Por volta do ano de 1812, com 60 anos de idade, a senhora distinta Jacilene prosperara no interior de Pernambuco, ao lado do seu marido. A francesa que se aventurara em Vila Rica alguns anos antes agora era bastante próspera.
Na época, um pequeno povoado nasceu em volta da fazenda onde morava. e ali havia uma capelinha e uma feira. A fazenda se chamava Vila Rica, em homenagem à cidade mineira. Mas o pequeno povoado recebeu o nome de "Vila Dourada", uma homenagem indireta à cidade mineira, pois na mente da francesa, "dourado tinha tudo a ver com rico".
Entretanto, seu marido resolveu empregar escravos na fazenda, o que desagradou Jacilene. Esse talvez foi o único conflito entre eles nos vários anos de casamento. Ele disse:
- Eu vou comprar uns escravos que um amigo meu de Garanhuns tá me oferecendo, e...
- Comprar escravos? E eles são mercadorias?
- Bom, no contexto aqui do nosso lugar, é...
- Nada disso, eles são gente, e foram trazidos à força da África para trabalhar de graça aqui.
- Mas, Jacilene, eles serão úteis aqui, não vai ser ruim pra gente, não, eles nos ajudam, e você pode ter escravas lhe servindo...
- Me desculpe, eu saí da França enojada com o absolutismo, e sou inimiga da escravidão. Não aceito. Se quiser trazê-los para cá, eles têm que ser assalariados. Do contrário, eu nem quero.
- Mas assim é demais.
- Esse é meu pensamento, eu via o que aquela megera, a falecida Sinhá Adriana fazia com os escravos dela.
- Mas não faremos o mesmo, querida.
- Eles não são escravos, são gente, e ponto final!
Ele ainda insistiu, mas depois cedeu aos desejos de sua esposa francesa, e apenas resolveu empregar alguns na fazenda, de forma assalariada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário