No Ano Novo de 1944 para 1945, o penúltimo que Tia Sandra passaria em um manicônio em Milão - ela sairia dali em 1946 -, foi melancólico para ela, como tem sido outros anos. Sentindo-se rejeitada e desprezada pela família - que não admitia uma doente mental na família -, Tia Sandra se lembrava ainda da sua sobrinha Lanie, a única que a amava, mas que estava morando no Brasil desde 1935.
Tia Sandra, que tinha mente de criança e carregava uma boneca de pano, já tinha nessa ocasião 53 anos de idade. Havia passado várias noites dormindo nas ruas de Verona, tendo sido inclusive dois anos seguidos - de 1935 a 1937.
Tia Sandra derramava lágrimas, enquanto ouvia alguns barulhos de bomba - nessa época, o norte da Itália estava ocupada pela Alemanha nazista, e alguns exércitos aliados, incluindo brasileiros, estavam lutando por lá.
Algumas vezes, na solidão do quarto, Tia Sandra escrevia. Algumas dessas cartas são guardadas ainda hoje por sua sobrinha-neta Alycia, que tem 94 anos atualmente e mora em Verona.
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