Na zona rural de Vila Dourada, no sítio Facheiro, já próximo à divisa com Cupira, uma senhora vive ali de forma discreta, sem muito alarde. Ela tem traços japoneses, e seu nome é Akemi. Ela já tem por volta de 70 anos, e é filha de um brasileiro, uma japonesa, e neta de francês.
Akemi é a filha do Eduardo Villegagnon, que se casou com Naksu na década de 50, mesmo indo de encontro a muitos membros da família. Akemi viu seu pai envolvido em lutas comunistas e sendo até perseguido pelo Regime Militar. Sua mãe, Naksu, também chegou a ser presa pelo Regime Militar. Nesse meio tempo, Akemi, ainda muito jovem, chegou a morar com o tio, Kenji.
Mesmo o romance de Naksu com Eduardo tendo sido reprovado pelos pais de Naksu - Masato e Yumi, que vieram para o Brasil por causa da guerra -, os avós japoneses a amaram muito
Akemi, porém, escolheu viver uma vida discreta. Comprou um pequeno sítio com o dinheiro da herança dos pais. O referido sítio fica muito afastado do centro de Vila Dourada, já na direção de Cupira. Pouco fala com os vizinhos, a não ser com a camponesa Alexsandra, sua vizinha, que costuma cuidar de Akemi quando ela fica doente por conta da idade avançada.
Alexsandra disse:
- A senhora não tem vontade de ir morar no Japão?
- Teria, sim, mas tô velha pra isso... me conformo em ser uma representante da cultura japonesa aqui nesse belo lugar que é Pernambuco...
- Lá deve ser muito bonito.
- Sim, e muito desenvolvido. O país é muito rico. Tecnologia avançada.
- Que diferença aqui com o Brasil...
Mesmo morando em um sítio do interior de Pernambuco, Akemi se orgulha da sua origem, da cultura japonesa e gosta muito de comidas orientais. Esteve em Lagoa da Italianinha visitando o restaurante de comida oriental inaugurado por Nayara, também descendente de japoneses. Akemi se sentiu sempre mais ligada ao país de sua mãe e seus avós do que mesmo ao país onde nasceu. Já chegou a visitar o Japão quando era mais jovem.
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