Os dois haviam se conhecido na infância de Vila Rica, que nessa ocasião já se chamava Ouro Preto. Ainda crianças, um não desgrudava do outro, o que causou problemas entre as famílias deles, já que ele era pobre, e ela, rica, sendo sua mãe amiga da tenebrosa Sinhá Adriana.
Com o apoio de alguns amigos da época, como o menino Thomas, a francesa Jacilene, as humildes Brenda e Neide e o americano Wrialle, eles conseguiram finalmente formar um casal, de modo que se casaram em 1797. Já tinham se passado 65 anos do casamento.
Tiveram filhos e filhas, alguns foram morar em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Recife. Viviam sozinhos nessa ocasião. Dos amigos da infância, nessa ocasião, Thomas era o único que vivia, e também já estava idoso - tinha 86 anos -. e estava morando em Fortaleza, no Ceará.
Na fazenda onde os dois moravam juntos, eles adoeceram quase ao mesmo tempo. Áurea caiu logo de cama, e Aurélio ainda tentou resistir, mas não conseguiu ficar de pé. Os filhos foram avisados e correram para a fazenda, para tentar ajudar os pais.
Era uma tarde um pouco chuvosa em 1862. Aurélio disse ao seu filho:
- Quero que liberte de uma vez por todas todos meus escravos!
Aurélio ouvira falar que nos Estados Unidos, o então presidente Abraham Lincoln havia assinado a lei que libertava todos os escravos. E acreditava que o mesmo viesse acontecer no Brasil.
Ficaram deitados juntos em uma mesma cama de casal, onde por várias noites tinham dormido. Áurea fechou os olhos, e para sempre. Aurélio estava muito fraco, e ele apenas disse:
- Deixe eu dizer uma última coisa: Áurea é meu grande amor. Cuidem bem dela, ela é como uma jóia preciosa para mim!
Aurélio morreu sem se dar conta que tinha ficado viúvo dez minutos antes. O clima foi de luto e os dois foram sepultados no dia seguinte. Na localidade, chamava muita atenção de como os dois se amavam, a tal ponto que não puderam ficar um longe do outro, chegando mesmo a morrerem no mesmo dia.
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