A angústia de Inalda

Em meados do ano de 1936, no sítio Maniçoba, interior de Pernambuco, onde atualmente fica Lagoa da Italianinha, a alemã Inalda estava muito nervosa. É que a artista plástica judia tinha ouvido pelo rádio a notícia da prisão de Olga Benário, assim como ela, judia e alemã. Ela havia sido deportada para a Alemanha.

Na venda de Ed, ele percebeu que ela estava nervosa, e disse:

- O que aconteceu, Inalda?

- Deportaram a Olga Benário, tu soube?

- Soube, sim, e porque a preocupação?

- Ela é alemã e judia feito eu, já pensou se o mesmo acontece comigo?

Ed disse:

- Inalda, tu já está aqui no Brasil desde 1915, há mais de vinte anos, e nunca mexeram com você, não é agora que vão mexer. Olga foi deportada por ter se envolvido em uma revolução comunista no ano passado, e tu aqui nem participa da política. Não tem porque temer. 

- Pode ser, mas temo muito pela minha prima Inalda, minhas amigas Lucélia e Stella, todas elas judias, e por Alessandra, que é socialista. Esse homem que assumiu o poder na Alemanha tá fazendo um grande inferno, eu tento falar com elas para elas virem pro Brasil, mas elas não tomam essa decisão. 

- Inalda, não é bem assim, você tem que ter calma. Pelo que tu me falou, os judeus representam uma pequena parcela da população da Alemanha. 

- Sim, mas ele nos culpa pela Alemanha ter sido derrotada na Guerra passada. 

- Olha, Inalda, tu precisa se acalmar. Olha, tu bebeu demais, vai pra casa, não precisa pagar agora, depois tu acerta. Quero te ver melhor, tá certo?

- Tá bom, Ed... desculpa. 

Inalda saiu dali, e Ed disse:

- Inalda estava tão nervosa que saiu descalça de casa, nem colocou sapatos...