O dia amanheceu em Lagoa da Italianinha e Flor estava na lanchonete da rodoviária, assumindo o lugar de sua irmã Marlene, que está presa. Ela tratou logo de tranquilizar as duas funcionárias, Deinha e Santa, dizendo:
- Não se preocupem, continuem trabalhando certinho.
- Quando dona Marlene será solta? - perguntou Deinha.
- Olha, isso não sei dizer. Me passaram a informação de que as acusações são muito sérias.
Santa disse:
- Isso foi uma bomba pra gente.
Na rodoviária, não se falava de outra coisa. Por ali, estavam os mendigos Patrícia, Letícia, Guilherme, Andreza, Renata, Gílson, Solange, Juliana, Warlla e Deza, sendo que Warlla estava afastada dos outros.
Deinha mostrou os mendigos para Flor e disse:
- Olha aí, esses mendigos, inclusive essa aí vestida de madame, a Warlla, também mora nas ruas. Eles vivem por aqui direto.
- Esse Guilherme eu conheço, é irmão de Valdenes. Guilherme não quer sair dessa vida.
As vendedoras de picolé Leila, Faby Pés Sujos e a surda-muda Janielle também passaram por lá. Leila foi na lanchonete e perguntou:
- É verdade que Marlene foi presa?
- É sim. - disse Deinha.
- E como ficou aqui a lanchonete?
- A irmã dela, dona Flor, tá tomando conta.
Faby Pés Sujos disse:
- Também, dona Marlene só se junta com quem não presta, tá pagando um alto preço por isso.
- É verdade, dona Flor disse que a situação dela é muito difícil.
Leila, Faby e Janielle se retiraram, e Flor as viu e disse:
- Essas três vendedoras de picolé tudo descalça, como é que pode?
- Elas só vivem assim - disse Deinha.
Enquanto isso, alguns clientes chegavam, e havia quem perguntava sobre Marlene. Em dado momento, um homem chegou e perguntou a Flor:
- Marlene foi presa, é?
- Foi, sim.
- Não quero que espalhe nada, ela tá me devendo dinheiro a juros.
- O senhor é agiota dela?
- Sou.
Flor ficou aterrorizada. Depois que ele foi embora, Flor disse:
- Marlene se mete em cada encrenca...
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