Em Fortaleza, por volta de 1866, Thomas, um senhor de 90 anos, em seu simples aposento, tinha apenas a companhia de uma freira, a Irmã Isabela, que cuidava dele. Thomas morava ao lado da mansão do barão Almir, com quem ele tinha ótimas relações.
Thomas já era viúvo, perdeu sua esposa Marieta ainda lá em 1826, quando ela tinha apenas 50 anos, a mesma idade que ele tinha na época.
Mas Thomas era mais do que isso: ele era testemunha viva dos fatos ocorridos em Vila Rica, lá no fim do século XVIII. Nascido em 1776, filho de Rui e Marta, ele recebeu esse nome em homenagem a Thomas Jefferson, o principal autor da Declaração de Independência dos Estados Unidos da América. Aos seis anos, perdeu seus pais, que foram mortos em um incêndio a mando de Sinhá Adriana. Ele conseguiu escapar e foi adotado pela humilde Brenda, a avó do barão Almir.
Na sua infância, ele ainda conheceu a pianista Regina, o americano Wrialle, a camponesa Fabiana, a Neide, a mendiga Emanuela, a jovem Milena, o Glebson e a francesa Jacilene, entre outros da época, além da escrava Gilmara e da malvada Sinhá Adriana e sua filha Mariana. Ele se lembrava também do amor entre Aurélio e Áurea, que enfrentaram diferenças sociais para viver um amor. Haviam morrido juntos em 1862, já nonagenários.
O barão Almir, a baronesa Delma e os filhos Aline, Alvanir, Aurineide e Daniel, ficavam fascinados com as histórias que Thomas contava. Alvanir, por exemplo, passou a gostar da ideia de ser pianista quando Thomas falou sobre Regina, uma das damas mais queridas de Vila Rica, que era pianista.
Mas Thomas não viveu só felicidades: ao ver a sobrinha do barão, Armanda, tramando maldades contra Alvanir, sua prima, de quem morria de inveja, comparava Armanda à Sinhá Adriana. Denise, a irmã de Armanda, era diferente, e também gostava muito de Thomas. Ele também ensinava Almir a tratar bem as escravas Socorro e Adriállina, diferente do que Sinhá Adriana fazia com Gilmara, que era inclusive, antepassada delas.
Thomas ainda viveu muito, chegando aos 100 anos de idade, só morrendo em 1876.

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