segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Família italiana visita Nápoles

 

Nesses dias, o italiano Francesco, sua esposa Carlotta e os filhos Lorenzo e Martina estiveram visitando a terra natal deles, Nápoles, no sul da Itália. Francesco foi visitar seus irmãos, e ele esteve lá por quinze dias. 

Quando voltaram para São Paulo, Francesco, que havia deixado sua pizzaria nas mãos de um amigo de confiança, voltou a trabalhar por lá. E trazia consigo várias fotos de Nápoles, sendo que ele as colocou em seu estabelecimento. 

A Solidão de Warlla

 

Nas ruas de Lagoa da Italianinha, muito tarde da noite, a mendiga Warlla perambula pelo relento, vestida como uma madame, de posse de sua bolsa. Mesmo aceitando sua realidade e dizendo que é uma moradora de rua, Warlla ainda tem "nariz empinado", pois diz sempre a frase: "perdi tudo, mas não perco a pose". Além de Warlla ser rejeitada pelos ricos, também sofre rejeição da maioria dos moradores de rua, pela forma como se veste. 

Numa certa hora, Warlla sentiu calo e tirou um pouco seus sapatos salto alto. Ficou enojada, pois odeia andar descalça e não se imagina sem sapatos nos pés, tanto é que não os tira nem pra tomar banho e nem pra dormir. 

Quando ela colocou novamente seus sapatos, Warlla foi andar um pouco pela praça 27 de Dezembro, e via algumas pessoas da alta sociedade, da qual ela um dia já fez parte. Ela os olhava com ódio e ressentimento. Ela dizia pra si mesma:

- Quando eu era rica, só viviam me lambendo os pés... agora, que moro nas ruas, fingem que eu não existo...

Warlla foi se aproximar deles, e eles saíram imediatamente, de fininho, de forma disfarçada. Warlla se sentou em um banco e começou a chorar. A mendiga Gabriella apareceu e disse:

- O que tu tem, amiga?

- O que te interessa?

Gabriella sorriu e disse:

- Já sei. Você viu esses ricos e eles fugiram de você. Quantas vezes aconteceu isso comigo no Recife. 

- Olha, não me venha com suas experiências de vida, que não me interessa nem um pouco, além do mais, tu tem idade pra ser minha filha, certo?

- Não seja dura, Warlla. Nós podemos ser amigas. 

- Proposta boa, mas não me interessa nem um pouco. 

- Por que?

- Desculpe, me incomoda muito ser amiga de uma mulher suja, descalça, descabelada e com cheirinho meio forte... 

Warlla se levantou, e Gabriella a olhava, sorrindo:

- Coitada, tão dura de coração...

Josenilda dá festa no apartamento

 

Numa certa noite, a Josenilda decidiu dar uma festa para os amigos no seu apartamento, no Edifício Lustânia. Ela ainda convidou Eraldo para tocar na sua festa. Eraldo levou Valdenes, Eugênio e Joni von par ajudar na montagem. 

Algumas moradoras do apartamento, como a vereadora eleita Jane, sua irmã Wiviane, Aryella e Uiliana, estavam também ali. Em dado momento, Aryella disse para Josenilda:

- Josenilda, esses quatro rapazes que estão de terno e gravata, tu visse que tem um descalço? 

- O que???? 

Josenilda foi ao encontro dos quatro, e perguntou ao Valdenes:

- E tu anda descalço, é, moço? Tem dinheiro pra comprar sapatos, não?

- Eu só ando descalço, mesmo, senhora. Me perdoe se não lhe agrada, eu posso me retirar. 

Joni von disse:

- Esse Valdenes é doido, só usa sapatos quando toma banho, e com roupa e tudo. 

- Oxe, e tu toma banho de roupa?

- Naturalmente - disse Valdenes. 

- Só por isso, vou te deixar ficar. 

Valdenes disse:

- Obrigado. 

Eraldo montava o som, e Eugênio disse:

- Não sei como tu aceitou vir pra cá para o apartamento dessa chata da Josenida. 

- Ela pagou, meu amigo. Pronto. 

A festa foi até altas horas da noite. 

Rita de Cássia e Capitu juntas nas ruas

Quis o destino que pouco antes de Rita de Cássia passar a morar nas ruas, fosse descoberta uma irmã gêmea de Wéllia e Malu, que também vive nas ruas, a Capitu, que foi largada em uma lata de lixo pela sua mãe, Selma. Wéllia e Malu cresceram pensando ser elas apenas as duas gêmeas. Não imaginavam que eram trigêmeas. 

Capitu, mesmo descobrindo sua origem, não quer saber de sua família, além de nutrir desprezo por ricos. Não foi fácil para Rita de Cássia, que é uma maluquinha com mente de criança, se aproximar da prima. Capitu só aceitou a amizade de Rita quando soube que Rita fugiu de casa para nunca mais voltar. 

As duas têm também seus "filhinhos". Rita de Cássia carrega a sua boneca Dalila, enquanto Capitu não larga de um ursinho de pelúcia que tem desde criança. Só que ao contrário de Rita, Capitu não tem mente de criança e até acha engraçado ver sua prima com chupeta na boca. 

Capitu também cuida de Rita de Cássia com muito carinho, e costuma protegê-la das maldades da mendiga Warlla, a "mendiga chique". 

Certa noite, Wéllia passou de carro e viu as duas juntas no Pátio Verona. Malu estava no carro, e Wéllia disse:

- Olha ali, pense numa dupla certinha... duas doidas. 

- Uma é nossa irmã, e a outra é nossa prima. 

- Deixaram de ser, uma não quer ser, e a outra preferiu ser mendiga. Portanto, não são mais parentes nossas. 

O tormento de Dalva


O ano era 1976. Dalva Villegagnon, de família tradicional de Vila Dourada, estava idosa e muito doente. Dalva tinha 80 anos, estava na miséria, morando em um casebre de favor após torrar dinheiro com vestidos e jóias. 

Nessa época, Dalva era a mais velha irmã Villegagnon viva - Arnaldo, Beatriz, Carlos e Francielly já tinham morrido -, sendo que Estêvão tinha 78 anos, Gustavo tinha 74 anos e a adotada Helena tinha 72 anos. 

Gustavo e Helena visitavam a irmã com uma frequência, mas Estêvão, não. Vale ressaltar que Estêvão, que por sinal, era solteiro, morava sozinho e era comunista, odiava a irmã pelas maldades que ela fizera com Francielly, a irmã que Estêvão mais amava. 

Gustavo era padre, e só via a irmã de vez em quando. E Helena era quem a visitava mais frequentemente. 

Pra piorar, Dalva vinha tendo pesadelos, e um certo dia, a ser malvada Ana Rowena apareceu pra ela, e disse:

- Está chegando a hora de tu vir comigo...

- Eu???? Nem sei quem é tu!

- Calma, tu matou tua irmã Francielly, tu fizesse tantas coisas...

- Eu matei e mataria de novo aquela amostrada! 

Ana Rowena exalava um forte cheiro de enxofre e exalava fumaça. Dalva disse:

- Saia!!!! Saia!!!!!!

Dalva morreu pouco depois, e no enterro, Helena disse ao Gustavo:

- Eu sei que como tu é padre, tu vai dizer que ela seja colocada em um bom lugar... mas eu sinto que ela tá sofrendo muito, mas muito, mesmo... Ela cometeu muitas maldades na vida. 

- Mas será que ela não pode ter se arrependido?

- Não, acho que não... alguns dias atrás, eu a escutei falando com alguém, e ela dizia que "matou Francielly e mataria de novo". E o pior é que nem vi com quem ela estava falando. Ou estava falando sozinha ou estava tendo alguma alucinação. 

Proles de personagens de Vila Rica

 

Na antiga Vila Rica, que hoje se chama Ouro Preto, em Minas Gerais, onde viviam no século XVIII os personagens Jacilene, Sinhá Adriana, Brenda, Thomas, Milena, Neide, Tassiana, Márcia, Edlene, Wrialle, Fabiana e tantos outros, ainda vivem descendentes de alguns deles nessa bela cidade mineira. 

Jacilene, que era francesa, foi morar em Pernambuco, e Brenda se mudou para o Ceará, enquanto Wrialle levou Fabiana para seu país natal, os Estados Unidos. Thomas também acompanhou Brenda para o Ceará. 

Milena e Neide continuaram em Vila Rica, onde fizeram suas famílias. Alguns descendentes de Neide foram o Gabriel, que lutou na Segunda Guerra Mundial, e a Flávia, recém-eleita vereadora em Lagoa da Italianinha. 

Obs: Conta-se que hoje em Ouro Preto é muito famoso um autor pernambucano que escreve histórias da série "Rompendo Distâncias". 

Denise e sua prole

 

Ainda hoje, em Fortaleza, no Ceará, vivem descendentes de Denise, que era a prima da Alvanir, a filha do barão Almir, que viveram no século 19, na época do império.

Denise fez sua família e gerou seus descendentes na capital cearense. Ela era sobrinha do barão Almir, pai de quatro filhos: Aline, Alvanir, Aurineide e Daniel. Aline foi morar na Itália, e Alvanir se mudou para Pernambuco. Aurineide ficou em Fortaleza, mas seus descendentes também foram para Pernambuco. Daniel, já em idade avançada, também se estabeleceu em Pernambuco. 

Armanda, a irmã mais nova de Denise, não fez família, pois ficou presa em um manicômio pro resto da vida depois de cometer um atentado contra a família de Alvanir, em 1889. 

domingo, 27 de outubro de 2024

Moninha rouba um celular e é descoberta

 

Numa certa manhã, aconteceu uma confusão na rodoviária de Lagoa da Italianinha. É que a mendiga Moninha havia ido lanchar com um homem de fora, e ela aproveitou da distração dele, da hora que ele foi ao banheiro, para roubar seu celular. 

Moninha ia indo embora, quando Santa, da lanchonete, foi atrás dela e disse:

- Ei, devolva o celular do homem!

- Oxe, tá doida, é? 

- Não. Eu vi tu pegando o celular dele. 

Ele havia saído do banheiro e já estava desesperado procurando pelo celular. Santa trouxe Moninha pelos braços e disse:

- Ela tem algo a te dizer!

- É que...

- Fala logo!



Moninha pegou o celular e lhe devolveu. O homem disse:

- Tu tem coragem de roubar o celular, é? Tu veio aqui toda com fome, tais toda suja e descalça, pedindo pra comer, eu te ofereço um lanche e é assim que tu paga? 

- Me desculpe!

- Eu devia te levar para a polícia! Veio dizendo aqui que não tem casa, mora nas ruas, que não sei o que...

- Olha eu realmente não tenho casa! - disse Moninha. 

Santa disse:

- Nisso ela falou a verdade, senhor. Ela é uma andarilha!

- Eu só não te levo para a polícia porque estou com pressa pra ir pra Garanhuns. Mas te aconselho, nunca mais faça isso. Com ninguém!

- Certo...

Ele foi embora, e Santa disse pra Moninha:

- Agora, sai daqui!

Moninha olhava Santa com ódio, e dizia:

- Essa gorducha vai me pagar...

A decadência e o orgulho de Jéssica

 

A mendiga Jéssica, tida como uma das mais sujas em Lagoa da Italianinha, tem amizade com Tatiane, que mora no esgoto, e é ex-amiga de Vanessa, atualmente vereadora. Jéssica foi levada por Tatiane a ter inimizade com Vanessa, de modo que elas não se falam mais. 

Tatiane, Vanessa e Jéssica já estudaram juntas. Jéssica nunca foi muito rica, mas virou moradora de rua já faz algum tempo - mais de dez anos. Tatiane, por sua vez, foi morar no esgoto, e apenas Vanessa seguiu uma carreira mais vitoriosa: a fotógrafa descalça acabou de ser reeleita vereadora e pode até se tornar presidente da Câmara. 

Certo dia, Vanessa encontrou Jéssica nas ruas, e Jéssica se recusou a falar com ela. Vanessa disse:

- Por que não queres falar comigo?

- Porque não tenho vontade. 

- Tu é uma moça tão bonita, podia ter uma vida melhor, mas tu fica indo na onda da bueirenta Tatiane, até ficou suja feito ela e come insetos...

- E daí, isso é problema meu, querida. Eu quero mesmo ficar nas ruas, porque tenho liberdade pra ser suja e nojenta, como vocês dizem. 

Jéssica se retirou, e Vanessa ficava observando. 

Leila e os tênis novos


Num certo domingo de manhã, Leila, a "barbie descalça", foi vender sorvetes pelas ruas de Lagoa da Italianinha, ao lado de Faby Pés Sujos e Janielle, a surda-muda. Leila, entretanto, usava um par de tênis que foi dado pela sua vizinha Santa. 

Faby Pés Sujos disse para Leila:

- Não gostei de te ver de tênis, oxe, não combina com você. 

- Eu sinceramente, tô me estranhando... eu já não usava calçados há anos. 

Janielle, que também anda descalça, também dava sinais que reprovava ver Leila com tênis. Faby disse:

- Por que tu aceitasse?

- Porque minha amiga Santa me deu, e não tenho coragem de recusar nada dela.. mas estou realmente me sentindo estranha. 

Faby disse:

- Oxe, podia ser minha mãe que me desse calçados, eu não aceitaria. 

- Espero não perder a amizade de vocês por isso...

- Claro que não, Leila. Só não concordo. Espero poder te ver descalça novamente logo. 

Leila ficou rindo, e passou o dia vendendo picolés, até o meio-dia, quando ela voltou pra casa. 

sábado, 26 de outubro de 2024

Um brasileiro no Japão

 

Outro morador de Lagoa da Italianinha também deixou o Brasil e foi mais longe: atravessou praticamente o mundo para se estabelecer em Tóquio, no Japão. Roberto sonhava em ser cientista, sendo um tanto rival de Eugênio, que faz alguns inventos malucos em Lagoa da Italianinha. 

No Japão, Roberto foi morar em um apartamento, e se tornou amigo de um casal que morava num apartamento vizinho, o Takashi e a Naomi. 

Mas Roberto ficou mesmo encantado quando conheceu a bela Hikari, por quem se apaixonou. Os dois conversaram um pouco no centro de Tóquio, e ela foi bastante gentil com ele. Hikari, inclusive é solteira. 

Mas havia um pequeno porém: Hikari é de família rica, filha de Naruto e Akira. Eles deixariam a filha se casar com um estrangeiro que não era rico? 

Um italianense na República Dominicana

 

Em Santo Domingo, capital da República Dominicana, eis que um brasileiro vindo de Lagoa da Italianinha, chamado Douglas, se casou com Soraya, e foi morar em uma pequena vila. Uma das vizinhas era dona Lupita, que criava um filho adotivo, Vítor Manuel. E havia uma outra vizinha, tida como fofoqueira e de gênio difícil, a Piedade. 

Em um certo dia, Lupita convidou o casal para almoçar com ela, e lhe fez algumas perguntas:

- O senhor veio do Brasil, é?

- Sim, de uma cidade chamada Lagoa da Italianinha. É uma cidade que fica lá num estado chamado Pernambuco, fundada por italianos. 

- E como tu veio pra cá?

- Eu vim trabalhar por aqui, sempre quis morar no Caribe, era um sonho meu, e vim pra cá. Optei por morar aqui porque é um país belíssimo e em melhor situação que alguns vizinhos daqui, o Haiti e Cuba. 

- É infelizmente, filho, o Haiti tá passando muito sufoco, e Cuba foi destruída pelo comunismo. 

- É verdade. 

Lupita fez amizade com o brasileiro, e Soraya disse:

- Não se preocupe, dona Lupita, nós somos um casal tranquilo, seremos ótimos vizinhos. 

- Sejam bem vindos! - disse Vítor Emanuel. 

- Obrigado, garoto - disse Douglas. 

Lupita disse:

- Só peço que tomem um certo cuidado com Piedade... apesar do nome, ela de piedosa não tem nada. Fofoqueira, enxerida e apronta muito. Tá velha e tá solteira até hoje, vai se saber por que, né? 

O irmão de Dagmar

 

Em uma longínqua aldeia no norte da Suécia, vivia Gunnar, um dos irmãos de Dagmar. Ele morava com sua esposa Birgitta. Gunnar era meio resistente à tecnologia, mas Birgitta lhe trouxe um celular, para que ele pudesse falar com Dagmar. 

O local era muito frio, nevava quase sempre, além de poder se ver ali a Aurora Boreal, um fenômeno que ocorre nas proximidades do Pólo Norte. 

Gunnar ficou surpreso ao saber que sua irmã vivia em um estado quente no Brasil, o estado de Pernambuco, na cidade de Lagoa da Italianinha. Ainda ficou surpreso ao saber de seus dois sobrinhos, Gustav e Greta, que arrumaram namoros brasileiros. Gustav namora com Lavínia, que tem albinismo, e Greta namora com Esdras, o botânico. 

Mas Gunnar achou interessante saber que Esdras era descendente de alemães, assim como Greta e eles próprios. Gunnar é filho do alemão Klaus e da sueca Blenda, que se casou com ele depois da Segunda Guerra Mundial. Dagmar é a filha mais nova de Klaus e Blenda, sendo Greta neta de um alemão. 

Perdida pela cidade

 

A índia Elly, certa noite de sábado, não conseguiu voltar para sua aldeia indígena, e ficou perambulando pelas ruas de Lagoa da Italianinha. 

Elly também não tinha dinheiro para passar a noite numa hospedaria, e nem poderia ficar no Terminal Rodoviário, pois a diretora Josenilda tinha proibido pessoas de dormirem por lá. 

Elly também não foi ao apartamento do seu primo Valdenes, pois era muito distante. Acabou vendo uma barraca, e foi lá. Ela disse para Josinete, a dona da barraca:

- A senhora fica aqui até que horas?

- A madrugada toda. Não fecho, não. 

- Pelo menos, posso ficar por aqui. Eu moro na aldeia, mas perdi a condução. 

- Imagino.... fica à vontade. 

Elly observava por ali alguns moradores de rua: Rita de Cássia, Patrícia, Andreza, Guilherme, Renata, Gílson, Juliana, Fábia, Solange e Gabriella. Elly disse:

- É tanta gente assim morando nas ruas?

- É, sim, viu. 

- Aquele de vermelho é Guilherme, meu primo. Tanto que o irmão dele Valdenes disse para ele sair das ruas, mas ele não sai. Ele gosta daquela louca ali, a Andreza. 

- É, eu já conheço essa história. Mas Andreza não quer saber dele, pois ela não quer se casar com ninguém. 

Elly notou que Gabriella discursava entre eles. Elly disse:

- Essa moça, ela fala e eles escutam com atenção. 

- Ela é cristã, deve estar falando algo da Bíblia...

- Ela???

- Sim, ela foi rica, mas perdeu tudo, depois virou cristã e vive assim pelas ruas, pregando. 

- Nossa, que interessante...

Sandra Valéria em Brasília

 

Mesmo sendo um final de semana, a deputada federal Sandra Valéria não foi para Lagoa da Italianinha, permanecendo em Brasília. Sandra Valéria estava preocupada com as derrotas de suas candidatas em Lagoa da Italianinha e Vila Dourada, o que poderia pôr em risco sua própria reeleição. 

Além do mais, Sandra Valéria não está satisfeita com a deputada estadual Janayna, que pretende tentar uma vaga na Câmara Federal e se aliou à prefeita Myllena, adversária de Sandra Valéria. Arinaldo, que também é deputado federal, já se retirou da disputa e pretende apoiar Janayna. 

Sandra Valéria, em seu apartamento, recebeu um deputado federal e uma deputada federal, dois colegas de Pernambuco. Ela disse:

- Eu acho que vou precisar escolher muito bem o partido, pois lá em Lagoa da Italianinha, a oposição que me apoia ficou diminuta. 

- A senhora acha que seu reinado tá chegando ao fim lá? - perguntou a deputada. 

- Claro que não. Eu tenho muitos eleitores que votam comigo. Acho que vou tentar os votos da esquerda que se sentiu traída pela Janayna, que se juntou com a prefeita pé sujo. 

- Por que "prefeita pé sujo"? - perguntou o deputado. 

- É que essa prefeita, chamada Myllena, só anda descalça, ela nunca usou nenhum calçado. É uma louca, inconsequente, já foi aliada minha, eu a coloquei na política, foi minha vice no meu primeiro mandato de prefeita, mas se virou contra mim, e só vive dizendo que eu não presto. 

- Ah, que coisa. Quer dizer que essa mulher já foi sua aliada? - perguntou a deputada. 

- Já, sim. Mas cortamos relações, a gente nem se fala. 

- Por que a senhora não tenta o apoio dela? Ela já foi sua aliada... - disse o deputado. 

- Jamais. Nunca. Eu já me uni a um ex-adversário, o deputado estadual Moab, que é um grande parceiro. Mas essa Myllena, nunca. E ela pode se preparar, porque eu voltarei. 

Os pais de Liam e Kylie

 

Morando atualmente em São Paulo, o casal Liam, que veio do Canadá, e Kylie, que veio da Austrália, vez por outra, se comunicam com seus pais. 

Os pais de Liam, que moram em Montreal, se chamam Oliver e Cherry. Oliver aprovou o romance, enquanto Cherry foi contra o casamento do filho com uma estrangeira, e principalmente, sua mudança para o Brasil. Vale ressaltar que vizinho a eles, vive um outro casal, Aiden e Adeline, que têm uma filha chamada Marissa, que era apaixonada por Liam, antes dele sair do seu país. 

Já os pais de Kylie vivem em Sidnei, e se chamam Dylan e Grace. Dylan foi contra o namoro de sua filha com um estrangeiro, ao contrário de Grace, que apoiou o romance. Vizinhos a eles, moram ainda dois irmãos, Charles e Clark, sendo que Clark foi apaixonado por Kylie. 

Tanto Marissa em Montreal como Clark em Sidnei sofreram quando viram as pessoas que amavam se apaixonar por alguém de outro país, e ainda por cima, se mudarem para uma outra nação muito distante. 

Os descendentes de Dr. Becker e Adanna

 

Em Johanesburgo, na África do Sul, vive uma família com um passado que chama atenção. Abdalla, um homem trabalhador que construiu um bom patrimônio em um dos maiores bairros da cidade sul-africana, é filho da Adanna com o médico alemão Becker, que salvou crianças durante a Segunda Guerra Mundial em campos de concentração no seu país natal. Becker, como se sabe, foi morar na África do Sul depois da guerra e desafiou também a segregação ao se casar com a bela Adanna. 

Abdalla, que herdou a mesma etnia afrodescendente de sua mãe, casou-se anos mais tarde com Charlize, tendo uma bela filha, chamada Abeni, que demonstra bastante curiosidade com o passado de seus avós e toda a ligação com a Segunda Guerra Mundial e também com o regime de segregação na África do Sul.

Apesar de estar perto dos 40 anos, Abeni ainda é solteira. Não pretende se casar até encontrar o homem certo. Enquanto isso, ela estuda, e também se tornou historiadora, pesquisando bastante sobre suas origens. 

Ana Karina tenta ensinar português para Fabiana

 

Ao saber que em Lagoa da Italianinha havia uma moradora de rua venezuelana e seus três filhos, Ana Karina procurou saber sobre ela. Encontrou-o, numa noite de sábado, sozinha na praça 27 de Dezembro. Ana Karina ficou penalizada ao ver Fabiana na situação que ela estava: descabelada, bastante suja e descalça. 

Ana Karina se aproximou dela, dizendo:

- Licença... posso hablar com você?

- Habla! 

- É que sei que tu é da Venezuela, não fala nosso idioma...

Fabiana disse:

- Hablo muy mal portugués... tengo mucho que aprender...

- Posso te ensinar? 

- Pareces estar bien y elegante... ¿vas a perder el tiempo con un mendigo sucio como yo?

Ana Karina disse:

- Você também é gente, feito eu, feito todos nós. Você deveria ter um lar, também. 

- No, no quiero una casa. Quiero seguir en las calles.

- Hum... a senhora tem três filhos, né? Onde eles estão? 

- ¿Niños? Están por ahí caminando...

Ana Karina começou a dar umas aulas de português para a mendiga Fabiana, que começou a aprender a falar o idioma. 

Deza oferece proteção à Rita de Cássia

 

Conhecida como a mais suja da cidade, a mendiga Deza começou a nutrir amizade com Rita de Cássia, a jovem que tem mente de criança e está morando nas ruas de Lagoa da Italianinha há mais de um mês. Certa tarde de sábado, no Pátio Verona, Deza se aproximou de Rita de Cássia, que estava com sua boneca Dalila, e disse:



- Oi, posso me sentar? Não se importa com minha catinga, não?

- Não me importo, pode se sentar. 

- Me falaram de você, vou te contar, já tenho você como filha. Seu defeito só é que tu ainda toma banho...

- Mas tomar banho é bom - disse Rita. 

- Está bem. Mas gostei de saber que tu faz xixi e cocô nas calças feito eu. 

- Claro que faço! Essa foi uma das razões que fugi de casa, pra ser livre e viver como quero. 

Deza disse:

- Olha, Rita, tu é muito incomodada por aquela outra, a tal de Warlla, né? A mendiga que se veste como madame. 

- Sim, ela queria pegar minha boneca e quebrá-la. 

- Não se preocupe, eu protegerei tu. Se ela se aproximar, me chame, que eu a coloco no devido lugar dela. Ela é uma moradora de rua e se veste como madame, ela não procura o lugar dela. 

-Muito obrigada. Qual seu nome? - quis saber Rita.

- Pode me chamar de Deza. 

- Obrigada, dona Deza. 

- Me chame de Deza, mesmo, tire esse "dona". Sou fresca feito Warlla, não. 

- Está bem, Deza. 

Deza disse:

- E tu pretende ficar nas ruas, mesmo? 

- Sim. Pra sempre. 

- Então, bem-vinda ás ruas. 

O novo projeto de Mimi


Depois de ser derrotada na disputa pela Prefeitura, Mimi voltou à sua vida normal, em sua barraca na feira, e também praticando agricultura. A careca voltou a ter o mesmo estilo de antes - roupa estilo hippie, um pé calçado e outro descalço -, e segue firme na oposição. 

Mas Mimi está envolvida em um projeto. Ao saber que as irmãs gêmeas Taline e Teane queriam instalar um museu na casa que foi da alemã Inalda, a bisavó delas, Mimi pensou em fazer o mesmo, só que com relação à sua bisavó portuguesa, a cantora Mary Dee. Mimi faz parte da minoritária colônia portuguesa que luta para ter em Lagoa da Italianinha o mesmo espaço dado às culturas italiana e alemã nesta cidade nordestina e pernambucana. 

Mimi procurou suas duas irmãs, Paula e Luciana, para falar do projeto. As três se reuniram no restaurante de Paula, e Mimi disse:

- Nossa bisavó portuguesa Mary Dee tem uma linda história saiu lá de Portugal por conta do salazarismo e ela veio para nossa terra, juntamente com os italianos que fugiram do fascismo. Acho que deveríamos abrir um pequeno museu para falar de nossa bisavó. 

- Seria bom. - disse Paula. - eu tenho a maior parte do acervo dela. 

- Nossa cidade dá muito espaço para os italianos que foram os fundadores e para os alemães, que já estavam aqui antes deles chegarem, mas pouco espaço para os portugueses, assim como nossa bisavó. 

Luciana disse:

- Uma pena nenhuma de nós ter conhecido ela, ela já morreu há tanto tempo...

- Mas minha mãe, que é neta dela, guardou todo acervo dela - disse Paula. - eu estou disposta a ajudar nesse projeto. 

Mimi disse:

- Se não se importam, falarei com a deputada federal Sandra Valéria e o deputado estadual Moab para nos ajudar. 

- Claro que não nos importamos - disse Paula. 

Mimi conversou com Sandra Valéria e Moab, que imediatamente se colocaram à disposição. 

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

O dia que Klaus fugiu para a Suécia

 

30 de abril de 1945. Klaus, um oficial alemão, estava a caminho da Suécia, quando recebeu a notícia de que Adolf Hilter havia se suicidado para não cair nas mãos dos soviéticos, que haviam invadido Berlim. 

Klaus serviu à ditadura alemã, sendo um fiel defensor do regime. Mas sua vida mudou a partir de 1941, quando foi escalado para tomar conta de um campo de concentração. Klaus ficou bastante chocado com o que viu, mas tinha medo de ser morto. Vale ressaltar que embora Klaus compartilhasse as ideias radicais, ele era contra o genocídio. Ele defendia apenas que os judeus, comunistas e outros grupos fossem deportados da Alemanha. 

Uma prisioneira em especial lhe chamou atenção: Alessandra, uma alemã filha de indianos e acusada de comunista. Lhe chamou atenção a força e a coragem que Alessandra nutria. Devido a isso, Klaus, já arrependido de ter defendido o regime que antes apoiara, passou a proteger Alessandra secretamente. Por várias vezes, ele evitou que Alessandra fosse morta. 

Um dia, ao ser descoberto pelos seus superiores, Klaus foi punido, com o fuzilamento, na frente de Alessandra, que chorou copiosamente. Mas Klaus não morrera. Ele conseguiu, mesmo ferido, escapar, e se entregou a soldados russos. Um dos soldados russos lhe disse:

- Diga onde está o campo, e lhe deixaremos ir embora!

Klaus mostrou o campo, e foi liberado. Os russos logo invadiram o campo, e libertaram todos os presos, incluindo Alessandra. 

Klaus fugiu para a Suécia, e se instalou em Estocolmo, onde conheceu a enfermeira Blenda, que cuidou dele. Blenda ficou chocada ao saber quem ele era, mas ele demonstrou seu arrependimento. Klaus ainda estava preocupado em saber se Alessandra estava viva. 

Aconselhado por Blenda, entregou-se à polícia e foi julgado. Mas como a participação dele foi pequena, ele ficou preso alguns anos, sendo solto depois. Klaus se mudou para uma aldeia no norte da Suécia com Blenda, com quem se casara, contra a vontade dos pais dela. Eles geraram alguns filhos, sendo a mais nova Dagmar, que é mãe de Gustav e Greta - que atualmente moram em Lagoa da Italianinha. 

Klaus ficou aliviado ao saber que Alessandra também havia sobrevivido e estava morando na cidade brasileira de Maceió, onde havia se casado e constituído família. Ele também escreveu para Alessandra, que ficou aliviada ao saber que ele estava vivo. Klaus ficou levando uma vida simples e normal ao lado de sua família até morrer em 1972. 

Lagoa da Italianinha na expectativa do secretariado de Myllena

 

Mesmo faltando mais de dois meses para sua posse para seu segundo mandato em Lagoa da Italianinha, a prefeita Myllena anda trabalhando seu secretariado. Ela pretende fazer algumas mudanças no secretariado atual para acomodar novos aliados. A prefeita descalça também não descarta criar algumas secretarias e diretorias. 

Sua irmã Karoline, Kátia e Maria Isabel, que não serão mais vereadoras, já estão sendo cotadas para secretarias diversas. Cogita-se Karoline como secretária de Governo, Kátia como secretária de Ação Social e Maria Isabel como secretária da Mulher. Marcella, a atual vice-prefeita, que não disputou a reeleição, foi convidada pela prefeita para ser secretária de Meio Ambiente, sendo que ela ainda não deu resposta. 

Eraldo e Ana Karina, que disputaram as eleições para prefeito, também estão cotados pra secretarias. Eraldo poderá assumir a pasta da Cultura, e Ana Karina poderá assumir a pasta da Educação. Myllena pretende ainda trazer Valdenes, que foi candidato a vice de Eraldo, para o segundo escalão. O seu colega descalço, como Myllena costuma chamar Valdenes, deverá ser encaixado em algo da Ação Social com sua prima Kátia. 

Giovanna Victórya, a filha de Myllena, e eleita vice-prefeita, também poderá ser chamada para uma secretaria. Myllena quer que sua filha participe do dia a dia da Prefeitura, para se preparar para sua possível gestão, caso Myllena saia para ser candidata a deputada estadual. Myllena pretende criar a Secretaria da Juventude, para colocar Giovanna na pasta. 

Rumores dão conta que Myllena quer colocar uma médica conhecida na cidade, a dra. Claudiane, para ser secretária de Saúde. Por enquanto, a prefeita não confirmou nenhum nome. 

O amor de Jacilene por Vila Rica

 

Mesmo sendo francesa de nascimento, Jacilene cultivou um longo amor pela cidade mineira de Vila Rica, onde viveu de 1782 até o começo do século XIX, quando se mudou para o interior de Pernambuco. 

Jacilene sonhava com a independência do Brasil, e não só isso: queria que o Brasil fosse republicano, com o mesmo modelo da recém-criada nação dos Estados Unidos da América, e que sua amada Vila Rica fosse a capital do Brasil. 

O amor de Jacilene por Vila Rica foi muito forte, de modo que ela só deixou a cidade após vinte anos, e apenas por dois motivos: questão de segurança - Sinhá Adriana, que a acolheu na cidade, havia se tornado sua inimiga mortal, pois Jacilene não concordava com as maldades dela - e também pelo fato de seu marido ser pernambucano. 


Mesmo morando no interior de Pernambuco, Jacilene jamais se esqueceu da cidade mineira. Sempre trocava cartas com Milena, Neide e com o casal Wrialle, o americano, e Fabiana, que moravam lá. Também se correspondia vez por outra com o casal Aurélio e Áurea. 

Por volta de 1811, foi fundado um pequeno povoado, e o marido pediu à Jacilene que ajudasse a dar nome ao local, que ficava encostado em uma serra no agreste de Pernambuco. Jacilene disse:

- Vila Dourada. Soa bem parecido com "Vila Rica". 

Esse é o nome da cidade até hoje. 

Uma pessoa que não gosta de Cássia

 

Cássia, a maluquinha é muito querida em Lagoa da Italianinha, tanto por pessoas ricas, como por pessoas pobres. Cássia, que sofre com seus problemas de loucura, também é tida por muitos como uma pessoa pura, doce e meiga. Até mesmo algumas pessoas más não têm coragem de lhe fazer mal. Devido à isso, é quase uma ideia de que todos gostam dela. 

Mas não é bem assim. A mendiga Juliana, que vive nas ruas de Lagoa da Italianinha, nutre antipatia por Cássia. 

Numa certa noite, Juliana estava na praça 27 de Dezembro quando viu as irmãs Lúcia e Cássia passando por ali. Em dado momento, passaram o casal Valdenes e Aline Débora, e cumprimentaram Lúcia e Cássia. Cássia disse:

- Vocês formam um casal tão lindo...

- Obrigado - disse Valdenes. 

Eles estavam perto da mendiga Juliana, escutando tudo. Quando Lúcia e Cássia foram embora, Aline Débora disse:

- Cássia é um amor de pessoa, ela é um verdadeiro anjo. 

Juliana disse:

- Quem não te conhece, que te compre!

Valdenes olhou Juliana e disse:

- O que tu disse?

- Vocês ficam se enganando com essa Cássia, isso de boazinha não tem nada. 

Valdenes disse:

- Mas como é que tu pode ousar não gostar de uma pessoa tão maravilhosa e pura feito Cássia? 

- Isso só pode ter uma explicação! Inveja! - disse Aline Débora. 

Juliana disse:

- Pois eu moro nas ruas desde pequena, e eu me lembro muito bem quando ela queria ser médica, era estudante, e ficava pisando em mim, me humilhando porque eu sou de rua! 

- Isso pode ter sido antes, Juliana. Mas ela hoje não faz isso. Eu morei nas ruas, feito você, e ela sempre foi carinhosa comigo. 

- Tu chegou ontem em Lagoa da Italianinha, eu conheço a peça há muito tempo. Essa loucura que ela diz ter foi castigo, isso sim. 

Juliana se retirou, e Aline Débora disse:

- Mas como uma pessoa pode não gostar daquela moça?

- Aline, se nem Jesus agradou a todos, quem somos nós pra agradar? 

Érica visita sua avó Alycia

 

Num certo dia, a modelo wetlooker Érica se deslocou de Roma para Verona, para visitar sua avó Alycia. Ao chegar lá, foi muito bem recebida. Em dado momento, Érica disse:

- Vovó, eu estou trabalhando como modelo wetlooker, espero que a senhora entenda que eu gosto de tomar banho vestida...

- Não se preocupe, netinha. Pode tomar banho até de sapatos, se quiser. Lá na cidade onde eu morei, no Brasil, tem um pessoal que faz muito isso, tomar banho com roupa... 

- Sério????

- Sim, e nem é costume lá do Brasil, não. Parece muito exclusivo de algumas pessoas dessa cidade. Tomar banho vestidas. 

- Que cidade é essa, vó?

- Lagoa da Italianinha. Fica lá num estado chamado Pernambuco. A cidade tem esse nome em minha homenagem, pois eu era conhecida como Italianinha. Hoje, estou pra fazer 94 anos, mas eu tinha apenas 5 anos quando fui pra lá, só voltei pra Itália com 71 anos. 

- E porque foram pra lá, vó?

- Porque meu pai Jadiael combatia o regime de Mussolini. Fomos perseguidos, jogaram até pedra na porta de nossa casa. Daí, partimos para o Brasil em 1935, e ficamos lá em uma região quente, diferente daqui. Meu pai achou melhor assim porque seria mais difícil de nos encontrarmos. 

- Qualquer dia, quero conhecer essa cidade. 

- Vai conhecer, netinha. Pode deixar. 

Rita de Cássia reafirma seu desejo de continuar morando nas ruas

 

Há um mês morando nas ruas de Lagoa da Italianinha, Rita de Cássia estava na praça 27 de Dezembro, quando apareceu Valdenes. Rita estava sentada num banco da praça com Dalila, sua boneca. Valdenes disse:

- Posso me sentar?

- Pode, sim. 

Valdenes se sentou no banco e disse:

- Minha namorada Aline Débora me contou e eu não acreditei. É verdade que tu tá morando nas ruas?

- Sim. 

- Pensei só que tu tinha fugido de casa, como sempre fez. 

- Mas agora é pra valer, Valdenes. Eu não piso mais naquela casa. 

Valdenes disse:

- Olha, se for por causa da Wéllia...

- Wéllia não é o único problema. Valdenes, espero que me entenda. Eu quero continuar nas ruas. 

Valdenes disse:

- Por que? Assim, dormindo ao relento? Eu sei porque eu dormi nas ruas muitos anos, feito meu irmão Guilherme ainda continua...

Rita respondeu:

- Porque sou livre. Posso andar mais suja, despojada, posso tomar banho no chafariz, posso fazer xixi e cocô nas calças, posso falar sozinha...sem levar bronca de ninguém. 

- Bom, achei bem radical de sua parte, mas respeito... só saiba que vida nas ruas não é fácil, eu vivi nas ruas e sei. 

- Eu sei. Eu já estou vivendo tudo isso. 

- E a sua prima Malu? 

- Eu quero que a Malu cuide de ser feliz ao lado de Vinícius, o amado dela, não fique tão preocupada comigo. 

- Mas Malu te ama. 

- Eu sei. Mas ela pra lá com a vida dela e eu aqui, estou muito bem com minha filhinha Dalila...

Valdenes disse:

- Está bem, quando tu quiser aparecer na escola de música pra tomar uma água ou alguma coisa, pode ir lá. Falei com Eraldo, ele já autorizou.

- Está bem. 

Valdenes se levantou, deu um lanche para Rita de Cássia e depois se despediu e se retirou. Rita de Cássia dormiu naquela praça. 

Niedja e seu complexo


A nadadora Niedja, irmã de Quitéria, Lúcia, Cássia e o pastor André, é um tanto reclusa em sua casa. Niedja é considerada "feia" por alguns, em comparação com seus quatro irmãos. Além de costumar usar óculos fundo de garrafa, anda meio desengoçada e é meio dentuça. 

Certa noite, Niedja estava na lanchonete de Quitéria, sua irmã, no Pátio Verona. Niedja disse:

- Quitéria, será que alguém da nossa família era feio feito eu?

- Para com isso, Niedja, oxe. Não se ache feia. 

- Oxe, os outros falam que eu sou a "patinha feia" ou "pata d'água", porque eu amo a água, também. 

- Niedja, tire isso da cabeça, mulher.

Niedja disse:

- Quitéria, vê, tu é bonita, nossos irmãos são bonitos, veja Lúcia, ela é bonita, Cássia mesmo é linda, e nosso irmão André parece um galã. Já eu sou mais feia que o futebol da Seleção Brasileira! Acho que eu sou adotada!

- Pronto, agora lascou! Mulher, tu não é adotada, nunca fosse adotada. Oxe, deixe de colocar caraminhola na tua cabeça. 

- Niedja, eu não te acho feia, o problema é que tu é mais teimosa que uma mula! Talvez, se tu deixar de usar teu óculos fundo de garrafa, e se arrumar mais, se produzir mais, quem sabe...

- Tá vendo, já tá dizendo que eu sou feia! Com licença, vou tomar um banho agora!

- De novo? Já é a oitava vez que tu toma banho hoje. 

- Sim. Com licença! 

Niedja subiu, e foi tomar banho, de roupa e tudo. Quitéria dizia:

- E eu pensando que Cássia é a única maluca da família...

Suely dá uma lição de moral em Warlla

 

Numa certa noite, depois de muito trabalho no Fórum, a juíza Suely saiu do local, e ia pegando o seu carro, quando se deparou com Warlla, a "mendiga chique", indo lhe pedir esmolas. Suely a olhava de cima abaixo, e Warlla disse:

- Que foi???? Por que tá me olhando????

- Nada, Warlla... mas que tristeza te ver assim. 

- Oxe, tu me conhece de onde, louca?

Suely disse:

- Nós estudamos juntas, tu me chamava de porca morta, se lembra?

Warlla riu e disse:

- Oxe, a senhora Simone Suely????? Engraçado, a senhora era até bonitinha, mas agora tá feia, viu? Careca, vê que negócio doido. Na boa, a senhora nunca girou bem do juízo, né? 

- Continua a mesma prepotente de sempre, parece que nem a pancada que tu levou te fez acordar, né, Warlla? 

- Eu perdi casa, mas não perco a pose. 

- Sei. Mas tá aí nas ruas igual os mendigos que tu tanto odiava. Aliás, sabe porque, Warlla?

- Por que?????

Suely disse:

- Por que sempre tu foi desrespeitosa, fofoqueira, falsa e desonesta. Sempre foi uma péssima filha, uma péssima pessoa. Irresponsável, nunca quis saber de nada da vida, só queria se escorar nos outros. Você dava golpes, e ainda por cima, humilhava os pobres e principalmente os mendigos! 

- Já acabou, aeroporto de mosquito?

- Eu ainda não terminei, Warlla! Você mora nas ruas por pura prepotência, mesmo. Você está colhendo o que plantou. Não se esqueça, ninguém planta maçã pra colher banana. 

De repente, Sara, a filha de Suely apareceu e disse:

- O que está havendo, mãe?

- Nada, só estou reencontrando uma velha amiga. 

Warlla deu risadas, e disse:

- Oxe, tua filha é careca também? Já vi que puxou a loucura da mãe. Acho que tu nunca vai ser nada, viu pirralha? 

Sara disse:

- Oxe, quem é tu pra falar de mim?

Suely disse:

- Minha filha careca, feito eu, ela só é empresária, modelo e agora, vereadora eleita. Só isso! 

Warlla disse:

- A mãe doida careca, é juíza, a filha doida careca é modelo, empresária e vereadora. Já vi que o mundo tá de cabeça pra baixo, mesmo. 

Sara disse:

- É porque lutamos, suamos, e respeitamos as pessoas. 

- Vamos embora, Sara. Não adianta falar com essa daí. 

Suely e Sara entraram num carro e saíram. Sara disse:

- Quem é essa, mãe?

- Uma moradora de rua. 

- Oxe, tão chique daquele jeito? De blusa, calça, sapato salto alto, camisa, bolsa e óculos escuros? 

- Pois é, mas dá pra notar que a roupa dela tá meio suja. Ela é uma prepotente que perdeu tudo, mas não perdeu a pose. Depois de conto sobre ela. 

Enquanto isso, Warlla se sentou em uma calçada e disse:

- Duas ridículas. Devem ter comprado diplomas, só pode! 

Myllena articula eleição da Câmara de forma diferente

 

A reeleição de Myllena para a Prefeitura de Lagoa da Italianinha deu muita força política para ela. Muitos vereadores eleitos ou reeleitos que estão na sua base estão sonhando com o apoio da prefeita descalça para chegar à Presidência da Câmara. 

Myllena, porém, resolveu articular essa eleição da Câmara de uma forma diferente: decidiu reunir na Prefeitura os 14 vereadores, entre eleitos e reeleitos, que lhe apoiam, e propôs uma ideia:

- Quero que a Mesa Diretora seja formada sem nenhuma briga, sem atropelos. Não serei xiita nisso. O que foi decidido é o seguinte: são três cargos na Mesa Diretora: Presidente, Primeiro Secretário e Segundo Secretário: pois bem, quem vai ocupar a Presidência tem que ser alguém que estava comigo na campanha, que exerceu sua candidatura em nosso palanque. Já a Primeira Secretaria tem que ser entregue a um dos que estavam em outros palanques e agora aderiu à nossa base!

- E a Segunda Secretaria? - quis saber Flávia, uma das vereadoras eleitas. 

- Quero que a Segunda Secretaria fique com alguém do grupo da Oposição. Quem não me apoiou e nem veio para nosso lado. 

- Oxe, mas porque isso? - perguntou Mauricélia. 

- É uma forma de deixar eles participarem da Mesa Diretora. Penso que será bom para a gente. 

Apesar dos questionamentos, a ideia foi aceita, e cada grupo de vereadores ficou de escolher quem seria a pessoa certa para cada cargo. Flávia, Josimar, Mauricélia, Alba Valéria, Vanessa, Goy e Sara ficaram de se reunir, para dentre deles sair a pessoa que ficaria com a Presidência. Eles apoiaram Myllena durante a eleição. 

Já Wilon, Fagner, Nikolle, Cileide, Jane, Ari e Quitéria, que foram candidatos em palanques adversários e agora apoiam Myllena, decidiriam quem sairia dali para a Primeira Secretaria. 

No caso da Segunda Secretaria, Karoline, a irmã da prefeita Myllena, entrou em contato com o deputado estadual Moab, para que pudesse comunicar aos três vereadores de Oposição que um deles ocuparia a Segunda Secretaria. Myllena marcou uma reunião com eles, e foi na casa de Moab. Lá estava também a deputada federal Sandra Valéria, sendo a primeira vez que Myllena falava com Sandra Valéria desde 2013. Os vereadores eleitos Marco Aurélio, Taciana e Cíntia, que continuam na Oposição, aceitaram a proposta da prefeita e decidiriam entre eles quem iria para a Segunda Secretaria. 

O Baile de Máscaras: Um Conto de Fadas Romântico


Numa certa tarde do ano de 2001, Giuliana, uma mulher elegante e sábia, sentou-se ao lado de sua bisneta, Aline Débora. Com um sorriso nostálgico, começou a contar uma história de amor e mistério.

"Quando eu era jovem, Aline, eu vivi um momento mágico. Foi em um baile de máscaras, onde as pessoas se escondiam atrás de máscaras e vestidos luxuosos."

Giuliana fechou os olhos, recordando.

"Era uma noite de lua cheia, e o salão estava repleto de convidados. Eu usei uma máscara de penas de pavão e um vestido prata, que brilhava como as estrelas."

Aline Débora ouvia, encantada.

"Eu dançava com um cavalheiro misterioso, que usava uma máscara de leão. Seus olhos azuis me hipnotizaram, e eu me senti perdida em seu olhar."

Giuliana sorriu.

"Não sabíamos nossos nomes, nem nossas identidades. Mas, naquela noite, não precisávamos. Éramos livres, e nosso amor era real."

Aline Débora perguntou, curiosa.

"E o que aconteceu, vovó?"

Giuliana abriu os olhos, brilhantes.

"Na meia-noite, as máscaras foram removidas. E eu vi o rosto do meu cavalheiro. Era o príncipe do reino, e eu era uma plebeia."

Aline Débora arregalou os olhos.

"E o que aconteceu, vovó?"

Giuliana sorriu.

"O príncipe não se importou com minha origem. Ele me amou por quem eu era. E nós nos casamos, vivendo felizes para sempre."

Aline Débora aplaudiu, emocionada.

"Que história linda, vovó!"

Giuliana beijou a testa de Aline Débora.

"Essa é a história da minha vida, Aline. Lembre-se, o amor verdadeiro não conhece fronteiras."

E assim, a história de Giuliana foi passada adiante, inspirando Aline Débora a acreditar no amor verdadeiro. Aline Débora tinha seis anos ao ouvir essa história de sua bisavó e a guarda até os dias de hoje.

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Santa dá um par de tênis para Leila

 

Na comunidade do Alto do Cruzeiro, onde mora, Santa se tornou amiga de sua vizinha, a Leila, que vende picolés e é conhecida como "Barbie descalça", já que usa sempre roupa rosa e anda descalça. Santa, que trabalha na lanchonete de Marlene, na rodoviária, costuma ver Leila nas ruas vendendo picolés ou mesmo visitá-la em sua casa quando não está no trabalho. 

Certa noite, Santa, ao ver Leila descalça, disse:

- Não tem vontade de ter tênis, não? 

- Não tenho costume, na verdade...

- Olha, eu tenho um par de tênis, que eu nem usei, vou lhe dar. 

- Mas não se incomode com isso...

Santa disse:

- Eu tenho muitos pares, querida. 

Santa foi na sua casa e pegou uma caixa com dois tênis brancos. Leila os pegou, e disse:

- Não sei se vou me acostumar a usar... adoro andar de pés no chão... desde o sertão que sou assim. 

- Mas, tente. Pelo menos uma vez. Se não conseguir, nem se acostumar, tu pode dar os tênis para alguma mendiga. 

Leila não teve coragem de recusar, pois ela é muito amiga de Santa. Leila foi descalça para sua casa com os tênis na mão. Ela ainda estava indecisa se usaria ou não. 

Vanessa quer a presidência da Câmara

Reeleita vereadora, a fotógrafa Vanessa, a única "descalça" a participar da próxima legislatura, anda sonhando com o apoio da prefeita Myllena para ser presidente da Câmara de Vereadores. Entretanto, não há consenso entre os vereadores aliados. 

Myllena poderá dar a última palavra, visto que ela conta com 14 dos 17 vereadores da próxima legislatura ao seu lado: Vanessa, Flávia, Josimar, Mauricélia, Ari, Goy, Alba Valéria, Wilon, Fagner, Cileide, Jane, Quitéria, Sara e Nikole. 

Mas Vanessa, apesar de seu desejo, não conta muito com apoio dos colegas vereadores. Alguns se incomodam com o estilo brigão de Vanessa, que já causou muitas polêmicas no passado. Vanessa foi assessora da deputada Sandra Valéria, mas rompeu com Sandra desde 2014 e está alinhada com Myllena desde então. 

Ari é o nome mais cotado para ter o apoio de Myllena, mas para alguns, ele não mereceria, pois esteve no palanque adversário. A preferida da vice-prefeita eleita Giovanna Victórya é Nikole, mas o fato dela também ter estado no palanque adversário desagrada alguns aliados. Marcella, a atual vice-prefeita, prefere Flávia, enquanto a atual presidente da Câmara, Karoline, prefere Alba Valéria. 

Mesmo assim, Vanessa tenta ganhar o apoio da prefeita. Myllena, porém, se reuniu com os vereadores aliados, e ela manifestou o desejo de fazer algo diferente: a presidência caberia a alguém que estava em seu palanque, a primeira secretaria seria dada a alguém que estava em outro palanque, mas passou para o seu lado, e a segunda secretaria ela estaria disposta a oferecer para algum dos vereadores eleitos que vão permanecer na oposição - Marco Aurélio, Taciana ou Cíntia. 




O tempo de inocência de Inalda e Alessandra

 

No começo do século XX, na Alemanha, mais propriamente em Berlim, crianças estudavam e brincavam sem imaginar a maldade do mundo. 

No ano de 1905, Danielly, a futura cantora, tinha 18 anos de idade, e trouxera de Wittenberg para a capital alemã sua prima menor, Inalda, que tinha apenas 10 anos, para estudar lá. Nessa época, Inalda já demonstrava talento na pintura. 

No colégio, Inalda fez amizade com Alessandra, uma menina que tinha 8 anos de idade. Alessandra era um tanto rejeitada na classe pela sua etnia, pois ela era filha de indianos. Inalda também sofria uma certa discriminação, pois era judia. 

Inalda e Alessandra brincavam inocentemente; Inalda tinha uma boneca, e Alessandra tinha um ursinho de pelúcia, e nem imaginavam o mundo tenebroso que iriam enfrentar na fase adulta. Na inocência, Alessandra dizia:

- O ser humano é maravilhoso, é tão bom sermos humanos. 

- É verdade... - disse Inalda. 

Elas aprenderam da pior forma que não era bem assim. Inalda, em 1915, foi obrigada a deixar a Alemanha por conta da Primeira Guerra Mundial, já com 20 anos de idade, e se mudou para Pernambuco, no Brasil. Danielly, quando começou a ser perseguida pela ditadura que se instalaria em 1933, também foi para perto de sua prima. 

Alessandra, porém, passou os piores momentos, chegando a ir parar num campo de concentração, onde ficou durante toda a Segunda Guerra Mundial. Após o fim da guerra, ajudada pela sua grande amiga Inalda, Alessandra também foi para o Brasil, indo morar em Alagoas, estado vizinho a Pernambuco. 

Cássia de volta à escola de música

 

Depois de muito tempo afastada, Cássia chegou com sua irmã Lúcia na escola de música de Eraldo. Lá estavam Eraldo, Valdenes e Clíntia, que os receberam. Lúcia disse:

- Será que tu aceita minha irmã maluca de volta? 

- Claro que aceito. Que falta tu fez, Cássia. 

Cássia disse:

- É, eu também senti saudades de vocês. 

Lúcia disse:

- Posso conversar com você, Eraldo?

- Sim, venha na minha sala. 

Enquanto isso, Cássia ficou na recepção com Valdenes e Clíntia. Ela disse:

- Eu estava só em casa, não saía pra nada, acho que vai me fazer bem ficar por aqui... amo tocar piano. 

- Sabemos disso, Cássia, você arrasa no piano! - disse Valdenes. 

Clíntia disse:

- Seja bem vinda, viu, querida?

- Obrigada!

Lúcia, na sala, disse para Eraldo:

- Cássia está se tratando da esquizofrenia dela, está tomando remédios, aí vai ser bom ela ficar por aqui também, vai ajudar ela muito. Ela adora tocar piano, e ela tem vocês como amigos. 

- Sabe que pode contar com a gente. 

- Ela até já deixou uns hábitos nojentos para trás, mas ela continua gostando de se molhar e se sujar, sabe como é. 

- Eu sei, mas não se preocupe, já estamos acostumados com isso. 

Pouco depois, Cássia viu um piano na escola de música e começou a tocar. Lúcia e Eraldo saíram para o lado de fora, e Valdenes e Clíntia observavam. Os quatro aplaudiram Cássia. 

Milena rejeita um pretendente

 

Quando chegou da Áustria em 1787, a jovem Milena atraiu a atenção de vários homens da alta sociedad de Vila Rica. Um deles disse que não dormiria enquanto "não se casasse com ela". Milena, porém, rejeitou tal pretendente. 

Milena procurou saber da francesa Jacilene, de quem era amiga, sobre esse determinado e pretenso futuro namorado. Jacilene disse:

- Ele é filho de um grande amigo da Sinhá Adriana. Mas eu soube que a diversão favorita dele é bater em escravos!

- Sério????

- Sim, Milena. Mas é bom tu investigar, não fique só na minha fala. 

Milena procurou saber de mais pessoas conhecidas dele, e confirmaram que ele gostava de bater em escravos. Certo dia, ele procurou Milena, ao lado de seus pais, pedindo-a em casamento. Milena disse:

- Não me caso com homem que bate em escravos!

- Mas quem é que te contou isso?

- Todo mundo fala isso de tu!

Ele disse:

- Uai, mas o que tem a ver? Qual é o valor que escravo tem? Nenhum. É objeto, e tem que ser tratado como tal.

Milena cuspiu no chão, e disse pra ele:

- Fora da minha casa! Não ouse querer se casar comigo! 

- Que pena, tu é quem perdeu! 

O rapaz se retirou, dizendo:

- Isso é uma fraca, tem queda por escravos, nem merece meu afeto! 

Rita de Cássia vence Warlla na briga

 

Numa certa tarde, no centro de Lagoa da Italianinha, na praça 27 de Dezembro, a tranquilidade foi quebrada por conta de uma briga de duas mendigas: eram a Rita de Cássia, que tem mente de criança, e a Warlla, a "mendiga chique", que se veste como madame mesmo morando nas ruas. O que acontece é que numa das provocações, Warlla tentou tomar a boneca de Rita, o que fez Rita ficar brava, conseguir tomar sua boneca, e dar um golpe na cabeça de Warlla, fazê-la cair por terra e ainda imobilizar Warlla sentando-se nas costas dela e prendendo seus braços. Warlla disse:

- Me solta, sua cagona!

- Vai devolver minha boneca????

- Faço o que você quiser, mas me solta!

Rita pegou sua boneca e soltou Warlla, e Rita disse:

- Já sabe, se tomar minha Dalila o que acontece com você!

- Odeio você e essa sua boneca encardida! 

Rita se afastou, e Warlla notou que estava com um cheiro estranho. Ela disse:

- Oxe, que catinga de merda é essa? Será que eu fiz besteira? 

O mendigo Gílson disse:

- Tu, não, mas a Rita de Cássia fez cocô nas calças, ela estava com a calça suja de bosta, e ela se sentou em suas costas. 

- Droga!!!! Agora vou feder, é???? Vou tomar banho no chafariz agora. Tem polícia por perto?

- Oxe, banho pra que? Fica suja, mesmo. É ótimo! - disse Gílson. 

- Deixe de falar besteira, melequento! Vou pro chafariz é agora!

Warlla entrou no chafariz, de roupa e tudo, e muitos riam dela. 




Brigada com a família

Recem chegada em Lagoa da Italianinha, Josenilda já chegou causando diversas polêmicas. Assumiu a diretoria do Terminal Rodoviário, e lá age com rigor, proibindo inclusive a presença dos moradores de rua.

Josenilda mora sozinha num apartamento do Edifício Lusitânia, e ela é sobrinha do deputado estadual Moab, mas não se dá bem com sua família. Seu primo, o vereador Marco Aurélio, quer distância de Josenilda.

Inclusive, Josenilda também gosta de tomar banho de roupa, assim como suas primas Josiane e Danuzia, as filhas de Moab. Mas o contato de Josenilda com elas é pouco ou nenhum.

 Inclusive numa certa manhã, Danuzia viu Josenilda de longe, e depois contou ao seu pai Moab:

- Pai, a Josenilda ta aqui na cidade eu a vi perto da praça.

- Eu já sabia inclusive essa traíra tá trabalhando com a prefeita pé sujo!

Enquanto isso, Josenilda, na rodoviária, disse para Marlene:

- Aqui a coisa vai ser mais rigorosa eu espero que você colabore. 

Marlene disse:

- Eita, tu já chega pensando que é a dona do mundo. Por isso nem tua família gosta de tu.

- E isso é da sua conta? Isso é problema meu. Faz o teu!

Josenilda se retirou para sua sala, e Marlene ria. 

Fábia e as perguntas sem resposta

 

A mendiga Fábia é uma das que mais chama atenção de agentes da secretaria de Ação Social. A moradora de rua insiste em deixar sem resposta várias perguntas sobre sua vida. Aparentemente, Fábia não tem parentes, nem quem a procure. 

Fábia pouco fala, usa uma chupeta na boca, e nutre um olhar desconfiado. Chama atenção que apesar de sua idade - foi descoberto que ela tem 45 anos -, ela aparenta ter muito menos, apesar de sua vida sofrida. Para se ter uma ideia, a mendiga Andreza, que tem 46 anos, aparenta ser muito mais velha, de modo que quando as duas brigaram um certo dia na rua, acharam que Fábia era muito mais jovem, quase uma "filha" de Andreza. 

Quando alguns moradores de rua foram chamados para irem morar em blocos residenciais, Fábia não quis ir. Acredita-se na cidade que Fábia seja portadora de um distúrbio mental, e ainda não se sabe porque ela tem esse hábito de usar chupeta. Embora ela goste de crianças e ensaie de vez em quando algumas brincadeiras com alguma, não se acredita que ela tenha mente de criança, como acontece com Rita de Cássia. 

Uma das grandes amigas de Fábia, curiosamente, não é das ruas: é Cássia, a maluquinha. Irmã da Quitéria, dona da lanchonete do Pátio Verona, Cássia costuma levar marmitas para Fábia. Por isso, Fábia costuma dormir com frequência nas imediações do local. 

Acredita-se que Cássia sabe muito sobre a vida de Fábia. Mas Cássia não conta nada, embora admita saber segredos dela. 

Santa insatisfeita com Marlene

 

Funcionária da lanchonete do Terminal Rodoviário em Lagoa da Italianinha, Santa anda um tanto insatisfeita com seu trabalho e com a patroa, Marlene. Obrigada a se levantar de madrugada diariamente e tendo que se deslocar da comunidade do Alto do Cruzeiro, onde mora, para a rodoviária, Santa tem que chegar lá por volta das 4 da manhã.

Mas se Santa não anda muito satisfeita com sua patroa, a Marlene também não anda muito feliz com sua funcionária. Gulosa, Santa come excessivamente e já causou alguns prejuízos para a lanchonete. 

O certo é que Santa só não pediu demissão da lanchonete porque é muito amiga da outra funcionária, Deinha, que tenta acalmar sua colega de trabalho. 

Numa certa noite, já em fim de expediente, Marlene deu uma bronca em Santa porque ela foi tomar banho no banheiro da lanchonete, com roupa e tudo, e saiu toda encharcada e com os tênis molhados para voltar para casa. Marlene disse:

- Ao menos, traga outra roupa de casa, vão pensar que eu tenho uma doente mental aqui. 

Junte-se isso à um boato de que Santa já teria sido vista conversando com Quitéria, que tem sua lanchonete no Pátio Verona e é inimiga mortal de Marlene. O boato que rola é que Santa teria sido convidada a trabalhar por lá. Mas Santa nega...

As golpistas de Lagoa da Italianinha

 

Tornou-se comum em Lagoa da Italianinha ver quatro mulheres, em diferentes lugares, pedindo esmolas, sendo que nenhuma delas é mendiga. Eliane Josefa, Kelly e Rúbia já foram moradoras de rua, mas agora, vivem em condomínios de ex-mendigos, sendo que as três moram no Bella Ciao. 




E agora, juntou-se a elas a Galega, que até poucos dias atrás vendia cartelas de jogo, mas foi demitida por ter furtado dinheiro. Galega mora em uma vila, e acabou conhecendo Kelly e se unindo a ela nessa "empreitada". Sua amiga, Morango, mesmo sendo arrogante e prepotente, não gostou de ver Galega se fazendo passar por mendiga. 

Eliane Josefa se maquia antes de sair de casa, usando roupas muito sujas e chinelos velhos. Ela própria se deixa ser suja para enganar melhor. Kelly, Rúbia e Galega vão descalças, mesmo. Um detalhe curioso sobre Kelly é que ela odeia andar descalça, mas o faz para parecer mais mendiga. 


Galega, a novata do grupo, tomou gosto pela ideia e pede esmolas. Ela alega ganhar muito mais dinheiro do que quando vendia jogos. Mas as golpistas estão no alvo da polícia. Numa certa manhã, as quatro estavam no Terminal Rodoviário, quando apareceu a policial Ana Clécia, dizendo:

- O que estão fazendo aí?

Eliane Josefa disse:

- Nada demais, só estamos conversando... 

- Tô sabendo que vocês pedem esmolas por aí...

- Oxe, mas a gente precisa, somos pobres, não temos nada - disse Kelly. 

- Vocês moram nas ruas? 

Galega disse:

- Mas isso que importa agora? Somos necessitadas, apenas isso. Olha pra mim, só tenho esse vestido, nem calçados eu tenho, sou pobre, pobre, sabe como é, né.

- Olha, policial, a gente realmente é necessitada - disse Rúbia. 

Ana Clécia disse:

- Quem não te conhece que te compre, Rúbia, tu nessa eleição, fosse candidata a vice de Joni von depois saísse pulando de galho em galho. Eliane Josefa é uma fofoqueira, e eu tenho também denúncias contra Kelly e Galega, por serem trambiqueiras. Só não as levo em cana agora porque não há flagrantes, mas fiquem avisadas, ok? E vão circulando!

As quatro saíram dali, irritadas com a policial. 


O orgulho da "mendiga chique"

  A mendiga chique Warlla, que vive pelas ruas de Lagoa da Italianinha desde 2022, segue chamando atenção por sua pose de elegante. Warlla n...