O ano era 1875, época que o Brasil ainda era Império, e a escravidão ainda existia. Mesmo com advento dos movimentos abolicionista e republicano, a sociedade ainda era resistente a tais mudanças. Foi enfrentando tudo isso que Alvanir, a filha do Barão, se casou com um ex-escravo, o Antônio, casamento que foi muito comentado em Fortaleza.
Inicialmente, Alvanir temia a reação do seu pai, o Barão, se aparecesse com um namorado que havia sido escravo. Depois de ter uma carta de alforria, Antônio se tornou jornalista, e conquistou o coração de Alvanir.
Na família de Alvanir, houve quem tentasse impedir o romance, pela diferença racial de ambos. A prima dela, Armanda, dizia:
- Alvanir tá envergonhando a família se casando com um... ex-escravo!
Armanda tentou de tudo para separar o casal, sem sucesso. O Barão, que apesar de possuir escravos, se tornara abolicionista, resistiu no início, mas depois, se rendeu ao genro, a quem ele elogiou:
- Rapaz inteligente e preparado.
Nessa ocasião, o casamento deles foi muito comentado. Estavam presentes na cerimônia o Barão, a outra filha dele, Aurineide, e outros familiares, a exemplo de Denise e Armanda, as primas delas. Armanda olhava o casal com inveja e raiva. Thomas, que tinha 99 anos, estava na cerimônia, ao lado da freira Irmã Isabela. Valendo ressaltar que nessa época, Aline, a irmã mais velha de Alvanir e Aurineide, já estava morando na Itália. O Barão disse para Aurineide:
- Uma filha minha se casou com um imigrante italiano, e a outra, com um ex-escravo... com quem você irá se casar?
- Bom, pai, isso é Deus quem sabe...
Antônio e Alvanir superaram preconceitos e formaram uma família feliz. Geraram duas filhas - Lucinha e Mônica -. No ano de 1925, Mônica homenageou o pai dando o nome dele ao seu filho, Antônio Neto, que iria lutar na Segunda Guerra Mundial.
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