Morando em um Brasil, que era uma colônia de Portugal bastante católica, a francesa Jacilene morava na casa da Sinhá Adriana em Vila Rica, Minas Gerais, quando em determinado momento, teve um debate com a Edlene, a tia de Sinhá Adriana, católica praticante. O ano era 1785 e ela falava a respeito do americano Wrialle, recém-chegado na cidade. Edlene disse para sua sobrinha:
- Adriana, esse rapaz que veio lá dos Estados Unidos, soube que ele é da seita de Lutero, parece que os antepassados dele eram puritanos, se não me engano.
- Esse povo é perigoso.
- Muito, eles são inimigos da nossa santa Igreja Católica, a única Igreja Católica existente no mundo!
Jacilene disse:
- Desculpem, mas não é bem assim. Não é a única igreja Católica, não.
- Mas como assim? - disse Edlene.
Jacilene disse:
- Lá para o lado da Ásia, e da Europa lá pro leste, existe uma Igreja Católica chamada Ortodoxa. Não tem nada a ver com Roma.
- Nunca ouvi falar.
- É que em 1054, faz muito tempo, lá em Constantinopla tinha um patriarcado, Roma tinha outro, Jerusalém tinha outro, Antioquia tinha outro e Alexandria tinha outro. Até que Roma queria ser a mãe de todas as igrejas, mas as outras não aceitaram e se separaram. Roma ficou sendo essa igreja que conhecemos como Católica Romana e as outras formaram a Igreja que ficou como Ortodoxa.
- Ah, essas cidades que tu falou são rebeldes, com certeza...
Jacilene disse:
- Bom, com todo o respeito, não sei como Jerusalém, onde tudo começou, estaria errada, enquanto Roma, que só conheceu o Cristianismo trinta anos depois, estaria certa...
Sinhá Adriana disse:
- De que religião tu é?
- Não tenho religião. Mas conheço a História.
- Então, Jacilene, tu está em minha casa, respeite nossas tradições.
- Está bem, só quis esclarecer um equívoco que dona Edlene falou. Mas me desculpe.
Dito isto, Jacilene se retirou da sala e foi para o quarto.
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