quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Josenilda passa a mandar na rodoviária de Lagoa da Italianinha

 



Em Lagoa da Italianinha, a prefeita reeleita Myllena provocou polêmica ao nomear Josenilda para ser diretora na rodoviária. A polêmica reside no fato de que Josenilda é inimiga mortal de Marlene, a dona da lanchonete da rodoviária. Josenilda chegou para substituir a própria Marlene, demitida meses atrás, e desde então, ocupada por um diretor interino. 


Uma das primeiras medidas de Josenilda foi proibir a entrada de mendigos na rodoviária durante à noite. Mandou colocar portão e trancar tudo depois das 9 da noite. Josenilda ainda mandou colocar seguranças para vigiar ali na parte da noite. 

Por volta das 8 e meia da noite, a própria Josenilda foi na rodoviária, e viu ali o casal Valdenes e Aline Débora. Josenilda disse:

- Ei vocês dois aí, são mendigos?

- Não, não somos - disse Aline Débora. 

- Desculpa, é que vocês estão descalços, pensei que fossem. 

Valdenes disse:

- Mas o que tem a ver? 

- Que aqui não pode mais ficar mendigo de noite, ok? Aqui agora vai ter ordem. 

- E quem é a senhora?

- Eu sou a nova diretora do Terminal Rodoviário, moço - disse Josenilda. 

- Está bem, a gente vai sair agora. - disse Valdenes. 

Valdenes e Aline Débora foram para o Pátio Verona; Aline disse:

- Não gostei dessa mulher, achei ela muito abusada e arrogante. Deu uma vontade de dar uns sopapinhos na cabeça dela. 

- Nem a conheço, ela deve ser nova aqui... - disse Valdenes. 

Uma amizade que dura até hoje

 

Apesar da inimizade entre suas famílias na década de 30, os amiguinhos Alycia e Antônio Neto cultivavam sua amizade no sítio Maniçoba, no interior de Pernambuco. Alycia, a pequena imigrante italiana, via seu pai Jadiael brigando por posse de terra com Jefferson, parente de Mônica, a mãe de Antônio Neto. Como eles eram proibidos de brincar juntos, somente na escola, com a professora Issa, se encontravam. 

Quando Antônio Neto se tornou adulto e foi chamado para combater na guerra, durante a Segunda Guerra Mundial, Alycia sofreu bastante. Anos mais tarde, cada um formou sua família. Alycia se casou com um pernambucano, e Antônio Neto se casou com uma italiana que conheceu na guerra. 

Atualmente, os dois seguem vivos. Alycia está pra fazer 94 anos e mora em Verona, na Itália, sua terra natal, enquanto Antônio Neto tem 99 anos e mora na mesma casa onde passou sua infância, na cidade de Lagoa da Italianinha, que era o antigo sítio Maniçoba, no interior de Pernambuco. 

Renata na lanchonete de Quitéria

Numa certa noite, a mendiga Renata foi na lanchonete de Quitéria, no Pátio Verona, com uns trocados pedindo um lanche. 

Flaviana, a funcionária, começou a se importar com o mau cheiro da mendiga. Renata disse:

- Tá aguentando minha catinga não, é?

- Oxe, tu tá fedendo, tais suja demais, tá bom de tomar um banho, querida. 

Renata disse:

- Eu só tomo banho no último dia de cada mês. 

Quitéria disse:

- O que está acontecendo aqui?

- Nada - disse Renata - mas sua funcionária já morou nas ruas e eu pensei que ela fosse acostumada com nosso estilo de vida. 

- Oxe, eu morei nas ruas, mas não fedia assim, não, eu tomava banho no chafariz todos os dias - disse Flaviana. 

Quitéria disse:

- Está bem, Renata, por favor, você pode sair? Seu mau cheiro pode incomodar os clientes. 

- Tudo bem. Tá certo. Só porque sou pobre e suja. Mas se eu fosse rica e poderosa, tipo a prefeita, eu não era tratada assim. Fica sabendo a senhora que eu ando descalça sempre feito a prefeita, tá? Então, não temos muita diferença. Vou lá pra barraca de Josinete, pelo menos ela me trata bem!

Renata saiu, e Quitéria disse aos clientes que ali estavam:

- Mil desculpas, sabem como é, ela mora nas ruas e não gosta muito de tomar banho...

Érica reencontra antigo namorado


 A modelo wetlooker Érica, em Roma, reencontrou um antigo namorado no centro da cidade. Ele lhe disse:

- Que bom te ver de novo... fiquei feliz. Você está bem?

- Estou, sim. 

- Mas não gostei de saber de uma coisa. 

- Que coisa?

Ele disse:

- Que tu inventasse de ser modelo, e o pior, se mostrando na água com roupa e tudo. 

- E daí? Eu gosto, e isso é da sua conta?

- Desculpe, é que é esquisito. 

Érica disse:

- Sua opinião é muito importante. Mas eu não pedi. Amo me molhar toda vestida e estou ainda por cima, lucrando com isso. 

- Mas...

- Isso só mostra uma coisa. Foi bom eu terminar o namoro contigo. Nunca daríamos certo. 

Érica foi embora, e ele gritava:

- Érica! Volte aqui! 

Rita de Cássia brinca na lama

 

Em sua trajetória morando nas ruas de Lagoa da Italianinha, Rita de Cássia gosta de aventuras. Numa certa tarde, ela encontrou um lugar cheio de lama, e quis entrar para brincar com sua boneca Dalila. Rita reclamava com a boneca:

- Ainda tô muito limpinha pra ser moradora de rua, quero ficar mais suja. Uma lama é um bom começo...

Mas o que Rita não percebeu é que ela estava em uma obra. Um dos pedreiros chegou ali e a viu, dizendo:

- Sai daí, moça! Tá maluca, é?

- Deixe eu me sujar na lama, moço. 

- Nada disso, saia já. 

Rita saiu dali, e ele disse:

- Tu não tá velha demais pra usar chupeta, não? 

- Não. eu gosto de chupeta. 

- Vai embora, tomar um banho pra tirar essa sujeira. 

- Nada disso, eu quero ficar suja. Minha calça já tá suja de cocô e xixi, e agora, ficarei suja de lama! 

Rita de Cássia foi embora, e o pedreiro disse:

- Essa daí parece que não gira bem das ideias, oxe!

Leila recusa convite para ser modelo

Numa certa manhã, Leila, a jovem pobre que vende picolés, conhecida como "Barbie descalça", estava no Terminal Rodoviário, e ela notou que um rapaz a olhava muito. Leila dizia:

- Que será que esse cara quer????

O rapaz se aproximou, e disse:

- Quanto é um picolé?

- 50 centavos, moço.

Ele pagou o picolé e deu os 50 centavos. Ele disse:

- Moça, eu estava te olhando, eu sou dono de uma agência de modelos, tu bem poderia ser uma modelo...

- Eu?????

- Sim. Você parece levar uma vida sofrida... vê só tu vende picolé e nem dinheiro tem pra comprar calçado, tu anda descalça...

Leila disse:

- Eu adoro vender picolé, moço. E outra, eu ando descalça porque gosto, mesmo. Não gosto de estar de calçado, não. 

- Mas como tu aguenta? 

- Costume, eu sou sertaneja, fui criada na roça. 

- Bem... estranha, mas como modelo tua vida pode mudar...

- Moço, quero não... nunca me interessei nessa coisa, não. Aliás, eu tenho uma amiga aqui das ruas que já foi modelo e ela disse o mundo infernal que é. Eu nem sei ler, nem escrever, eu só sei contar, pra mim assinar contrato vai ter que ser com o meu dedo polegar. Deixa eu ser vendedora de picolé, mesmo. Com licença. 

Leila se retirou, e ele disse: 

- Essa moça pensa pequeno, nunca vai sair disso... 

Gabriella volta a Lagoa da Italianinha após passar alguns dias nas ruas de Recife

 

De volta às ruas de Lagoa da Italianinha após passar um período nas ruas de Recife, a mendiga Gabriella, uma ex-patricinha que se converteu ao Cristianismo, foi bem recebida pelos outros moradores de rua. 

Gabriella foi para a rodoviária de Lagoa da Italianinha, onde estavam outros mendigos: Rita de Cássia, Patrícia, Andreza, Guilherme, Renata, Gílson e Juliana. Gabriella disse:

- Esses dias que passei nas ruas do Recife eu percebi como as pessoas estão cada dia mais vazias. Os sinais do fim estão aí. 

Juliana disse:

- Lá vem tu com essa ideia. 

- Não é ideia, é a verdade. Eu vi o quanto as pessoas estão sem amor. O amor se esfriará. Estamos vendo até sinais nos céus. As pessoas correm de um lado para outro, nem prestam atenção, mas eu olhei tudo, eu durmo em calçadas e durmo olhando as estrelas. 

Patrícia disse:

- Você acha, filha, que as pessoas estão frias demais?

- Eu sei o que é isso porque eu já fui fria. Já fui rica, já fui arrogante e prepotente. Eu até encontrei pessoas conhecidas da época que eu era rica, eles se desviaram de mim quando me viram. Estou suja, descalça, maltrapilha, não sou mais a mesma pessoa elegante de quando fui rica. Mas lamento, são pessoas vazias. Eu não volto mais lá, vou ficar aqui mesmo em Lagoa da Italianinha, minha missão é aqui do lado de vocês. 

Gabriella prestou atenção em Rita de Cássia, e ficou surpresa ao saber que ela estava morando nas ruas. Gabriella disse:

- Rita me parece ser tão pura... gostei de você. Espero que possamos ser amigas. 

- Sim, podemos. - disse Rita de Cássia. 

Myllena quer tirar a rodoviária do centro de Lagoa da Italianinha

Em Lagoa da Italianinha, a prefeita reeleita Myllena declarou sua intenção de transferir o Terminal Rodoviário do centro para a periferia da cidade. Myllena disse que a transferência do Terminal ajudaria a desafogar o trânsito no centro da cidade. 

Marlene, como era de se esperar, não gostou da ideia, e entrou em conflito com a prefeita descalça. Marlene é dona da lanchonete no Terminal Rodoviário, e já se declarou ser contra a ideia da transferência do Terminal. 

Outra preocupação da prefeita é sobre a questão da presença de muitos mendigos no Terminal, o que para alguns, "espanta os turistas". 

Myllena, entretanto, pretende fazer no atual Terminal um ponto de ônibus para bairros diferentes da cidade. Myllena já buscou o apoio do deputado federal Arinaldo para sua ideia. 

Rita de Cássia e sua vida nas ruas

 



Desde que foi morar nas ruas, Rita de Cássia, a maluquinha que tem mente de criança e não larga de sua boneca Dalila, tem levado uma vida diferente. Rita de Cássia costuma dormir na praça 27 de Dezembro, mas algumas vezes, ela dorme em becos ou ruas mais calmas. 

Tem estado em estado de amizade com outros mendigos, como Renata, Andreza, Guilherme, Gílson, Patrícia, Juliana e em especial, Capitu, que é sua prima. 

Rita de Cássia só tem mais confronto com a mendiga Warlla, a "mendiga chique". Mesmo outros que moram nas ruas, mas vivem no mundo do crime, não mexem muito com ela. 

Como já está nas ruas há dias, Rita já está um pouco suja, sua blusa preta já está manchada e sua calça jeans, que é bastante suja, de urina e fezes, além de continuar usando o chinelo só no pé direito, e o pé esquerdo descalço. Os dois pés estão sujos, sendo que o esquerdo está muito mais.

Rita continua também usando chupeta, e o interessante é que outra mendiga, a Fábia, também usa chupeta. 

Rita de Cássia gosta também de ficar no Terminal Rodoviário, e não tem nem hora certa pra dormir ou ficar perambulando pelas ruas da cidade com sua boneca Dalila. 

Embora tenha sido chamada, ela não quer voltar para casa. Mas recebe ajuda de Malu, que lhe dá uma marmita diariamente. Rita diz que está se sentindo mais "livre" ao lado dos mendigos. 

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Uma família vítima do terror


No interior de São Paulo, por volta de 1946, Bernardo, um italiano, escreveu uma carta para Jadiael, que havia sido seu vizinho em Verona, e que estava morando em Pernambuco. Tratava-se de um verdadeiro pedido de socorro, não para ele em si, mas para a família de um vizinho seu. 

Takumi chegou do Japão e se estabeleceu no interior de São Paulo, com sua esposa. Lá, mesmo, tiveram sete filhos. 

Em 1946, Bernardo havia avisado a Takumi:

- Muito cuidado, tem um grupo aí que quer te matar. O senhor acredita que o Japão perdeu a guerra. 

- Não tenho medo... - disse o japonês, que já conseguia falar português. 

A preocupação de Bernardo é que havia sabido que membros da Shindo Renmei estavam por ali, de "tocaia". Eram um grupo de terroristas japoneses que ousavam matar seus próprios compatriotas que acreditavam na derrota do Japão na guerra. 

Até que o pior aconteceu. Takumi chegou em sua casa, de noite,, montado a cavalo, e sua esposa e os filhos já os esperavam. Mas assim que o cavalo cruzou o portão, homens metralharam Takumi, a mulher desperada, mandou os filhos pra dentro de casa, dizendo: 

- Naibu!!!! (Pra dentro).

Ela ficou caída, mas começou a chorar ao ver seu esposo caído. Quando os terroristas saíram dali, ela chorou sobre seu marido morto. 

Bernardo, em sua carta a Jadiael, pedia que desse um jeito de que a viúva e os filhos, que não queriam mais ficar em São Paulo, pudessem se estabelecer no Recife. Jadiael respondeu, prometendo ajudar. Dois meses depois, ela foi morar em Recife. 

Aline Débora vai ao apartamento de Valdenes


Quando veio do seu trabalho na floricultura - de onde vai passar um mês de férias -, Aline Débora decidiu ir ver os bebês que deixaram na porta do apartamento onde Valdenes mora, no condomínio Bella Ciao. Aline avisou à sua irmã Cyntia Fernanda que não ia voltar para sua casa no sítio Mandacaru, mas ia ficar na hospedaria de Luciana. Aline levou alguns artigos que ela comprou para os bebês. 

Ao chegar lá, Valdenes tinha trazido os dois bebês do apartamento de sua irmã Jad, no vizinho condomínio Luar do Sertão. Aline Débora os pegou e disse:

- Que gracinhas, que lindos!!!!! 

- Nem sei quem é a mãe nem o pai. 

Aline Débora disse:

- Bom, podemos ser a mãe e o pai. 

- Mas... eu nem sei cuidar...

- Oxe, eu te ajudo. Vou ficar um mês fora da floricultura, e vou te ajudar a cuidar desses pequeninos. 

- Bom, eu quero escolher o nome do menino.

- Com tanto que me deixe escolher o nome da menina! - disse Aline. 

Valdenes disse:

- David Lucas. Nome de um poderoso rei de Israel e de um evangelista de Cristo. 

- Eu escolho para ela Maria Cecília. 

- Aprovado, então. 

Vitória, a irmã de Valdenes, chegou no apartamento, e disse:

- Puxa, tô vendo que já conseguiu a mãe para as crianças, né? 

- Quisera eu ser a mãe. 

Vitória disse:

- Faça bom proveito, eu não tenho paciência pra limpar cocô de bebê, não. 

- Vitória, por favor, mais respeito. - disse Valdenes. 

- Tá bom, vou dormir. Com licença. 

Aline Débora disse:

- Essa tua irmã é chatinha. A outra que mora aqui é assim também?

- Não, ela é gente boa. Mas é louca e muito atrapalhada. 

Juju Doida, a outra irmã, chegou, cumprimentou Aline Débora e disse:

- Eita, meu irmão agora é pai, tu bem que pode ser a mãe. Olha, eu sou doida e careca, tu vê, né, eu acho que nem tenho condições de cuidar deles. Me dê licença. 

Juju Doida foi dormir, e Valdenes e Aline Débora conversavam sobre os bebês. Mais tarde, ela deu um  banho em ambos. Valdenes disse:

- A gente toma banho de roupa, e você tirou a roupa deles...

- Claro, é necessário. Mas quando estiverem mais velhos, tomarão banho com roupa feito eu e você. 

- Está certo. 

Aline Débora os colocou pra dormir e ainda deixou o café pronto para Valdenes. Depois que ela deixou tudo preparado, ela foi para a hospedaria de Luciana. 

Valquíria sente alívio com a ausência de Rita de Cássia

 

Uma das tias de Rita de Cássia, a Valquíria - que anda vestida de noiva com um vestido preto desde que foi deixada no altar em 2012 pelo seu noivo na época -, se sente aliviada pelo fato de sua sobrinha não morar mais com ela. Isso por que Valquíria agora vê toda atenção voltada para ela, já que ambas, com problemas mentais, dividiam a atenção da família. Rita, como se sabe, tem mente de criança. 

Rita fugiu de casa há 20 dias e não pretende mais voltar. Está morando nas ruas de Lagoa da Italianinha. Valquíria, entretanto, pensa que Rita está morando em outra casa. Malu, Alice e Anna Paula lhe contaram isso para evitar que ela ficasse preocupada. 

Quando Valquíria tomava seu remédio, ela disse pra sua irmã Selma:

- Gostei de Rita ter ido embora, assim dão mais atenção pra mim. 

- Eu também achei ótimo ela ir embora. Espero que ela não volte nunca mais. 

- Não... que ela volte depois que eu me casar. 

- Você só fala em casar, casar... Rita não volta, ela não quer. Ela sempre teve inveja da Wéllia, minha filha linda e querida. Acho ótimo que ela fique nas ruas. 

- Nas ruas?????

- Isto é, longe da gente. Não foi isso que eu quis falar. 

Selma deu o remédio pra Valquíria e ela adormeceu. 

Rita de Cássia e os venezuelanos

 

Numa certa noite, na praça 27 de Dezembro, no centro de Lagoa da Italianinha, Rita de Cássia, a adulta com mente de criança, apareceu com sua boneca Dalila, e ela viu a mendiga venezuelana Fabiana e os filhos ali. Rita de Cássia disse:

- Oi, boa noite, tô querendo alguém pra brincar de casinha!

- No entendí? - disse Fabiana. 

- Ué, vocês têm um sotaque diferente. 

- Somos de Venezuela - disse Eduardo Felipe, o filho mais velho. 

Rita de Cássia disse:

- Ah, tá. 

Fabiana disse: 

- Cómo te llamas?

- Eu amo brincar na lama, também! - disse Rita de Cássia. 

- No pregunté eso, pregunté tu nombre.

Rita disse:

- Entendi agora, desculpa. Eu me chamo Rita de Cássia.

Emerson Isaías, o segundo filho de Fabiana, perguntou: 

- Realmente vives en la calle?

- Sim, eu moro nas ruas. Entendi por conta do seu sinal. 

Everton Samuel, o filho mais novo de Fabiana, disse:

- Quieres jugar a las casitas y tienes una muñeca en la mano. ¿Sigues siendo una niña? Parece que ya eres un adulto. 

- Eu não entendi nada. 

- Debes ser demasiado mayor para jugar a las casitas. ¿Cuántos años tiene? - disse Fabiana. 

Rita de Cássia fez um sinal, com sua mão aberta, dizendo que tinha cinco anos. Mas ela nem quis continuar com eles, e saiu dali, indo para um beco ali próximo. Eduardo Felipe disse para Fabiana: 

- Mamá, ya me hablaron de ella. Tiene 42 años, pero piensa como una niña de 5 años. Lleva esta muñeca, se escapó de casa y vive en la calle, y hasta se orina y se caga en los pantalones. ¿Has visto cómo se viste? ¿Una blusa, pantalones sucios y chanclas en el pie derecho y el pie izquierdo descalzo?

- Éste está más loca que yo.

Um relacionamento com lutas

 

Em 1942, o casamento da cearense Naná com o imigrante italiano Moysés, em um cartório de Vila Dourada, representou uma verdadeira reviravolta nas relações entre as famílias. Eles passaram sete anos se encontrando às escondidas, porque o coronel Jefferson, irmão de Naná, e o imigrante italiano Jadiael, primo de Moysés, disputavam posses de terras no sítio Maniçoba. 

As duas famílias entraram em acordo e o casamento foi realizado, para surpresa dos viladouradenses. Foram morar em uma casa boa que ficava no povoado que já vinha crescendo. 

Mas o relacionamento teve seus percalços. Naná era alvo de preconceitos na cidade, por ter se casado com um italiano. Além do mais, Moysés chegou a ter seu rádio confiscado, para que ele não pudesse saber notícias da Itália. 

Naná sofria em ver seu esposo sendo alvo de discriminações. Mas Moysés não abaixava a cabeça. Os dois, certo dia, foram na venda de Ed - que muitas vezes os escondeu nos encontros deles -, e lhe vendeu algumas coisas. 

Moysés disse:

- Naná é minha mulher, e minha companheira. Tem sido difícil pra mim tudo que sofro por causa de questa maledetta guerra. Ela tá sendo uma guerreira! 

- É verdade, Ed. - disse Naná. - jamais o abandonarei. 

- Isso é amor de verdade. 

Moysés e Naná saíram dali, com as compras e Ed dizia:

- Coitados. Eles não tem culpa nenhuma dessa guerra maldita. 

Mesmo assim, permaneceram felizes, atuando até como conciliadores quando suas famílias ameaçavam uma nova rivalidade. O filho mais velho de Moysés e Naná viria a ser o pai de Eraldo, Fabíola, Lidyanny e Isabela. 

Irmã Alcineia recebe a visita de Jucilene

 

A Irmã Alcineia recebeu no Colégio Irmã Renata Augusta a visita de sua amiga de longas datas, Jucilene, que havia ido para Lagoa da Italianinha para votar, mas já estava se preparando para retornar para São Paulo, onde mora.

Irmã Alcineia disse:

- Que prazer em te rever, Jucilene. 

- Pois é, tentei vir aqui antes, mas a senhora não estava. 

- Pois é, são as correrias. Quando a senhora volta pra São Paulo? 

- Amanhã mesmo. Minha passagem já tá comprada. 

- Que dê tudo certo nessa sua viagem de volta. Estás bem em São Paulo? 

- Estou sim. Celinha, minha irmã, já voltou desde semana passada, eu quis ficar mais tempo aqui. 

- Que bom. 

- Lá tem um padre que eu conheci, ele é casado, um tal de Padre Bóris, é casado com uma mulher chamada Olga. 

- Sério????

- Sim, ele é padre, celebra missa e tudo. 

Irmã Alcineia disse:

- Mas ele não é da Igreja Romana, creio que não. 

- Não, ele disse que é da Igreja Orto... parece que é Ortodoxa. 

- Isso mesmo. Lá, os padres se casam. Mas tem que ser casados antes da ordenação. 

- Mas por que são igrejas diferentes? 

- Isso é uma longa história. Infelizmente, alguns bispos acharam que a Igreja de Roma, que era a correta, não deveria comandar as igrejas do mundo. Mas isso é uma longa história. 

- Pois padres e freiras poderiam se casar. A senhora é tão bonita, Irmã Alcineia. Daria pra ter um bom casamento. 

Irmã Alcineia riu e disse:

- Obrigada, mas já estou casada com Cristo. 

- Está bem. 

As duas conversaram muito, depois Jucilene se despediu da Irmã Alcineia e foi embora. 

Aline Débora ganha férias e uma missão

Numa certa manhã de segunda-feira, Aline Débora estava no seu trabalho na floricultura. Mas aquele seria o último dia dela na floricultura, antes de entrar de férias. 

Na vizinha escola de música, Valdenes estava um tanto nervoso. Ele foi para a floricultura e disse:

- Aline, precisamos conversar. 

- O que tu tem? Por que tu tá nervoso? 

- Negócio é o seguinte: deixaram uma bomba nas minhas mãos. 

- Como assim, uma bomba? 

Valdenes disse:

- Na noite de ontem, eu ia dormir, e... imagina que deixaram dois bebês na porta do apartamento onde moro lá no Bella Ciao. 

- Sério?????

- Sim, nem sei quem foi. O pior é que eu não tenho como tomar conta das crianças sozinho. Minha irmã Vitória odeia crianças, e a minha outra irmã Juju Doida é atrapalhada demais. 

- Eu posso te ajudar. 

- Sério??? Mas pode atrapalhar seu trabalho aqui.

- Não vai atrapalhar, vou entrar em férias amanhã. 

- Aline, só não tenho dinheiro pra pagar uma babá, e...

- E quem disse que eu quero dinheiro? Oxe. Eu gosto de crianças. E onde elas estão agora?

- Estão com minha irmã mais velha Jad, mas quando eu chegar lá, terei que colocá-las de novo no meu apartamento. 

- Conte comigo.Vou te ajudar. 

- Agora, fiquei mais sossegado...

 

Myllena ganha o apoio do vereador reeleito Ari

 

Reeleita prefeita em Lagoa da Italianinha, Myllena vem colecionando importantes apoios. Depois de garantir o apoio da vereadora Kátia, que foi candidata a vice-prefeita na chapa adversária, agora foi a vez do vereador reeleito Ari anunciar apoio à gestão da prefeita descalça. O acordo foi costurado entre o pai dele, deputado federal Arinaldo e a prefeita. 

Antes, eles apoiavam Myllena, mas acabaram discordando de algumas coisas e deixaram a base aliada, apoiando a Mimi, que foi a candidata adversária. 

Arinaldo disse:

- Myllena, eu percebi esses meses que o que nos une é mais forte do que o que nos separa. Meu filho Ari e eu queremos novamente lhe prestar apoio. 

- Serão bem-vindos novamente. 

Ari disse:

- Já sou da sua base aliada a partir de agora. 

Giovanna Victórya, filha de Myllena e vice-prefeita eleita, estava presente no encontro, e os quatro posaram juntos para uma foto. 

O dia do casamento de Francielly

 

Após três anos se encontrando às escondidas, o caso entre Francielly, herdeira de uma família importante de Vila Dourada, a família Villegagnon, e o motorista Leandro, acabou sendo descoberto. O pai de Francielly, o francês Jorge, expulsou a filha de casa, e a conservadora cidade de Vila Dourada linchou moralmente a moça, sendo ainda incentivado por Dalva, a irmã invejosa dela. 

Leandro foi despedido, bem como Edvânia, que trabalhava com a família. Jorge proibiu que sua esposa Joana e os demais filhos - Arnaldo, Beatriz, Carlos, Dalva, Estêvão, Gustavo e a adotada Helena - mantivessem qualquer contato com ela. Jorge dizia que "não tinha mais essa filha", e "ela havia morrido". 

Era o começo do ano de 1932, e Leandro conseguiu alugar uma casa para morar com Francielly. Leandor, entretanto, era um homem correto, e procurou logo o padre Francisco, que estava no sítio Maniçoba - atual Lagoa da Italianinha, que ainda pertencia a Vila Dourada - para marcar a data do casamento. 

O casamento ocorreu de forma simples na pequena igreja no sítio. Mas não sem tumultos. As beatas Mônica e Lady Andréia faziam protesto contra o casamento da "filha rebelde", e alguns até a chamavam de "prostituta". 

Francielly usava um vestido verde, e Leandro a acariciava, dizendo:

- Não se preocupe com eles. 

Ed havia levado Francielly ao altar, e estava ali apoiando o casamento. Ele dizia:

- Só porque ela é rica e ele é pobre? Que besteira. O que vale é que se amam! 

Mesmo proibidos pelo pai, dois irmãos de Francielly apareceram no casamento: Estêvão e a adotada Helena. Eles haviam ido a pedido da mãe, Joana, sem Jorge saber. Estêvão disse:

- Seja muito feliz, irmãzinha. Desculpa não demorar, é que nosso pai não sabe. 

- Não tem problema. Eu amo vocês! - disse Francielly. 

- A gente também te ama! - disse Helena. 

Francielly, Estêvão e Helena se abraçaram, e depois, Estêvão e Helena foram embora. 

Mesmo com os protestos, o casamento foi realizado, e enfim, Leandro e Francielly puderam ir morar na casa que haviam conseguido. Ainda no mesmo ano, dez meses depois, nasceu o pequeno Augusto, filho do casal. Francielly permaneceu renegada pela família até morrer, em 1935. 

Bebês são abandonados no Bella Ciao

 

Era um domingo à noite, quando Valdenes e suas irmãs Vitória e Juju Doida estavam se preparando para dormir. De repente, escutaram choro de bebês. Vitória disse:

- Que choros chatos são esses? 

- São choros de bebês, ora essa. - disse Valdenes.

- E quem é que tem bebês aqui no Bella Ciao? 

Valdenes foi abrir a porta, e viu uma cesta, e continha um bilhete, dizendo:

"Não tenho condições de criar. Pode ficar com eles". 

Valdenes disse:

- Mas... mas como é que vou criar bebês aqui agora?

Valdenes entrou com a cesta, e viu que tinha dois bebês dentro. Eram um menino e uma menina. Vitória disse:

- Quem são eles?

- Não sei, deixaram na nossa porta. 

Vitória disse:

- Não me diga que tu vai criar eles. Eu não tenho saco nem paciência para lidar com bebês, não, visse? 

- Mas eles não têm culpa, algo tem que ser feito. 

Juju Doida disse:

- Eu posso te ajudar, irmãozinho...

- Juju, tu não sabe nem se trocar de roupa, vai saber criar bebês?

Passaram a noite inteira tentando dormir, mas não conseguiam. Os bebês choravam bastante. 

sábado, 12 de outubro de 2024

A infância de Aline, Alvanir e Aurineide

 

O ano era 1855. Em Fortaleza, no Ceará, três filhas do barão Almir e da baronesa Delma eram muito queridas na alta sociedade. Aline, que na época tinha 11 anos, Alvanir, que tinha 10 anos, e Aurineide, que tinha 9 anos. 

Na época, o irmão mais novo delas, Daniel, ainda não era nascido - só nasceria em 1860, cinco anos depois. 

As três irmãs eram criadas com muito amor, e o caráter delas chamava muita atenção. Apesar de serem ricas, nenhuma delas demonstrava orgulho ou prepotência. Elas tratavam as escravas Socorro e Adriállina, por exemplo, com carinho. Alvanir chegava ao ponto de chamá-las de "tias". 

Alvanir se destacou mais por ter virado pianista, escritora e defensora da causa abolicionista. As outras duas irmãs (a mais velha e a mais nova) viviam mais pela família do que defendendo alguma causa. 

As três formaram também suas respectivas famílias: Aline se casou com um imigrante italiano e foi morar na Itália; Alvanir se casou com um ex-escravo liberto, que era jornalista; e Aurineide se casou com um filho de um barão amigo de seu pai. Dessas três, descendem a maior parte dos habitantes de Lagoa da Italianinha. 

A infância de Josiane

 

Vinda de uma família rica, Josiane, a filha mais velha de Moab e Helânia, teve uma infância muito boa. A menina nasceu em Maceió, mas foi morar ainda pequena em Lagoa da Italianinha, Pernambuco, terra de seu pai, onde ele construiu sua carreira política. Moab é filho do coronel Pontes Florêncio e neto do coronel Jefferson, que atuou na época da fundação de Lagoa da Italianinha. Maceió é a terra de sua mãe. 

Josiane foi criada mimada pelos pais, o que causou uma certa inveja em duas irmãs mais novas, Danúzia e Cíntia. Natália, que até 2018 foi a caçula, sempre amou Josiane. Natália perdeu o status de caçula em 2018 com o nascimento de Jefté, o mais novo. 

Josiane sempre foi estudiosa e comunicativa com os amigos. Chamava atenção de todos porque sempre tomava banho de roupa, assim como sua irmã Danúzia. 

O final dos anos 80 era uma época que seu pai se envolvera diretamente na política, quando foi vice-prefeito de Lagoa da Italianinha. Devido a isso, Josiane era tratada por uns com respeito, e por outros, com indiferença e zombarias. 



Embora Josiane tivesse muitos pretendentes da alta sociedade, foi por Valdenes que ela se interessou. Na época, ele vivia nas ruas de Lagoa da Italianinha. Moab, já prefeito alguns anos depois, mandou sua filha pra Maceió diversas vezes pra ficar longe dele. Josiane, por muito medo do pai, acabou não vivendo esse amor. Resultado é que hoje Josiane tenta reconquistá-lo, mas ele namora hoje com a florista Aline Débora. 

Josiane também adquiriu ansiedade e depressão, pouco sai de casa e se tornou dependente de remédios. Natália cuida dela com muito carinho. 

A infância de Aline Débora

 

Desde pequena residindo no sítio Mandacaru, Aline Débora sempre gostou da natureza. Na sua infância, pouco ia na cidade, e estudava no colégio no sítio. O ano era 1999, e Aline Débora, com apenas 4 anos de idade, gostava de mexer nas flores. 

Sua bisavó, a italiana Giuliana, que já tinha 90 anos nessa época, se afeiçoou à pequena bisneta. Ela dizia:

- Parece comigo em tudo, até em andar descalça...

Aline Débora, curiosamente, andava descalça para os lugares, mas só usava sapatos em casa. E é assim até os dias de hoje. 

Aline Débora só começou a ter um contato com a cidade alguns anos depois. O sítio onde ela reside é muito distante da sede do município, ficando quase na divisa com Lajedo. Para se ter uma ideia, uma localidade vizinha ao sítio Mandacaru é conhecida como "Cafundó do Judas". 

Embora tenha sido criada por uma família evangélica, Aline Débora pouco frequenta a igreja. Sua irmã Cyntia Fernanda é quem frequenta mais. 


Foi quando, já adulta, Aline Débora passou a vender flores nas ruas da cidade. Foi nessa época, por volta de 2021, que conheceu Valdenes, com quem namora atualmente. Mas ganhou uma grande rival: a Josiane, que é uma ex-namorada dele. 

Atualmente, Aline Débora trabalha na floricultura de Cileide, vizinha com a escola de música de Eraldo, onde Valdenes trabalha. 

A infância de Fabiana

 

Atualmente vivendo nas ruas de Lagoa da Italianinha, a mendiga Fabiana viveu sua infância na cidade de Santa Elena de Uiarén, no sul da Venezuela. 

Fabiana tem sangue de índios, e era muito tímida quando criança, pouco falava com as pessoas. Algumas pessoas a achavam bastante esquisita. Alguns achavam-a desajeitada, além dela andar muito descalça para todos os lugares.

No ano de 1992, com sete anos de idade, Fabiana chegou a ir descalça para o colégio, levando repreensão da diretora. 

Fabiana também tinha uma vida amorosa um tanto atrapalhada. Mas a situação piorou anos mais tarde para sua família, quando a Venezuela afundou em uma profunda crise econômica. Fabiana fugiu de lá com seus três filhos, e ao passar pelas ruas de diversas cidades, foi parar em Lagoa da Italianinha, em Pernambuco. 

A infância de Maria Clara

 

O ano era 1924. A pequena índia Maria Clara, com apenas seis anos, mostrava inteligência, coragem e valentia. Maria Clara caçava e pescava, e muitos se admiravam da sua coragem e inteligência. 

Ela vivia em uma aldeia no município de Vila Dourada, com seus pais. Por ali viveu até a década de 30, quando buscou viver uma vida solitária. 

Quando Maria Clara deixou a aldeia, usava apenas um vestido e estava descalça, permanecendo assim o resto de sua vida. Foi morar em uma cabana que ela mesma montou nas proximidades do sítio Maniçoba, onde futuramente cresceria a cidade de Lagoa da Italianinha. Mesmo morando longe dos índios, não abandonava o costume de seu povo.

Maria Clara só se casou anos mais tarde, já na década de 40, com Fausto, ex-soldado italiano, gerando uma filha, a Leda. Hoje, existe em Lagoa da Italianinha um loteamento com o seu nome inaugurado em 1989, e erguido no mesmo local onde ficava sua casinha. 

A infância de Esdras e Emma


Uma amizade linda em Vila Dourada entre duas crianças nos anos 90 chamava muita atenção. Esdras e Emma não se desgrudavam um do outro. Em 1997, Esdras tinha 12 anos, e Emma tinha 7 anos. Os dois amiguinhos eram muito ligados um ao outro.

Os pais de Emma, Ademar e Amália, estavam muito incomodados, principalmente porque Esdras era de uma família pobre. 

Mas essa linda amizade, anos depois, terminaria em uma tragédia. 

Os dois cresceram, e mesmo Esdras tendo namoradas e Emma tendo namorados ocasionalmente, um não esquecia do outro. Nesse período, Esdras se mudou para Lagoa da Italianinha, cidade vizinha, onde se tornou botânico. 

Por fim, em 2015, assumiram um romance. Ademar, o pai de Emma, ameaçou deserdar a filha, e até chegou a ameaçar Esdras de morte. Mas eles não se entregaram. 

Casaram-se em Lagoa da Italianinha. Como os pais de Emma se recusaram a ir para o casamento, Zacarias, amigo de Esdras, levou Emma ao altar. Depois, nasceu a filha do casal, Hadassa. 

Ademar, porém, não admitia deixar nenhuma herança para a filha, e tramou a morte dela. Em 2018, Emma foi visitar o pai em Vila Dourada, exigindo que ele reconhecesse a neta recém-nascida. Na volta, Emma sofreu um acidente fatal, deixando uma família em luto. Coube a Esdras a tarefa de criar sua filha sozinho. 

O acidente foi provocado por um capanga a mando de Ademar, que não foi preso por exercer influência em Vila Dourada. Ao imaginar que seu marido foi capaz de mandar matar a própria filha, Amália se divorciou dele e se mudou para Maceió, onde se casou novamente, com Humberto, que ao contrário do primeiro marido, é uma pessoa de ótima índole. 

Atualmente, Esdras cria sozinho sua filha Hadassa e tenta reconstruir sua vida amorosa com Greta, uma jovem que veio da Suécia e se estabeleceu recentemente em Lagoa da Italianinha. 

A infância de Valdenes

 

Desde que nasceu, o Valdenes vivia nas ruas de diversas cidades. Ainda menino, costumava pedir esmolas nas ruas. Não fazia isso sozinho: seus irmãos Jad, Guilherme, Juliana - conhecida como Juju Doida - e Vitória estavam também pelas ruas. 

As relações entre Valdenes e o pai nunca foi das melhores, sendo que o pai bebia constantemente. Passaram pelas ruas de algumas cidades, até chegarem em Lagoa da Italianinha definitivamente. Mesmo antes da permanência definitiva, eles passavam por Lagoa da Italianinha algumas vezes. 

Valdenes brincava apenas de bola, e gostava de fazer desenhos e se divertir no chafariz, com roupa e tudo. Curiosamente, andava descalço sempre, mas gostava de entrar na fonte com sapatos, além da roupa que usava. Vez por outra, pegava briga com seu irmão Guilherme. Jad, a irmã mais velha, era quem fazia as vezes de mãe, cuidando de seus irmãos mais novos nas ruas da cidade. 


Em 2022, veio a mudança de vida: Valdenes saiu das ruas e foi morar em um conjunto de prédios construído para ex-mendigos. Jad - que já tinha uma filha, Maria Rita -, Juju Doida e Vitória também deixaram as ruas. Apenas Guilherme quis continuar morando nas ruas. 

Atualmente, Valdenes exerce uma liderança no conjunto de prédios, colabora na escola de música de Eraldo e até já entrou na política, sendo candidato a vice-prefeito na chapa de Eraldo. Mesmo assim, não abandonou sua simplicidade: continua sempre andando descalço, embora use roupa social, mas toma banho com roupa e sapatos, como na época das ruas. 

Valdenes também acabou descobrindo só depois de sair das ruas sobre suas origens: neto do pracinha Antônio Neto, que lutou na Segunda Guerra Mundial, e da italiana Roberta, da Toscana. Valdenes ainda é descendente direto de Alvanir, que vivia em Fortaleza no século XIX, e Brenda, que vivia em Vila Rica, no século XVIII. Também é primo da atual vereadora Kátia. 

A infância de Cássia

 

Quem vê hoje Cássia na situação atual sofrendo de esquizofrenia, pouco imagina que quando ela era menina, era uma menina-prodígio, que sonhava em ser médica e vivia estudando muito. 

No começo dos anos 90, mais propriamente em 1992, Cássia tinha 10 anos de idade, e vivia com seus pais e os irmãos Quitéria (que já tinha 18 anos nessa época), Niedja, Lúcia e André, todos de menor ainda. Quitéria queria ter um empreendimento, Niedja sonhava em ser nadadora, Lúcia queria ser professora e André queria ser advogado - não era evangélico e muito menos passava pela cabeça dele virar pastor algum dia. 

Não era difícil ver Cássia brincando de médico com seus irmãos, principalmente André, que era o mais novo. Ela se vestia de médica e fazia as "consultas". 

Cássia foi crescendo e adquirindo cada mais interesse pelos estudos. Tinha poucos amigos e vivia trancada em casa estudando. Diferente de hoje, Cássia evitava andar na chuva, passava longe de lama, e tomava banho de forma normal - achava que tomar banho com roupa era coisa de gente louca. 


Entretanto, em 2002, tudo mudou na vida da jovem. Ela foi traída por uma amiga falsa, e desde então, nunca mais foi a mesma. Perdeu a lucidez, se tornou esquizofrênica e passou a depender de remédios. Hoje, tudo que ela evitava fazer na infância, vive fazendo: toma banho de roupa, se molha na chuva, se suja de lama, e até já passou algumas noites nas ruas. O que chama mais atenção é que apesar da doença mental, Cássia vive sorridente e feliz. São poucas as vezes que ela fica nervosa ou com explosão de raiva. 

A infância de Fausto

 

Nos arredores de Roma no começo dos anos 20, o pequeno Fausto, mesmo com pouca idade, conseguia entender muito da situação política do seu país. O ano era 1922, e ele tinha 9 anos. A Primeira Guerra Mundial havia terminado, e embora a Itália tivesse lutado ao lado dos vitoriosos, não foi muito recompensada. 

Fausto vivia em um ambiente ultranacionalista, tendo um pai que havia combatido na Primeira Guerra Mundial. Fausto nasceu em 1913, faltando um ano para estourar a guerra. Chegou aos cinco anos de idade sem a presença do pai, que só voltou para casa ao fim do conflito. 

Fausto era ressentido em ver nações como França e Inglaterra prosperarem, enquanto sua amada Itália não saía do lugar. Por isso, ele começou a ficar fascinado pelos discursos de Mussolini, que viraria o primeiro-ministro naquele ano. Um tio de Fausto participou da Marcha sobre Roma. Embora ele tenha pedido para participar, ele foi rejeitado. 

Fausto também tinha pensamentos errados sobre outros países, principalmente os da África, América e Ásia. Também desprezava as camponesas, não queria amizade com meninas pobres, achava elas "bestas". 

Mas se tem alguém que o famoso ditado "nunca diga dessa água não beberei" se aplica, é ao Fausto mesmo. Após lutar na Segunda Guerra Mundial, se desiludir com Mussolini e o fascismo, ser rendido por um brasileiro, acabou indo morar no Brasil, e se casou com uma camponesa descalça que era filha de índios, a Maria Clara - sim, as camponesas que ele detestava, uma delas acabou virando sua esposa. Geraram uma filha, a Leda, e do Brasil não saiu mais até morrer, em 1990.


A infância de Warlla


Em meados dos anos 80, uma família nobre vivia em um bairro rico de Lagoa da Italianinha, que era o bairro Liberdade. Um neto da pintora alemã Inalda havia se casado e gerado uma pequena filha, a Warlla. 

A família criou Warlla dando-lhe de tudo. Não existia nada que a menina pedia que fosse negado. Warlla teve uma infância cercada de bonecas, morando em uma mansão, com piscina, onde se divertia aos sábados e domingos, e muitos amiguinhos da alta sociedade. Para se ter uma ideia, entre os amiguinhos de Warlla, estavam as irmãs Josiane e Danúzia, que eram filhas do Moab e netas do coronel Pontes Florêncio, além de Wéllia, uma menina da alta sociedade que futuramente seria publicitária. 

Seus aniversários tinham temáticas de desenhos animados como Turma da Mônica, Mickey Mouse, Pato Donald, Tio Patinhas, Popeye, Bolinha e Luluzinha. Curiosamente, Warlla gostava mais do Tio Patinhas, que representava a riqueza. 

Mimada, Warlla odiava pobres, chegando a maltratar moradores da favela Alto do Cruzeiro e moradores de rua. No fim dos anos 80, apenas uma mendiga vivia nas ruas, a Deza. Warlla chegou a jogar água em Deza quando ela foi dormir na porta da loja de seu pai. 


Os anos se passaram; hoje, Warlla vive nas ruas. A sua riqueza foi para o brejo. Perdeu tudo por irresponsabilidade nos seus gastos. A sua vida de glamour acabou. Resta apenas uma lembrança de sua vida de luxo: é a forma dela se vestir. Paletó vermelho, calça, blusa, sapatos salto alto, uma bolsa e óculos escuros algumas vezes. Mas dormindo nas calçadas de Lagoa da Italianinha. Seus amigos de infância que iam nas suas festinhas se afastaram. Warlla agora convive lado a lado com moradores de rua, que tanto odiava e desprezava, principalmente a mendiga Deza, com quem tem uma relação que alterna atritos e entendimentos. 

A infância de Jacilene

 

Muito antes de residir no Brasil, a francesa Jacilene, que nasceu em 1752, acompanhou de perto o regime político em seu país natal. Em 1760, ela tinha apenas oito anos de idade, sendo de família nobre de Paris. Costumava sair pouco de casa apenas em companhia dos seus pais. Exímia tocadora de piano, Jacilene demonstrava uma inteligência grande para sua idade. 

Nessa época, a França vivia no absolutismo, com o rei Luís XV. Morando na capital, Jacilene chegou a ver de perto as carruagens do rei passando pela cidade. Mas algo a impressionou. Viu pessoas muito pobres, que lhe faltavam tudo. 

Jacilene, certo dia, perguntou a um padre na igreja onde frequentava:

- Padre, por que aqui na França tem tanta gente com tanta coisa e outras pessoas vivendo na miséria?

O padre respondeu:

- É vontade divina, filha. Não questionaremos a vontade de Deus! 

Jacilene não perguntou mais nada ao padre, mas ficou decepcionada quando viu que o clero fazia parte do Primeiro Estado, estando em escala mais alta que a própria nobreza da qual fazia parte. Jacilene ainda ousou ler a Bíblia, e contrastava tudo isso com os ensinamentos de Cristo. Jacilene ainda demonstrava admiração por Lutero e Calvino, reformadores protestantes. 

Jacilene cresceu sendo uma questionadora. Em 1782, já adulta e sob o governo de Luís XVI, partiu para o Brasil. Acompanhou de longe os eventos da Revolução Francesa, da qual era entusiasta. Ficou decepcionada com Napoleão Bonaparte, que para ela, traíra os ideais de igualdade, liberdade e fraternidade. Por isso, ficou no Brasil o resto da vida, indo em 1782 morar em Vila Rica, Minas Gerais, e já idosa, no começo do século XIX, ajudando a fundar Vila Dourada no interior de Pernambuco

Warlla se envolve em mais uma confusão

 

Numa certa tarde, Warlla, a "mendiga chique", apareceu na rodoviária, e foi pedir café na lanchonete de Marlene. Chamou atenção que ela estava com um celular, e Santa disse:

- É seu esse celular? 

- É sim... algum problema?

- Bom, é que a senhora mora nas ruas, e...

- Oxe, pelo fato de morar nas ruas, não posso me vestir chique e nem posso ter celular? Parece que tem umas regras!

De repente, naquela hora, apareceram Hadassa, seu pai Esdras, a Greta - namorada de Esdras - além de Eraldo e Valdenes, amigos de Esdras. Hadassa apontou para Warlla, dizendo:

- Foi ela, pai! 

Warlla disse:

- Mas o que está acontecendo?

Valdenes se aproximou e disse:

- Trata de devolver o celular da menina! 

- Oxe, tá louco, é? Eu não peguei celular de ninguém!

Santa disse:

- Ah, agora entendi tudo... ela estava com um celular aqui. 

- E tu não se mete, sua gorducha! 

Esdras disse:

- Mostre teu celular. 

- Pra que????

- Mostre teu celular, tô mandando!

Sentindo-se acuada, Warlla abriu sua bolsa e mostrou o celular. Esdras disse:

- Olha aqui, o papel de parede é a foto da minha falecida esposa Emma. 

Eraldo disse:

- Tu não tem vergonha na cara, Warlla? 

Greta disse:

- No meu país, Suécia, a honestidade é um valor caro...

- Mas tu tá no Brasil, queridinha. Fica na tua - disse Warlla. 

Esdras pegou o celular e deu à Hadassa, dizendo:

- Olha, Warlla, eu devia te meter na polícia agora. Mas só não faço isso porque minha filha pediu e implorou que você não fosse presa. Ela só queria o celular de volta. Mas se tu voltar a fazer isso, tu vai experimentar dormir debaixo de um teto... na cadeia! 

Warlla se levantou e disse:

- Chega! Não quero mais ver a cara de vocês!

Warlla saiu dali, nervosa. Santa disse:

- Eita, a trambiqueira nem pagou o café. 

Esdras disse:

- Eu pago, quanto ela pegou aqui? 

Esdras pagou o café, e depois foram embora. Warlla foi para o Pátio Verona, onde ficou por muitas horas. 

Rita de Cássia escreve uma carta para Malu

Desde que Rita de Cássia passou a morar nas ruas, ela vem sendo procurada por membros da família para voltar para casa. Rita, certa tarde, estava na rodoviária, com sua boneca Dalila, e pediu uma caneta e um papel. Decidiu escrever para sua prima Malu. 

"Querida prima Malu, 

Há alguns dias, convivo ao relento, sem teto, sem abrigos. Me deito em calçadas, bancos de praça, rodoviária, pátios... Não estou sozinha. Minha filha Dalila está comigo. 

Dizem que tenho mente de criança, mas sei de muitas coisas. Passo privações que eu não passaria estando em uma casa. Mas aqui nas ruas, arrumei amigos, pessoas sofridas que não têm teto. Eles me amam, me abraçaram. Tem também pessoas ruins, sim, mas sou muito mais protegida. 

Infelizmente, onde eu morava não era assim. Wéllia, Wêdja, Valdênia, me perseguiam, e sua mãe, minha tia Selma, nada fazia. Infelizmente, fui vista como "estorvo" na família por muitos. 

Gostaria, Malu, que me compreendesse. Estou feliz. Sim, mesmo sem teto, estou feliz. Não voltarei mais pra casa, pode dar meus pertences a pessoas pobres que estão precisando. Sigo somente com minha filha, minha blusa, minha calça e meu único chinelinho que só uso em um pé. 

Tenho liberdade de fazer o que não podia fazer aí. Posso sujar minhas calças - se é que tu entende o que eu quero dizer -, posso tomar banho de roupa e tudo na fonte da praça, onde sempre amei tomar banho, posso falar sozinha, posso brincar com animais de rua, fazer o que eu quiser. Sem levar bronca nem da sua mãe Selma nem da sua irmã Wéllia. 

E o mais, se lembra de Capitu, sua irmã abandonada que tu descobriu recentemente? Ela mora nas ruas, e estamos amigas uma da outra. Ela me ama. 

Não se preocupe. Estou meio sujinha e maltrapilha, mas um banho resolve. Fome, não passo. Mas entenda minha decisão. Agora, durmo olhando as estrelas e o céu. Não se preocupe, te amo, amo minha sobrinha Alice, minha tia Valquíria e minha prima Anna Paula. Mas me entenda. Se insistirem que eu volte para casa, posso ficar chateada com vocês. Eu não quero. 

Com carinho, Rita de Cássia". 

A carta foi entregue a Malu, que leu e ficou emocionada. 

Mimi volta a normalidade

 

Numa certa manhã de sábado, feriado, no Terminal Rodoviário em Lagoa da Italianinha, Marlene em sua lanchonete viu chegar ali uma mulher careca, com blusa vermelha, saia longa, com uma sandália no pé direito e o pé esquerdo descalço. Era Mimi, que havia disputado a Prefeitura. Mimi pediu um café. Marlene disse:

- Lamento pela sua derrota eu votei na senhora. Mas quem sabe na próxima...

- Não, eu nem penso mais nisso. Sou tão feliz assim como sou visse? A política consome muito a gente. Até internada por causa da diabete eu fui na campanha.

Mimi foi tomar seu café. Como era feriado, ela não estava na feira, que havia sido realizada no dia anterior. Depois de ter perdido a eleição para prefeita para Myllena, Mimi descansou por quatro dias e voltou a sua vida normal, simples e humilde. Voltou a adotar o seu antigo hábito de andar com um pé calçado e outro descalço, que havia abandonado provisoriamente na campanha.

Apesar de ter dito que "deixaria o cabelo crescer se perdesse", Mimi não pretende deixar seus cabelos crescerem e quer continuar careca. Quando Mimi parabenizou Myllena pela vitória, Myllena a "liberou"de tal aposta. 

Voltou a assumir sua barraca na feira, onde vende seus lanches, e segue no sítio onde mora, praticando a agricultura. Mimi também aceitou conceder algumas entrevistas falando da campanha. Mas se disse chateada com alguns que estavam em seu palanque que agora estão aderindo ao governo de Myllena. 

Longe dos holofotes da campanha, Mimi agora volta a ter sua vida simples, sem o mesmo glamour de quando era candidata. Mas Mimi garante que está muito mais feliz assim. 


Gilmara e os anos de tormento


Desde que foi vendida para Sinhá Adriana, a vida da escrava Gilmara virou um tormento. Gilmara cozinhava e arrumava a casa da Sinhá Adriana, mas era maltratada por ela e sua filha.

O ano era 1776 quando Gilmara passou a trabalhar na casa da Sinhá Adriana. Ela, que nasceu em 1730, já tinha 46 anos nessa época e aparentava um pouco mais por conta de uma vida de sofrimento.

Apesar de tudo que viveu, Gilmara, na casa, tinha carinho pela francesa Jacilene e por Edlene,  a tia da Sinhá Adriana, que tinha um caráter diferente da sobrinha.

Qualquer pequeno erro de Gilmara, seja uma cama mal arrumada ou sal a mais na comida, a Sinhá Adriana lhe impunha os mais cruéis castigos, como tortura ou açoites no tronco. 

Gilmara passou 18 anos nessa vida de sofrimento. Em 1794, aos 64 anos, conseguiu a sua carta de alforria, mas estava um tanto doente, resultado dos anos de castigos severos. Gilmara, mesmo assim, sonhava com a libertação dos escravos, que já era bandeira dos movimentos de liberdade que já atuavam na época. 

Rita e os mendigos na rodoviária


Numa certa manhã, na rodoviária de Lagoa da Italianinha, estavam ali alguns moradores de rua sentados e conversando. Marlene, a dona da lanchonete, não estava gostando muito deles ali. Ela disse para suas funcionárias Santa e Deinha:

 - Fica de olho nessa gente viu?

 Ali estavam Andreza, Guilherme, Gílson, Renata, Juliana, Deza e a Rita de Cássia, a maluquinha que tem mente de criança.

 Deza, em dado momento, disse para Rita: 

- Fiquei sabendo que tu gosta de cagar nas calças feito eu né? Tu és das minhas, gostei de tu.

 - Claro que gosto - disse Rita. 

Andreza e Guilherme saíram dali para dar uma volta. Renata disse: 

- Pena que Rita gosta de tomar banho. Eu não gosto, só tomo de mês em mês. 

Gilson disse:

 - Eu é quem odeio mesmo.

 Juliana foi na lanchonete pedir café, e se sentou ao lado de Rita, dizendo: 

- Quer café? 

- Não, obrigada - respondeu Rita, com chupeta na boca.

Juliana disse:

- E essa boneca que tu carrega quem é?

- Minha filha Dalila. 

- Ahhh e tu usa chupeta também, Rita. Igual a uma outra colega nossa andarilha, a Fábia. 

- É???? Que bom...

Rita de Cássia saiu dali e foi caminhar pelas ruas com sua boneca. 

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Jacilene é transportada para 2024 acidentalmente

 

Numa certa tarde, na escola de música, estavam Eraldo e Valdenes, já fechando as portas do local, e a secretária Clíntia não havia sido liberada. De repente, apareceu uma mulher vestida como no século XVIII. Era a francesa Jacilene, que estava se sentindo perdida. Jacilene disse:

- Por favor, quero uma informação. 

- Qual, senhora? - disse Clíntia. 

Jacilene disse:

- Eu quero saber que lugar é esse onde estou e que tanta coisa estranha que eu nunca vi.

Eraldo e Valdenes apareceram, e Eraldo disse:

- O que está acontecendo?

- Não sei, ela não sabe onde está. 

Valdenes disse:

- Quem é a senhora?

- Eu me chamo Jacilene, eu sou francesa e estou morando em Vila Rica... mas aqui não se parece nada com o lugar que eu vivo. Eu fui passear pelas ruas de Vila Rica, de repente, tudo sumiu. 

- Eraldo, parece que essa daí tem o mesmo problema de tua irmã Fabíola. Quer ver? Senhora, que ano q senhora nasceu?

Jacilene diusse:

- Eu nasci em 1752. 

- Mas não é possível, você nem poderia estar mais viva, estamos em 2024, você teria 272 anos. - disse Eraldo. 

- Oxe, ela tá é escondendo a idade. 

Clíntia disse:

- Aqui é Lagoa da Italianinha, estamos no interior de Pernambuco. 

De repente, Eugênio apareceu e disse:

- Até que enfim te encontrei. 

- Mas o que está acontecendo? - disse Eraldo. 

- Inventei uma máquina do tempo e trouxe essa francesa lá do século XVIII, ela foi a fundadora de Vila Dourada, nossa cidade vizinha. Por favor, venha comigo, vou te levar de volta à tua época. 

Eugênio e Jacilene saíram dali, e Eraldo disse:

- Cada louco com sua mania. 

Eugênio foi até a vila onde morava, colocou Jacilene na máquina do tempo e ela desapareceu. De volta à sua época, em 1784, Jacilene disse para Brenda (que seria a antepassada de Valdenes):

- Imagina que eu estava em uma cidade grande, muito diferente, vi um rapaz músico, um outro descalço e uma moça que me atendeu, além de um cientista... me parece. 

- Jacilene, eu acho que a senhora andou bebendo mais do que devia... volta pra casa e descanse...

Rita de Cássia se recusa a sair das ruas

 

Numa certa noite, sentada em um banco na rodoviária, Rita de Cássia, a maluquinha que tem mente de criança, não soltava sua boneca Dalila, e conversava com sua sobrinha Alice, a filha de Malu, que lhe disse:

- Tia Rita, você tá assim, sujinha, maltratada. Dormindo nas ruas, tu tendo onde ficar...

- Não quero! Eu quero a liberdade. 

Alice disse:

- Tia Rita, tua calça tá suja de... de... cocô, até isso. 

- Claro, eu cago nas calças, eu aqui não sou impedida por ninguém. Eu mijo nas calças também, tomo banho na fonte da praça e tudo bem...

- Tia, por favor...

Rita disse:

- Desculpe... eu te amo, amo minha prima Malu... sei que são boas comigo. Mas não quero mais viver embaixo de um teto e sob regras. Eu e minha filhinha Dalila vamos ficar para sempre nas ruas...

- É sua última palavra?

- É. 

Alice foi embora, triste. Rita de Cássia ficou na rodoviária, e disse para sua boneca Dalila:

- Você é minha única família... 

Eliane Josefa pede esmolas na praça

 

Na praça 27 de Dezembro, Eliane Josefa estava por ali pedindo esmolas. A fofoqueira do Bella Ciao, como é conhecida, estava descabelada, com uma blusa vermelha muito suja, uma calça preta rasgada e chinelos velhos. Além do mais, usava um lenço na cabeça pra não ser reconhecida. 

Mas Eliane Josefa, assim como Kelly e Rúbia, pede esmolas sem precisar. Mora em um dos apartamentos do conjunto Bella Ciao, embora diga às pessoas que vive nas ruas. 

Numa certa hora, Valdenes e Aline Débora caminhavam pela praça, quando Valdenes viu Eliane Josefa, e disse:

- Eliane Josefa, o que tu tá fazendo aqui, tão suja? 

- Nada, estou só dando uma volta... 

- Oxe, e aqui pra nós, tu tá com uma catinga de cachorro com diarreia!

Eliane Josefa disse:

- E isso que te interessa, maluco? 

- Oxe, tu lá no Bella Ciao é quem mais a olha a vida dos outros, mulher. 

Eliane Josefa disse:

- Olha, maloqueiro, tenho mais o que fazer, tá? 

- Tome um banho, tu tá demais, visse?

Eliane Josefa disse:

- E tu, maloqueiro, quando for tomar banho, tire a roupa, tá?

- Isso não é problema seu, eu tomo banho de roupa porque eu gosto! - disse Valdenes. 

Aline Débora disse:

- Não ligue pra ela. Isso é uma louca. 

Eliane Josefa se retirou, e Aline disse:

- Que abusadinha, hein?

- Ela tá é pedindo esmolas por aqui, ela, Kelly e Rúbia, são três trambiqueiras, depois vou ter uma conversa muito séria com elas - disse Valdenes. 

Sara diante de uma nova realidade

 

Filha da juíza Suely, a modelo e empresária Sara se encontra diante de uma nova realidade: ela foi eleita vereadora, "passando raspando". Depois da forma como fez a campanha - muito propositiva, chegando até a brigar com eleitores que lhe faziam pedidos, como troca pelo voto - Sara não acreditava que conseguia se eleger. Acabou ajudada pela grande votação de Flávia, a primeira colocada do seu partido. Ela havia entrado apenas por convite de sua tia Myllena, e ela ajudou a tia. Mesmo sua mãe Suely não incentivou a entrada da filha na política, mas respeitou. 

Sara, com sua eleição, também evitou a ausência de uma mulher careca na Câmara, pois a vereadora Maria Isabel, que também é careca, não foi reeleita. 

Sara viajou ao Rio de Janeiro, onde vai abrir uma filial de sua loja. Depois de descansar da campanha, a jovem pretende investir no seu negócio, enquanto não chega o dia de assumir o mandato. 

A corrida de Sara foi tão grande que seus cabelos quase cresciam, de modo que na véspera da eleição eles estavam visíveis de longe. Sara não foi votar domingo sem antes passar novamente a máquina e raspar sua cabeça, assim como sua mãe Suely. 

No Rio, Sara pensa em fazer uma seleção para gerente em sua nova loja, pois vai passar muito tempo em Lagoa da Italianinha por conta do seu mandato de vereadora. E assim, a modelo careca ficará na ponte aérea Pernambuco-Rio. 

Autoridades de Lagoa da Italianinha procuram saber sobre Fabiana

 

Desde que chegou em Lagoa da Italianinha, a mendiga Fabiana, que veio da Venezuela com seus três filhos, chamou muita atenção das autoridades. Fabiana é frequentemente vista no centro da cidade com uma placa em português pedindo esmolas para ela e os três filhos. 

Embora já tenha sido procurada para ter um abrigo, Fabiana e os filhos se recusaram. Fabiana alegou que enquanto não puder ir para seu país, prefere continuar vivendo nas ruas. 

O delegado Oliveira mandou investigar a venezuelana, e os policiais Júnior e Ana Clécia trouxeram algumas respostas sobre ela. Oliveira disse:

- E aí, descobriram algo daquela venezuelana destrambelhada?

Júnior disse:

- Sim, ela veio de Santa Elena de Uiarén, uma pequena cidade que fica quase perto da fronteira com o Brasil, quase perto de Pacaraima, em Roraima. 

Ana Clécia disse:

- Na realidade, lá mesmo onde ela morava, ela era tida como uma pessoa com problemas de loucura, mesmo. Aqui, ela anda muito suja e descalça, porque ela nem liga para aparência, mesmo. Os filhos também vivem sujos e descalços, herdaram isso dela. O pai nem sabemos dele, não conseguimos informações. 

Oliveira perguntou:

- Ela tem alguma dívida com a polícia?

- Não encontramos nada contra ela nesse sentido, delegado - disse Júnior. 

Ana Clécia disse:

- Agora, o que encontramos, é algo que pode explicar porque ela não quer estar em abrigos. Ela apanhou e foi humilhada em um abrigo. 

- Sério????

- Sim. Nem ela, nem os filhos querem saber de abrigos. 

- E os filhos?

Júnior disse:

- O mais velho, se chama Eduardo Felipe, que já é quase adulto, e os dois mais novos são Emerson Isaías e Everton Samuel. Mas não foi encontrado nada sobre nenhum deles, nós também os investigamos. 

- O que pretende fazer com essa informações, delegado? - disse Ana Clécia. 

Oliveira disse:

- Nada. Ela é apenas uma maluca, não oferece nenhum perigo à sociedade. Até que se prove o contrário, deixem ela sossegada. 

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