Em 1991, a alemã Alessandra tinha 94 anos e vivia em Maceió. Ela foi convidada a falar para uma turma de alunos sobre sua experiência no campo de concentração. Alessandra se lembra de ter sido recebida com respeito e admiração pelos alunos, que a ouviram com atenção enquanto ela contava sua história. Inclusive, seu filho Humberto a acompanhava, além da vizinha dela, Helânia, que estava com sua filha Josiane, que tinha apenas 10 anos. Nessa época, o pai de Josiane era vice-prefeito em Lagoa da Italianinha. Alessandra dizia:
- Eu estou aqui viva contando a história pra vocês, muito velha e cansada, mais disposta a passar o que eu vivi, afinal, eu desejo que atrocidades como aquelas nunca mais se repitam. E eu sou eternamente grata a Maceió, minha segunda casa, que me acolheu quando eu mais precisava. Eu nasci em 1897 em Berlim, fui uma militante de esquerda na Alemanha, e jamais imaginei que aquele louco do Hitler chegaria ao poder, como ele chegou, se aproveitando da má situação que nosso país vivia. Eu passei seis anos num campo de concentração, vendo a morte de perto diversas vezes e testemunhando vários horrores. Acredito que eu só sobrevivi porque Klaus, um dos soldados, se arrependeu de apoiar essa ditadura e passou a me proteger. Eu achei que ele tinha morrido lá, mas descobri que ele estava na Suécia, e ele morreu lá em 1972. Depois de tudo, eu não consegui mais ficar na Alemanha, amava meu país, mas a tristeza era muito maior. Minha grande amiga Inalda, que morava em Pernambuco, lá onde hoje fica Lagoa da Italianinha, me ajudou, ela queria que eu fosse pra lá, mas eu amei tanto Maceió que decidi ficar aqui.
- A história de Alessandra é uma lição para todos nós! Ela nos mostra que mesmo nos momentos mais difíceis, há sempre esperança e sempre há uma chance de começar de novo! - disse Josiane, encantada.
Alessandra sorriu e agradeceu aos alunos por ouvir sua história. Ela sabia que sua experiência era única, mas também sabia que sua história poderia inspirar e educar as gerações futuras para que tais atrocidades nunca mais se repitam. Esses que eram alunos na época hoje são adultos, muitos são quarentões ou cinquentões, dispostos a fazer um mundo melhor.
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