roubou nossas roupas. 

- Mas... e se não encontrarmos? - disse Eraldo. 

Mas o meliante havia sido encontrado, ele tinha sido preso ao sair da cachoeira. Eles foram na delegacia para recuperar suas roupas, e o delegado Oliveira, que por sinal é irmão de Joni von, disse:

- Valdenes quem se deu bem, né? Não teve suas roupas roubadas porque entrou com elas na água. Aqui estão cinco peças de roupas de seis amigos. 

Cada um pegou suas roupas, se vestiram e voltaram pro centro da cidade. 

Wéllia reclama dos amigos de Malu

  Numa certa manhã, na rodoviária de Lagoa da Italianinha, estavam Malu, Valdenes e Marcella, conversando, quando apareceu Wéllia, a irmã gê...