Warlla, a "mendiga chique" estava na lanchonete de Quitéria, no Pátio Verona, no bairro Nova Itália, já próximo do centro. Ela havia chegado lá desde tarde. Como se sabe, chama atenção na cidade o fato de mesmo ela sendo uma moradora de rua, usar roupas de madame, (jaqueta, blusa, calça e sapatos salto alto), e até usar óculos escuros e uma bolsa ao seu lado.
Quitéria se aproximou de Warlla, que já estava meio bêbada, e disse:
- Vai pra casa, moça, estás sem reação.
- Que casa? Eu moro nas ruas, esqueceu? Não tenho casa.
- Eu me esqueci desse detalhe é que tu se veste assim, me confundo. Aliás, tu mora na rua por que quer, não faltaram convites pra tu sair das ruas depois que tu perdesse tudo.
Warlla disse:
- Pois eu prefiro mil vezes morar nas ruas do que morar de aluguel ou em casa dos outros.
- Com esse seu jeito de ser, tu envergonha a grande pintora alemã judia Inalda, sua bisavó que viveu aqui entre nós. Os descendentes dela são pessoas bem-sucedidas e muito corretas.
Warlla disse:
- Desculpa, mas isso não te interessa, eu não gosto de nenhum desses descendentes dela. Me envergonho de ser prima deles, foram os primeiros que acharam bom quando eu perdi tudo.
- Warlla, você bebeu muito.
- Ah, sua preocupação é se vou pagar?
Warlla tirou o dinheiro do bolso, e jogou em cima da mesa, dizendo:
- Eu moro nas ruas, mas nem sempre estou lisa.
- Está bem.
Warlla saiu dali, e estava meio tonta. Ela somente atravessou o pátio e se deitou na calçada de uma loja que ficava em frente à lanchonete. Logo pegou no sono.
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