terça-feira, 3 de dezembro de 2024

O aniversário de Danuzia


Chegou o dia da malvada e cruel Danuzia, a filha do deputado estadual Moab, fazer aniversário, mas diferente dos outros anos, ela não quis fazer uma festa. Danuzia passou o dia todo na banheira e também na piscina, nadando de roupa e tudo, tendo tirado apenas seus sapatos.

Moab viu a filha na piscina e disse:

- Não quis fazer festa esse ano?

- Eu não. Um bocado de bestas que só querem vir comer e passa o ano inteiro sem falar com você. E outra provavelmente viriam pobres, e eu odeio pobre!

Danuzia estava na piscina com uma roupa preta elegante e caríssima, e usando óculos escuros. Até jóias usava. Somente estava sem sapatos. Depois da piscina, foi para a banheira vestida desse mesmo jeito. 

A noite, Danuzia, já de roupa seca, saiu com sua amiga Aryella e sua prima Josenilda, e foram jantar no restaurante de Nayara, onde se vende comidas orientais. Josenilda disse:

- Tô abrindo um clube de lazer espero que você seja minha sócia.

- Espero que eu não seja obrigada a usar traje de banho feito nos outros clubes.

- Nada disso, mulher, pode entrar na piscina até de sapatos se quiser. É livre!

- Muito bem, pois sou chique até embaixo d'água. 

Aryella disse:

- Só espero que não haja pobres nesse clube. 

- Veremos isso direitinho. - disse Josenilda.

As marcas do castigo

 

Em 1812, a francesa Jacilene, morando no interior de Pernambuco, no pequeno povoado que viria a ser Vila Dourada, tinha 60 anos de idade. 20 anos já haviam se passado desde que foi açoitada em um tronco, por Sinhá Adriana, por proteger a escrava Gilmara, quando morava em Vila Rica. 

Mas ela ainda carregava em seu corpo a marca do açoite. Num certo dia, uma empregada ia lhe servir o café, quando ela perguntou:

- Que mal lhe pergunte, dona Jacilene, o que é isso nas suas costas?

Jacilene disse:

- Uma marca que representa o dia que defendi uma vida. 

- Como assim? Desculpe a intromissão...

- Não se preocupe, filha... quando eu morava lá em Vila Rica, eu vivia na casa da Sinhá Adriana...

- A senhora já morou em Vila Rica????

- Sim, por que a surpresa?

- Pensei que a senhora tivesse vindo da França direto pra cá. 

- Não, eu morei lá. Bem, havia uma escrava chamada Gilmara, e ela era muito maltratada. Eu ajudei ela a fugir, mas os capatazes de Sinhá Adriana a encontraram e ela foi castigada. Eu também levei açoites no tronco. Coitada dela, foi humilhada, muito humilhada... isso foi há muito tempo atrás, em 1792, faz 20 anos. 

- Puxa, que triste...

- Nem Gilmara e nem Sinhá Adriana estão mais nesse mundo. Mas eu me lembro desse dia até hoje por conta dessa marca que vou carregar enquanto viver. 

- A senhora não se arrepende?

- Jamais. 

A empregada ficou impressionada com a história e a postura de sua patroa. 

Fabíola se diz perseguida por "alienígenas"

 

Não bastasse a loucura de se imaginar vivendo nos anos 50, a vintage Fabíola agora anda espalhando a história de que estaria sendo perseguida por "alienígena". Numa certa manhã, Fabíola, que já alega inclusive ter sido abduzida e ter passado alguns dias em um disco voador, estava com seu esposo Tiago, indo para a escola de música de Eraldo, e ela disse:

- Tiago, tem gente lá na nossa casa, ficam rondando a gente, os alienígenas estão querendo me levar. 

- De novo essa história, Fabíola? 

- Mas é verdade, meu amor. Tu nunca acredita em mim! 

Chegaram na escola de Eraldo, e Clíntia, a secretária, os atendeu. Clíntia disse:

- A senhora quer alguma coisa, dona Fabíola?

- Sim, eu quero ir à delegacia registrar queixa contra alienígenas que andam me perseguindo! 

- Oxe, que conversa é essa?

- É a verdade. 

Eraldo disse:

- O que está acontecendo aqui?

Fabíola disse:

- Meu irmão, tô com tanto medo... alienígenas querem me abduzir, me levar para outro planeta. Eu estou desesperada. 

- Fabíola, isso é coisa da sua cabeça. 

- Não é! Eu sou perseguida por ser diferente, eu sou a única que sabe o tempo verdadeiro que vivemos, enquanto vocês insistem que estão no século XXI. 

Tiago disse:

- Eraldo, eu não vi nenhum alienígena em casa. 

- Tá me desmentindo, é Tiago? Nem com você eu posso contar! Snif! Vou embora, vou pro museu trabalhar!

Fabíola saiu dali, e Tiago ia atrás, mas Eraldo disse:

- Deixe, deixe... 

Fabíola ia falando sozinha pelas ruas, alegando que alienígenas queriam perseguí-la. Enquanto isso, Valdenes estava no escritório de Suely, quando apareceu Flaviana, e disse para ele:

- Valdenes, tu nem imagina quem eu vi agora. 

- O monstro da meia noite. 

- Não. Eu vi aquela maluca que anda de vestido branco, de luvas e leque na mão, vestida como se estivesse no tempo da minha avó, dizendo que tinha alienígenas atrás dela. 

- Oxe, é a Fabíola, a irmã de Eraldo. Ela dizia isso pra quem?

- Na rua, falando sozinha. Passou até perto da lanchonete de Quitéria. 

- Tadinha, ela é até boa pessoa, mas não bate bem do juízo... 

Renata pede esmolas pelas ruas


A mendiga Renata, de manhã cedo, já perambula pelas ruas pedindo esmolas em Lagoa da Italianinha. A "galega suja", como é chamada, anda suja e descalça e exala um forte cheiro. Renata costuma ficar nos lugares mais movimentados.

Alguns passam por ela, dizendo:

- Vai tomar banho, galega suja. 

Outros dizem:

- Tão nova, deveria estar trabalhando. 

Renata nem fica incomodada em ouvir tais críticas. Ela foi no terminal de ônibus, o antigo Terminal Rodoviário, e passou pela lanchonete de Marlene. Com alguns trocados que havia ganho como esmola, conseguiu comprar um lanche pra tomar um café. Deinha a atendeu, e Renata comia, feliz. 

Marlene, em dado momento, disse para Deinha:

- Essa mulher tá muito suja, viu? Ela pagou o lanche?

- Pagou, sim. 

Depois que terminou de tomar o café, Renata disse:

- Agora, vou sair por aí, pedindo mais... 

Suely, a boa patroa

 

Depois que a juíza Suely conseguiu que o Valdenes trabalhasse em seu escritório, ela se sentia muito satisfeita. Ela estava, certo dia, indo para o escritório, com sua filha Sara, quando encontrou Valdenes no caminho, e Suely, que estava de carro, disse:

- Tá indo pra onde?

Valdenes disse:

- Tô indo lá pro escritório, senhora. 

- Tu já tomasse café? 

- Bem... eu ia dar uma passada ali pra tomar um café, e...

- Entra no carro, tô indo na lanchonete de Quitéria, a gente toma um café lá. 

Suely, Sara e Valdenes chegaram na lanchonete, e fizeram seus pedidos. Enquanto tomavam café, Valdenes observava a Suely e sua filha Sara, ambas carecas por opção. Valdenes disse:

- Senhora juíza, posso te fazer uma pergunta?

- Já disse pra me chamar de Suely, mas pode. 

Valdenes disse:

- Que mal lhe pergunte, porque vocês duas são carecas? 

Sara riu, e disse:

- Nós somos mais felizes assim. 

Suely disse:

- Eu decidi há muito tempo atrás não deixar mais meus cabelos crescerem, e eu raspei a cabeça. Eu tinha essa vontade desde a adolescência. 

Sara disse:

- Eu achei minha mãe louca em fazer isso, mas eu quis experimentar, pra ela não passar a vergonha sozinha. Oxe, gostei tanto que não deixo mais meus cabelos crescerem, a gente sempre raspa a cabeça de dois em dois dias. 

- Desculpe realmente a pergunta, não pensem que é intromissão minha, eu apenas perguntei...

- Não se preocupe, Valdenes - disse Suely - é normal, pois mulheres são muito vaidosas e não admitem ficar sem cabelos. Mas o interessante é que eu ter feito isso, inspirou outras a fazer o mesmo, como Mimi, Maria Isabel, Monalisa, Anna Paula, e outras mais... 

- Interessante...

Suely disse:

- Você, Valdenes, tem seu jeito também de ser, só vive descalço pra todo lugar, vai pro trabalho descalço, toma banho de roupa e sapatos, mas tá aqui trabalhando certinho. Seja você mesmo, os outros são os outros. 

- É verdade - disse Sara - inclusive minha mãe também anda descalça quando não está no fórum e toma banho vestida, mas eu não faço nada disso, sou diferente nela nessa parte. 

Valdenes disse:

- Ainda bem que a senhora faz isso também, juíza, assim, me deixou ser assim no trabalho também. 

- Seja um bom funcionário, isso é o que importa. 

Terminaram o café, e foram direto para o escritório de Suely. Sara disse:

- Vou indo abrir minha loja agora, vou ter que deixar a patroa descalça e o funcionário descalços aí trabalhando sozinhos... com licença. 

- Vai, filha. Tenha um ótimo dia. 

Faby Pés Sujos quer transformar seu apelido em sobrenome


 A jovem Faby Pés Sujos, que mora numa casinha em cima de uma árvore e vende picolés pelas ruas da cidade, anda com uma ideia um tanto obsessiva na sua mente: ela quer largar de vez o nome da família, e ir num cartório registrar seu apelido "Pés Sujos" como sobrenome oficial, e não mais como apelido.

Ela é irmã da prefeita Myllena, da empresária Ilene, da juíza Suely e da vereadora Karoline, mas ela não tem aproximação com a família desde que deixou a casa onde morava e foi morar pelas ruas. Faby leva uma vida simples, gosta de dormir no chão e renega o luxo. 

Ela passou a ter amizade com Karine, que também é uma ex-rica, que hoje vive na pensão de Luciana. Faby disse:

- Me chamam de Faby Pés Sujos, eu tô querendo mudar, e ser meu sobrenome mesmo. 

- Por que? - perguntou Karine. 

- Oras, é um sobrenome que representa minha personalidade. 

- Não sei se pode mudar...

- Claro que vai poder mudar, deve-se ter um jeito, esse país não é o país do jeitinho? Aqui no Brasil tem jeito pra tudo, querida. 

Karine disse:

- Pois é, mas aqui gostam do dinheiro, também. Por isso que larguei tudo, eu era da alta sociedade de Caruaru e hoje vivo assim, e vivo mais feliz. Pra mim, ter riqueza é pecado. E pronto, é o meu pensamento!  

Wéllia trama matar Horácio

 

Cansada de Horácio, que quer a guarda de sua filha Alice a todo custo, Wéllia já anda tramando o pior: matar Horácio. Ela, certa noite, estava na banheira, em sua casa, sem falar com ninguém, e só pensava por si mesma: 

- Eu quero mandar ele pro inferno! 

Wéllia, depois, viu sua filha Alice, e disse pra ela:

- Alice, tu não anda falando com aquele teu pai, não, né?

- Não...

- Pois acho bom. Ele anda falando mal de mim, querendo você. Não dê confiança pra ele, senão pode ser pior inclusive pra você! 

- Credo, mãe, tô achando a senhora estranha...

- Pode achar o que quiser. 

Malu, a irmã gêmea de Wéllia, havia voltado de Tambaba com o namorado Vinícius, e Malu estava em casa. Wéllia provocou:

- Malu estava lá naquela praia de nudismo, pense numa imoralidade...

- Wéllia, tu nem imagina como é bom lá. Eu mesma sou assim, conectada com a natureza, sempre fui assim. Tu deveria ser do mesmo jeito. 

- Jamais. Eu deveria era tomar banho de roupa, feito minha amiga Danúzia e o maluco do Valdenes fazem. 

- Tu nem gosta de tomar banho, Wéllia. Tu só faz isso pra ter pose de madame. 

- Me respeita. Tu já tá na onda do safado do Horácio, cuidado que vai sobrar pra tu também! 

Fábia se torna amiga de Rita de Cássia

 

Moradora de rua há muitos anos em Lagoa da Italianinha, a mendiga Fábia é cercada de mistérios, como se sabe. Ela tem poucos amigos e costuma dormir em ruas poucos movimentadas. Mas tornou-se amiga de Rita de Cássia, que vive nas ruas há pouco mais de dois meses. As duas têm um hábito em comum: elas usam chupeta. 

Fábia, certa noite, passou a noite no centro da cidade ao lado de Rita. Fábia havia comido demais, e disse:

- Tá doendo a barriga, e eu doida pra ir no banheiro, mas nem tem banheiro...

- Oxe, faz que nem eu, caga nas calças, querida! - disse Rita. 

- Eu nem tenho essa coragem, eu só vou assim... numa rua e sabe.. uma rua que esteja pouco movimentada. 

- Pois nem me dou a esse trabalho...

- Mas eu vou ficar malcheirosa se fizer isso...

Rita disse:

- Oxe, a gente já dorme na rua mesmo. Nem me importo em ficar com catinga de bosta! 

Fábia, entretanto, preferiu procurar um lugar. Ela voltou, e Rita disse:

- Encontrou?

- Nem deu tempo... nem aguentei...

Rita disse, feliz:

- Mais uma! Tomou coragem! Tô sentindo o cheiro!

- Oxe, mas eu larguei na calça porque não consegui aguentar! - disse Fábia. - estou me sentindo nojenta! Vou até me lavar na fonte! 

Fábia saiu dali, e Rita ficou rindo. 

Andreza brinca no chafariz antes de amanhecer o dia

 

Mal o dia amanhecera em Lagoa da Italianinha e lá estava a mendiga Andreza, acordada e indo se banhar no chafariz da praça. O mendigo Guilherme só acordou quando sua amiga já estava na fonte. Ao vê-la lá, disse:

- Já essa hora, Andreza? Ainda são 5 da manhã!

- Sim, parceiro!!!!

Andreza estava de roupa e tênis, e nem se importava que ainda não estava quente. Ela disse:

- Vem pra cá, tomar banho também na fonte, amigo. 

- Tá bom, deixa eu tirar o tênis. 

- Oxe, pra que isso, entra com tênis e tudo, oxe. Faz igual teu irmão Valdenes, que anda descalço, mas toma banho de sapatos. 

- Seu pedido é uma ordem...

Guilherme entrou com roupa e tênis, e os dois se divertiram na fonte. Até jogavam água um no outro. Passaram mais de 30 minutos ali no chafariz, e depois saíram. 

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Myllena resolve tirar férias em João Pessoa

 

Após ter tido uma crise de estafa, a prefeita de Lagoa da Italianinha, Myllena, decidiu ir tirar umas férias de 15 dias juntamente com sua filha, a vice-prefeita eleita Giovanna Victórya. Myllena, que foi reeleita prefeita, entrou em crise de estafa por não ter parado de trabalhar um só momento, mesmo depois da campanha vitoriosa. 

A prefeita descalça foi à Prefeitura e entregou o cargo nas mãos da atual vice, Marcella, para tirar sua licença de 15 dias. Kinha, a sobrinha de Myllena, decidiu ficar na cidade, para ajudar na escolha do secretariado. 

Myllena e Giovanna foram para João Pessoa, capital da Paraíba. Myllena chegou no hotel, reservou seu quarto com a filha e as duas colocaram seus trajes de banho já foram se divertir na piscina. 

Mais tarde, foram para um restaurante, e Myllena ficou até com medo de ser barrada por estar descalça, mas tal coisa não aconteceu. Giovanna, que estava de sandálias, disse:

- Deveria ter uma sandália reserva, vai que alguém te barre. 

- Nada disso, eu não uso calçado nem pra reserva. 

- Se o hotel tivesse te barrado por estar descalça?

- Eu dormia na rua, mesmo. 

Giovanna riu e disse:

- Oxe, mãe, a senhora é obcecada por andar descalça. 

- Claro, filha, nunca coloquei um calçado nos pés e nunca colocarei. 

As duas estavam almoçando, e Giovanna disse:

- Espero que Marcella dê conta do recado. 

- Não vamos falar nisso agora, né? Deixemos a política pra lá um pouco. Quando voltarmos para Lagoa da Italianinha, teremos muito a fazer, e você, filha, vai ser minha vice a partir de janeiro, mas vai logo aprendendo, porque em 2026, vou sair pra deputada, e tu é quem vai ser prefeita. 

- Mãe, é muita responsabilidade...

- Mas eu acredito em você. 

Depois que saíram do restaurante, foram pro hotel dormir. Giovanna tirou suas sandálias e se deitou, e Myllena foi lavar seus pés para se deitar, também. 

Fabiana se banha no posto

 

A mendiga venezuelana Fabiana recebeu a permissão de um posto de gasolina para poder tomar banho lá num final de tarde. Os frentistas achavam a mendiga meio maluca, mas permitiram que ela usasse o banheiro. Fabiana, por sinal, estava de blusa vermelha, saia azul e descalça. 

Fabiana passou mais de 30 minutos tomando banho, no chuveiro do banheiro do posto de gasolina. Quando Fabiana saiu do banho, tomaram um susto. Um dos frentistas disse:

- Oxe, e a senhora toma banho com a roupa, é? A senhora está com a roupa molhada! A senhora estava num banheiro privado, poderia ter tirado a roupa. 

- Por supuesto que me ducho con la ropa puesta.

Outro frentista disse:

- Vai ficar assim com a roupa molhada, mesmo? 

- Mantendré mi ropa mojada, sí. Luego se seca.

Depois dela, os três filhos, Eduardo Felipe, Emerson Isaías e Everton Samuel, que também estavam de roupas sujas e descalços, também foram tomar banho no posto, e todos eles também tomaram banho com roupa. Os frentistas ficaram chocados, e um deles disse:

- Essa família é de loucos, tem que internar. 

Renata não quer conhecer a família

 

Numa certa noite, a mendiga Renata estava em uma calçada na rua central em Lagoa da Italianinha, quando o mendigo Gílson se aproximou dela com uma sacola de pães e ela comeu. Gílson, em dado momento, disse:

- Tu é descendente de uma freira lá de tempos atrás, uma tal de Irmã Renata Augusta?

- Sim, ela era irmã gêmea de minha bisavó. 

- Puxa, quer dizer que tu tem sangue alemão, Renata...

- Sim, eu tenho. 

Gílson perguntou:

- Se essa família quisesse te conhecer e te tirar das ruas, tu ia com eles?

- Não. Eu não tenho interesse. 

- Por que????

- Porque eles iam querer impor regras. Eu quero continuar suja, descalça e dormindo ao relento. Não quero saber de viver debaixo de um teto seguindo regras. 

- Eu fico feliz, seu pensamento é o mesmo que eu tenho...

Renata soltou um arroto, e Gílson a olhou surpreso. Ela disse:

- Oxe, porque a surpresa? Sou nojentinha mesmo, meu amigo, não é a toa que me chamam de galega suja. Dispenso as regras moralistas da chamada "boa educação"...

- Está bem...

Ademar é investigado por mais um crime em Vila Dourada

 

Já sendo investigado em Vila Dourada pela morte de sua filha Emma em 2018, surgiu contra o empresário Ademar mais um problema: a juíza Suely, em Lagoa da Italianinha, mandou abrir uma investigação sobre a morte da delegada Juli Cássia, que investigava a morte de Emma. 

A delegada, por volta de 2020, teria sido morta no trevo na entrada de Lagoa da Italianinha, e na época, foi dado como latrocínio. Mas as desconfianças aumentaram bastante contra Ademar pelo fato de que Juli Cássia vinha investigando a morte de Emma. 

Ademar não gostou quando foi chamado por Suely para um depoimento. Quando recebeu a intimação, Alaíde estava do lado dele, e disse:

- O que vai fazer?

Ademar rasgou a intimação, e disse:

- Eu não quero nem perder tempo com aquela louca da cabeça raspada! 


domingo, 1 de dezembro de 2024

Maria Clara derruba quadros de Inalda

 

Na década de 30, quando Lagoa da Italianinha era apenas o pequeno sítio Maniçoba pertencente ao município de Vila Dourada, no agreste de Pernambuco, a camponesa Maria Clara era conhecida por seu temperamento forte e seu jeito simples, morando em uma cabana e amando dormir no chão e andando sempre descalça. Era filha de índios e costumava colher frutos nos campos. 

Mas havia um outro lado que muitos hoje em Lagoa da Italianinha não falam: Maria Clara sempre foi muito desastrada. Ela chegou a trabalhar por um tempo na venda de Ed, e não foram poucas as vezes que Ed teve prejuízos com ovos quebrados, copos quebrados, pratos quebrados, etc. Isso porque Maria Clara - sem intenção nenhuma - acabava se atrapalhando e quebrando. Apesar de ficar irritado, Ed não demitia a funcionária, pois gostava muito dela. 

Numa certa tarde, em 1937, enquanto Maria Clara estava aprendendo a pintar quadros na casa da alemã Inalda, ela tropeçou num dos potes de tinta e acabou caindo em cima dos quadros, derrubando-os no chão. Inalda escutou o barulho na cozinha, e disse:

- Mas o que aconteceu, que barulho foi esse?

- Desculpe, dona Inalda, derrubei sem querer. 

Inalda viu seus quadros no chão, e disse:

- Seja mais cuidadosa. Ainda bem que esses quadros eram apenas rascunhos, os meus quadros principais eu guardo no meu ateliê. 

- Posso vê-los?

- Não, por favor, ali ninguém entra. 

- Tá, desculpe...

- Tá bem, Maria Clara, vou te ajudar a juntar tudo isso pra colocar no lugar. 

Fabíola e Valdenes trocam provocações

 

Num certo domingo, Eraldo e Judilane convidaram dois casais para ir com eles almoçar no Shopping Indianópolis, o shopping recém-inaugurado em Lagoa da Italianinha. Fabíola, a irmã de Eraldo, foi com seu marido Tiago. Valdenes, o amigo de Eraldo, levou sua namorada Aline Débora. Ao chegarem no novo centro de compras, foram logo para a Praça de Alimentação. 

Fabíola, em dado momento, disse em tom de provocação:

- Eraldo, não sei como deixam entrar aqui pessoas descalças. 

Valdenes disse:

- Ah, aqui na cidade é comum, posso entrar descalço onde eu quiser. 

Aline Débora disse:

- Eu também estou descalça, querida. 

- Ah, perdoe-me. 

Valdenes disse:

- Eraldo, cuidado pra não acontecer de colocarem sua irmã em um museu ou em um hospício, ela tá dentro de um shopping moderno vestida como se estivesse na década de 50, garanto que todo mundo tá olhando ela, e não eu. 

- Não diga, Valdenes. Eu acho que eu chamo atenção por que sou linda, sabe? Já o mesmo não posso dizer de tu. - disse Fabíola. 

Judilane disse:

- Por favor, vocês dois não podem se dar bem? 

Tiago, naquele momento, não estava prestando atenção, porque estava jogando no celular. Fabíola disse:

- Tiago, larga essa porcaria, tu não percebeu que Valdenes tá provocando? 

- Tu começou - disse Valdenes. 

Eraldo disse:

- Por favor, Fabíola, você é minha irmã de sangue, e Valdenes é um amigo como se fosse um irmão, eu queria tanto que vocês se dessem bem. Além do mais, dia de domingo, alegre, é dia de confraternizarmos, chegou dezembro, final de ano, estamos aqui almoçando num novo shopping que nossa cidade ganhou. 

Fabíola e Valdenes ficaram calados, e evitaram trocar farpas durante o almoço. 

Janielle passeia nas ruas da cidade

 

Vendedora de picolés nas ruas de Lagoa da Italianinha, a jovem Janielle, que é muda e surda, já morou nas ruas até 2022, e hoje mora no condomínio Luar do Sertão - que junto com o Bella Ciao - forma o bloco de prédios onde vivem ex-mendigos. 

Janielle, que nem sabe ler nem escrever, só sabe mesmo contar. Muitos não entendem como ela consegue vender picolés mesmo ela tendo essa dificuldade, de nem falar e nem ouvir. Juntamente com ela, mora sua irmã Janicleide, que é conhecida por ser muito atrapalhada. 

Janielle - que usa um vestido verde e anda sempre descalça - foi na lanchonete de Quitéria num domingo de folga. Ela chegou lá e deu dinheiro para Quitéria, pedindo um refrigerante. 

Santa, uma das funcionárias de Quitéria, dizia para Flaviana:

- Ela é muda e surda, não é?

- Sim, ela mora nos prédios lá onde eu moro, eu moro no Bella Ciao. 

- Eu não sei como ela aguenta nesse chão quente andar com os pés no chão, caramba. 

Flaviana disse:

- Costume dela, igual nossa colega Pri. 

- Falando em Pri, cadê ela? 

- Ela vem só mais tarde. 

Quitéria atendeu Janielle, que tomou um refrigerante, e depois saiu. Ela deu um sinal de "tchau" e foi perambular pelas ruas. Janielle, que sentia muito calor, chegou até a tomar banho no chafariz da praça, e ali ficou por vinte minutos. Depois, com o vestido ensopado, voltou para casa. 

O aniversário de Danuzia

Chegou o dia da malvada e cruel Danuzia, a filha do deputado estadual Moab, fazer aniversário, mas diferente dos outros anos, ela não quis f...