Numa certa noite, no Terminal Rodoviário em Lagoa da Italianinha, a mendiga Deza estava solitária, sentada e pensativa. Algumas pessoas ainda passavam por ali, mas não faltaria muito para a rodoviária fechar o portão.
Nessa hora, um jovem pobre passou por ela, e Deza disse:
- Moço, tem uma esmola pra mim?
Ele a olhou e disse:
- Eu que tô querendo esmolas.
- Oxe, e tu mora onde?
- Na rua, e a senhora?
- Eu também. Qual teu nome?
- Ítalo, e o seu?
- Meu nome verdadeiro é Andrezza, mas me chamam de Deza pra diferenciar de uma xará minha que vive por aqui nas ruas.
Ítalo disse:
- Eu tô procurando um lugar pra urinar, tô apertado. O banheiro daqui já tá fechado.
- Oxe, larga nas calças, mesmo, homem.
- Oxe, eu????
Deza disse:
- Eu só mijo e cago nas calças, eu nem uso banheiro.
- Me desculpa dizer, mas por isso que a senhora tá tão fedorenta.
- Não precisa pedir desculpas, rapazinho, é um elogio. Eu sou tão fedida que nem Cascão me aguentaria.
- Qual sua idade???
- Oxe, pra que tu quer saber minha idade?
- Desculpa, senhora. Vou arrumar um lugar pra urinar. Não curto essa ideia de mijar nas calças, não.
- Tu tá muito educadinho pra ser um menino de rua.
Ítalo saiu dali e conseguiu um lugar pra urinar. Deza ficou um pouco ali, e depois foi embora.
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