segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Um amor improvável em Vila Dourada

 

Em 1939, pouco depois de começar a guerra, uma família japonesa chegou em Pernambuco, e se estabeleceu na cidade de Vila Dourada. Não imaginavam eles que ali no mesmo município, só que no sítio Maniçoba, já viviam famílias alemã e italianas. 

Masato, o patriarca, veio com sua esposa Yumi e os dois filhos, a bela Naksu e o pequeno Kenji, que ainda era menino na ocasião. Discretos, eles se estabeleceram em um sobrado, que acabou conhecida como "Casa dos Japoneses". Na pequena cidade do agreste de Pernambuco, alguns os receberam bem, mas haviam outros que os olhavam com desconfiança. 

Mas a bela Naksu chamou atenção em especial de um jovem de família tradicional da cidade. Estêvão Villegagnon se apaixonou pela japonesa, que inicialmente o rejeitou, mas depois, começou a andar ao seu lado. Estêvão, que tinha conflitos com a família, por ser comunista, e vivia metido em encrencas, também sabia galantear mulheres. Mas aquela ali parecia-lhe muito especial. 

O ano era 1940, e Estêvão estava na venda de Ed, onde estava também a camponesa Maria Clara. Estêvão disse:

- Ed, estou namorando. 

- Sério? E quem é a coitada... digo, a felizarda?

- Oxe, meu amigo. É a Naksu, a filha do japonês que chegou em Vila Dourada no ano passado. 

- Oxe, tem uma família japonesa em Vila Dourada???? - disse Maria Clara. 

- Sim, e por sinal, a filha mais velha muito bela... tu nem imagina. 

Ed disse:

- Teu pai e o pai dela, já estão sabendo?

- Bem, isso ainda vai ser conversado...

- Danou-se, estão namorando escondido? 

- Sim, por enquanto...

Estêvão teve razão em esconder o namoro. Isso por que seu pai, Jorge Villegagnon, francês de nascimento, não aceitou que seu filho namorasse uma japonesa. Jorge disse:

- Tanta mulher nesta cidade tu escolhe logo uma japonesa?

- Oxe, meu pai, o que tem? 

- França e Japão são inimigas na guerra!

- Ah, pai, desculpa a expressão, com todo o respeito, mas tô cagando pra isso!

- Mais respeito! 

Joana, a mãe dele, tentou desaconselhar o filho a namorar com Naksu. Dos irmãos - Arnaldo, Beatriz, Carlos, Dalva, Gustavo e a adotada Helena, só esses dois últimos apoiaram Estêvão. Valendo ressaltar que Francielly já havia morrido. 

Nasku também não teve a aprovação do pai. Masato disse:

- Ele é filho de francês, e a França é nossa inimiga na guerra!

- Desculpa, pai, mas não tenho culpa disso!

Estêvão e Naksu enfrentaram tudo e todos, mas se casaram anos depois. Uma filha deles, chamada Akemi, vive hoje no sítio Facheiro, em Vila Dourada. 

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