quarta-feira, 20 de novembro de 2024

A escrava e a francesa

Em Vila Rica, a escrava Gilmara recebia maus tratos da Sinhá Adriana, a quem serviu entre 1776, quando foi vendida a ela, e 1794. Mas os anos tenebrosos que passou com a dama foram abrandados com a chegada da francesa Jacilene, em 1782. 

Apesar de morar com a Sinhá Adriana, Jacilene não concordava com os maus tratos contra Gilmara, e não foram poucas as vezes que a francesa enfrentou a dona da casa onde estava hospedada para proteger a escrava. Jacilene tinha visão fortemente anti-escravagista, fruto de ideias iluministas que havia cultivado quando ainda morava na França. Jacilene até era contra o absolutismo, que ainda imperava no seu país. 

Jacilene tornou-se tão amiga de Gilmara que até ensinou-a a tocar piano. Em 1792, Jacilene e Gilmara foram castigadas em um tronco. A francesa foi junto por ter ajudado a escrava a tentar fugir das crueldades de Sinhá Adriana, que não perdoou a sua hóspede. 

Jacilene saiu da casa da Sinhá Adriana em 1792, mas Gilmara ainda permaneceu ainda dois anos na casa, sendo alforriada já idosa e doente, em 1794, já com 64 anos. Mesmo idosa, doente e morando em uma simples casa, Gimara, inspirada pelos ideais de Jacilene, desejava a libertação dos escravos, algo que nem ela e nem a francesa veriam, pois só viria a acontecer em 1888. 


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