A portuguesa Mary Dee, que chegou no interior de Pernambuco junto com os italianos em 1935, chamava atenção por suas maluquices. Alguns a chamavam de "portuga maluca". Quando ela desceu no porto de Recife, vindo de Portugal - de onde fugira do salazarismo -, chegou a pular de roupa e tudo no mar, de felicidade.
Por algum tempo, morou com a família italiana de Jadiael, mas depois, ela se mudou para uma pequena casa. Mary Dee bebia excessivamente e chegava muitas vezes a ter atritos com sua vizinha, a beata Mônica.
O motivo principal dela ter o bar de Ed como sua "segunda casa" e se embriagar, era uma inconformidade com sua carreira. Isso porque Mary Dee havia feito muito sucesso na década de 20, mas declinou e ainda começou a ser perseguida pelo salazarismo. Deixou ex-marido e filho em Portugal, o então pequeno Manuel, que hoje vive em Porto e é muito idoso.
Mary Dee às vezes, caía de bêbada no sítio ou nas ruas de Vila Dourada. Vivia em atrito até com o padre Francisco e com a freira alemã Irmã Renata Augusta. Quando ela contava isso ao Ed, ele dizia:
- Ô, portuga, me desculpa perguntar, mas tu tem um parafuso solto?
- Desde 1899, quando eu nasci!
Pouco depois, não conseguiu pagar o aluguel de onde morava, mas foi morar com a cantora local Adelma e a professora Issa. Com a ajuda de Adelma, que cantava nas noites em Vila Dourada, Mary Dee voltou para a vida artística. Voltaria novamente a fazer sucesso na década de 50, já no Brasil. Embora fosse algumas vezes em Portugal, passou o resto da vida em Pernambuco.
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