terça-feira, 4 de junho de 2024

Deza na lanchonete


Numa certa tarde, a mendiga Deza - primeira moradora de rua em Lagoa da Italianinha - chegou na lanchonete de Quitéria, onde estavam as funcionárias Flaviana e Pri. 

Deza, que por sinal, estava muito suja, com roupa encardida e descalça, e chegou pedindo bebida. Flaviana disse:

-  A senhora tem dinheiro?

- Claro que tenho - disse Deza, mostrando o dinheiro.

Deza se sentou em uma mesa e foi beber. Enquanto isso Pri foi falar com Quitéria:

- Quitéria, aquela mulher bem grudenta tá aí na lanchonete. 

- Vixe. A tal de Deza?

- Ela mesma. E tá fedendo, viu? Ta usando uma roupa podre e encardida...

- Ser pobre não é defeito mas ser podre é. E essa Deza passa da conta. 

Quitéria desceu e viu Deza bebendo. Quitéria se aproximou e disse:

- Dona Deza, a senhora pode beber lá fora?

- Por que????? Porque sou pobre é?????

- Dona Deza não e por nada mas a senhora tá com catinga de... fezes.

- Oxe o que é que tem? A senhora também não caga?

- Mais respeito!

Deza disse:

- Quer saber? Vou sair dessa espelunca aqui depois dessa. 

Deza terminou de beber, e pagou, dizendo:

- Sou pobre, fedida, suja e catinguenta, mas não lhe devo um centavo!

Deza saiu dali e foi se deitar no Pátio Verona.

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