A Revolta de Priscila

Em uma certa manhã, a praça principal de Lagoa da Italianinha, a praça 27 de Dezembro, estava muito movimentada. É que a mendiga Priscila estava algemada, foi pega tentando furtar uma idosa. Priscila havia passado a noite dormindo naquela mesma praça, e assim que amanheceu, abriu a casa lotérica, e ela foi logo tentando furtar uma idosa. Foi denunciada e a polícia a pegou em flagrante.

Priscila estava sentada na calçada na lotérica, com as mãos algemadas, enquanto os policiais Júnior e Ana Clécia faziam o registro da ocorrência. Júnior disse:

- Essa moradora de rua já é conhecida da polícia.

- É verdade, Júnior.

Priscila os olhava com raiva e deboche. Ana Clécia se agachou e disse:

- Priscila, tu já tá suja na polícia, deixe eu te dizer. Tu é tão jovem e bonita, com uma vida pela frente... vale a pena essa vida que tu leva?

- Epa, vem me dar sermão, não. A vida me fez assim! E eu não tô disposta a mudar. Por isso que quando fizeram aqueles prédios para mendigos, eu não quis ir, eu quis ficar na rua mesmo. Assim, eu fico livre pra fazer o que eu quiser!

- Mas tu acha que vale a pena?

- E como vale... veja eu, suja, fedida, descalça, com roupas velhas e eu sou temida, o povo me olha com medo. A vida me fez assim e não pretendo abrir mão.

Ana Clécia fez Priscila ficar de pé, e Júnior disse:

- Vai ter que ir pra delegacia agora, você tentou furtar uma idosa.

- É... eu realmente tentei roubar a velhota... mas deixe eu te dizer, policial. Eu vou chegar na delegacia e de novo não vou ficar presa. Sabe por que? Porque eu posso ser uma mendiga suja e fedida, mas eu conheço as leis aqui no Brasil. Isso mesmo, eu não vou ficar presa. No mínimo, vão mandar um TCO... mas se eu fosse para um presídio feminino, eu ia comer do Governo...

Ana Clécia jogou Priscila no camburão, e foram para a delegacia. Mas depois de uma audiência de custódia, a mendiga Priscila acabou sendo liberada.