Situação incomum no interior de Pernambuco

 

No sítio Maniçoba, atual Lagoa da Italianinha, no município de Vila Dourada, no agreste de Pernambuco, desde 1935, estavam habitando duas famílias italianas, vindas de Verona. Jadiael, sua esposa Lanie e os filhos pequenos Alycia e Arthur, e o Moysés, primo de Lanie, além de Hélio, sua esposa Suzana e os filhos Bianca e Kayque. Juntamente com eles, veio a portuguesa Mary Dee. Jadiael ainda arrumou contenda com o coronel Jefferson, líder local, por conta de posse de terras. 

Mas antes da chegada desses italianos, uma alemã já habitava ali: a pintora judia Inalda, desde 1915, residia no referido sítio. Em 1939, com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, chegou também sua prima Danielly. A freira Irmã Renata Augusta também era alemã, mas não chegou a ser incomodada. O padre Francisco a protegia. 

Ainda chegaram outros italianos, como a Giuliana, que também habitou no sítio. Outros, como Tia Sandra, Fausto e o professor de piano Francesco, só chegariam depois da guerra. 

Mas em 1939, não no sítio, mas na cidade de Vila Dourada, chegou uma família japonesa, exatamente fugindo da guerra. Eles foram atraídos pelo clima agradável do local e pela sua distância da capital. Masato, sua esposa Yumi e a filha mais velha Naksu e o filho pequeno Kenji se estabeleceram na pequena cidade. 

Mas eles não contavam com uma coisa: em 1942, o Brasil entraria na guerra contra o Eixo - Itália, Alemanha e Japão -, fazendo com que as famílias de Jadiael, Hélio, Inalda e Masato passassem a ser visadas. Inclusive, após uma denúncia feita por Lady Andréia, para prejudicar Inalda, eles tiveram seus rádios confiscados. Era algo incomum em Pernambuco haver três famílias dos países do "Eixo", já que eles habitavam mais os estados do sul do Brasil. 

Ed, o dono da venda, com o apoio da camponesa Maria Clara, desafiou a proibição de servir "gente do Eixo". Por várias vezes, Jadiael, Hélio, Inalda e Masato beberam e conversavam muito lá, além de fazer outras compras. Apesar de ficar visado, Ed não chegou a ser preso, pois era muito amigo do delegado, sendo um colega de sala na infância.