sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Flor e a mendiga venezuelana


 Numa certa tarde, Flor estava sozinha na lanchonete - suas funcionárias Deinha e Santa não estavam, pois Deinha estava de folga e Santa estava almoçando -, quando viu a mendiga venezuelana Fabiana por ali. Fabiana se aproximou dela com alguns trocados que havia recebido e disse:

- Qué se puede comprar con este dinero?

Flor disse:

- Só um café, apenas isso. 

- Solo eso? Tengo tanta hambre que ni mis hijos están aquí, están allá en la plaza.

Flor disse: 

- Faz o seguinte, se sente ali, eu vou servir algo pra você. É por minha conta, certo? 

- Gracias. 

Fabiana foi se sentar. Flor a observava, e chamava atenção o semblante sofrido de Fabiana. Cabelos bagunçados, uma blusa vermelha muito suja, saia azul bastante suja e de pés descalços. Fabiana estava também suja mais que o normal. 

Flor chegou com a comida, e Fabiana comia, com alegria. Flor disse:

- Notei pelo sotaque que não és brasileira, vem de onde? 

- Venezuela!

- Nossa, aqui nesse país cada dia mais cheio de venezuelanos. 

- Sí, he dormido en las calles de varias ciudades y me gustó aquí.

Flor disse:

- Não tem vontade de ter um abrigo? 

- No quiero. Ni yo ni mis hijos.

Fabiana se levantou, depois de comer, e Flor disse:

- Pode ir, viu? 

- Gracias!

Fabiana se retirou, e Flor a olhava atentamente. 

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