A camponesa Maria Clara sempre costumava dizer que teve duas mães: a biológica, que era a índia Naia, e a pintora alemã judia Inalda, que morava ali entre eles, no sítio Maniçoba, interior de Pernambuco.
Maria Clara passou a aprender pintura com Inalda, e esta, sabendo da vida humilde da camponesa, ofereceu uma casa melhor, mas Maria Clara disse que gostava de viver simples, e até recusou calçados, pois queria andar sempre descalça. Mas aceitou alguns vestidos que usava ocasionalmente, e que Inalda lhe deu de presente.
Não foram poucas as vezes que Maria Clara pegou Inalda chorando, angustiada. Soubera das notícias vindas da Alemanha, dominada pelo nazismo, e se preocupava em especial com sua prima Danielly e sua amiga de infância Alessandra. Para piorar, Olga Benário, assim como Inalda, judia e alemã, foi deportada para lá. Inalda temia ter o mesmo destino, e Maria Clara a confortava. Inalda disse:
- Clarinha, posso te pedir uma coisa?
- Sim.
- Eu sei que tu gosta da sua cabana simples, mas fica aqui esta noite. Por favor. Depois da aula de amanhã, pode ir embora.
- Está bem, eu ficarei aqui esta noite.
Inalda via Maria Clara como uma filha.
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