Danúzia parou o carro, desceu e disse:
- Sua velha, tu não olha por onde anda, não?
Patrícia, apesar do susto, estava bem e não se ferira. Ali perto estavam os mendigos Andreza e Guilherme, que ajudaram Patrícia a se levantar. Guilherme disse:
- Você é uma malvada, atropelou a coitada da dona Patrícia.
- Pra mim é um favor que ela fazia, morrer, é um estorvo a menos nesse mundo.
- Não fala assim, sua malvada! - disse Andreza.
Patrícia disse:
- Calma, estou bem. Mas eu posso ser uma mendiga, mas sei que o sinal estava vermelho. E tu avançou, então eu estava certa em tentar atravessar.
Danúzia disse:
- Ah, é? Vão me denunciar pra polícia, pra eu ser multada e presa... ah, esqueci que estamos no Brasil. Eu sou rica, filha de deputado, jamais serei presa.
Andreza ia bater em Danúzia, mas Guilherme a segurou, dizendo:
- Não vale a pena. Venenosa como é essa serpente, ela pode lhe picar e injetar veneno em tu!
Danúzia disse, ironicamente:
- Adorei ser comparada com uma cobra, uma serpente! Portanto, tenham muito cuidado comigo!
Patrícia disse:
- Mulher, tu tem uma arrogância fora de série. Muito cuidado, que quando maior a subida, maior a queda. Se acha melhor por ser rica, coitada, é podre, acho que eu sou mais rica que tu.
- Olha, velha suja, não venha me dar conselhos. Vai tomar um banho que tu tá fedendo, e lave seus pés podres de tanto tu ficar andando descalça! Você nunca vai chegar ao meu nível!
- E nem quero! Eu tenho pés sujos e roupa suja, mas coração sujo, jamais.
Danúzia pegou o carro, e saiu dali, nervosa. Andreza disse:
- Que mulherzinha desagradável!
- Mas a senhora tá bem, dona Patrícia? - perguntou Guilherme.
- Sim, estou, não se preocupem.
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