No ano de 1935, Maria Clara, a camponesa descalça e filha de índios, com sua inocência e meiguice, estava em Vila Dourada, quando sentindo muito calor, entrou no chafariz que ficava na praça principal da cidade. Ela, que morava em uma cabana no sítio Maniçoba, passando pela sede municipal, sentiu vontade de entrar dentro da água.
Algumas pessoas a observavam com tom de ironias e zombarias. Janaína, que vendia comidas por ali, a mendiga Valdinha, o padre Francisco e a Irmã Renata Augusta, além da beata Lady Andréia e suas filhas Gisella e Allana Hevellyn observavam com misto de zombaria e escândalo.
A professora Cicleide passou por ela, e disse:
- O que está fazendo aí, moça?
- Estou tomando um banho, senhora. Está muito calor.
- Sai daí, o povo tá te olhando. Eles estão estranhando...
- Oxe, por causa de que? Estou fazendo algo errado?
- Bom, pra eles, sim. Tomar banho no chafariz.
Maria Clara saiu do chafariz, dizendo:
- Bom, dona, pelo menos, estou sem sentir calor mais. Vou-me embora de vestido molhado, mas ele vai secando no meio do caminho.
- E tu mora onde?
- Sítio Maniçoba, longe daqui.
- E você veio como?
- Andando!
Cicleide assustou-se e disse:
- Andando???? Esse sítio é muito longe.
- Já estou acostumada...
Maria Clara se despediu de Cicleide e voltou para o sítio.

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