Quase 11 horas da noite em Lagoa da Italianinha e Fábia pegou no sono pra valer. A mendiga, que tem 46 anos, mas tem aparência de 20 anos, dorme bastante, sendo a mendiga que mais dorme. Ela não discrimina lugar, seja uma rua movimentada, uma rua parada, ou beco, rodoviária, praça... ela se deita no chão e pega no sono.
Alguns passam por ela e não ligam. Chama a atenção ver uma mulher deitada e dormindo em uma calçada, mas não fazem nada. A cena é comum em Lagoa da Italianinha, e muitos já se acostumaram com esse fato.
Fábia é uma entre pouco mais de trinta moradores de rua na cidade. Chamada de "mendigata" por conta de sua aparência física, o apelido, evidentemente, não se traduz em mudança para sua vida.
Naquela hora, Flávia passou de carro com Rebeca, sua filha adotiva. Rebeca disse:
- Olha, mãe, uma mulher ali caída no chão.
- Não, ela está dormindo. Ela é moradora de rua.
- Sério?
- Sim, eu morei nas ruas e a conheci já nessa vida. Seu nome é Fábia Rejane, tem 46 anos, mas tem uma aparência até de ser mais nova que eu.
- Nossa...que tristeza.
Flávia disse:
- Espere, filha.
Flávia saiu do carro, pegou um cobertor e uma marmita, e cobrindo Fábia com o cobertor, deixou ainda uma marmita e um garfo perto dela. Flávia voltou pro carro e Rebeca perguntou:
- Que foi isso?
- Eu sempre trago comigo umas marmitas ou uns cobertores, vai que eu veja alguém por aí... precisamos ajudar. Já tentamos tirar ela das ruas, mas ela não quis. Mesmo assim, ajudarei o que for preciso. Vamos embora, filha.
Flávia pegou seu carro e voltou pra seu apartamento.

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