domingo, 22 de dezembro de 2024

Alessandra entre alegrias e decepções

 

O ano era 1991. Morando em Maceió, a Alessandra, nascida na Alemanha, já tinha 94 anos. Muitos não conseguiram acreditar que ela chegaria a essa idade, principalmente quem soube dos horrores que ela havia passado em um campo de concentração nazista, entre 1939 e 1945, na Polônia então ocupada pela Alemanha.

Nessa época, Alessandra, já cansada e muito doente, viu o Brasil também se livrar de uma ditadura, a ponto de ver o primeiro presidente eleito pelo voto popular desde 1960, Fernando Collor, que por coincidência, ela vira de perto porque ele já havia sido prefeito de Maceió e governador de Alagoas. 

Alessandra também viveu o suficiente para ver a Alemanha - país que nunca deixou de amar - sendo unificada após um período longo de divisão entre Alemanha Oriental e Alemanha Ocidental. Alessandra viu na TV as cenas da queda do Muro de Berlim em 1989, e ela chorava de emoção, dizendo:

- Pena que Inalda e Danielly não estão aqui pra ver isso! 

Alessandra viu ainda morrer alguns dos grandes criminosos nazistas, como Albert Speer, Joseph Mengele e Rudolf Hess. Speer, depois de passar anos na cadeia, morreu em 1981 em Londres, vítima de ataque cardíaco. Alessandra não acreditava no suposto arrependimento de Speer, achava-o manipulador e dissimulado. 

Já Mengele, conhecido como o "anjo da morte", morreu em 1979, afogado em Bertioga, no Brasil. Alessandra ficou assustada quando soube que o criminoso estava no mesmo país que ela. Por fim, em 1987, ela recebeu a notícia do suicídio de Hess em uma prisão na Alemanha. Alessandra disse nessa ocasião:

- Eles agora se acertem com a justiça divina...

Alessandra ainda teve uma alegria até no futebol, quando viu a Alemanha campeã do mundo em 1990, em cima da Argentina, na Copa do Mundo realizada na Itália, o que representara um troco, uma vez que na Copa anterior, em 1986, a Argentina vencera a Alemanha na final no México. 

Alessandra viu ainda o fracasso do comunismo como regime, e o enfraquecimento da União Soviética. Ela dizia que era sua única tristeza nessa fase de sua vida, pois ela lutara para defender uma causa e quase perdeu a vida por isso. Viu que ditaduras comunistas praticavam atrocidades comparadas às que ela enfrentou, especialmente na época de Stalin. Alessandra já tinha deixado de ser comunista e estava mais inclinada à social-democracia. 

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