Sinhá Adriana e Jacilene: duas mulheres em conflito

 

Sinhá Adriana, uma das mulheres mais importantes da sociedade de Vila Rica, recebeu e hospedou em sua casa a francesa Jacilene, a pedido de seu irmão que morava na França. O ano era 1782 quando Jacilene trocou a França pelo Brasil, onde ela passaria o resto de sua vida. 

Mas apesar do aparente caráter receptivo de Sinhá Adriana, as duas tinham conflitos quase constantes. Tudo porque Sinhá Adriana odiava as ideias defendidas por Jacilene. Sinhá Adriana, filha de portugueses, queria que o Brasil continuasse como colônia de Portugal, era a favor da escravidão e do absolutismo, tudo indo de encontro ao que Jacilene defendia. Jacilene era tão anti-colonialista que ela era a favor até mesmo da independência das colônias francesas. Inclusive, conta-se que em 1804, quando ela já morava em Pernambuco, chegou a dar uma festa em sua casa no pequeno povoado de Vila Dourada em homenagem à independência do Haiti. 

Os conflitos entre elas pioraram mais ainda porque Jacilene costumava proteger a escrava Gilmara, que recebia muitos maus tratos de Sinhá Adriana. Mesmo assim, Jacilene viveu por dez anos na casa da matriarca. Saiu em 1792, quando ela havia sido castigada no tronco com Gilmara por ter ajudado a escrava a fugir, e quando soube que Sinhá Adriana havia mandado matar a mendiga Emanuela, que sonhava com a independência brasileira. 

Jacilene foi morar na casa de Regina, sua amiga, a quem tinha como segunda mãe, e depois, conheceu aquele que seria seu futuro marido e partiu para Pernambuco.