Numa certa tarde, a historiadora Ana Karina foi para Vila Dourada, para tentar ter acesso a uma carta escrita pela francesa Jacilene, uma das fundadoras da cidade, para tentar provar seu parentesco com a escrava Gilmara, que serviu na mesma casa onde Jacilene morou, no século XVIII.
Quem guardava essa carta era Maria da Glória, que também é descendente de Jacilene. A carta foi enviada para Brenda, que morava em Fortaleza na época. Anos depois, Maria da Glória teve acesso a essa carta.
Maria da Glória - que inclusive foi candidata a prefeita em Vila Dourada - recebeu Ana Karina e lhe mostrou o conteúdo da carta. A carta dizia o seguinte:
"Sítio Vila Dourada, Bonito, Pernambuco, 06 de julho de 1821,
Querida Brenda,
Estou aqui nesse sítio, que vem crescendo muito, virando uma vila, aqui em Pernambuco. Estou velha e com a saúde fraca, mas ainda com os mesmos sonhos antigos. Gostaria de dizer que estão aqui em casa uma família de Gilmara, a saudosa escrava que trabalhava com a Sinhá Adriana, muitos anos atrás. Tem até uma recém-nascida, uma linda menina chamada Socorro. O pai dela é neto de Gilmara, se você se interessasse, poderia ter essa família com você na sua nova fazenda em Fortaleza. Mas que você os trate bem, como sempre você tratou bem as pessoas, seja qual for sua origem.
Com carinho, de sua amiga Jacilene".
Maria da Glória mostrou ainda outra carta, de Brenda, uma resposta:
"Fortaleza, 05 de outubro de 1821,
Querida Jacilene,
Recebi sua carta, e meu esposo se interessou na família que você relatou. Pode mandá-los aqui para Fortaleza, no endereço que está aí. Trataremos eles com o maior carinho e cuidado, pode ficar sossegada. Quanto ao resto, faço votos de muita saúde.
Com carinho, de sua amiga Brenda!"
Ana Karina, ao ver as cartas, disse:
- Essa Socorro era irmã da minha antepassada Adriállina. E eles foram para a mesma casa onde Socorro viria a trabalhar para o barão Almir, neto de Brenda. Isso significa que também sou descendente de Gilmara.
- Pois é, tudo indica que sim...
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