Quando completou 20 anos em 1778, Milena, uma bela jovem de Vila Rica, foi procurada por um pretendente que pretendia se casar com ela. Mas Milena não se agradou dele.
Mesmo com pouca idade, Milena, que vivia com sua tia Márcia, já lia livros iluministas e era pianista, tendo aprendido a tocar piano com Regina.
Milena viu o rapaz, e ele imediatamente disse:
- Quero me casar com você.
- É? - respondeu Milena, secamente.
- Sim. Eu sou o mais rico nobre, sou descendente de portugueses e espanhóis, posso te dar a vida que tu quiser.
- Hum... fala mais.
- Mas tem uma coisa. Tu deixa de tocar piano.
- Por que tenho que deixar de tocar piano?
- Porque tu vai ter que se dedicar a cuidar da minha casa e de mim.
Milena disse:
- Quer saber qual minha resposta?
- Sim!
- Quero que você saia da minha casa agora!
- Mas o que é isso, Milena? Eu...
- Não nasci pra ser mandada por ninguém, viu? E vou tocar piano, a vida inteira, enquanto eu viver. Agora, ponha-se daqui pra fora.
- Isso não se faz.
- Eu já fiz. Arrume uma otária pra tu tratar ela como boneca, mas eu, não.
O homem respirou e disse:
- Está bem. Não sabes o que está perdendo. Tu vai se arrepender de ter me rejeitado.
- Fora, fora.
Ele saiu. Anos e anos se passaram e Milena jamais se arrependeu de tê-lo rejeitado, principalmente quando soube no começo do século XIX que onde ele estava morando, longe de Vila Rica, havia matado sua esposa só por ela não ter lhe dado um filho homem.

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