Numa certa noite, Rita de Cássia estava em uma calçada perto de uma parada de ônibus em Lagoa da Italianinha. Estava com sua boneca Dalila, contemplando as pessoas. Morando nas ruas há mais de dois meses, Rita estava bastante suja, com roupa quase encardida. Usando um chinelo no pé direito e o pé esquerdo descalço, e sua calça suja de fezes. Continuava com mente de criança e usando chupeta.
Alice, sua sobrinha, apareceu ali com seu amigo Paulo, que vem do sítio Cafundó do Judas. Alice disse:
- Tia Rita. Você está assim, tão maltratada...
- Não. Estou bem.
- Não está bem, não. A senhora virou mendiga, não pode. A senhora tem casa e tem família.
- Não tenho mais!
- A senhora tá fedendo a bosta, tia.
- Eu gosto, me deixa assim.
- Tá bom, se a senhora quer...
- Quem é esse rapaz? - perguntou Rita.
- Meu amigo Paulo, ele veio do Cafundó do Judas, lá perto da divisa com Lajedo.
- Seu namorado?
- Não, apenas amigo.
Alice deu um beijo em Rita, e depois, saiu para pegar um ônibus com ele. Alice disse:
- Minha tia pirou, mas vou dar uma jeito dela voltar pra casa...
Paulo disse:
- Esqueça isso, ela nunca mais vai viver debaixo de um teto.
- Oxe, que conversa é essa?
- Eu vi nos olhos dela. Ela nunca mais dormirá debaixo de um teto. E tem mais, ela vai rejeitar vocês e vocês vão rejeitar ela.
- Isso nunca vai acontecer, eu a amo, jamais vou rejeitá-la.
- Espere e verá. Isso vai acontecer.
- Tu é metido a vidente, é? Me dá o número da Mega Sena!
- Nada, isso é só o que vi... mas pode não acontecer, já teve coisas que vi e não aconteceram...
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